segunda-feira, 27 de março de 2023

MENINO DE TREZE ANOS MATA PROFESSORA E FERE QUATRO EM ESCOLA DE SP

Mais um atentado numa escola brasileira hoje. E o autor tem apenas treze anos. Um menino.

Foi às 7:40 da manhã, na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, SP, que um aluno da oitava série esfaqueou a professora pelas costas, sem chance de defesa. Câmeras de segurança captaram esse momento hediondo. 

Elisabete Tenreiro tinha 71 anos, era professora de Ciências, e trabalhava na escola fazia pouco tempo. Ela não resistiu às facadas e morreu no hospital.

O adolescente ainda feriu outras quatro pessoas. Foi contido por três professoras, três heroínas que conseguiram imobilizá-lo, como mostra o vídeo (algumas notícias dizem que o garoto estava atacando uma outra aluna, negra, e que foi contido por duas educadoras, entre elas a professora Cíntia, de Educação Física). 

Ainda há muita desinformação. Hoje cedo circulava a notícia de que o agressor sofria bullying. Mas um menino contou que, semana passada, o autor do atentado chamou um colega de "macaco", e ele e o colega brigaram a socos. Foi a professora Elisabete quem apartou a briga. Justamente a primeira vítima de hoje. 

Hoje um veículo divulgou a carta que o jovem deixou a seus familiares. Parecia uma carta de despedida em que pedia desculpas. Dizia que estava planejando o atentado há dois anos e que ele fazia isso por uma "causa maior". É um forte indício de que o adolescente é um incel que participava de fóruns neonazistas e misóginos. Outro indício é que ele usava uma máscara do tipo Columbine, que foi popularizada no Brasil com o massacre de Suzano. Mais um indício: no seu celular havia informações sobre ataques a outras escolas no país.

Semana passada, as Polícias Federal e Civil, com ajuda da Interpol, impediram um massacre numa escola no Rio. O adolescente de 17 anos planejava comemorar os 24 anos de Columbine (em abril). Faz duas semanas que o massacre de Suzano completou quatro anos. Datas assim são celebradas por esses grupos e sempre são perigosas, pois inspiram novos ataques (assim como o o aniversário de Hitler, por exemplo). 
 
Desta vez não há como culpar Bolsonaro ou o governador de São Paulo. Massacres em escolas ocorrem em vários lugares do mundo, principalmente nos EUA (este ano já houve dezenas de tiroteios em escolas americanas). É certo que o adolescente de 13 anos do atentado de hoje preferiria ter um fuzil, e com ele mataria muito mais gente. Aqui no Brasil, não existe incel que não votou no Bolso por causa da promessa de distribuição fácil e farta de armas de fogo. Mesmo assim, os massacres precedem a ascensão da extrema direita.

Ficamos revoltadas e atordoadas sempre que um massacre desses acontece. Imagino o pânico dos estudantes, das professoras, de mães e pais que querem que seus filhos estejam seguros nas escolas. Não há saída simples para o fim dos massacres. Pra mim, tudo passa pela educação. Em dezembro, eu e outras doze especialistas redigimos um relatório sobre esses atentados e como tentar impedi-los. Foi para a área de educação do governo de transição de Lula. É possível lê-lo aqui

Muito mais do que discutir a redução da maioridade penal -- como a direita parece querer pautar agora --, seria mais eficaz se toda a sociedade realmente começasse a falar sobre a proliferação de grupos na internet que usam o discurso de ódio como chamariz. E de maneiras para que esses grupos parem de ser tão bem sucedidos em recrutar meninos. Cada vez mais jovens.

terça-feira, 21 de março de 2023

QUEM AMEAÇA TEM DIREITO À PRIVACIDADE?

Juliana dal Piva, uma das melhores jornalistas investigativas do Brasil, que fez podcasts e publicou um livro sobre as inúmeras rachadinhas da familícia Bolsonaro, em julho de 2021 recebeu uma mensagem de Frederick Wassef mandando-a pra China: 

"Faça lá o que você faz aqui no seu trabalho, para ver o que o maravilhoso sistema político que você tanto ama faria com você. Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo".

Wassef era advogado de Jair e Flávio. Foi também na casa desse homem tão próximo ao ex-presidente que escondeu-se Fabrício Queiroz. Wassef alegou que não sabia que Queiroz estava na sua casa. Nenhum dos dois (ou três) foi condenado ainda. Mas a boa notícia é que Queiroz e Wassef se candidataram a deputado federal em 2022 e não se elegeram. O chefe deles tampouco. 

Sabendo que estava lidando com milicianos, Juliana processou Wassef pela ameaça. O juiz Fábio Junqueira, do TJ-SP, condenou Wassef a indenizar a jornalista em R$ 10 mil. Mas também optou por condenar Juliana por divulgar a ameaça que recebeu. Dessa forma, ela teria "ferido a privacidade do réu". Ela levou o caso à segunda instância. O TJ-SP deve julgar isso ainda este mês. Segundo as jornalistas Katia Brembatii e Bia Barbosa, existe jurisprudência do STF de que mensagens privadas podem ser divulgadas se houver interesse público ou como estratégia de proteção. 

