terça-feira, 30 de dezembro de 2014

MEU BOLETIM DE OCORRÊNCIA CONTRA OS MASCUS SANCTOS

Agora a pouco fui à delegacia fazer um boletim de ocorrência (aliás, dois). Foi a segunda vez que fiz isso na vida. A primeira foi em janeiro de 2012, quase três anos atrás, após ameaças intensas dos mascus. Naquela época não tinha nomes, só suspeitas. Hoje tenho nomes.
Meu blog vai completar sete anos de vida agora em janeiro. Recebo ameaças de morte, estupro, desmembramento, tortura, rapto etc há pelo menos quatro anos. Não estou contando xingamentos, injúrias, difamações, só ameaças mesmo. Em outubro reuni algumas das centenas que recebo. Toda semana, às vezes todo dia, tem alguma nova. 
Ontem, no chan mascu sancto
É muito ruim, e é péssimo que a gente fale tanto de ameaças sofridas por blogueiras e mulheres gamers americanas e se esqueça do que acontece bem aqui, não só comigo. Como já disse antes, eu não sou ameaçada por ser Lola ou por meus lindos olhos verdes. Sou ameaçada por ter um blog feminista. Só isso. Tipo: qual foi seu crime pra ter sido jurada de morte por um bando de misóginos? Ter um blog feminista. 

Hoje na delegacia, esperando pra ser atendida, sentei ao lado de uma moça que já estava aguardando havia meia hora. Ela ia fazer BO pra tentar descobrir quem deixava mensagens mentirosas na página da pousada do seu pai. Não eram ameaças ou insultos, só coisas falsas, que não correspondiam à realidade, e que depois os clientes poderiam reclamar. A gente ficou conversando, e eu disse que meu BO também era por assuntos relacionados à internet. Expliquei que tenho um blog feminista. Ela não sabia direito o que era feminismo. Eu: "Sabe, um movimento que luta pelos direitos das mulheres, que luta por direitos iguais?". Ela: "Ah, isso é muito legal". 
Foi bem mais difícil explicar que havia homens que odiavam mulheres a ponto de ameaçá-las por lutarem por direitos. O rosto dela era de incredibilidade, de "isso não existe". 
Sete anos atrás, eu também achava que não. Não conhecia um só misógino. Claramente eu via pessoas que tinham, digamos, "problemas com mulheres". Mas odiar mulheres, querer que elas sejam espancadas, estupradas, mortas? Não. Esse universo não existia pra mim. Isso surgiu na minha vida em 2008, e se intensificou a partir de 2011.
Quem costuma me fazer as piores ameaças são os masculinistas que se autodenominam sanctos. Dois deles, Marcelo Valle Silveira Mello e Emerson Eduardo Rodrigues, foram presos em março de 2012, na Operação Intolerância. Ficaram na cadeia por um ano. Durante esse tempo, foram julgados e condenados (a uma pena de 6,6 anos) por criarem um site de ódio, o Silvio Koerich, onde ameaçavam pessoas abertamente (eu sempre fui uma das preferidas), planejavam um atentado à UnB para matar "esquerdistas e vadias", se vangloriavam de estar por trás do massacre de Realengo, e pregavam aberrações, como o assassinato de mulheres, homossexuais e negros, a legalização do estupro e da pedofilia (só para meninas), o estupro corretivo para lésbicas etc. 
Óbvio que, na hora do julgamento, esses rambos do teclado viram carneirinhos, como se pode ver na transcrição
Marcelo e Emerson saíram da cadeia em maio de 2013. Emerson se diz um perseguido político e alega que tentaram destruir sua reputação, só por ele ser de direita (e põe direita nisso). Já Marcelo procurou todos seus desafetos para xingá-los e voltar com as ameaças. Tentou recomeçar vários sites de ódio, mas nenhum emplacou, e tampouco está tendo sorte para arranjar um emprego. Mais ou menos em maio deste ano, iniciou seu próprio chan, em que outros sanctos, todos anônimos, se reúnem para destilar seu ódio. Ele e Emerson brigaram, e hoje se acusam mutuamente de serem delatores e de terem sido agredidos e abusados na prisão.
Marcelo tem sérios problemas mentais e é obcecado por mim. Ele frequentemente me envia comentários (não aprovados) com seu próprio nome. Como ele não tem total discernimento de sua psicopatia, não entende que suas mensagens são ameaças. E ele atrai rapazes que também são incapazes de socialização. Um deles é Gustavo Rizzotto Guerra, 22 anos, residente em Caxias do Sul. 
O plano confesso de Gustavo é se tornar um serial killer superstar como Charles Manson. Para tanto, ele grava vídeos sobre tudo (ele mandou uma gravação para se inscrever no BBB), principalmente contra judeus, negros (ele é um neonazista), e feministas. Em junho, ele foi indiciado pelo Ministério Público por incitação ao racismo, pedofilia e estupro. Ele se considera inimputável por ter problemas psiquiátricos (aliás, ele vive com pensão do governo por incapacidade).
Entre os dias 17 e 21 de dezembro, ele me telefonou (usando o skype) para passar ameaças gravadas. Uma delas é esta, que ele próprio divulgou: "Alô alô avisa a Dolores aí que a caminhada tá pronta a fita tá pronta vamu abater o porco gorda filha da puta vamu te furar toda".
No chan ele admite os trotes.

