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Mais uma vez, o Robson, do blog Consciência, nos oferece um excelente guest post. Desta vez não é sobre ateísmo ou sobre o uso genérico (e ultrapassado) da palavra homem, mas sobre alfacismo. Não se assuste! Alfacismo e antiveganismo são a mesma coisa. Robson adverte que o post não recomenda que se visitem as “atrações” alfacistas descritas (e algumas ilustradas) abaixo. "Não devemos dar audiência gratuita a esse tipo de ação", diz ele. Estamos presenciando atualmente, nas redes sociais, vlogs e blogs humorísticos brasileiros, o crescimento de uma onda de alfacismo ora piadístico, ora claramente ofensivo contra o vegetarianismo e o veganismo. Ela segue um padrão Rafinha Bastos de “humor”, divulgando ora pôsteres reacionários sobre produtos à base de gado e comer alface, ora vídeos xingadores, cativando os internautas onívoros que antipatizam com a possibilidade de ser persuadidos a pararem de comer carne.Nos últimos meses a mania vem crescendo ineditamente. Os principais motes vêm sendo videoclipes amadores, cujas músicas possuem letras chulas dirigindo ofensas aos veg(etari)anos e defensores dos Direitos Animais em geral e fazendo apologia ao consumo conscientemente inconsciente de carne, e imagens fazendo gracinhas relacionadas a alfaces e divulgando que muitos produtos são feitos com ingredientes de origem bovina.Até o momento essa modinha tem sido algo relativamente centralizado e pouco criativo, com uma variedade pequena de conteúdo alfacista reproduzindo-se e atraindo muitas visitas. No que se refere às imagens, dois memes têm sido viralmente reproduzidos: o pôster “Esta alface morreu só para que você pudesse ser vegetariano. Tenha compaixão, coma pedras” e o cartaz “Produtos à base de gado/Sua vida é uma ilusão, seu vegetariano chato!” (versão light da que chamava “vegan chato do car…”). Já os vídeos que encabeçam a mania são os clipes “Carnívoro Song” e o “Vegan, minha comida caga na sua”, ambos de um mesmo autor.Essas “atrações”, embora transmitam pouco ou nenhum argumento (o único conteúdo que ainda dá para levar a sério é o “Produtos à base de gado”*), vêm sendo utilizados como se fossem livros sagrados para os mais reaças. Se o colega vegetariano do onívoro começa uma discussão sobre consumo de carne X ética, o creófilo mostra na lata o pôster “Produtos à base de gado” para convencer o vegetariano de sua “hipocrisia”. Ou então tira do bolso a piadinha de comer pedras para não matar alfaces, acreditando erroneamente que o vegetarianismo evita o consumo de qualquer ser vivo.Ou, caso não esteja aberto a qualquer debate, usa os clichês ofensivos do tipo “minha comida caga na sua”, “enfia seu húmus na casa do car…”, “vegetariano não gosta de buc…”, aprendidos nos vídeos alfacistas, seja defensivamente quando um vegetariano o questiona, seja ofensivamente quando este está quieto.Por enquanto a nova mania reacionária não se estende ainda sob forma de textos, sendo a grande maioria dos artigos alfacistas existentes no momento anteriores à ascensão do escracho antivegetariano. Mas talvez seja só uma questão de tempo que conteúdos argumentativos comecem a se alastrar pela blogosfera, pela videosfera e pelas redes sociais.Alguns blogs com número robusto de visitas parecem já estar a postos, esperando a moda evoluir do mero escracho a um movimento conservador sério para então começarem a dar embasamento aos recusadores mais agressivos do vegetarianismo. Isso deverá acontecer em poucos meses ou alguns anos. Mas não se espera deles uma maturidade lógica e emocional (leia-se textos sem agressividade e sem falácias). Deverão certamente seguir o mesmo padrão de argumentação falha e ofensiva dos textos hoje existentes.