quinta-feira, 31 de julho de 2008

MOSQUITOS: COMAM CARNE BRANCA

Outro dia estava no parque da universidade lá pelas 9 da noite, alimentando os esquilos (adoro que ainda não seja noite às 9; em compensação, lembro da época em que anoitecia às 4 da tarde), quando notei que alguém estava se alimentando de mim. Havia um enorme pernilongo saboreando minha carne, picando-me, inclusive, por cima da calça. Acho que foi a primeira mordida de mosquito que levei em dez meses de Detroit. Morar num lugar com inverno durante meio ano tem suas vantangens. Mas nem sempre foi assim. Escrevi essas duas crônicas quando fazia mestrado em Floripa e só ia pra Joinville no final de semana. Estou ciente que, quando voltar pra Santa Catarina, os pernilongos vão demonstrar mais saudades de mim que meus próprios gatinhos. A vida não é justa.

O ESPORTE DA MODA

Decidi travar guerra contra os mosquitos aqui na minha casa em Floripa. Curiosamente, na minha casa em Joinville não há tantos pernilongos. Deve ser porque, comigo longe, o lar não vê uma faxina faz tempos. Tenho uma conversa ilustrativa com o maridão pelo telefone, que atende morrendo de saudades. Eu suspeito e pergunto, romântica como sempre: "Ih... Você tá exagerando na saudade. Quequié? Acabou o dinheiro aí?". Ele: "Não, mas a casa tá tão suja...". Você pode estar pensando: que diachos mosquito tem a ver com isso? Pois é, meu desorientado leitor, acho que os mosquitos têm nojo da minha casinha em Joinville. A poeira excessiva não faz bem pra bronquite deles, sei lá. Só sei que todos vieram parar em Floripa. E eu cansei de colocar aqueles aparelhinhos elétricos que só os afastam do quarto. Quando preciso ir no banheiro à noite, lá estão eles, esperando por mim em fila indiana. Então agora é guerra. Passei a matar pernilongos com as mãos, na base do tapa. Quer dizer, eu tento. Alguns escapam. Tem outros que me dão rasantes, só pra provocar. Mas uma noite eu consegui matar sete! Parece pouco? Talvez pareça. O placar deve ter sido 7 a 70. Tentei 70 vezes e acertei 7, meio por sorte. Teve uns que gritavam "Olé!", os bandidos. Outros estão rindo até hoje. Mas sabe, toda vez que me pego numa dessas incessantes caçadas noturnas me lembro de um amigo. Ele conta que matou 35 numa só noite. Não sei se acredito. Ele tinha insônia e era japonês – provavelmente sabia kung-fu ou qualquer uma dessas artes marciais inventadas pelos chineses.

Eu realmente odeio mosquitos, mas a recíproca não é verdadeira. Eles me amam. Meu sangue é puro chocolate, e eles nem ligam pros noticiários que alertam sobre a obesidade mórbida ser um problema recente entre os pernilongos de Floripa. Afinal, eles podem perder peso se exercitando num esporte que é a nova febre da juventude mosquital: o Fuja da Lolinha. Os pernilongos se divertem, e os riscos à saúde são mínimos. Os cretinos!


DÚVIDAS PERTINENTES SOBRE MOSQUITOS

O que não entendo é por que os pernilongos nunca atacam o maridão. Ou será que eles só não o atacam quando ele está perto de mim? Ele diz que tem uma proteção natural porque é um exímio devorador de alho, mas o que eu acho mesmo é que os mosquitos olham pra ele, olham pra mim, e voam pra cima de mim, claro. O maridão é como se fosse um peito de frango pros mosquitos, e eu seria uma saborosa picanha. Até compreendo que eles me prefiram, mas sempre os aviso: "Olha o colesterol! Tudo que é gostoso faz mal! Comam carne branca!", e aponto pro maridão. Mas não tem jeito. Eles vêem em mim um buffet de sobremesas. E no maridão um rabanete. No entanto eu, sempre pensando em menus alternativos pros mosquitos, travei o seguinte diálogo com o maridão:

Amor, eu tenho uma dúvida.

Uma só? Você que é feliz.

É uma dúvida pertinente, indispensável pra sobrevivência humana. O que eu quero saber é: pernilongo pica gatinhos e cachorrinhos?

