sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CRÍTICA: ENSAIO sobre o mundo dos homens cegos (pobres das mulheres)

- Quero sair deste manicômio!

Vi Ensaio sobre a Cegueira semana passada em Floripa, não resisti e comprei o romance do Saramago, e agora estou na reta final do livro. Quando acabar de ler, comento com vocês. Por enquanto, vou tentar falar apenas do filme do Fernando Meirelles (que, diga-se de passagem, é muito fiel a sua fonte literária). Bom, pra mim, este é o terceiro grande trabalho seguido do Fernando, após Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel. Eu adorei, embora tenha perdido a concentração em algumas partes porque tive que mandar um sujeito atrás de mim se calar quatro vezes, e a cada vez eu refletia se uma epidemia de cegueira seria castigo suficiente pro cretino. Pena que o filme não tenha sido bem recebido pela imprensa internacional. Em Cannes a recepção já havia deixado a desejar. Agora que estreou nos States, sexta passada, os críticos americanos deram apenas média 45 no Metacritic. Chato, né?
A história, pra quem não conhece, começa com um homem dirigindo um carro num mega congestionamento de cidade grande, e de repente gritando: “Estou cego!”. Sua cegueira não é das trevas, de ver tudo escuro, mas uma cegueira branca, como se um copo de leite estivesse sobre seus olhos. Rapidamente, quem tem contato com ele vai cegando também, e o governo manda os contaminados para um sanatório. Os personagens principais são um oftalmologista (feito pelo Mark Ruffalo, de E se Fosse Verdade), e sua mulher (a grande Julianne Moore, de As Horas e Longe do Paraíso), que é a única que mantém a visão. Não espere explicações sobre como a cegueira é passada, ou por que ela não atinge a Julianne. O importante é como as pessoas se comportam diante de uma catástrofe dessas.
E é uma catástrofe, não dá pra negar. Por isso, não entendo o boicote que associações de deficientes visuais nos EUA estão realizando contra o filme (por que não contra o livro?). Um porta-voz reclamou que a trama mostra cegos como inválidos. Ahn, gente, se eu ficasse cega de um minuto pro outro eu seria uma total inválida! Precisaria de ajuda pra tudo sim. Depois de uns anos de adaptação, eu provavelmente poderia me virar sozinha, mas na hora? Esse porta-voz também disse que “a cegueira não transforma pessoas decentes em monstros”. É justamente esse o ponto do filme, pô! Quem era ruim antes de ficar cego não vai se tornar bonzinho de repente, e vice-versa. Curioso que as entidades não protestem contra o fato de haver um único cego “natural” (ou seja, que já era cego antes da epidemia), e d'ele ser um vilão poderoso, já que pode ler em braille e ser muito mais independente que os demais. A réplica do vilão-mor, feito pelo Gael Garcia Bernal (de Diários da Motocicleta) quando o oftalmologista diz que um cego natural deveria ter empatia, é dura mas exemplar: “Só porque ele é cego não quer dizer que seja bom ou mau”.
Quem deveria estar promovendo o boicote do filme deveriam ser associações de homens, se existissem. Porque, gente, vamos por os pingos nos is. Não é exatamente o ser humano que, no caos, se comporta como animal - é o homem. As mulheres são solidárias e querem preservar o mínimo de civilidade. Já os machos... O filme e o livro deixam isso claríssimo. Acho incrível que, quando a gente fala do brilhantismo do ser humano, no fundo só pensa nos homens (ou quantos dos 500 melhores filmes da última lista foram dirigidos por mulheres? Em listas de melhores livros da história da “humanidade”, quantos foram escritos por autoras? E as pinturas, e as músicas?). Na hora de falar da natureza humana, a gente generaliza. Olha a palavra, humana. Não masculina. Mas essa “natureza” masculina (se é que é força da natureza, e não da educação) parece ser muito propensa à violência e à exploração. Outro dia li algo que me surpreendeu - que as mulheres se juntam aos homens pra que eles as protejam... de outros homens! Só que aí esse homem “protetor”, munido de muito poder, passa a abusar da própria mulher. Ok, eu ainda acredito que há muitos mais homens bons que maus. Mas isso de que os homens se unem na crise, que em momentos de necessidade o homem é altruísta e bom, é conversa pra Nova York dormir. Talvez isso explique por que os críticos americanos fiquem tão incomodados com Cegueira. Eles crêem que, num caos, haveria muita solidariedade (que não houve em Nova Orleans, com o Katrina). Um filme de terror como Madrugada dos Mortos (em que logo nos primeiros minutos do fim do mundo já há homens matando, roubando e estuprando) é mais honesto. The Road, que vai ser lançado em breve com o Viggo Mortensen, mostra que, num mundo sem produção de alimentos, os homens comem mulheres e crianças. Assim, literalmente.
Ainda falando nos críticos americanos, pelo que li, eles se chocaram mais com a nudez que com as cenas de estupro. Puxa, se o mundo ameaçar ir pro saco, as mulheres vão parar de cuidar da aparência? Elas não vão mais escovar o cabelo e andar com roupas da moda? (e atentem pro detalhe: ninguém vai ter olhos pra elas). Elas não vão nem cobrir suas vergonhas?! Poupem-me, por favor.
Aqui eu falo mais de Cegueira, que este texto já tá longo demais.