É previsível que esse movimento alfacista cresça, e muito, nos próximos meses ou anos, mas felizmente esse não é um motivo de desânimo ou uma evidência de retrocesso da conscientização semeada pelos defensores dos Direitos Animais. Pelo contrário, é um ótimo sinal. Indica que o vegetarianismo e o veganismo estão crescendo muito e praticamente já não podem mais ser ignorados pelos onívoros, nem estão mais relegados à marginalidade e pouca significância numérica em que estavam no passado.Não comer animais e suas secreções é um assunto que chama cada vez mais a atenção da mídia, seja tratado com aparente imparcialidade, seja difamado por manipulação. O vegetarianismo e o veganismo entram em pauta em quase todos os fóruns de discussão e em muitas rodas de conversa. E a tendência é propagar-se mais e mais pela sociedade.Assim sendo, os que rejeitam visceralmente a ideia de parar de comer carne e desfrutar do paladar dessa mescla de músculo, gordura e tempero já não podem mais fingir que nós vegs não existimos. Como não podem mais nos ignorar, lançam-se no reacionarismo, única opção que lhes resta para recusarem o vegetarianismo, tratando este com rejeição raivosa.Isso já era esperado, uma vez que os Direitos Animais confrontam os interesses e prazeres de muita gente e desafia as crenças e tradições hegemônicas. Assim como os homofóbicos contra a ascensão do movimento LGBT, os misógino-machistas contra o progresso e aprofundamento do feminismo e o os cristãos intolerantes contra o crescimento do ateísmo e do movimento neoateísta, os alfacistas apareceriam e cresceriam em notoriedade de qualquer jeito.E o melhor de tudo é que, por mais que atrapalhem e tentem impedir os progressistas de promover os avanços nos direitos dos historicamente dominados, os conservadores não conseguem deter por muito tempo as mudanças que orientam as sociedades no rumo à igualdade. Não é nada diferente disso a onda alfacista, a qual, mesmo que se torne séria num futuro próximo, não consegue sequer equilibrar razão e emoção ou produzir argumentos desprovidos de apelos ad hominem, falácias ou incorreções científicas.Ao invés de nos desanimar, a crescente mania do alfacismo deve nos dar forças, por ser um indicativo de que nossa luta pelos direitos dos animais não humanos está obtendo progressos exponenciais e é superior ao nervosismo alfacista, e também por nos fazer corrigir ou descartar argumentos falhos. Se dogmatismo –- vide o uso de poucas imagens como “verdades inquestionáveis” -–, ofensas anti-intelectuais ou travestidas de cientificidade e falácias são tudo o que o reacionarismo antivegetariano tem para oferecer, é muito difícil que vá ao menos arranhar a luta pelo respeito aos animais.*A imagem “Produtos à base de gado” deve ser questionada com base nas seguintes indagações:- Todas as marcas de todos os produtos listados no pôster usam restos mortais bovinos? Ou há substitutos?- Realmente todos os produtos listados usam ainda hoje ingredientes de origem bovina? Ou tem aqueles que usavam no passado e não mais hoje?- Tendo sido a tal imagem traduzida do inglês (título original “Products made from cattle/Conclusion: There’s no such thing as a vegan”), não existe a possibilidade de alguns dos produtos listados terem ingredientes bovinos apenas nos EUA, e não no Brasil?- Quais produtos listados não têm substitutos veganos no Brasil?- Como comprovar a veracidade da mensagem passada (“Todos estes produtos, em todas as suas marcas, usam ingredientes derivados do gado e não têm nenhum substituto vegano, logo o veganismo é uma farsa”)?
