quarta-feira, 9 de abril de 2008

E SE O ELEITO DA ENQUETE FOSSE “ELEIÇÃO”?

Tenho a impressão que minha maior indecisão frente a dar meu voto de melhor filme adolescente pra Clueless (Patricinhas) ocorre por causa da existência de Eleição, que eu também a-do-ro. O personagem da Reese Witherspoon, Tracy Flick(que ainda parece ser o ponto alto de sua carreira, apesar do Oscar por Johnny e June), é americano até a medula. Tracy quer porque quer ser eleita presidente/representante dos alunos, e fará qualquer coisa pra vencer. Só que terá que competir com o atleta boa-praça Paul e a irmã dele, Tammy, que só entrou na competição pra atazanar a vida da namorada do irmão, por quem é apaixonada. Seu discurso pra escola é perfeito: “Quem liga pra essa eleição idiota? [...] Votem em mim, porque eu nem quero ir pra faculdade, não me importo com nada, e como presidente não vou fazer nada. 
A única promessa que faço é que, se eleita, imediatamente desmontarei o governo estudantil, pra que a gente nunca mais tenha que se sentar numa dessas assembléias estúpidas novamente!”. E os alunos: “Tammy! Tammy! Tammy!”.
Outra parte que adoro é na noite anterior à eleição, quando cada um dos três candidatos se ajoelha e pede ajuda divina. Primeiro a Tracy:
Querido Senhor Jesus, não costumo falar com o Senhor e pedir coisas, mas desta vez realmente preciso insistir para que o Senhor me ajude a ganhar essa eleição amanhã, porque eu mereço e o Paul não, como o Senhor bem sabe. Entendo que foi a Sua mão divina que desqualificou Tammy, e agora estou pedindo que o Senhor faça mais este eforço e me coloque no governo, onde eu pertenço, para que eu possa fazer a Sua vontade na Terra como no Céu. Se eleita, prometo rezar mais, ok? Amém”.
Tammy: “Querido Deus, sei que não acredito em você, mas como vou entrar pruma escola católica logo, achei que devia praticar. Vejamos... O que eu quero? Quero que as pessoas sejam mais legais umas com as outras. Quero que a Lisa note como ela tem sido horrível e se arrependa e peça desculpas por ter me machucado e saiba como ainda a amo. Apesar de tudo, ainda quero que Paul vença a eleição amanhã, não aquela nojenta da Tracy. Também quero uma calça de couro bem cara... e algum dia quero ser amigona da Madonna. Com amor, Tammy”.
Paul: “Querido Deus, obrigado por todas as graças. O Senhor tem me dado tantas coisas, como boa saúde, bons pais, uma caminhonete legal, e o que me disseram que é um pênis grande, e por isso sou grato. Mas estou preocupado com Tammy. [...] Por favor, ajude-a a ser uma pessoa mais feliz, porque ela é tão inteligente e sensível, e eu a amo. E também, estou nervoso sobre a eleição de amanhã, e acho que queria ganhar e tudo, mas sei que depende totalmente do Senhor. O Senhor vai decidir quem é a melhor pessoa, e eu vou acatar. E perdoe meus pecados, seja lá quais forem. Amém”.
Essa última frase, “Perdoe meus pecados, seja lá quais forem”, é a essência de Eleição. Paul é o mais bonzinho por ser o mais bobalhão, mas Tracy é uma víbora que realmente precisa acreditar que está fazendo o bem. O filme é provavelmente o mais adulto da enquete, porque ele dá grande destaque a um personagem que não é adolescente, o professor feito pelo Matthew Broderick. Se tudo isso não bastasse, Eleição é dirigido por uma pessoa cheia de talento, o Alexander Payne (de Confissões de Schmidt e Sideways), e baseado num romance do Tom Perrotta (responsável também por Pecados Íntimos). É coincidência que, pra mim, os melhores teen movies sejam adaptações de livros? Não sei, mas tanto Eleição quanto Clueless têm os roteiros mais inteligentes.
Vamos que ainda dá tempo de votar em Eleição pra melhor filme adolescente

12 comentários:

Suzana Elvas disse...

Pra mim, o que melhor "Eleição" tem é o fim.
Porque bitch que é bitch, no fim das contas, é feliz e bem-sucedida com toda a sua bithceza!

Renata disse...