Não, com certeza não.

Por que não?

Porque eles têm pêlos. Hum, quer dizer, pica sim.

Você tá demonstrando muita convicção na sua resposta, amore.

Pois é, eu achava que não, mas de repente me lembrei dos dinossauros.

O que tem a ver?

É que os pernilongos picavam os dinossauros, como ficou cientificamente provado no filme do Spielberg.

Dinossauros eram peludos?

Talvez alguns tipos, mas eles eram como você, sabe, casca-grossa. E, se pernilongo consegue picar casca-grossa, consegue picar cães e gatos também.

E pernilongo pica o Tony Ramos?

Jamais!

Lembre-se da minha analogia: eu buffet de sobremesas, ele rabanete. Ou era repolho? De qualquer jeito, não existe mosquito vegetariano. E eu estou perdendo todo o meu sangue praqueles estúpidos.

ME DISSERAM QUE ESSAS COISAS NÃO ACONTECEM EM PAÍS RICO

- Vender produto de beleza em farmácia sem data de validade. Aconteceu outro dia. Peguei um creminho pros olhos em promoção por sete dólares, metade do preço, mas cismei em saber se o troço tava vencido. Procurei em todo canto da embalagem, e nada. No caixa, perguntei à atendente qual a data de validade. Ela procurou, procurou, perguntou pra duas outras atendentes, abriu o produto, pra ver se a informação constava dentro da embalagem, e nada. Levei mesmo assim porque estava barato e porque sou mulher. A atendente ainda recomendou: “Liga pra indústria e pergunta”. Hum, perguntar o quê, se não existe um só código identificando o produto na embalagem? Só se for pra perguntar: “E sua mãe, tá bem?”

- Carne com data de validade vencida ser vendida normalmente em supermercado. Essa foi meu orientador que me contou. Ele disse que é comum supermercados ricos, nos subúrbios brancos, repassarem a carne que não foi vendida dentro da data de validade para supermercados em bairros pobres e negros. O supermercado dos pobres põe uma nova etiqueta e data no produto, e todos ficam felizes. Tirando talvez os consumidores, que não têm como saber que estão comprando carne vencida até tentarem ser tratados num hospital por infecção alimentar – e não conseguirem.

- Ligar pra um serviço de atendimento pra reclamar (e rastrear) uma câmera fotográfica que não chegava nunca e ter que ouvir o atendente dizer: “We don't care” (Não damos a mínima), antes de desligar na nossa cara.

Ou seja, da próxima vez que alguém me disser algo como “Isso só acontece no Brasil”, eu grito.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

OK, VOCÊ VENCEU: BATATA-FRITA DA LIBERDADE

Você lembra que, cinco anos atrás, quando os EUA invadiram o Iraque e a França foi contra, os americanos se encheram de ódio contra os franceses? O que eu não sabia é que os americanos decidiram agir. Vinhos franceses foram jogados no esgoto e várias lanchonetes trocaram o nome de French fries (batatas fritas, que sabe-se lá por que levam esse nome, já que as batatas são made in USA, e o modo de preparo é belga) para... Freedom fries (batatas da liberdade). Realmente, não sei como a França sobreviveu a esse boicote.

Depois dos atentatos de 11 de setembro de 2001, um pôster que se espalhou por todos os EUA foi o de uma bandeira americana virada, com alça, como se fosse uma sacola de compras, com a chamada “América: Aberta para Negócios”. A mensagem era: seus terroristas nojentos, vocês podem nos atacar, mas não vão nos fazer deixar de consumir. Outra moda foi a bandeirinha americana colocada em milhões de carros. Detalhe é que a bandeira era made in China. Esses dados são do ótimo documentário Freedom Fries: E Outras Estupidezes que Teremos de Explicar aos Nossos Netos, que acerta na mosca: os americanos precisam mudar o comportamento, consumir menos, serem mais responsáveis com os recursos, inclusive pra poupar o planeta, mas foi vendida a idéia de que qualquer mudança equivale a dizer “os terroristas ganharam”. Quando estive em Nova York, passei para ver os escombros das Torres Gêmeas. Não há muito pra ver. As obras estão em pleno vapor, e um monumento-monstro será erguido ali (veja foto).Mas o que me chamou a atenção é que você segue pelo corredor e a primeira coisa que vê na civilização (onde não há mais material de construção) são essas placas: “Compre. Divirta-se. Jante”. (foto abaixo). Pois é. Caso contrário, a vitória é dos terroristas.