O que dizer sobre o manual de calouros do curso de direito da Universidade Federal do Paraná? O presidente do partido acadêmico de direita PDU (Partido Democrático Universitário) afirmou que foi uma piada. Ahn, jura? Puxa, se ele não tivesse avisado, a gente acreditaria que o manual realmente estivesse incitando o estupro. Claro que o rapaz também jurou que o material não era machista, e aí eu já fico confusa, sem saber se essa declaração faz ou não parte da brincadeira. O sujeito não entende que, por mais que o manual seja (mais uma) piada, pega mal pacas cagar -– para usar a expressão que eles usaram -– em cima dos direitos das mulheres e afirmar que as alunas têm a obrigação de dar. Ainda mais alunos de curso de direito. Ainda mais curso de direito de univesidade pública. O mais divertido é que o presidente do PDU fez o que tantos advogados formados e alunos de direito gostam de fazer -– ameaçar com processo quem os criticar, quero dizer, caluniar e difamar. Incrível como quem é arrogante demais pra pedir perdão adequadamente a ponto de ter que apelar pro velho “Se ofendemos alguém pedimos desculpas” (se? SE ofenderam alguém?!), é sempre quem gosta de culpar feminazis por não termos senso de humor. Fica a nota de repúdio do Coletivo Maio. Enquanto há cursos de direito por todo o país despertando pra questão de gênero, há alunos (porque não devemos condenar todo mundo do direito da UFPR) que acham que gênero é isso: é escrever um manual pros alunos homens dizendo que as alunas mulheres vão “ter que dar tudo de uma vez!”. - - -E a última indignação do dia fica por conta desta notícia: “Câmeras flagram jovem agredindo idosa de 73 anos em Goiânia”. Pra resumir: um cara dirige mal, passa por cima de um cano de PVC de uma senhora; ela reclama e pede pra ele comprar outro, e ele lhe dá um soco na cara. No mínimo um soco. Talvez um soco e um chute que fraturou o fêmur da mulher. Espero que o covardão pegue pelo menos oito anos de prisão por lesão corporal gravíssima. O negócio tá feio pras idosas, e faz com que o guest post publicado esta semana cause ainda mais tristeza. Anteontem, dois jovens em Londrina foram cobrar uma dívida com uma moça e agrediram a avó dela. E em dezembro, em Curitiba, um homem não gostou que uma senhora de 66 anos estava usando a fila preferencial, foi lá e a empurrou. Mas vai ver que também foi uma brincadeira e, se ele machucou alguém, talvez ele até peça desculpas.
Quando várias pessoas me enviaram o link para a notícia “Presunção de violência contra menor de 14 anos em estupro é relativa”, minha reação, como a de quase todo mundo, foi visceral. Fiquei revoltada que um homem foi inocentado da acusação de ter estuprado três meninas de 12 anos (não havia presunção de violência porque elas já eram prostitutas), e tuitei minha interpretação da notícia: “Liberaram a prostituição infantil”. Mas logo apareceu a Renata, que tentou me explicar algumas coisas no limitado espaço de 140 caracteres. Eu não entendi muito bem, primeiro porque esta semana anda hiper corrida (estou escrevendo este post às 4 da manhã, minha primeira das três aulas de amanhã começa às 9, e ainda não preparei todas as aulas –- pelo jeito, não vou dormir), e também porque é informação demais numa linguagem (juridiquês) que é meio que grego pra mim. Mas ontem a Renata, que é delegada de polícia e entende tudo de leis, publicou um longo, detalhado e paciente post no Blogueiras Feministas. Ela explica que a decisão da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) se refere a uma acusação ocorrida antes da mudança da lei, em 2009. Apesar dessa decisão poder criar uma perigosíssima jurisprudência, a lei não retroage. O ponto principal é que, segundo Renata, “Prostituição infantil é crime. Para o explorador, desde quase sempre. Para o cliente, desde 2000. Sexo com menor de 14 anos é crime, independente da condição, da aparência física, da vontade, da aprovação dos pais. Pagar por sexo com menor de 14 anos, é ESTUPRO”. Em outras palavras, embora esta decisão tenha sido absurda (e o governo -– o poder executivo, digo, que é independente do judiciário -– percebeu isso, e logo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República lançou uma nota pública pedindo que a decisão fosse revogada), ela não muda nada pra agora. Ainda bem. Mas continuei me sentindo incomodada com a decisão, e o post do Sakamoto (“Por aqui, a