Minhas retrospectivas pessoais são sempre parecidas: o meu balanço do ano é bom. Todos os anos são bons. Eu adoro viver, adoro estar viva, considero um privilégio. Não me lembro de um só ano nos meus 42 anos de vida que eu possa dizer: esse foi um ano ruim. Provavelmente o pior foi 1993, quando meu amado pai morreu. Mas mesmo aquele ano gerou mudanças importantes, como sair de SP após 16 anos e vir pra Joinville, onde comprei minha casinha.
Ok, mas vou tentar me concentrar em 2009. Teve o blog, que novamente me tomou um tempão, e foi super gratificante, repetindo a experiência de 2008 (quando comecei o blog). Posts todos os dias, muitos e bons comentários, aumento no número de visitas, e, no final de novembro, a chance de ganhar algum dinheiro com isso. Ou seja, só coisas positivas. Continuei também no jornal, pelo 12o ano seguido. Sem novidades ― isso é bom. E eles querem que eu siga escrevendo mesmo morando em Fortaleza, o que me deixa muito contente.
Em junho defendi a minha tese de doutorado em Literatura em Língua Inglesa. Isso, lógico, foi fundamental. Mas foi também previsível. Foi o que me dispus a fazer quando entrei no programa de doutorado da UFSC, em agosto de 2005. Se eu não tivesse terminado o doutorado, aí sim estaria em apuros, porque teria que devolver todo o dinheiro das bolsas investido em mim. Portanto, não concluir o doutorado não era (nem nunca foi) uma opção. Aliás, não acredito que alguém entre conscientemente num mestrado ou doutorado já pensando “Não vou terminar”. Muitos desistem no meio do caminho, porque é duro e solitário, mas nunca é premeditado. Enfim, foi um alívio acabar de escrever a tese e receber o título. A defesa em si foi decepcionante, mas ficou no passado.
Houve o desperdício de fazer alguns meses do curso de Letras a distância. Desperdício de tempo e, principalmente, de dinheiro. Foram 1,212 reais jogados fora. Olhando pra trás parece ter sido uma grande besteira, mas todos os meus amigos recomendaram que eu fizesse o curso. Estávamos em março, e eu acompanhava os editais de concursos que apareciam nas federais. 90% pediam graduação na mesma área do doutorado (no caso, Letras). Eu não podia adivinhar nunca que em junho surgiriam três editais (pra Curitiba, Maringá e Fortaleza), e nenhum pediria diploma em Letras.
Assim que defendi a tese de doutorado, comecei a me preparar pro concurso da UFC. E aí todas vocês acompanharam o sofrimento e o resultado bárbaro. É muito bom passar no primeiro concurso que a gente faz na vida. E fez bem pro meu eguinho (machucado pela nota 8,78 recebida na defesa do doutorado) passar logo em primeiro. Sem falar que eu me redimi um pouquinho pra mim mesma, porque não costumo ser boa aluna. Eu quase sempre tiro as melhores notas (tirei A em todas as minhas matérias do mestrado e doutorado), mas isso não faz de mim uma boa aluna, porque sou enrolona. Boa aluna, pra mim, é quem é disciplinada, quem não deixa tudo pra última hora, quem faz as coisas com capricho. Essa certamente não fui eu nem no mestrado nem no doutorado. E o maridão me conhece. Portanto, quando apareceu o concurso da UFC, que indicava que eu teria uns dois meses pra preparar 15 pontos, ele tinha dúvidas se eu iria conseguir. Eu não tinha muita dúvida porque fazer um concurso em outro estado é caro (uns 1,700 reais), e não gosto de jogar dinheiro fora. Como eu havia me inscrito (duas vezes, já que a UFC não aceitou minha inscrição da primeira vez, porque eu ainda não havia defendido a tese), teria que ir preparada. E eu me preparei bem, estudei bastante, o que foi uma surpresa agradável pra mim, isso de saber que yes I can.
Mas imaginem, o concurso eu passei no final de agosto. Perguntem o que fiz de lá pra cá. Basicamente nada além de escrever pro blog e pro jornal. Dá a impressão de um tempão jogado fora. Eu devia ter tentado publicar uns papers (essencial pro meu currículo), escrito artigos acadêmicos, lido mais. Ou até descansado. Não relaxei, fiquei ansiosa esperando a posse (nem a nomeação saiu ainda!).
Financeiramente este segundo semestre foi um desastre também. Bom, só não foi um desastre completo porque eu estava preparada. Sabia que minha bolsa acabaria em junho, e que haveria um hiato entre o fim do doutorado e o início de um novo emprego. Tudo dentro do previsto. Mas, infelizmente, acreditei demais no entusiasmo do departamento de inglês da UFC, que previa que a contratação acontecesse já em novembro. E, por isso, perdi os poucos alunos particulares que tinha, que pensaram que eu me mudaria logo pro Ceará. Também por isso gastei dinheiro fazendo alguns exames médicos em setembro (que terei que refazer, pagando de novo).
Digamos que 2009 foi um ano de finalizações. Terminei o doutorado (e, no fundo, seis anos de vida acadêmica quase ininterrupta, salvo um semestre em 2005), e estou me despedindo de Joinville, que tão bem me acolheu durante 16 anos. 2010 será cheio de desafios: nova cidade, novo emprego, nova casa, uma mudança incrível (e um tantinho assustadora, às vezes. Eu só quero que março chegue logo, porque aí parte das dificuldades teram passado). Mas tudo isso foi planejado. Lembro quando, antes do início do doutorado, eu me sentei com o maridão e previmos o que iria acontecer: que em 2007 passaríamos um ano no exterior por causa do sanduíche (a gente pensava que seria na Inglaterra; acabou sendo em Detroit ― ainda bem, já que voltamos com dinheiro no bolso), e que, em 2009, quando terminasse o doutorado, faria concursos pra qualquer universidade federal em qualquer lugar do país (a gente sempre falava em Acre e Rondônia). Nosso sonho era mesmo morar numa capital nordestina (de preferência, Natal ou Fortaleza; depois o pessoal nos convenceu que o quente mesmo é João Pessoa), mas eu imaginava que, com meu currículo de recém-doutora, não conseguiria passar de cara num concurso concorrido. Os planos eram que a gente morasse uns dois ou três anos num fim do mundo (desculpe, pessoal do Acre e Rondônia, mas os concursos não eram nem pras capitais, e sim pro interior), e, depois que meu currículo melhorasse um pouco, aí sim eu tentaria passar num concurso numa capital nordestina. Estou queimando uma etapa.
Vamos ver o que vai acontecer em 2010. Meu maior desafio será administrar o tempo, pra que eu possa me dedicar bem ao trabalho e à publicação de artigos e ainda assim continuar com o bloguinho (com menos posts). No final do ano que vem eu escrevo uma outra retrospectiva chata pra dizer que 2010 foi muito bom, mas também, qual ano não é? E um ótimo 2010 pra vocês também!