CRI-CRÍTICA DE TRAILER: AS DUAS FACES DA LEI E CEGUEIRA

Leia a crítica completa de Ensaio sobre a Cegueira aqui (parte 1) e aqui (parte 2).

Eu vi uns dez trailers no último final de semana, alguns bem tenebrosos, como o de As Duas Faces da Lei (Righteous Kill, previsto pra estrear no Brasil em 19 de setembro) – que, além de apresentar uma solução fascista pra resolver o problema do crime (“é só atirar nas pessoas certas”), reúne Al Pacino e Robert De Niro no mesmo filme, o que só vimos em alguns minutos de Fogo Contra Fogo. Mas o que me chocou nesse trailer é que há dois homens com uns 65 anos, e nenhuma mulher com mais de 30. Bom, talvez a única mulher com alguma fala tenha mais de 30. Ela é a juíza. As outras fêmeas parecem ser strippers. Deve ser o paraíso pra coroas de quase 70 anos: todas as mulheres do universo não falam, só rebolam, ou são vítimas que precisam ser defendidas por homens armados. E gente, como o De Niro tá careteiro! Nota 2.

Nem me lembro dos outros trailers. Tinha um com o Leonardo Di Caprio e o Russell Crowe, Body of Lies, do Ridley Scott, que parece ser mais uma história sobre a guerra do Iraque e não causa a menor comoção, mas é daqueles que a gente tem que ver só pelo elenco. Ai ai. A verdade é que nenhum dos trailers que passou despertou minha vontade. Exceto um: o novo de Blindness (Cegueira). A Suzana tem toda razão. Vamos chamar o filme que estréia dia 12 de setembro de Cegueira, não Blindness, em inglês. Afinal, Saramago é português, Fernando Meirelles é brasileiro, e o filme tá cheio de atores de várias nacionalidades. Os americanos que chamem de Blindness na terra deles.

Pelo jeito, o que critiquei em abril era um teaser. E este de agora é um trailer, e de primeira. Com dois minutos e meio, ele conta muito mais da história (o que nem sempre é bom). Só não estou encontrando o troço legendado. Há um belo clima de tensão e supense, de caos e desespero, de mundo acabando mesmo. Julianne Moore, aparentemente a única a não ser infectada, vai com o marido Mark Ruffalo para onde estão sendo levados os cegos. Infelizmente ainda não li o livro, mas pelo trailer o lugar é uma zona, sem comida e na companhia de criminosos armados. Gosto do embate entre o Gael Garcia Bernal dizendo “Nunca vou esquecer sua voz”, e a Julianne rebatendo com “Nunca vou esquecer o seu rosto”. O trailer também mescla bem as imagens com os letreiros pra vender o filme. Sempre dá orgulho ver um brasileiro com tanto prestígio que seu nome aparece com destaque como “Do mesmo diretor de O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus”. Acho que o filme em si não foi tão bem recebido em Cannes, mas eu me emocionei só de ver o vídeo com o Saramago chorando, junto com a ansiedade (e felicidade) do Meirelles. Aquele momento foi tão genuíno que acabou aumentando mais ainda a minha expectativa com o filme. Chega logo, Cegueira! Nota 5.

terça-feira, 29 de julho de 2008

FIM DE FEIRA, OU APROVEITE ANTES QUE ACABE

Estamos quase voltando ao Brasil, e às vezes dá um sentimento de fim de feira por aqui...

Muitas das coisas que eu gosto acabam. Simplesmente deixam de existir. E eu odeio isso. Por exemplo, ano passado eu comi muito sorvete com fudge (espécie de cobertura de chocolate). Era ótimo, mas não podia ser qualquer fudge. As marcas eram bem diferentes entre si. E na mesma marca ainda havia variações. Logo, após muita pesquisa (quem falou que no meu doutorado eu não fiz pesquisa intensa por aqui?), descobri a marca e o tipo que me satisfaziam: Betty Crocker Dark Chocolate. Era um fudge menos doce que o de chocolate ao leite. Muito bom. Só que, de repente, ele parou de aparecer nos dois supermercados onde eu ia. Não deu explicação nem nada. Só sumiu das prateleiras.