30 comentários:

Anônimo disse...

Eu assisti ao filme e fiquei muito chocada. Com a capacidade que os homens (no sentido genérico) têm de se esconderem sob personagens que criam. Eu acho que, de fato, ainda não consegui refletir sobre o filme, porque, a cada vez que penso sobre ele, as imagens me vêm à cabeça e me cobrem de um certo desespero. Eu me senti muito incomodada enquanto assistia. Chorei muito e me desesperei quase como se eu fosse a mulher a ser estuprada. As cenas são muito fortes e o que me assusta é saber que, mesmo sem cegueira (ou profundamente cheias dela), há pessoas que fazem isso, diariamente, no mundo todo.
É assustador!
Eu vou ler o livro e, em algum momento, assistir ao filme novamente. Porque ainda não dá para falar muito.

Beijos.

L. Archilla disse...

UHUUUUUUUUUUUUUUUUUU!! ESTREOU EM SOROCABA!!!!!!!! vou ver este final de semana e depois leio o post, ok? bjs!

Nita disse...

Eu cheguei a conclusão de que não tem como não ser extremo com esse filme. É ou odeio ou adoro. Pelo menos se levar em consideração as opiniões das pessoas que eu conheço e que viram. Eu estou no time do adoro.
É chocante sim, mas pode ser que a maioria das pessoas não gostou porque o tapa na cara doeu mais do que eles esperavam que doeria.

Beijos Lola

Denise Arcoverde disse...

Adorei a crítica, Lola, foi a melhor que li até agora sobre o filme. Dia desses escrevi um post imenso explicando o caso do boicote, porque estão crucificando os cegos, mas deu preguiça de debater, muita polêmica, sem falar que brasileiro detesta que se reclame de filme feito por um brasileiro, que está sendo exibido no exterior. Mas, se alguma hora estiver mais disponível pra isso, boto de novo :-)

Beijocas!

Anônimo disse...

Oi, Lola. Ainda não vi o filme, creio até que por medo de me decepcionar. Pois Ensaio sobre a Cegueira está na minha lista de 10 livros intocáveis, rs. Amo Saramago, mas realmente não é um texto leve (repare como ele quase não usa pontuação, o que nos deixa sem fôlego). E, geralmente, obras que fazem a platéia refletir, que mostram as mazelas da sociedade, chocam. E como a nita disse acima, o tapa deve ter doído mais do que se esperava.
É uma pena que o filme não esteja fazendo sucesso, torcia muito pela continuação, Ensaio sobre a Lucidez...

Andrea disse...

Valeu Lola pela crítica! Estava a alguns dias esperando por ela. Também comecei a ler o livro, mas na correria que estou acho q vc termina de ler antes que eu.
Aguardo mais um pouco de cri-critica no domingo!
Abraço =)

Anônimo disse...

Eu gostei muito do filme, e apesar das cenas chocantes, acabou por elevar meu espírito, pois pelo lado inverso mostra o que é realmente essencial ao ser humano.Se por um lado vê-se a natureza animalesca dos homens, por outro se percebe a união e solidariedade como elementos necessários para a própria sobrevivência dos homens. Trata-se de uma grande metáfora, com sacadas óbvias e por isso tão brilhante...como a cena em que o "vilão", certo dia, "decide" que todos deverão pagar pela comida..hehe,além da belísisma fotografia...achei genial.

Luciano disse...

