1) Compramos a casa, ehhh! Foi ontem. Estamos felizes. Ela é realmente muito boa, grandona, segura, e fica pertinho da universidade. Mas precisa de algumas reformas, principalmente pra transformar uma parte da sala num quarto pra minha mãe, e pra que o lavabo do piso de baixo vire um banheiro decente, com box de banho e tal. Um pedreiro que parece competente veio aqui durante a semana, e explicamos pra ele tudo que queremos fazer na casa (inclusive construir uma cozinha simples em cima). Ele disse que seria trabalho pra um mês (tudo, não só a cozinha). Hoje à tarde ele volta para passar um orçamento. Torçam para que não seja muito caro e para que possa começar já na semana que vem.
2) Não estou mais surda! Na sexta retrasada tive forte dor de ouvido, e o maridão colocou um filetezinho de óleo para que a dor passasse. Crianças, não façam isso em casa. Não se deve colocar nada no ouvido, certo? Fiquei surdinha de um ouvido, e isso continuou no sábado e domingo. No domingo à noite fiquei preocupada que o troço não ia embora e procuramos um hospital perto de casa. Não havia otorrino de plantão. Voltamos na manhã seguinte. Nada novamente. A enfermeira recomendou que eu fosse a uma rua não muito longe onde há várias clínicas a preços populares (tipo R$ 45 a consulta). Fui lá, mas mesmo assim havia uma fila de espera gigantesca. Desisti, porque tinha que buscar alguns atestados que faltavam pra documentação completa da UFC. À noite, liguei pro hospital público pra perguntar se havia um otorrino disponível. A resposta foi que apenas pra emergências, casos de sangramento e objetos dentro do canal. Na terça de manhã, voltei ao hospital, e ouvi a mesma coisa. Mas a assistente recomendou que eu expusesse o meu problema pro médico chefe da equipe, e ele me deu um papelzinho para conseguir uma consulta. E assim foi. Consegui ser atendida após algumas horas por uma otorrina, que disse que a surdez era consequência da gripe mesmo, que eu ainda estava congestionada. Gastei 25 reais em remédios e agora estou quase curada.
Conclusões deste episódio: a ficha caiu. Deu pra perceber que o Nordeste é uma região muito mais pobre que o Sul (embora o Sul esteja longe de ser o primeiro mundo que os separatistas pregam). Em uma semana de Fortaleza, recebi mais pedidos de esmola que em um ano de Joinville. E isso porque parece que a situação por aqui melhorou um monte graças a programas como o Bolsa Família... Bom, só sei que perambulando por aquele hospital, me senti culpada por eu, classe média, estar disputando atendimento com gente muito mais pobre, que realmente não pode pagar por uma consulta. Mas eu não deveria pensar assim. Devo continuar pensando que é meu direito como cidadã ter atendimento médico público, porque creio que saúde e educação são direitos adquiridos. Mas é mais fácil dizer isso na teoria que na prática. Em Joinville nunca tivemos plano de saúde e éramos bem atendidos. Acho que aqui vai ser mais difícil...
Outra conclusão: foi a pior gripe minha dos últimos cinco anos, e uma das piores da minha vida. Sei que tá todo mundo achando que foi psicossomática, resultado do stress da mudança e das indefinições, mas não foi não. Eu sei bem o que foi: beijo do maridão! A verdade é que se aquele gripadão irresponsável não tivesse me beijado, ele não teria me contaminado! Se eu tivesse ficado surda, iria processá-lo.
3) Por falar no dito-cujo, em comentários de um post desta semana um leitor chegou à estranha conclusão que não, não dá pra viver de xadrez, e outra leitora chegou à conclusão mais bizarra ainda que, como não se pode viver de xadrez, o maridão não trabalha, nunca trabalhou, e eu o sustento. Algo do gênero. Ahn, por onde começo? Dá pra viver de xadrez, ué. Assim como "dá pra viver" de muita coisa. Há poucos enxadristas no Brasil que vivem apenas de jogar. A maior parte dá aulas também. É o que faz o maridão: ele joga e dá aulas, e vive disso há quase quarenta anos. Só não dá pra ficar rico. Pra esse propósito, faça medicina.
Ou viva fazendo o que gosta, mas gaste bem pouquinho. Em linhas gerais, o segredo tá mais em quanto se gasta (aprenda a ser frugal e viver com pouco) do que em quanto se ganha. Se você teve o privilégio de, como eu e o maridão, nascer na classe média, sabe que nunca passará fome. Pode fazer o que quiser da vida, que tudo dará certo. Pior é que não estou sendo irônica.