Uma coisa eu tenho pra falar a favor do Big de Joinville. Toda vez que eu comprava lá, na saída, a caixa perguntava: “Encontrou tudo que procurava?”. E umas três vezes eu disse não, ela anotou o produto, meu telefone, e alguém do Big ligava pra casa pra dar satisfação, ou pra avisar que tal troço já estava lá, ou que iria chegar tal dia, ou que eu podia me despedir, porque ele não viria mais. Não sei se o Big continua fazendo isso após ter sido comprado pela Wal-Mart.

Porém, nos EUA, pelo menos nos supermercados que frequentei, essa preocupação com o cliente não existe. E o pior é que os produtos somem mesmo. Outro foi o pão de forma. Desde que cheguei aqui, dei pra comprar uma marca mais barata (US$ 1,50 o pacote) de pão de forma integral, que eu tento acreditar, com um fervor quase religioso, que beneficia meu intestino (não há nenhuma prova disso). Faz mais de um mês que o treco não dá mais o ar de sua graça no super. A marca continua, mas agora só com pão branco. Agora compro este, e infelizmente devo dizer que meu intestino não notou a diferença (segue sem funcionar).

Mas o mais revoltante aconteceu com o sorvete. Lembra que joguei às alturas o sorvete de chocolate da Cold Stone? É, eu disse que ele era mais escuro e gostoso que outros sorvetes de chocolate aguados que há por aí, me arrependi de não ter entrado naquela sorveteria antes, e ainda usei o elogio absoluto – que eu poderia comer apenas essa sobremesa pro resto da minha vida. Tá. Acredita que aquele sabor era por tempo limitado?! Não tem mais. Foi uma promoção especial de verão. E dane-se que aquele sabor era o primeiro a acabar em todas as lojas que íamos – era limitado e acabou. Provavelmente aquele sabor anulava os outros sorvetes da marca ou era mais caro de fazer, sei lá. Só sei que os atendentes insistem em me dizer que “a marca vai lançar três novos sabores especiais por tempo limitado”. E eu, por educação, não falo o que a marca pode fazer com seus três novos sabores. Mas convenhamos, não é como tirar doce de uma criança?

Sem falar que há coisas que param de funcionar. A Netflix, que até há pouco era um dos únicos serviços americanos do qual não podíamos reclamar. Então. A gente paga 26 dólares por mês pra que sempre possamos ficar com quatro dvds em casa. Mas a vantagem real não são os dvds que eles mandam, e sim o “Watch Instantly” (Assista na Hora), seis mil títulos que você pode download em questão de segundos (um filme por vez) e ver no seu computador. No começo do mês isso parou de ser possível, de uma só vez, nos nossos dois laptops. Assim, de repente. A gente ligava pra Netflix (a empresa não fornece o número de telefone no seu site; só fui encontrá-lo na internet, de gente jogando pedra e em reportagens do tipo “Presidente da Netflix não consegue localizar telefone de contato no site da empresa”), falava com o suporte técnico, cada um falava pra gente fazer uma coisa, download tal arquivo, e nada. Só o quarto atendente nos mandou ir ao Explorer e apagar tudo lá. E o negócio voltou a funcionar, aleluia. Quer dizer, em apenas um dos computadores. No outro, desistimos.

Aí tem o lance do banheiro do meu andar na faculdade. Eu gostava daquele banheiro, até que o assento da privada ficou frouxo. Agora é só se sentar que ele fica lá, balançando, ameaçando me jogar no chão. Deve ser simples de consertar, imagino. É só parafusar ou, se estiver quebrado, trocar o assento. Mas já está assim há uns quatro meses, e ninguém troca. Não é possível que eu seja a única incomodada. Deve ter mais gente que passa mais tempo na faculdade do que eu.

E as lâmpadas daqui de casa, três delas, queimaram em menos de uma semana. Uma após a outra. Ok, sinal de que elas duram todas mais ou menos um ano. Mas que dá clima de final de feira, isso dá.