Se já é um absurdo que uma jornalista não possa expor a ameaça recebida, vamos abrir para todas nós: ao nos depararmos com uma mensagem intimidatória, agressiva e misógina, podemos expor essa ameaça ou isso fere a privacidade da pobre alma que nos ameaçou? 

Não é o cúmulo ter que fazer essa pergunta?! Como vocês sabem, eu sou alvo de centenas de ataques e ameaças de morte e estupro (estendidas a minha mãe e marido) há no mínimo doze anos. A maior parte dessas ameaças é de covardes anônimos. Muito de vez em quando eu decido publicar algumas dessas ameaças. Acho que existe interesse público pra isso, acho que as pessoas precisam saber como feministas são tratadas no Brasil. 

É também uma estratégia de defesa. Os caras que me ameaçam vivem falando de contratar um matador de aluguel pra me eliminar (já fizeram até vaquinha com esse fim!), e os matadores estipulam um preço de acordo com a visibilidade da pessoa. É muito mais barato matar uma mulher desconhecida. Dá pra fazer parecer um latrocínio ou um lamentável acidente e ninguém vai desconfiar. 

Então a visibilidade acaba sendo uma forma de proteção para ativistas. Agora imagina se um misógino me processa por eu divulgar uma ameaça de morte e estupro que ele me mandou? 

Nem preciso imaginar muito. Quatro dos oito processos a que respondi vieram de mascus que me atacaram e ameaçaram durante anos. Em três desses casos os misóginos abandonaram as ações. Num deles eu tive que fazer acordo e dei ao floquinho de neve especial um direito de resposta no meu blog. Detalhe: eu nem tinha citado o nome completo dele! Outro detalhe: o mesmo cara continuou me atacando e ameaçando mais dois anos depois disso!

É, o Judiciário realmente tem muito contra as mulheres. Minha sororidade a Juliana dal Piva!

quarta-feira, 15 de março de 2023

TODA SORORIDADE A SCHIRLEI ALVES, JORNALISTA ALVO DE ASSÉDIO JUDICIAL

Hoje mais de vinte organizações divulgaram uma nota coletiva em apoio à jornalista Schirlei Alves,  que responde a seis processos judiciais e a três ações criminais, o que é conhecido como assédio jurídico ou processual. 

Pra quem não sabe ou não lembra, Schirlei foi a jornalista responsável por relatar o que estava acontecendo no caso Mariana Ferrer longe do público (a influenciadora Mari denunciou ter sido dopada e estuprada no Café de La Musique de Florianópolis em 2018; o acusado foi absolvido em primeira e segunda instâncias por “falta de provas”, num caso em que o que não falta são provas). 

Schirlei já tinha mais de doze anos de atuação como jornalista quando cobriu o caso Mari Ferrer. Pouco depois de seu artigo sair (sem o vídeo da audiência) no pequeno jornal catarinense Nd+ e ter repercussão nacional, ela foi demitida. Foi aí que publicou a matéria no Intercept, com o vídeo de uma audiência online em que Mari foi ofendida e humilhada pelo advogado de defesa Gastãozinho, sem que o juiz ou o promotor fizessem qualquer coisa para impedi-lo. 

Os artigos de Schirlei em 2020 usavam a expressão “estupro culposo”, que a extrema-direita (que até hoje faz campanha contínua contra Mari Ferrer e muitas outras vítimas de estupro) classificou de fake news. Mas a sentença que absolveu o acusado usa como exemplo o caso de homens que se relacionaram com meninas menores de 14 anos (considerado estupro de vulnerável pela lei) “sem saber” que elas eram menores! Em outras palavras: o cara estuprou, mas sem intenção. Uma passação de pano para todos os pedófilos. 

Essa justificativa foi usada no caso Mari Ferrer. Está nos autos. E chama a atenção que o pessoal ficou revoltado com a expressão "estupro culposo", não com a justificativa em si. O promotor (que deveria defender a vítima, não o acusado) argumentou que o acusado não sabia que Mari estava dopada. Não existe condenação na justiça brasileira por estupro culposo (sem intenção), só para estupro doloso (com intenção). Aos olhos leigos de quem tem certeza que a Justiça protege a elite, criaram uma artimanha para absolver um empresário rico.

A campanha contra Mari (feita à base de muitos robôs, não sabemos pagos por quem) virou também uma campanha contra Schirlei, que foi atacada de todas as formas na internet. Em dezembro de 2020, mais de 50 entidades que defendem a liberdade de imprensa repudiaram as ameaças contra Schirlei.