O melhor filme do ano e ponto. Eu achei impressionante que nenhum crítico, pelo menos dos que eu li, notaram no pequeno detalhe de que o filme é muito feminista. Um dos pontos que eu mais gostei.

Tina Lopes disse...

Eita, que me deu uma vontade de ver, agora. Obrigada. Vou tentar hoje.

Kaká disse...

Eu gostei do filme, mas acho que quem não leu o livro aproveita mais. É que a adptação foi tão fiel (e muito boa) que não tinha muita surpresa no filme.

O que é muito bom no livro é que o leitor se torna um cego também e só pode imaginar as descrições (quando eu li quase podia sentir os cheiros do hospício), muitas das quais o filme já traduz. Mas a essência do livro que é justamente a reação das pessoas quando todos são atingidos por uma catastrofe, ou colocados em condições iguais, está toda no filme.

O que me tirou um pouco da atenção no filme foi o casal asiático. Eu sei que ele quis fazer um filme internacional e tal, mas esse casal só me lembrava os coreanos Sun e Jin de Lost. Aí eu comecei achar que tinham trasferido o pessoal da ilha para o mundo dos cegos. Mas isso é coisa da minha cabeça. :)

Andréia disse...

quero assistir... hoje... JÁAAA!!!
Bj

Anônimo disse...

Lola, eu acabei de ler, hoje, faz, mais, mais ou menos, umas quatro horas, o livro do Saramago.
Aqui, na minha cidade do interiorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr, o filme ainda não chegou e eu estou esperando com ansiedade. Mas, o que eu queria te contar é que, minha filha mais velha veio me perguntar por que eu estava chorando e eu disse: Filha, porque eu consegui segurar no livro (mais ou menos), mas não vou conseguir segurar no filme, após ler essa crônica. Por que? Porquê meu professor disse, na última aula uma frase que aparece no livro e me é tão familiar(?): "Dentro de nós existe uma coisa que não tem nome. Essa coisa é o que somos". E, lendo o que você diz (que já é uma das minhas guruas (porque eu não sou monogâmica, mas sou fiel), eu chorei, de novo e tive que me explicar, de novo. Beijos.
Paula Reis, interiorrrrrrrr de Sum Paulo

Masegui disse...

"Gio, assim vc ofende o Mario Sergio! Mas vc já viu a mulher dele? Ela é linda!"

Agora não adianta puxar o saco, só vi depois... continuo de mal.

Aliás, qué aquela bruaca procês?
Pó ficá...

Anônimo disse...

eu gostei muito do filme,apesar das criticas negativas.na verdade,o que eu nao entendi foram as criticas.
eu gostei muito do "olhar obliquo" do fernando,daquele jeito que dele capturar os personagens,atraves de espelhos,da tv,da janela.gostei das luzes excessivas,tambem.e as iluminação,quase barroca.as vezes uma luminosidade cegante,as vezes uma completa penumbra.
mas o filme nao incomoda tanto quanto o livro. nao tem aquele tom asfixiante que o livro tem. que faz com que a gente tenha que tirar os olhos das paginas,pra respirar um pouco. mas,de forma geral,é um otimo filme. otimo mesmo. muito melhor do que a maioria das produções norte-americanas. talvez os criticos tenham perdido essa noção,sei lá.

Anônimo disse...

Oie Lola!

Saudades do blog!

Meu pc quebrou!

Me dê um tempinho pra eu ler tudo oq eu perdi ok!

Fique um tempinho sem postar pra dar tempo! XD

Brincadeira!

Beijo!

Ju Ribeiro disse...

devo ver este domingo com o namoradão.
lola, vc já viu "fogo no céu"? o namoradão já tinha mencionado esse filme, que ele queria ver, aí or acaso passou ontem na globo, após o programa do jô. claro que não vi, pelo horário.

Ana Rute disse...

tmb sai do filme totalmente chocada e meio que paralizada, pq tudo que passa no filme é a realidade.
achei demais o filme e quero muito ler o livro.
to esperando anciosamente pelo seu comentario a respeito
beeijo

lola aronovich disse...

Ju Caribé, eu gostaria de rever o filme pra poder refletir ainda mais sobre ele. Eu também chorei bastante, em várias cenas distintas. Até agora não chorei no livro. Mas leia e volte aqui pra contar.


Viu, Lauren? E depois vc fica competindo comigo pra ver qual cidade é pior cinematograficamente, Sorocaba ou Joinville! Sabe o que estreou aqui este final de semana? NADA! Volte depois pra comentar.

lola aronovich disse...