LOLINHA CONTA PIADA, E O GOOGLE FAZ A FESTA

Se você anda lendo o meu blog, deve ter notado que não sou muito boa em contar piada. Mas sou ótima em medir o nível de satisfação dos leitores que o Google envia pra cá. Também, é fácil: é só dar nota 1 pra todas as buscas. Nota 5 é quando o leitor encontra exatamente o que tava procurando. Ou seja, no dia de São Nunca?

De quem é essa festa? - o bloguinho é meu, mas às vezes, a julgar pelas buscas que chegam aqui, parece que não tenho nenhum controle sobre ele. Eu gostaria de imitar o jingle da Globo e cantar “a festa é sua, a festa é nossa, é de quem vier, quem quiser”, mas não tem chance de quem vem aqui à procura de séquisso achar que este blog é uma festa. Nota 1.

Montagem que aumenta seios e que afina nariz – o famoso photoshop, perhaps? Agora fiquei pensando: você conhece muita gente que gostaria de engrossar ou aumentar o nariz? É sempre pra diminuir. Aumentar o nariz é chamado de reconstrução de nariz. E depois vão me dizer que nossos padrões culturais não são racistas. A Angelina Jolie é considerada linda por ter lábios grossos, como o de muitos negros. Nela tais lábios são desejados e vistos como carnudos. Já nos negros... Nota 1.

Males causados por sanduicheira – são muitos, principalmente se você colocar os dedos no meio, como eu já fiz inúmeras vezes. Inúmeras não, porque eu aprendo rápido. Bastou eu me queimar numas cinco ocasiões pra ser mais cuidadosa com os meus dedinhos. Nota 1.

Novinhas se exibindo nuas – deixa disso, vá ler um livro. Pode ser Lolita. Nota 1.

Esse google nao ta com nada – ufa, finalmente alguém concorda comigo. Nota 5. E no entanto, tem jornalista que acha que o Google é um sistema de busca perfeito, e só reclama do monopólio. Esse pessoal não tem blog.

Todo mundo vomitou na vida – é, acho que sim, pelo menos quando fomos bebês. Mas isso não salva a sua cara se você estiver buscando redenção por ser bebum ou bulímico. Nota 2.

Significado e definição de Lola – pedi auxílio técnico pro maridão, e ele disse que sempre tentou fazer um acróstico do meu nome, pra declarar todo seu amor por mim. Ele: “Então eu pensava, L de Love, mas aí veio o 'o' e eu me embananei”. Eu: “Você foi fazer um acróstico com meu nome e parou na segunda letra?”. Ele: “É que eu vi que o 'o' já tava difícil, e depois vinha um segundo 'l'”. Maridão é que nem brasileiro – não desiste nunca. Nota 1.

Meu yorkshire não engorda – yorkshires são minúsculos, é da raça. Já tive um yorkie muito querido, o Piteco, Pity pros íntimos, mas nunca vi um yorkie gordo. Espero que o seu cachorrinho esteja feliz com seu peso (o dele). Nota 1.

Toda mulher tem – hum, cérebro? Nota 1. Sua busca me remeteu àquela piadinha sobre o que o homem tem no meio do joelho. Quer dizer, no meio da perna. Já falei que não sei contar piada?

Outras buscas sem graça do Google estão aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui,aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

E O TROFÉU CAVALEIRO DA ESPERANÇA VAI PARA... CHRISTOPHER NOLAN

Vamos reconhecer que excelente diretor o Christopher Nolan é. Cavaleiro das Trevas é seu quinto filme. Na verdade, sexto. Mas se você conhecer alguém que viu sua estréia, The Following, me avise. Opa, agora eu vi, em dvd! Se você conhecer mais alguém que viu todos os seis filmes do Chris, me avise. Deixe-me falar um tiquinho de Following, que já tem uma década de idade. É um filminho inglês em preto e branco, com apenas uma hora e dez minutos de duração, sobre um aspirante a escritor que gosta de seguir as pessoas, e acaba conhecendo um rapaz que rouba casas. A trama tem um pouco de noir (uma cena é quase idêntica à do bar em Corpos Ardentes) e vários flashbacks, mas não é altamente satisfatória (veja o trailer aqui). Trata-se de um primeiro exercício (com a câmera manejada pelo próprio Chris) bem respeitável. Ah, uma curiosidade: na porta do segundo apartamento que os carinhas arrombam, vê-se claramente o logotipo do quê? De Batman! Isso que é premonição!
Depois de Following, Chris fez Amnésia (que eu amo de paixão), Ins
ônia (bonzinho), Batman Begins (se não fosse ótimo não teria ressuscitado uma franquia que havia sofrido muito com os dois Batman anteriores), O Grande Truque (espetacular), e agora este Cavaleiro. Christopher é inglês, jovem (37 anos), bonitinho e... casado. Na foto você pode vê-lo com sua mulher, Emma Thomas, produtora de vários de seus filmes. A esperança fica por conta de que não há muitos diretores hoje com um currículo tão promissor.