Marcelo, que o orientou, não gostou do resultado.

Nas festas de fim de ano, essa gente sem vida social fica mais carente. Eles se deprimem, se entediam, e se revoltam contra todos, e principalmente contra todas (eles chamam mulheres de depósitos e merdalheres). Creio que foi essa depressão natalina que fez com que os mascus sanctos ficassem ainda mais agressivos. Marcelo me enviou vários comentários (não aprovados), alguns com seu nome, outros sem.

No domingo (ele mudou o ano para 1998, mas acredite, é de 2014 mesmo), ele criou uma thread no seu chan com instruções para me acusar de plágio.
Gustavo respondeu (ele costuma escrever em caixa alta e sem qualquer pontuação):
Gustavo continuou com sua ficção, achando que eu fiquei com medo do piá (escutem o primeiro trote, e meu "alô" na gravação do segundo trote -- é só isso que eu falo -- e vejam se é voz chorosa ou de medo):

Na mesma thread, que se manteve ativa por dois dias, alguém (Gustavo?) sugeriu pichar minha casa. Marcelo (Psy é como seus comparsas o chamam) continua com as ameaças:

E Gustavo encerra:

Como sempre faço, mandei os prints com essas ameaças para um contato que tenho na Polícia Federal. Ele não trabalha com crimes cibernéticos, mas encaminha os emails para esses agentes. Ele recomendou que eu mudasse o número do meu telefone e fizesse BO. Quando anunciei no meu Twitter que iria à delegacia, os sanctos do chan foram ao delírio.

Esta mensagem se refere ao Rodeio de Gordas, ocorrido na Unesp de Araraquara em 2010. A ideia dos mascus de recriar o "rodeio" comigo é antiga. Esta mensagem é de um chan de junho de 2012:
As ideias de trotes vararam a madrugada de hoje, com direito a montagens pornôs grotescas:

Mais uma vez, divulgaram meu endereço residencial:

As ideias não paravam. Como disse uma leitora, parecia um brainstorming do Cebolinha e seus "planos infalíveis" para acabar com a Mônica:

O momento perfeito para me "abater" seria quando eu palestrasse em alguma universidade federal:

Os mais solícitos sempre aparecem:

E aí eles colocam fotos da frente da minha casa (tiradas do Google satélite):

Este rapaz não dá pra saber quem é:

Guerra surtou várias vezes, ainda mais ao descobrir que sou argentina:
Eu não sei de onde eles tiraram que eu alguma vez na vida torci para que alguém (qualquer pessoa) fosse estuprado na cadeia. Mas eles repetem as mentiras tantas vezes que acabam virando verdades, pra eles.
Bom, chega. Já é possível ter uma noção de como eles estão nervosos. Então hoje, no meio de muito apoio no Twitter, me dirigi à delegacia para o tal BO, que é um resuminho minúsculo do que está acontecendo. Incluí o nome completo e CPF de Marcelo e Gustavo. Ainda tenho que ir a uma outra delegacia anexar as sete folhas de prints que juntei.
Aproveitei que já estava na delegacia e fiz também BO por difamação contra Christoffer Yuri Barbosa Greffe Rodrigues, do Mato Grosso do Sul, que há um ano e meio vem me xingando em seu site antifeminista (entre mil e outras coisas, me chamou de assassina de crianças, o maridão, de gigolô, e meu finado pai, de estuprador). Nos últimos dias Chris vem deletando todos os quinhentos posts que escreveu sobre mim. Hoje ele deletou seu perfil no Twitter. Mas ele já fez isso outras vezes e acabou voltando.
A escrivã que redigiu os BOs (e nunca é bem o que você quer dizer, né? Por exemplo, ela escreveu que eu estava "amedrontada". Não tenho medo desses manés. Mas sinto-me bem por ter feito os BOs, mesmo que não deem em nada) disse que esses três indivíduos serão chamados para depor na delegacia das cidades onde vivem (Marcelo, em Curitiba; Gustavo, em Caxias; Chris, em Anastácio). Será interessante ver dois caras que já estiveram na prisão tendo que comparecer à delegacia. 
Espero também que a Polícia Federal esteja de olho, porque os crimes de ódio dos mascus não param. A gente não queria fazer da internet um ambiente mais seguro?
No final, a escrivã, muito profissional, perguntou pra mim há quanto tempo eu tinha o blog. Sete anos, respondi. Ela fez outra pergunta: "A senhora imaginava que ter o blog iria trazer esses problemas?" Eu disse que não. Que eu nem sabia que esse tipo de gente tão ruim existia. Que, felizmente, só existe na internet.

domingo, 28 de dezembro de 2014

VIAJANDO COM MILHAS, DEVO ESTAR FAZENDO ERRADO

Pessoas queridas, último domingo do ano. Venho aqui pedir ajuda para um problema bem classe média sofre que nem chega a ser um problema, mas, se vocês tiverem sugestões, agradeço.
(Porque eu aprendo muito com vocês. Lembro quando tive como sonho de consumo comprar lençóis de seda, e vocês me falaram que dá pra escorregar da cama com eles. Desisti de correr esse risco de vida). 
Lolinha largada em Jeri, final de 2012
Antes de começar as lamentações, as boas novas. Em meados de janeiro iremos a Maceió, pela primeira vez. Estamos muito entusiasmados (Alagoas, Piauí e Sergipe são os três estados do Nordeste que ainda não conheço), e aceitamos convites para nos levar para passear em Maragogi (muito longe?), Praia do Francês, Barra de São Miguel e Gunga. "Levar para passear", em linguajar lolístico, é me jogar num mar ou rio sem ondas e me deixar passar horas lá. Podem conversar comigo se quiserem. Ficaremos uma semana em Maceió.
Onde já se viu, viajar pra Buenos Aires
só pelos sorvetes?
