“É certo você ficar usando neologismos como 'meio que'? ( 'Adoro o Prof. Hariovaldo, que é meio que o nosso That's Right Nate'). Isso é irritante e não condiz com sua graduação, eu acho”.
Ai, Serge, ouvir “isso não condiz com sua graduação” é fogo, imagino que em qualquer caso. Primeiro porque é uma cobrança, e depois porque, no meu blog, eu não uso linguagem acadêmica (bom, dizem que não uso linguagem acadêmica nem na academia). Ah, e porque cai no erro de achar que doutora faz isso, não faz aquilo, ou que doutora é um modelo de seriedade, ou que doutora não comete erros. Todo mundo comete erros, e um PhD não serve de vacina contra nada. Pego emprestado o que a Laurinha escreveu:
"Caramba! Quer dizer que quem vive no meio acadêmico só pode se comunicar de modo formal, independente de estar em uma situação informal, em um bate-papo com amigos, em um blog, em uma festa ou até mesmo fazendo sexo?..."
Pois é, imagina o horror que deve ser soltar um neologismo no meio do sexo! O que @ parceir@ pode pensar, meu deus?!
A Alice também mandou bem:
"Como sou da áera de Letras, sinto-me no direito de responder/refletir sobre o que ele disse. Eu não deixo de relacionar o comentário do Serge com aspectos culturais brasileiros. É a velha e boa mágica do bacharelismo brasileiro, que ainda influencia, de certa forma, o ideário geral. Quem não conhece ao menos uma pessoa que tem um diploma de direito e bate no peito para ser chamado de doutor e usa um vocabulário pretensamente erudito para parecer acima de tudo e todos? Pois é. Desde o Brasil-colônia isso é um fato. Que vem sendo mais e mais deixado de lado, é verdade, mas que ainda assim deixou lá suas marcas.
Não é à toa que se cobra uma postura de 'doutor' de quem tem um título de doutor. Nem que seja em um ambiente totalmente informal como um blog. As pessoas querem e parece que precisam ver que as outras são eruditas. Ainda que tal erudição não leve a nada, e restrinja mais e mais o número de leitores/seguidores de um blog. Falar às claras, usar de vocabulário informal para se comunicar com o maior número de pessoas? Coisa de gentinha, né. Afinal, é preciso fazer jus ao título que se tem. Parece que o título precede a pessoa."
Sobre usar “meio que”, Serge, vc já tinha pedido pra abolir. Não vejo nada de mais em usar isso. Sempre usei. Gosto e vou continuar usando, faz parte do meu estilo. Acho que é uma forma minha de não parecer tanto uma senhora da verdade (o termo é tão masculino que até fica esquisito no feminino). Nos meus textos vc vai encontrar muito mais “acho”, “talvez”, “meio que”, “meio como”, “bem”, “bastante”, “mezzo” etc que “certeza absoluta” ou “sem sombra de dúvida” ou “é inquestionável que”. Vc deve encontrar vários desses termos mais autoritários nos escritos de quem se acha dono da verdade. Não é o meu caso. Eu não acredito em verdade absoluta. Acredito na minha verdade, no que é verdade pra mim (ou seja, a minha interpretação das coisas, minha visão do mundo). E mesmo pra essa verdade eu tenho dúvidas.
P.S.: O João deixou um comentário no mesmo post. Resposta aqui.