Nita, acho que dá pra ter meio termo sim. Alguns críticos bem que tentaram. Acho que eles acharam o filme difuso. Pra mim o filme é muito dolorido. Um tapão mesmo.


Denise, que honra ouvir vc falar isso! Então, eu vi um post seu pequeno sobre o boicote. Gostaria de ler o maior. Publica lá no seu blog, vai. Eu gostaria de entender melhor o lado dos cegos. Não quero cometer a injustiça que acho que cometi com Silêncio dos Inocentes. Na época, no início dos anos 90, quando várias associações gays protestaram contra o filme, eu achei exagerado. Mas agora, dentro de um contexto (de como Hollywood discrimina homossexuais), dou razão a eles. No caso de Ensaio, me parece que o livro é muito mais “contra” os cegos que o filme. Até porque fica chamando os cegos de cegos o tempo inteiro. No filme não há essa necessidade.

lola aronovich disse...

Carol, acho que vc não vai se decepcionar, não. O filme é muitíssimo fiel ao livro. E não atenua nada do que está no livro. Eu também queria que o filme fizesse sucesso, mas, até agora, tá difícil. Também, não estreou em muitas salas (nos EUA, nem aqui).


Andrea, eu também tô numa correria que nem te conto. Mas acho que vou terminar de ler o livro logo sim. E vc, pra quando é a defesa? É este ano, não? JÁ! Dá pra acreditar?

lola aronovich disse...

Anônimo, é, isso de elevar o espírito eu senti em algumas cenas também, como a do cachorro, a da chuva, e a da camaradagem entre as mulheres. O final é otimista. Mas por tudo aquilo que acontece no meio, eu não quis pertencer à humanidade não.


Luciano, que bom que vc achou. Não sei se eu achei o melhor, mas pra mim é um dos melhores, sem dúvida. É, acho que vc tem razão, o filme é feminista. Ou pelo menos bem anti-homem, o que não é a mesma coisa...

lola aronovich disse...

Tina, boa sorte! Depois volte aqui pra dizer o que achou.


Pode ser, Kaká. Eu prefiro sempre ver um filme sem conhecer muito dele, e com Cegueira foi assim, já que só havia lido as primeiras dez páginas do livro antes de entrar no cinema. Realmente, pra quem é fã do livro, não há muitas surpresas. Ainda vou comparar filme e livro, só preciso encontrar um tempinho (e acabar de ler as últimas 70 páginas). Eu não tive muito problema com o casal asiático. Achei um pouco estranho quando eles falam japonês, mas tem tanto filme que faz isso ultimamente... Acho que foi justamente pra dar um caráter mais internacional (que não existe no livro).

lola aronovich disse...

Andréia, vc vai conseguir assistir? Com quatro filhos em casa?


Paula, obrigada pelo carinho. Fico feliz em saber que sou gurua de alguém, e não exijo fidelidade monogâmica! Então, até agora não chorei no livro, mas chorei em várias partes do filme. E essa frase que vc cita é ótima. Tomara que o filme chegue aí no interior de SP. Eu queria muito ver de novo, junto com o maridão, desta vez. Mas duvido que o filme venha pra Joinville.

lola aronovich disse...

Mario Sergio, deve ser a 36a vez que eu digo que sua mulher é linda. Espero que vc a lembre disso diariamente. BRUACA?! Vc tem tanta sorte d'ela não chegar perto de um computador... Ó, musiquinha dos Beatles pra vc: continua asssim que you're gonna lose that girl, you're gonna lose that girl...


Pam, muitos críticos, pelo pouco que li, ficaram incomodados com o jogo de luzes, a brancura que toma conta das telas em alguns momentos. Eles acharam que distrái. Eu não achei. Pra mim o filme me incomodou muito mesmo, mais que o livro por enquanto, mas isso porque eu inverti a ordem, e vi primeiro o filme, depois li o livro. Se eu tivesse feito o contrário talvez achasse o mesmo que vc.

lola aronovich disse...

Bobby, eu bem que notei que vc anda ausente. Não só no meu blog, mas no seu tb. Eu tô dando o maior tempo pra vc se atualizar: só tô colocando um post por dia! Boa sorte com o conserto do pc!


Ju R, que filme é esse, Fogo no Céu? Não conheço, pelo menos não com esse título em português. Eu não vejo TV faz tempo...