No comecinho de fevereiro, iremos a Buenos Aires. Claro que não é nossa primeira vez por essas bandas (afinal, eu nasci lá), mas acho que será a primeira vez em onze anos que estaremos lá juntinhos, o maridão e eu (a última vez, se não me engano, foi em 2004, quando fomos a Moscou no inverno -- não façam isso, crianças). Estive na Argentina no final de 2009 para uma conferência, e o maridão não sei bem quando, para um torneio de xadrez. Estamos com saudades. Vou me esbaldar de carne (desculpem, veganos) e sorvete de chocolate (desculpem, diabéticos e apologistas de dietas). 
Conseguimos comprar no Black Friday o que nos parece ser um bom pacote: sete dias num hotel quatro estrelas, com passagens aéreas de Fortaleza a Buenos Aires (não voo direto), por R$ 3.500. Bem melhor que os quase 15 mil reais que gastamos em 2011 (se bem que conhecemos doze cidades em quatro países na ocasião). 
Bom, aqui entram as minhas dúvidas: como usar as milhas aéreas que temos? Essas milhas realmente valem pra alguma coisa ou é mera ilusão? Já ouvi falar de gente que foi capaz de fazer toda uma viagem só com as milhas, mas com a gente não funciona assim. Não mesmo.
Explico: o maridão e eu viajamos bastante. Ele, jogando xadrez. 
Silvinho, campeão cearense
Eu, dando palestras e participando de debates. De 2011 pra cá já foram muitas viagens, mas só comecei a me preocupar com milhas a partir de 2012. De todo modo, são três anos de viagens com milhas marcadas. Certo, elas estão espalhadas por quatro companhias (Tam, Gol, Azul, Avianca). E outra: a gente só pode viajar de férias na alta temporada (ou dezembro ou janeiro ou início de fevereiro ou parte de julho), quando as tarifas estão lá em cima, porque nós dois somos professores. Não tem como fugir disso.
Assim, tínhamos, eu e o maridão, o seguinte saldo de milhas, somadas: 16 mil pela Azul, 14 mil pela Gol, 9 mil pela Avianca, e 10 mil pontos pela Tam. Na realidade, nem sei direito a diferença entre milhas e pontos. A Folha tentou ajudar, mas... Devemos ter mais algumas vencidas, que talvez possam ser recuperadas (pagando). E nem vimos o que temos no nosso cartão de crédito. Há um ano, deixamos de pagar tudo com cartão de débito porque a gerente nos convenceu que era melhor pagar com cartão de crédito, já que o valor poderia ser transformado em milhas. 
Maceió: onde espero estar em janeiro
Uma das prioridades da viagem agora em janeiro era que pudéssemos pagar as passagens com as milhas que tínhamos. Não deu nem pro cheiro. Pra começar, as passagens aéreas entre Fortaleza e Maceió, ida e volta, para duas pessoas em janeiro ficam aproximadamente por R$ 1.050, as mais baratas. 
Aqui também
A melhor "promoção" que vimos foi, na ida, gastar 12 mil milhas e mais R$ 272 pela Azul para as duas passagens, e, na volta, 10 mil milhas e mais R$ 302 pela Gol. E foi isso que fizemos. Somando: gastamos 22 mil das nossas milhas e R$ 574 pelas passagens. Como ainda tivemos que fazer uma transferência de milhas por R$ 68, calcule aí: R$ 640. Usando 22 mil milhas, "economizamos" R$ 400. 
Acho pouco, vocês não? Três anos viajando direto, e sempre ouço falar de gente que usa as milhas pra tirar férias, e tudo que consigo é economizar 400 reais? É isso mesmo ou estamos fazendo tudo errado?
Pergunto porque queremos viajar um tiquinho em julho, pra comemorar nossos 25 anos juntos, que serão em agosto. Ainda não sabemos pra onde ir. Será que não dá pra aproveitar melhor essas milhas?
Compartilhem suas experiências e deem sugestões, por favorzinho. 