Como disse a Tina Fey recentemente, sobre a Hillary, "She is a bitch, but you know what? Bitches get things done. Bitch is the new black!"
Que acho que super define a Tracy no filme.
Mas claro [nem sou biased nem nada haauhauah] o que eu mais gosto do filme é a lesbian plotline da Tammy. hauahauahauahuaha fazer oq?

Um abraço,

lola aronovich disse...

É verdade, meninas. Se a gente fizesse parte daquela escola, mais valeria eleger alguém como a Tracy que como o Paul ou a Tammy. Apesar dos pesares, a Tracy faria mais pelos alunos. Rê, vc viu "The Celluloid Closet"? Achei muito interessante como o documentário discute a necessidade de espectadores (gays, mas isso se extende a qualquer minoria) se identificarem e se sentirem representados na tela. Vc tem essa necessidade, ou teve, quando era adolescente (like, four years ago?).

Anônimo disse...

Que tal uma critica para A walk to remember (um amor para recordar) ??

lola aronovich disse...

Ai, ai, anônimo, não posso prometer muito. Ver filme e escrever crítica sobre encomenda? Ainda mais de filme de seis anos atrás? Se eu tivesse mais tempo, talvez...

The Crow disse...

Nossa, esse filme é demais! Mexeu comigo até a última ponta da veia do meu dedão do pé torto! Que loucura! Acabou comigo, bolas para o seu lado! Yeah!

Lembro até hoje... Depois desse filme, nunca mais olhei as cachorrinhas da mesma maneira!

Segurem seus pertences, ó suas cadelinhas marotas, pois o Billy está a caminho!

Ui, que loucura!

Comporte-se, jungle boy!

Groovy!

Continuem funcionando.

Funkx!

Vitor Ferreira disse...

Adoro Eleição, mas não acho ele um filme adolescente. Acho muito cínico, sarcástico e inteligente pra poder ser apreciado pela grande maioria dos adolescentes. Pra ser um filme adolescente ele tem que ser mais óbvio e mais leve, por isso fico com The Breakfast Club.

lola aronovich disse...

Eh, Vitor, tem toda uma discussao sobre o que eh um filme adolescente (ou qualquer genero). Acho que, pela tematica do professor, pode nao ser visto como filme adolescente. Mas, por se passar dentro de uma escola, com muitos personagens adolescentes, fica sendo um teen movie! So que sem duvida eh mais dark que os outros (tirando Heathers). Como eu falei, o unico que pra mim nao tem nenhum subtexto amargo eh Clueless.

Edu_H_ disse...

Oi Lola. Obrigado por esse post. Graças a ele tive o interesse de ir atrás desse ótimo filme. Eu amei o Tracy Flick, realmente o melhor trabalho de Reese witherspoon que já vi. Mas uma coisa me intrigou( e irritou) quando fui a procura de críticas sobre filmes. Muitos dos blogs americanos tratam ela como vilã, coisa que discordo totalmente, afinal, na minha visão, não há vilões nesse filme.
Tá bom, ela tem algumas atitudes duvidosas.Ela rasgou os cartazes na véspera da eleição e ainda,quando acusada, ameaça o senhor M. no interrogatório. Mas poxa, ela teve um ataque nervoso, não planejou arrancar tudo anteriormente. O sr. M implica com ela desde o começo, sem ele nem haveria disputa, e ainda tentou fraudar a eleição no último momento só pra sentir que tinha algum controle naquele momento atribulado que ele estava e descontar suas frustrações em Tracy. Se eu tivesse que votar em alguém certamente seria nela. Apesar de ser ultra-ambiciosa ela me parece uma pessoa honesta. #PickFlick

Vitor Ferreira disse...

Edu, me desculpe mas a Tracy é desonesta, sim. Ela passa e passaria por cima de qualquer um pra atingir seus objetivos. Tudo bem que dentro daqueles candidatos ao cargo ela era a mais qualificada, porque era a única que se importava com aquilo, mas ela não tinha nenhum apreço por ética ou cordialidade, além de não ter nenhum auto-controle.

Edu_H_ disse...

Vitor,
você diz que ela "passa e passaria por cima de qualquer um pra atingir seus objetivos".
"Não tinha nenhum apreço por ética ou cordialidade".
Mas qual o respaldo para essas afirmações? No filme, a única coisa que endossaria essa ideia são as afirmações enraizadas na antipatia do professor Jim por Tracy. Fora isso, não lembro de nenhuma cena em que pudesse dizer que Flick é desonesta.

Vitor Ferreira disse...

Não? Só um exemplo: por que ela não assumiu que rasgou os cartazes e deixou que a menina levasse a culpa?