pedofilia encontra terreno fértil para crescer”) me deixou bastante aliviada. Em outras palavras, a gente pode ficar revoltada com a decisão, mesmo que as explicações técnicas sejam convincentes. Isso porque as leis, assim como as palavras, estão carregadas de simbolismo. Elas representam ideias, ideologias, passam valores e juízos. E o que tanta gente sentiu ao ver a (única) notícia sobre a decisão foi mesmo indignação.Não vou entrar na questão da prostituição (adulta) neste post (pra quem quer saber, sou contra a prostituição, acho que num mundo igualitário não haveria prostituição, mas não tenho como ser contra as prostitutas, e defendo que elas tenham todos os direitos legais). E a questão da sexualidade d@s menores de 14 anos também é uma questão muito complexa. Acredito que exista bom senso. Se uma menina de 12 anos transa consensualmente com alguém mais ou menos da sua idade, não é crime. Mas, sinto muito, não quero adultos transando com menin@s de 12 anos. E muito menos se esses adultos pagarem ess@s pré-adolescentes para transar.As pessoas enchem a boca pra falar de liberdade individual, como se essa liberdade estivesse acima de todas as outras. Liberdade individual é uma beleza, mas serve pra justificar muitas atrocidades. Por exemplo: no começo do mês, circulou a notícia de que um casal voltou do feriadão de carnaval e encontrou sua filha de 15 anos numa orgia com 17 homens adultos. Parece (e provavelmente essa história muito mal contada é falsa) que a garota havia se leiloado pela internet, e arrecadado, com isso, R$ 63 mil naquele final de semana. Parece que ela se prostituía desde os 12 anos e já tinha em sua caderneta de poupança (sem que os pais soubessem) mais de 234 mil reais. Sei. Vou fingir que acredito. Então, se for verdade, foi sexo consentido. A menina sabia o que estava fazendo. Mas e daí? Desde quando uma menor de idade pode ter autonomia pra vender seu corpo? Mais do que ter sido sexo consentido, foi prostituição. Prostituição adolescente (e infantil quando ela tinha menos de 14 anos). E vou ser sempre contra a prostituição de menores de idade. E quero, sim, que patrocinadores da prostituição infantil (trocando em miúdos: os clientes) sejam criminalizados pelo mal que causam à sociedade. Quero que sejam presos. E que, se a menina que eles pagaram tiver menos de 14 anos, que o crime seja considerado também estupro de vulnerável.Porque senão complica, né? Se afrouxarmos os limites, cada vez iremos baixar mais a idade. E daqui a pouco teremos uma menina de cinco anos, precoce no mundo do capitalismo, se prostituindo pra adultos. E aí, se ela jurar que ela que quis, que a ideia foi dela, a gente vai pensar que em nome da liberdade individual pode tudo e dizer “Ahhh bom, então beleza!”? Não. Não dá. Desse jeito fica fácil demais pra quem se beneficia da prostituição infantil. E que obviamente não são as prostitutas.
Mascus se põem à disposição para ajudar um dos seus Este foi um thread espetacular que vi num fórum masculinista. Selecionei alguns comentários pra compartilhar com vocês aqui, porque não sou egoísta e acredito que todo mundo merece rir. E é tudo sic, eu não mudo uma só vírgula (só incluo um ou outro asterisco pra não chocar minha mãe).
Acompanhem a situação: um rapaz de mais de 20 anos abriu um tópico no tal fórum pra dizer que nunca teve contato físico com uma mulher. Querido, entenda: apesar de 90% dos mascus estarem no mesmo barco, eles não empatizam com quem eles consideram fracassados (nota: eu não vejo problema nenhum em um sujeito ser virgem. E é só ter paciência e ser legal com as garotas – em outras palavras, fugir da ideologia mascu – que alguma vai aparecer).
Mas quem liga pra minha opinião? O legal de existir um movimento pró-homem é como eles apoiam uns aos outros! Nesse thread em particular, todos os mascus tinham a solução: puteiro já pro rapá! (meus comentários estão em itálico/bold. O resto é deles. Ah, podem ler sem medo que eu juro que não coloco nenhuma imagem de inseto inominável). Até quando vai ficar esperando a boa vontade de uma p*ta de familia pra te tirar dessa miséria? Acorde, rapaz. Um homem virgem nessa idade é uma vergonha. P*ta de família, civil... São termos carinhosos que mascus usam pra se referir às mulheres (que, por algum mistério indecifrável, nunca querem transar com eles). Mas o rapaz revelou que sentia-se mal com a ideia de ter que pagar pra transar. Seus colegas ficaram indignados:Vc prefere comer uma feia de graça a uma gostosa top pagando só pra ter o ego inflado? Então corte suas bolas logo, pois vc não é homem. Vc é uma mulher que por um desastre da natureza nasceu com um pau e duas bolas. Xingou o cara de mulher, o pior dos insultos! É comovente a solidariedade mascu com um dos seus...Você tem que comer um p*ta até pra perder esse deslumbramento que o sexo é algo de outro planeta. Tem vergonha? toma 2 cervejas e depois vai se encontrar com a p*ta, mete e goza. Acabou!