Ai, Ana, é triste saber que a realidade é essa. É de chorar mesmo, né? Se nem num cenário de fim de mundo os homens podem ser solidários... Já já escrevo sobre o livro. Vá lendo enquanto isso.

Anônimo disse...

Oi, Lola! Já vou eu cumprir minha "obrigação" de novo, como você disse! Hehehe
Eu vi o filme ontem e eu queria muito ter adorado, porque eu adoro o livro, mas eu fiquei um tanto decepcionada. Sei que é um erro querer comparar livro com filme, e acho isso uma preguiça de leitor que quer que o filme coloque tudo que ele imaginou, mas eu esperava mais... Não sei se é, como você comentou, por já ter lido o livro antes do filme, mas assim como a Pam eu fiquei muito mais impactada com o livro do que com o filme, que eu achei geladíssimo, sem emoção alguma. Fico pensando se tem livros que são intransponíveis, toda aquela verborragia do Saramago se perde, o roteiro é meio frouxo, e depois que eles saem do manicómio então o filme vai ficando mais e mais arrastado e situações que são críveis no livro ficam bobas no filme, se transforma quase num filme de zumbis, no mal sentido do termo. Agora, adorei que ninguém continua a dizer um obrigado para a mulher no filme também, em nenhum momento! Não acho que deveria ser espinafrado como está sendo nos EUA e na Europa, porque está longe de ser ruim, mas acho que há uma certa condescendência brasileira para com o filme. Quanto ao protesto dos cegos, que já rendeu inúmeras piadinhas politicamente incorretas, eles protestam contra filmes porque o alcance cinematográfico é muito maior do que o literário e são filmes que dão a pauta cultural atualmente, a não ser que seja um desses livros blockbusters (como os albinos protestando contra "O Código Da Vinci")...
Beijos, Alê

Leo disse...

Eu achei esse protesto do cegos meio ridículo também! Acho que o não poder ver não é o mais importante e sim o não ser visto!
Mas as pessoas sempre têm que conseguir mídia de alguma forma.
Achei só que o livro, justamente por ser um livro, tem um tempo diferente e acaba sendo mais didádico. Tem mais oportunidade de discutir uma série de questões que no livro acabam ficando mais sugeridas. Cabe à audiência tirar suas conclusões depois.
São muitas as discussões sobre a natureza humana, mas as pessoas parecem mais interessadas em discutir um preconceito contra cegos que em nenhum momento é sugerido...

Liris Tribuzzi disse...

Uhuuuuu!!!
Que bom que você viu e escreveu aqui pra gente! Já tava ansiosa pra saber o que você acharia. Que bom que gostou. Apropósito, voce leu a resposta do Saramago pras associações de cego? 'Vocês estão falando mal de um filme que naõ viram!'. Achei genial!

lola aronovich disse...

Oi, Alê, que bom que vc voltou pra comentar. Bom, é normal se decepcionar com a adaptação pro cinema de um livro que a gente ama. Mas se a reação minha e de outras pessoas que viram o filme (sem terem lido o livro) vale, então o filme não é geladíssimo e sem emoção, porque eu (e outras) chorei bastante. Não acredito muito em livros “intransponíveis”. Tudo pode ser levado às telas, até Naked Lunch (que eu acho uma droga). Só depende do roteiro, que realmente vai ter que suar pra fazer essa ponte. É uma outra obra, né? Achei que o roteiro do filme foi muito, muito fiel ao livro. Tá quase tudo lá. Não achei nada arrastado, em nenhuma parte. E o livro é muito conhecido pra que os cegos só protestem contra o filme...
Interessante isso de ninguém dizer um obrigado à mulher do médico.

lola aronovich disse...

Leo, eu acho o protesto dos cegos ridículo porque livro e filme não mostram cegos “normais”, mas uma epidemia de cegueira. Se algo assim acontecessa na vida real, seria um caos mesmo, porque a sociedade não está equipada pra proporcionar o mínimo de conforto às pessoas “não normais”. As associações de cegos podiam usar esse gancho pra protestar, e fazer do livro e filme seus aliados, não inimigos.


Liris, não tinha lido essa resposta do Saramago. Mas há várias piadinhas do gênero, né? Eu gostaria de entender melhor esse protesto, mas até agora, pelas explicações que li, não consigo achar que é válido.