EM BUSCA DO CÁLICE DE CREME SAGRADO

Pedi uma amostra grátis de um creme chamado De-Age. Ela veio alguns dias depois, não sem a atendente pelo telefone tentar me convencer que eu já deveria comprar todos os produtos da marca, já que eles são maravilhosos. “Seu rosto vai ficar como novo em menos de um mês”, ela me garantiu. Mas mantive o pé no chão e só fiquei com a amostra grátis mesmo. Que nem é tão grátis assim – saiu nove dólares de correio!

Aí vem uma cartinha com o produto. Primeiro, me surpreendi que a carta contém erros. Como que pode? Não tem ninguém pra corrigir o “químico farmacêutico e cosmético” que assina o papel? E não sei como tanto americano confunde “you're” com “your”. Por exemplo, na carta tá escrito “Your saying goodbye”, quando o correto seria “You're saying” (você está dizendo adeus). Perguntei pro meu orientador aqui nos EUA por que isso ocorre com tanta frequência e ele me explicou que é por falta de leitura. Se as pessoas não lêem, escrevem como falam. (isso foi porque ele, que é um amor, elogiou o meu inglês, e eu respondi com algo como “Também, estudei numa escola americana!”, no que ele disse: “E daí? Muitos americanos não falam bem inglês”).

Não é sobre isso que eu ia escrever. É sobre a carta que veio junto com o produto. Ela é representativa do que eu havia escrito aqui, sobre cremes raramente cumprirem o que prometem, e sobre como seu uso é hoje quase uma cerimônia religiosa. A tradução é minha.

Querida e valiosa cliente,

Obrigado pelo seu pedido. É com satisfação que afirmo que, após inúmeras buscas pelos melhores produtos para tratamento de pele, você finalmente encontrou produtos que realmente funcionam. Você está prestes a descobrir por que todas as nossas clientes retornam sempre.

Quero que você vá ao seu banheiro e olhe no espelho pela última vez. Você está olhando? Ótimo. Agora quero que você diga – não, grite bem alto - “Adeus!”. Do que você está se despedindo? Você está se despedindo das linhas de expressão e rugas – permanentemente, sem cirurgia ou injeções doloridas!

Todos os nossos produtos foram inicialmente formulados para uso exclusivo em clínicas médicas. Mas graças a avanços recentes na nossa tecnologia de produção, somos agora capazes de trazer esses produtos milagrosos para o mercado consumidor pela primeira vez. E quando digo milagrosos, realmente quero dizer milagrosos.

Quanto mais você aplicar esses produtos, mais eficientes eles ficarão. A cada dia que passar você perceberá uma melhora constante na sua pele, pelas rugas que começarão a desaparecer.

Não Envelheça... Des-Envelheça!

Sinceramente,

Michael Warshak”

Vamos analisar a cartinha do Michael. De fato, somos clientes muito valiosas, já que pagamos caro por produtos que não funcionam, como este senhor mesmo menciona. Quer dizer que todos esses produtos que consumimos durante todos esses anos não deram certo? É o que você sugere quando menciona que nossa busca acabou. Sim, retornamos sempre, porque a ameaça implícita é que, se deixarmos de lambuzar nossos rostos com seus produtos, as rugas vão voltar tão rapidamente quanto desapareceram.