Às vezes vocês não têm a impressão de que, apesar da gente odiar sexo, como eles sempre dizem, nós temos uma visão um tiquinho melhor que eles sobre a coisa? Só impressão!Vc pelo visto não aprendeu nada com a Real. Quem conhece a Real sabe que as mulheres não gostam de sexo, e que o fazem apenas para dominar o homem, para que esse atenda aos seus desejos utilitaristas.Não aprendeu nada com os guerreiros da real: volte cinco casas.Um homem virgem é um homem bobão, inocente, ingênuo, que jamais será levado a sério. Perder a virgindade, mesmo que seja com uma p*ta, é importantissimo na vida de um homem, para que ele se desenvolva sem traumas, seguro de si. Um homem que nunca comeu uma mulher se sente um b*sta, ele não se sente homem, eu sei como é.Experiência pessoal vale muito nessas horas.Não supervalorize uma b*ceta, um beijo, uma namorada, mulher... Não é nada demais!! Até as baratas fazem sexo!! Você também vai conseguir.É isso aí, amiguinho! Mire-se no exemplo... das baratas.Pare de idealizar tanto assim uma f*da e esperando uma civil mediana chegar em uma égua para f*der com você, isso JAMAIS, repito, JAMAIS, acontecerá.Não sou eu que tô dizendo que jamais, repito, jamais uma garota vai chegar perto de um mascu. Leva dinheiro para o programa integral , ja que tu vai comer uma b*ceta ja aproveita e come um c* tb e se livra logo desse mantra , não tem nada de errado nisso, qualquer coisa to a disposição.Qualquer coisa tô à disposição é demais! Adoro a ordem das frases. Eu não conseguiria inventar uma coisa dessas nem que eu quisesse! Essa superou aquela do mascu que deixou um comentário aqui com um juramento: “Nunca mais uma feminazi vai me penetrar com um consolo!” I'll never be hungry again! Favor não chorar de rir em cima do computador que pode dar curto. Agora com licença que vou trabalhar. Qualquer coisa tô à disposição.
Luana me enviou este relato sobre um tema comum, mas que ainda não foi tratado neste blog: a agressão aos idosos. Leiam, e antes de decidirem culpar uma ou outra pessoa individualmente, pensem no todo. Na nossa sociedade, qual o valor dado a pessoas mais velhas? Na enorme maioria dos casos, a quem cabe cuidar dos idosos -- aos filhos ou às filhas? Quando minha mãe se separou do meu pai, ela, minha irmã e eu fomos morar com meus avós e com a minha tia, irmã de minha mãe. Minha mãe sempre foi uma pessoa difícil de conviver. Amarga, vivia reclamando que seu passado havia sido difícil, trabalhando pesado no campo, e que tudo isso era culpa de minha avó, que explorava os filhos fazendo-os trabalharem como escravos. Não sei até onde isso é verdade, mas as minhas tias não reclamavam tanto desse passado como ela. A minha avó por sua vez também era uma pessoa difícil de conviver. Criada sem muito amor e também trabalhando duro desde a infância, não foi capaz de oferecer todo aquele suporte emocional para a família. Por causa disso, não fomos criados para nos dar carinho uns aos outros. Abraços eram extremamente raros e demonstrações de afeto, idem.Como eu fui morar lá desde muito pequena, era comum todos os dias eu ouvir minha mãe gritar com a minha avó, dizer que ela cheirava mal, e que as roupas que ela usava eram ridículas. À medida que a minha avó foi envelhecendo, a situação piorou. Com a idade avançada, minha avó começou a andar mais devagar, deixar de fazer certos serviços domésticos por cansaço, e por causa disso as agressões verbais eram mais frequentes. Consequentemente, eu e a minha irmã passamos a tratar minha avó da mesma maneira. Minha irmã pegava os calçados dela para usar e não devolvia mais, empurrava ou dizia que ela precisava morrer logo, pois era uma inútil. Nenhum carinho era dado, apenas gritos e ofensas. Minha avó retrucava com as palavras dela, mas não podia fazer mais que isso, pois nós gritávamos mais alto. Meu avô e minha