4) Entreguei toda a documentação necessária no departamento da UFC na terça. Tudo ok. Minha posse será na quarta, dia 3. Ainda não sei horário ou procedimento (quando souber eu falo, se vocês tiverem curiosidade pra ouvir o que é uma cerimônia de posse). Já no dia seguinte começo a lecionar. Perguntem se já preparei alguma das aulas... Agora sim estou ficando desesperada! Até porque boa parte do meu possível material está em caixas de papelão espalhadas pelo chão da sala... Os primeiros meses não serão fáceis. Mas toda vez que penso em reclamar, lembro de como sou privilegiada e me acalmo. Tô gostando de Fortaleza. Não tem o que dar errado.
2) Não estou mais surda! Na sexta retrasada tive forte dor de ouvido, e o maridão colocou um filetezinho de óleo para que a dor passasse. Crianças, não façam isso em casa. Não se deve colocar nada no ouvido, certo? Fiquei surdinha de um ouvido, e isso continuou no sábado e domingo. No domingo à noite fiquei preocupada que o troço não ia embora e procuramos um hospital perto de casa. Não havia otorrino de plantão. Voltamos na manhã seguinte. Nada novamente. A enfermeira recomendou que eu fosse a uma rua não muito longe onde há várias clínicas a preços populares (tipo R$ 45 a consulta). Fui lá, mas mesmo assim havia uma fila de espera gigantesca. Desisti, porque tinha que buscar alguns atestados que faltavam pra documentação completa da UFC. À noite, liguei pro hospital público pra perguntar se havia um otorrino disponível. A resposta foi que apenas pra emergências, casos de sangramento e objetos dentro do canal. Na terça de manhã, voltei ao hospital, e ouvi a mesma coisa. Mas a assistente recomendou que eu expusesse o meu problema pro médico chefe da equipe, e ele me deu um papelzinho para conseguir uma consulta. E assim foi. Consegui ser atendida após algumas horas por uma otorrina, que disse que a surdez era consequência da gripe mesmo, que eu ainda estava congestionada. Gastei 25 reais em remédios e agora estou quase curada.
Conclusões deste episódio: a ficha caiu. Deu pra perceber que o Nordeste é uma região muito mais pobre que o Sul (embora o Sul esteja longe de ser o primeiro mundo que os separatistas pregam). Em uma semana de Fortaleza, recebi mais pedidos de esmola que em um ano de Joinville. E isso porque parece que a situação por aqui melhorou um monte graças a programas como o Bolsa Família... Bom, só sei que perambulando por aquele hospital, me senti culpada por eu, classe média, estar disputando atendimento com gente muito mais pobre, que realmente não pode pagar por uma consulta. Mas eu não deveria pensar assim. Devo continuar pensando que é meu direito como cidadã ter atendimento médico público, porque creio que saúde e educação são direitos adquiridos. Mas é mais fácil dizer isso na teoria que na prática. Em Joinville nunca tivemos plano de saúde e éramos bem atendidos. Acho que aqui vai ser mais difícil...
Outra conclusão: foi a pior gripe minha dos últimos cinco anos, e uma das piores da minha vida. Sei que tá todo mundo achando que foi psicossomática, resultado do stress da mudança e das indefinições, mas não foi não. Eu sei bem o que foi: beijo do maridão! A verdade é que se aquele gripadão irresponsável não tivesse me beijado, ele não teria me contaminado! Se eu tivesse ficado surda, iria processá-lo.
3) Por falar no dito-cujo, em comentários de um post desta semana um leitor chegou à estranha conclusão que não, não dá pra viver de xadrez, e outra leitora chegou à conclusão mais bizarra ainda que, como não se pode viver de xadrez, o maridão não trabalha, nunca trabalhou, e eu o sustento. Algo do gênero. Ahn, por onde começo? Dá pra viver de xadrez, ué. Assim como "dá pra viver" de muita coisa. Há poucos enxadristas no Brasil que vivem apenas de jogar. A maior parte dá aulas também. É o que faz o maridão: ele joga e dá aulas, e vive disso há quase quarenta anos. Só não dá pra ficar rico. Pra esse propósito, faça medicina.
Ou viva fazendo o que gosta, mas gaste bem pouquinho. Em linhas gerais, o segredo tá mais em quanto se gasta (aprenda a ser frugal e viver com pouco) do que em quanto se ganha. Se você teve o privilégio de, como eu e o maridão, nascer na classe média, sabe que nunca passará fome. Pode fazer o que quiser da vida, que tudo dará certo. Pior é que não estou sendo irônica.
4) Entreguei toda a documentação necessária no departamento da UFC na terça. Tudo ok. Minha posse será na quarta, dia 3. Ainda não sei horário ou procedimento (quando souber eu falo, se vocês tiverem curiosidade pra ouvir o que é uma cerimônia de posse). Já no dia seguinte começo a lecionar. Perguntem se já preparei alguma das aulas... Agora sim estou ficando desesperada! Até porque boa parte do meu possível material está em caixas de papelão espalhadas pelo chão da sala... Os primeiros meses não serão fáceis. Mas toda vez que penso em reclamar, lembro de como sou privilegiada e me acalmo. Tô gostando de Fortaleza. Não tem o que dar errado.