sábado, 27 de dezembro de 2014

"FUI CRIADA PARA TER MEDO DOS HOMENS"

A L. me enviou este email:

Eu sempre fui muito machista, criada por uma família bem conservadora (especialmente por parte de pai), e nem sequer percebia o quão perigoso isso pode ser. Mas agora eu leio o seu blog e outros de vez em quando, tento aprender mais e mais sobre o movimento feminista e o acho incrível. Ainda assim, tenho um problema.
Eu fui criada para ter medo de homens. Não de uma maneira normal, acho, já que minhas amigas acham que eu sou neurótica. Por exemplo, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, estávamos eu e minha mãe na cabeleireira, e eu quis voltar pra casa sozinha à noite, e minha mãe não deixou, apesar de minha roupa ser bem folgada pois, "a primeira coisa que um homem faz ao vê-la é imaginá-la nua". Minha mãe já fez plantão em Delegacia da Mulher, então ela está sempre muito preocupada com isso.
Aos meus 14, 15 anos, esqueci mais ou menos esses ensinamentos, e era bem legal. Eu andava à noite sem medo (apesar de com cuidado), e tinha muitos amigos homens (apesar do medo que minha mãe tinha por mim por eu estar rodeada de homens). Quanto a esse assunto, minha vida estava boa. Namorei, acabei, fiquei, e coisas assim, até começar a namorar com o meu atual namorado (eu tinha 15 anos quando começamos a namorar), que chamarei de G.
Nosso namoro sempre foi muito conturbado, cheio de brigas, mas acho que posso dizer que a culpa é minha por sempre me chatear com qualquer besteira. No começo do namoro brigávamos porque ele queria que eu perdesse a virgindade com ele e eu não estava pronta, mas ele achava que eu estava (como se fosse ELE que pudesse decidir isso, né), e enfim, brigamos um pouco, mas em questão de um ou dois meses, passou essa fase. Perdi a virgindade com ele naturalmente aos 9 meses de namoro, por livre e espontânea vontade (na verdade, acho que ele amadureceu nesses meses e até ficou me perguntando se eu "tinha certeza", com medo de que eu estivesse fazendo só por ele). Os meses seguintes foram bem divertidos, e nunca tivemos problemas na cama.
Mas aí eu viajei para os EUA, em um intercâmbio. Passei quase um ano lá, morei com três famílias. Nos EUA eu não tinha amigos homens e quase não falava com homem algum (só os professores e meus host parents). E apesar dos problemas naturais de qualquer intercâmbio, eu me diverti muito. Só houve dois problemas. O primeiro, é que eu tinha muito medo de invadirem a casa e fazerem algo comigo, porque lá não tem muro. 
Também tinha medo do meu primeiro host father pois não tava acostumada ainda a morar com gente estranha e ele era o único homem da casa. Mas isso foi só no começo, depois passou. O outro problema foi uma situação lá em que me senti invadida: um irmão da segunda família minha de lá entrou no meu quarto enquanto eu dormia, sem bater na porta nem nada, mas eu acordei na hora e ele arrumou uma desculpa qualquer e foi embora. Acho que ele ia pegar dinheiro meu, já que meu dinheiro "sumia" naquela casa, não acho que fosse abusar de mim.
O problema começou quando eu voltei. Eu passei a ter medo de homens. Não muito, mas a ponto de, se meu namorado me abraçasse com força e eu não conseguisse largar, eu ficava com medo e começava a tremer. Não sei se foi pela falta de contato com homens que tive, ou se pela situação com o irmão lá, ou se pelo medo que senti. Por coincidência ou não, desde que voltei não consegui mais ter orgasmos. E assim, com o passar do tempo, fui perdendo meu interesse em sexo.
Não tenho certeza se minha falta de libido está diretamente ligada à falta de orgasmos, talvez seja só coincidência. Meu medo de homens próximos a mim passou depois de alguns meses, mas passei a ter uma paranoia muito maior quanto a homens desconhecidos do que tinha antes dos 14 anos. Não consigo me imaginar fazendo sexo com outro homem que não meu namorado. Me dá medo. Medo, de verdade. Eu acho a ideia apavorante. E acho que isso não é saudável.
O fato é: eu tenho um problema. Não sei o que o causa, não sei o que aconteceu. Mas, lentamente, desde que voltei dos EUA, meu medo aumentou e minha libido diminuiu. Eu tenho tentado resolver esse problema do sexo e tem melhorado, mas não muito.
Ah, quase esqueci de contar: já tive alguns problemas com o G. porque ele às vezes tacha as coisas como "de puta" ou "não de puta", digamos. Já me contive muito por causa disso. Tenho medo dele me julgar. Ele diz que nunca me julgaria, mas não consigo largar esse pensamento. Sei que provavelmente essa é a causa de meus problemas na cama, mas não sei como mudar. Estamos juntos há 4 anos, não acho que ele me julgaria, mas como já aconteceu de ele dizer que isso ou aquilo são coisas de puta (mesmo que ele não quisesse ofender, esse adjetivo é ofensivo por si só), eu fico tensa.
Imagino que você não possa me oferecer uma solução milagrosa que tudo resolva, mas...
Eu simplesmente precisava desabafar com alguma pessoa do sexo feminino, e não tenho nenhuma amiga com quem me sinta à vontade pra falar sobre isso. Sempre vejo pessoas desabafando com você, então pensei em fazer o mesmo... Espero que não lhe incomode. Eu estou realmente preocupada com essa situação toda. Me frustra saber tanto sobre o feminismo, concordar com boa parte, e não conseguir internalizar as ideias. 


Minha resposta: Querida L., qualquer medo que te paralisa deve ser compreendido e combatido. Parece que, sem maiores acontecimentos, o seu medo piorou, e isso afeta sua libido. Será que algo sem tanta importância que ocorreu contigo nos EUA reativou um trauma de infância que você esconde até de você mesma? Eu tentaria descobrir as causas desse medo todo através de terapia.
Converse com seu namorado sobre o incômodo que você sente ao vê-lo categorizar as coisas como "de puta" e "não de puta". Acho que ele vai entender.
Espero que as pessoas aqui possam te dar alguma luz.