outra tia ficavam em silêncio, pois também não tinham muito que fazer. Um pai não iria expulsar a própria filha e as duas netas de casa, então as coisas ficavam por isso.Os anos se passaram nessa mesma situação, e um dia, felizmente, eu acordei. Em uma briga corriqueira, minha irmã quase bateu em minha avó. E eu percebi o que muita gente que frequentava a minha casa via e ficava chocada. Éramos violentas com ela e a agredíamos em sua própria casa. A partir daí eu comecei a defender minha avó com unhas e dentes, e por isso eu e minha irmã viramos inimigas. Se minha irmã falasse alto com a minha avó, lá estava eu para mandar a minha irmã ficar quieta. Por causa dessas brigas, muitas vezes eu e minha irmã partíamos para a agressão física. A minha mãe continuava a maltratar a minha avó e dar razão para a minha irmã. As coisas tornaram-se insuportáveis para mim. Todos os dias eram cheios de brigas e nós não tínhamos nenhum clima de família. Depois de algum tempo a minha irmã casou e teve filhos, mas isso não a fez parar com as agressões; ela sempre ia em nossa casa e maltratava a minha avó.Há cinco anos, minha mãe faleceu em um acidente de carro. A partir daí as coisas mudaram da noite para o dia. Não posso dizer que a morte da minha mãe foi boa, pois para mim foi a pior coisa que já aconteceu, mas tudo se resolveu. Minha irmã deixou de ser a pessoa violenta que era, e meus sobrinhos, que já estavam começando a maltratar a minha avó e a minha mãe, também melhoraram muito. Desde a morte da minha mãe, a minha avó também já não é mais a mesma, ela teve depressão e agora está com mal de Alzheimer, recebendo o cuidado que até pouco tempo atrás lhe era negado.O motivo de eu estar contando essa história, além do desabafo, é para dizer que ao contrário do que as pessoas pensam, a violência contra o idoso não é caso isolado e nem praticada apenas por psicopatas ou sociopatas. Eu não sou nada disso. Sou uma pessoa boa, faço trabalhos voluntários porque quero ajudar o próximo, respeito ao máximo as pessoas e tenho carinho pelos animais. Não estou me excluindo da culpa, pelo contrário, não tem um dia sequer que eu não me arrependa de tudo, mas por anos isso foi uma coisa normal do nosso dia-a-dia. Nos foi passado pela minha mãe, assim como outros valores. Eu agradeço por ter enxergado sozinha, mas em muitas famílias nesse exato momento ainda acontecem agressões verbais, físicas, roubos de aposentadoria, e até mesmo a recusa de alimentar seus idosos, deixando-os passarem fome, deixando-os sujos em cima de uma cama. E como eles não podem se defender, não dizem nada para não apanharem ainda mais. Só esperam os dias passarem.Grande parte da culpa também é da nossa sociedade que é levada a acreditar que velhos incomodam, não têm mais utilidade. Na China ou na Índia, eles fazem a lei da casa e são ouvidos pela família toda por serem mais sábios e experientes, mas em muitos países como o Brasil, muitos moram com os filhos e precisam se contentar com o que lhes é oferecido. Isso precisa ser mudado, e as únicas pessoas que podem fazer algo a respeito são os próprios familiares, reconhecendo a importância que o idoso representou durante toda a nossa vida e fazendo com que ele viva os seus últimos anos dignamente. Porque eu sei, por experiência própria, que as vozes deles estão abafadas demais para fazerem seus direitos serem ouvidos.
Só recentemente arranjei tempo pra ver um documentário que foi lançado nos EUA com grande estardalhaço no ano passado. Estou falando de Miss Representation. Pra quem não percebeu, é um trocadilho entre Miss Representação e misrepresentation, ou seja, representação equivocada, representação falsa -– no caso, da mulher na mídia. O doc trata estritamente da mídia americana, mas, como a gente copia tanta coisa dos EUA, quase tudo que é discutido no filme parece muito familiar. Recomendo fortemente Miss Representation, e pretendo dedicar alguns posts ao filme, já que ele traz inúmeros dados e vários depoimentos de gente reconhecida em suas áreas. Ele está disponível com legendas em português.
A diretora e roteirista Jennifer Siebel Newsom começa contando sua história. Apesar de privilegiada, ela perdeu sua irmã mais velha num acidente, tentou ser duas para substituir a perda, foi violentada por um treinador, e passou a ter distúrbios alimentares que consumiram dois anos de sua vida. Fez o filme pra sua filha.