Você nos manda ir ao banheiro e gritar “Adeus”. Gritar mesmo, como alguns cultos religiosos pedem. No começo pensamos que você quer que a gente se despeça de nós mesmas, já que os produtos parecem ser muito mais valorosos que a gente. Afinal, eles são perfeitos e sempre dão certo, enquanto nós estamos cheias de rugas e linhas de expressão (que ganhamos por rir, falar, agir, essas coisas que mulher não deveria estar fazendo, porque causam envelhecimento). E que negócio é esse de dar uma última olhada no espelho? Depois disso, não podemos mais ver nossas imagens? Mudaremos tanto que não nos reconheceremos mais? Sua linguagem é muito parecida à dos pastores evangélicos e dos gurus de auto-ajuda. Mas a gente entende. Afinal, precisamos muito de ajuda. E o seu “permanentemente” deixa transparecer que os resultados só serão permanentes se usarmos os produtos permanentemente.

A sua frase sobre os avanços da tecnologia nos lembra dos “eleitos”. Só uns poucos entrarão no reino de Deus. Seus produtos saíram do altar (as clínicas médicas) e ocuparam a igreja inteira. E sim, sabemos que quando você diz que seus produtos são milagrosos, você realmente está falando em milagres, daqueles que a Bíblia mostra.

Na sua frase seguinte, você incorre num ato falho: “Quanto mais você aplicar esses produtos, mais eficientes eles ficarão”. Pensávamos que nossa pele iria ficar eficiente, mas essa eficácia milagrosa está limitada ao produto divino. Perdão pela heresia. Mas é o seu jeito de dizer que seus produtos não perdem o efeito jamais. Pelo contrário, ficam cada vez melhores. Certo.

Você nos manda não envelhecer, e, ao invés disso, desenvelhecer (um trocadinho com o seu produto, De-Age). Não sabemos qual é mais difícil, deter um processo natural e não envelhecer, ou desenvelhecer. É voltar no tempo? Temos em mãos a fórmula da juventude, da vida eterna? Não importa. Com a graça da sua marca, vamos conseguir o impossível. Oremos.

domingo, 27 de julho de 2008

SANTOS MAMILOS, BATMAN!

Num post, eu mostrei minha perplexidade com o pessoal falando mal dos mamilos nos uniformes de Batman & Robin. Aí meu querido leitor Bobby escreveu um comentário, e eu elucidei.

Qual é o problema do Batman? Ele não pode ter mamilos? Por que ele tem que ser um desmimamilado(?)?! Vocês não têm mamilos? Vocês arrancaram os mamilos de vocês?! Revoltado!” BobbyBobby, eu tava pensando nisso dos mamilos do Batman anteontem (como você pode ver, tenho muito tempo livre). Dez entre dez críticas ao Batman (esse de 1997 com o George Clooney) cismam com os mamilos. Recentemente me deparei com um texto de um americano que dizia que bastavam quatro palavras pra explicar o fracasso de Batman & Robin: "The batsuit has nipples!" (o uniforme do Batman tem mamilos). Essa obsessão com os mamilos me parece absurda. Mal dá pra vê-los, e certamente há coisa pior no quarto Batman que seu uniforme. Acho que essa obsessão tem a ver com o puritanismo dos americanos, que não podem ver uma mulher amamentando na rua, e que fizeram aquele escândalo todo com um dos peitos da Janet Jackson no Superbowl. Como americano é tarado por seio, normal que pense demais em mamilos também. Imagino que os críticos e blogueiros brasileiros apenas copiaram. Tipo, não era importante pra eles o Batman ter mamilos, mas tanto americano fixou nisso que eles fixaram também – e é óbvio que é uma fixação oral, como explicaria Freud. Americano não saiu da fase oral. Só que existe uma outra hipótese. Lembre-se que a maior parte dos críticos é homem. E homem não gosta de lembrar que tem mamilos. Mamilo é coisa de mulher. Homem posa sem camisa como se não fosse nada de mais, e todo mundo ignora os mamilos e se concentra na barriga-tanquinho.

