Assim como a Mafalda, não votamos nele
Pessoas lindas e queridas, só um postzinho rápido que hoje o dia tá (in)tenso e ainda preciso cozinhar, com a valiosa ajuda do maridão.
O cara é delegado |
Só hoje já fui xingada por um deputado estadual, ameaçada por um delegado da Polícia Civil, e amaldiçoada por uma dúzia de comentários de ódio de um trollzinho qualquer (mandem olhares de desprezo pra ele, que ele acredita em aura e vai ficar dodói).
Mas não é sobre esses homens ridículos -- todos fãs do fascistoide (o deputado estadual, óbvio, foi eleito pelo partido dele, o PSL, Partido de Salvar Laranja) -- que eu quero falar. Aliás, por que eles estão me atacando? Eles não venceram? Não deveriam estar comemorando, ainda mais hoje? É um fetiche bizarro o deles. Enfim, o que quero com este post é fazer uma minúscula retrospectiva pessoal e desejar a vocês uma ótima virada de ano.
Um assessor de algum dos filhos de Bolso virou deputado |
Politicamente 2018 foi hediondo. Perdemos uma eleição pro candidato mais nefasto do mundo (não é exagero, peguntem pro resto do mundo) que vai jogar o Brasil na lama. O país já está retrocedendo a passos largos com o fim de direitos trabalhistas e o aumento da miséria. A gente que vive no Nordeste percebe a diferença. Tem um monte de pessoas morando na rua, um monte de criança pedindo esmola no sinal. Tinha antes, lógico, mas não tanto assim. Eles vão tentar fazer o Nordeste voltar pra miséria pré-2003. Temos que lutar.
Mas é importante a gente se lembrar -- e lembrar a eles -- que só porque eles ganharam não quer dizer que a Constituição foi rasgada e os direitos humanos acabaram por decreto. Temos o direito à luta e ao ativismo. O fascista chegará ao poder (nunca será meu presidente, não o respeito, não reconheço), mas ainda existem leis. Ameaçar, difamar, bater, matar, continuam sendo crimes.
Marcelo Valle, outro entusiasta do "mito", foi preso no dia 10 de maio deste ano e agora, no final de dezembro, foi condenado a 41 anos de prisão. Foi uma grande vitória minha e de todas as mulheres (e LGBTs, e negros), porque este é um terrorista criminoso que nos ataca há muitos anos. Minha vida sem dúvida ficou mais tranquila de maio pra cá.
2018 também foi o ano em que a Lei Lola foi aprovada. É uma lei relevante, projeto de lei da deputada federal (reeleita) Luizianne Lins (PT-CE), que atribui à Polícia Federal a investigação de crimes contra mulheres na internet. Também traz para a jurisdição, pela primeira vez, um termo que é velho conhecido nosso: misoginia. Ainda falta bastante pra lei realmente ser aplicada, mas vamos batalhar pra isso em 2019.
Eu, Silvinho e nossos amigos dinossauros no Museu de Ciências Naturais, domingo retrasado, em Buenos Aires |
Pessoalmente, 2018 foi maravilhoso. Todos os anos são. Sério, não me lembro de anos ruins na minha vida. Sou muito privilegiada e tenho tudo que quero. Silvinho e eu vamos caminhando pros 29 anos juntos (em agosto) e tivemos amor e saúde em 2018, que é o que importa, ainda mais agora que estamos mais velhinhos. Este ano não foi tão bom pra saúde da minha mãe, mas ela segue firme e forte, prestes a fazer 84 anos (em maio).
Em 2018 comecei a dar aula na pós-graduação e conheci novas alunas e alunos incríveis. Continuei a dar aula na graduação pra estudantes que eu gosto tanto. O curso de extensão bateu recordes, com 300 inscritos no primeiro semestre, e 200 no segundo. Adoro a UFC e o que faço, meus alunos, meus colegas docentes, os servidores, todos.
Eu, Axé e Camila, em Cuiabá em setembro |
Pela primeira vez, dei palestras e participei de eventos nas cinco regiões do país! Além de Fortaleza e Quixadá, estive também em duas cidades do interior do Rio Grande do Norte, Caraúbas e Caicó, e em São Luís. Também fui a São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Manaus (pela primeira vez e amei; espero não ter esquecido nenhuma cidade). Fora isso, conheci pessoas muito especiais em Cuiabá, MT. Fui pra responder um processo de mascu (e vocês ajudaram demais a pagar minha viagem, mil vezes obrigada!), houve conciliação, e até acabou sendo bom pra trazer mais gente boa pra minha vida.
O blog está um pouco abandonado, eu sei. Quero me dedicar mais a ele ano que vem, mas preciso arranjar ânimo. Mais pra frente eu falo dos meus planos pra 2019. Agora tenho que cozinhar!
Pessoas, aproveitem bem o reveillon. Estou torcendo pra que ano que vem não seja tão ruim quanto estamos imaginando que será. Quer dizer, politicamente, não tem como não ser péssimo. Mas que, no âmbito pessoal, pelo menos, seja bom. Vamos lutar e resistir muito. As palavras "não vamos nos deixar abater" ganharam um sentido mais literal de outubro pra cá. Mas nós somos mais fortes que eles. Vamos conseguir!