O ponto central do documentário é que, em todo lugar na mídia, a mulher só é valorizada por sua aparência. Não importa sua profissão, é só o poder que ela alcança através de sua beleza (uma beleza irreal para a maior parte da população) que é avaliado. Que mensagem isso passa às meninas? E aos meninos? Eles vão aprender a valorizar a mulher por alguma outra coisa que não seja a aparência?
O jeito como a mídia trata mulheres no poder é irresponsável, pra dizer o mínimo. E o documentário lembra que, em 2008, ano das últimas eleições americanas, duas mulheres concorreram (ou quase). Uma foi Hillary Clinton (que durante longos meses disputou com Obama para ser a candidata democrata, e perdeu), tratada como vadia castradora, masculina, baranga. A outra foi Sarah Palin, candidata a vice pelos republicanos, pintada como linda, feminina, inspiração para masturbação. E as duas foram execradas. Ficou a lição: não importa o tipo de mulher, mulher na política será sempre insultada. As meninas que acompanharam todo o processo (em outras palavras, que ligaram a TV em 2008) entenderam essa lição. Qual menina vai querer se sujeitar a esse tipo de abuso? Ela vai pensar dez vezes antes de sonhar com um cargo público de poder.
E isso a gente vê no dia a dia: quantas garotas e mulheres se calam por medo de chamar a atenção para sua aparência? O pior é que nós mesmas somos duríssimas umas com as outras. Como é mais difícil analisar o que é dito, nos centramos no corpo de quem fala. O cabelo não está nos conformes? É ele que vamos criticar. A mulher com voz é gorda? Oba, trollfest! A moça que fala se enquadra no padrão de beleza? Sem problema: vamos diminuí-la por ela ser bonita (logo, fútil), ou acusá-la de anorexia.
Desse jeito, não é de espantar que 17% das adolescentes americanas se auto-flagelem. Isso é assustador, e é algo que eu nunca tinha ouvido falar até uns tempos atrás. Não sei, mas não parece ter sido um fenômeno muito comum na minha adolescência. As meninas se odeiam tanto que se cortam. Ferem sua própria pele. Há um depoimento comovente no documentário de uma adolescente chorando por sua irmã se odiar tanto que ela mutila a si mesma. É alarmante: vivemos numa sociedade que faz tantas meninas se sentirem tão mal com elas mesmas que elas se punem fisicamente (pra não falar o que fazemos conosco mentalmente). E aceitamos isso numa boa. “Dói muito ver minha irmãzinha sendo machucada pela mídia. Quanto tempo vai levar até que alguém tome uma atitude?”, pergunta a garota, aos prantos.
Lembrem-se, meninas: apesar do que a mídia, sua família, suas amigas e amigos te dizem todo santo dia, vocês não estão aqui pra enfeitar o mundo. Vocês não são candidatas a Miss Universo. Suas vidas não dependem de vocês serem consideradas lindas. Vocês podem (e devem) buscar poder de outras formas que não tenham nada a ver com a superfície. Pensem em todas as mulheres que mudaram o planeta um pouquinho. Nenhuma era top model. Nenhuma era miss. A única miss que entrou pra história foi Martha Rocha. Ela virou nome de bolo. E nem é de chocolate.
Adorei este texto que peguei e traduzi daqui. A primeira pergunta é aquela típica que tod@s que defendemos a legalização do aborto já ouvimos. O resto é uma resposta à altura. Em forma de pergunta. “E se o bebê que você abortou pudesse ter encontrado a cura do câncer?”E se a pessoa trans espancada até à morte pudesse ter encontrado a cura do câncer?E se o adolescente gay que se suicidou por causa de bullying pudesse ter encontrado a cura do câncer?E se aquela jovem menina vendida pro tráfico sexual e morta por doenças sexualmente transmissíveis que não foram tratadas pudesse ter encontrado a cura do câncer?E se um desses centenas de milhares de civis que foram mortos durante a guerra pudesse ter encontrado a cura do câncer?E se aquela mulher que foi estuprada e depois morreu de complicações internas pudesse ter encontrado a cura do câncer?E se todas as pessoas do planeta que não têm acesso ao ensino superior e viverão e morrerão na pobreza pudessem ter encontrado a cura do câncer?