Pra mulher é diferente. Como mulher é sempre sexualidada – essa é a sua função, despertar o desejo masculino e reproduzir – menina de oito anos, que ainda não tem nada parecido com peito, já tem que cobrir suas “vergonhas”. Mulher de respeito não faz topless. Só que, ao mesmo tempo, a mídia nos satura com imagens de mulheres semi-nuas. Se um homem aparece de cueca numa propaganda, é pra vender cueca. Com mulher não é assim. Mulher aparece semi-nua pra vender carro, cigarro, cerveja, tudo. A mulher está associada ao produto que anuncia, e é tão objeto quanto. Naomi Wolf diz que a mulher exposta nua na mídia faz parte da estratégia de dominação. É comum em situações onde há dominadores e dominados que os dominados tenham muito menos roupas. Foi assim com os escravos, que viviam semi-nus, enquanto seus capatazes e donos andavam vestidos. Geralmente esse padrão se repete nas relações guardas/prisioneiros, e até numa relação sado-masô o dominador tá mais vestido que o dominado. E isso não acontece apenas pra economizar vestimentas. É pra que cada um se ponha no seu lugar mesmo.
Ou seja, quando mulher aparece com o peito nu, está quase sempre relacionada a sexo (tirando as campanhas de amamentação, que muitos americanos não conseguem disassociar do sexo). É esquisito, porque assim como mamilo é uma zona erógena pras mulheres, também é pros homens! Pela minha experiência, não há muitos homens que permitam que seus mamilos sejam explorados durante o sexo, porque isso é tido como coisa de mulher. O preconceito é enorme - é como se mamilo de homem estivesse off limits, fora dos limites. Estou falando de homem hétero, já que imagino que os homossexuais tenham menos bloqueios pra explorar sua sexualidade (isso é um elogio). Então os mamilos do Batman são incômodos por fazerem pensar numa sexualidade que precisa ser reprimida. Já é bastante incômodo que o Robin esteja ao seu lado, com aquela máscara de Clovis Bornay. O Robin sempre foi "suspeito", e num filme em que os dois uniformes têm mamilos, isso deixa os dois super-heróis femininos demais (que é algo muito ruim nessa cultura). Foi isso que deduzi, mas adoraria ouvir outras opiniões.

VOLTANDO PRA CASA

Oi, gente boa! Este é um dos últimos posts que escrevo daqui da terra do Tio Sam. Depois de amanhã cedo (terça) eu e maridão viajamos de volta ao nosso amado Brasil. Primeiro pegamos um avião de Detroit pra Filadélfia, depois outro da Filadélfia pra Nova York, e lá dentro de NY precisamos correr de um aeroporto pro outro e pegar o vôo pra São Paulo. Vai dar tudo certo. Torçam pra que não percam as nossas malas ou algum avião caia. Não somos supersticiosos, nem temos medo de voar, então acho acho que tudo vai correr na mais perfeita e que quarta de manhã desembarcaremos em Guarulhos. Aí ficaremos um dia em SP, pra rever amigos e parentes, e na sexta chegamos a Joinville (vamos de ônibus; dá menos trabalho).

Não sei quando terei acesso à internet de novo. Mas, organizada e prolífica do jeito que sou, este blog não vai parar. Já tá tudo programado pros dois posts diários de sempre. Só não poderei ler ou responder os comentários de vocês enquanto eu não tiver internet, mas, por favor, não parem de escrever. Juro que leio e respondo assim que puder. Ó, não quero chegar em Joinville e encontrar o meu blog deserdado, abandonado, jogado às traças ou a inseto pior, tipo aqueles de Wall-E.

Ainda vou escrever um post sobre as coisas das quais sentirei falta, e as que não, e fazer um balanço do meu ano nos EUA. Mas este texto que vos fala é só pra justificar o meu silêncio (não apenas no meu blog como nos blogs que visito e comento).

Opa, agora parei pra pensar e constatei que, desde que comecei o bloguinho, seis meses atrás, não houve um só dia em que não publiquei no mínimo um post. Isso explica muita coisa (espero que meu orientador não me leia). Notei que sou uma doida varrida mesmo. Enfim, se não parei de escrever quando estava em terra firme, não vai ser um detalhe minúsculo como sei-lá-quantos-dias de viagem que vai me impedir. Apareçam sempre, comentem, e como disse um desmiolado maior (a gente cantava nas passeatas pró-impeachment: “O Collor vai ganhar / uma passagem pra sair deste lugar / não é de carro, nem de trem, nem de avião / é algemado / num camburão / êta Collor ladrão!”), não me deixem ! Hasta la vista, babies.