Algumas e alguns de vocês me perguntaram se eu percebi o detalhe que uma das duas pessoas que levam Emerson Eduardo Rodrigues algemado pro camburão é uma policial mulher. Claro que percebi! Foi a primeira coisa que vi. Os mascus devem estar mordidos por isso. Imagina só, uma mulher numa profissão "masculina"... Se bem que, se dependesse deles, mulher não deveria poder trabalhar em profissão alguma. Nem ir à universidade! Duvida que exista gente tão atrasada assim em pleno século 21? Pois bem. No ótimo guest post sobre flertes na Suécia, foi deixado aqui um comentário sinistro. É anônimo, mas evidentemente é de um mascu. Olha só o manifesto desses doidos de pedra (tudo sic):
1- expulsar todas femeas da policia e forças armadas.2- não permitir femea fazendo segurança a não ser em eventos exclusivos para femeas.
3- dar incentivo a empresas contratarem pais de familia.4- revogar toda permisão de femea dirigir caminhoes e tratores, pilotar aviao, barco, etc.
5- incentivo as mulheres a serem do lar.6- baixa renda receberiam bolsa familia apartir de 1 filho e com 2 seria cortado o beneficio pela metade e com 3 seria cortado de vez o beneficio.7- revogar os direitos das femeas votarem.
8- banir o divórcio
9- crime para femeas que praticarem o adultério.10- extinguir a aposentadoria antecipada de 5 anos das usurpadoras, ou faze-las contribuir proporcionalmente, pois do jeito que ta os homens estao financiando essa regalia para elas.
11- eliminar o desconto no seguro-auto das usurpadoras porque este desconto esta sendo financiado pelos homens quando pagam mais pelo mesmo produto (seguro-auto)12- revisar a lei maria da penha e todas as leis sexistas
13- se elas tem direito de abortar um filho nosso a revelia - tambem queremos o direito de desistirmos da paternidade (aborto masculino)
14- extinguir a pensao alimenticia15- aprovar o extatuto do homem que tramita na camara federal imediatamente
16- extinguir as turmas mixtas nas escolas publicas assim como EUA, China e mais de 30 paises estao comprovando serem melhor para ambos os sexos.
17- iniciar a comercializacao da pilula anticoncepcional masculina imediatamente (gossypol 20mg)
18- greve de casamento / namoro e assemelhados.19- Criminalisar as Maes Solteiras (como na China)
20- criacao de cotas masculinistas nos jornais, cinema, TV, etc21- Banir a palavra TPM (fraude) dos jornais e TV
22- Tornar MASCULINISMO como materia escolar obrigatoria imediatamente
23- Cota minima para os professores 50% no ensino fundamental, pre-escolar e medio24- A viuva recente estara automaticamente subordinada ao filho mais velho, na ausencia deste ao irmao mais velho, ou primo, ou tio, ou sobrinho, etc
25- Criminalisar as femeas usuarias de novelas, shows de calouros, programas voltados ao publico femeo/gay (90% da programacao).Entenderam, fêmeas usurpadoras? Ha, ha! Se esses cabras soubessem ler, eu diria que andam lendo demais O Conto da Aia (preciso escrever um post sobre este livro da Margaret Atwood). Mas repare nos dois primeiros itens, sobre mulheres nas forças armadas e na segurança. Como deve doer aos mascus essas imagens da policial prendendo o Emerson!Mas tem uma coisa que poucos sabem. Eu mesma não sabia. Sabe quem é o rapaz na foto?É o próprio Emerson em 1995, participando do quadro de Silvio Santos, "Em Nome do Amor". Ele levou um fora no programa. A moça respondeu "Amizade, Silvio". Será que ele já era um psicopata naquela época ou foi ficando? Pelos relatos dele, foi uma mulher que o humilhou e o trocou por um negro, daí o racismo do cara. Mas a pessoa precisa ter sérios problemas prévios pra não saber lidar com rejeições (pô, todo mundo sofre rejeições na vida!). E não me pergunte por que o rosto e as pernas da mulher do "Namoro ou amizade" estão riscadas. Na foto que eu peguei tá assim. Talvez tenha sido obra do Engenheiro Emerson, que à esta altura também é suspeito de homicídios de autoria não reconhecida no Paraná. Gente boa e totalmente racional, esses mascus.