O trio formado por juiz, promotor e advogado de defesa ficou furioso porque a audiência do julgamento foi vazada. Parece que o judiciário não quer transparência. Quer que vítimas de estupro e assédio sejam tratadas como culpadas pelos crimes que sofreram. O segredo de justiça segue sendo usado como ferramenta contra as vítimas, e contra quem apoia as vítimas. 

O juiz Rudson Matos e o promotor Tiago Carriço de Oliveira, de Santa Catarina estão pedindo, respectivamente, R$ 450 mil e R$ 300 mil do Intercept (em ação conjunta contra Schirlei). Não sei quanto Gastãozinho quer. Mas o assédio judicial tem como objetivo o silenciamento através da asfixia financeira

Olha, tá tudo dominado. Tudo isso ocorre num estado que, de tão conservador, vem sendo apelidado de "Texas do Sul". Um estado cuja Câmara de Vereadores da capital, pela segunda vez, recusou dar o título de cidadão honorário a Gilberto Gil.

Um dia antes, a mesma Câmara havia acabado de aprovar que a deputada estadual mais bolsonarista do Estado, Ana Campagnolo, receba a medalha Antonieta de Barros. A Câmara ainda vai homenagear outras deputadas de extrema-direita. Filha de escravos, a professora e jornalista Antonieta foi a primeira mulher negra eleita no país. Uma medalha em sua homenagem foi instituída em 1997. Hoje ela é usada para premiar deputadas misóginas, antifeministas, anti-movimento negro, anti-direitos humanos.  

Campagnolo, que tem como advogado o mesmo Gastãozinho que processa Schirlei, já declarou que mulheres devem ser submissas aos seus pais e maridos e não trabalhar fora. Aí a gente fica sem entender o que ela está fazendo ali na assembleia. Mas é fácil saber: a bolsonarenta foi a principal responsável pela abertura de uma CPI feita sob encomenda para punir as jornalistas do Intercept e do Portal Catarinas, que publicaram matérias sobre uma menina de 11 anos grávida que foi mantida num abrigo por uma juíza e promotora para não poder abortar

Sem dúvida processos são uma forma eficaz de intimidar a imprensa. A nota de hoje diz: "As entidades confiam que os casos serão apreciados com imparcialidade e à luz da liberdade de expressão e de imprensa. E que não há outro caminho que não a rejeição das queixas criminais movidas contra a repórter. É inadmissível que uma jornalista no exercício da sua profissão, relatando um assunto de interesse público, seja considerada responsável por ofender a honra dos funcionários públicos e do advogado envolvidos no caso".

Se não fossem as corajosas jornalistas do Catarinas e Intercept, a menina de 11 anos teria sido mantida presa num abrigo até parir. Nós nem saberíamos do caso. Se não fosse Schirlei Alves (e, lógico, toda a luta incansável de Mari), não teríamos hoje a lei no. 14.425/2021, a Lei Mariana Ferrer, que impede que vítimas de crimes sexuais sejam humilhadas em audiências. A lei é importantíssima e vem sendo usada em todos os cantos do país desde sua aprovação. 

Eu fui uma das que assinei as notas em apoio a Schirlei em 2020 e agora. Espero que possamos comemorar juntas quando essa injustiça flagrante, esse ataque misógino à liberdade de imprensa, seja finalmente arquivado.

terça-feira, 14 de março de 2023

MARIELLE SEMPRE PRESENTE, CINCO ANOS DEPOIS

Hoje, 14 de março, faz cinco anos que a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) foi assassinada. E ainda não temos respostas. 

Sabemos que dois dos assassinos se reuniram no condomínio do pior presidente de todos os tempos no mesmo dia da execução, poucas horas antes. 

O fato das palavras "Celso Daniel" estarem nos TTs hoje (e 100% das vezes em que se fala de Marielle) é uma das maiores passações de recibo que eu já vi. Usam um assassinato comum de 21 anos atrás, não um crime político, como cortina de fumaça. O que os bolsonarentos querem tanto esconder?

Marielle presente! O assassino dela é amigo do (ex-, ufa!) presidente!

segunda-feira, 13 de março de 2023

UM BOLÃO DO OSCAR MAIS EMOCIONANTE QUE O OSCAR EM SI

Digo sem medo de errar que meu tradicional bolão do Oscar foi mais emocionante que o Oscar em si.

Certo, a cerimônia foi chatinha. Morna. Não teve tapa, não teve treta, não teve piada incômoda, não teve nada. Talvez o mais inesperado foi o Hugh Grant como apresentador falando da importância de usar um bom hidratante, já que, segundo ele, a Andie MacDowell usou e ela está espetacular, e ele parece um escroto (não no sentido figurado). Lógico que o Hugh continua lindo (e enrugado, algo comum a praticamente qualquer humano de 62 anos que não seja o Tom Cruise). Mas antes disso, já no tapete vermelho, Hugh meio que revirou os olhos quando uma modelo/repórter confundiu Vanity Fair, o romance clássico de Thackery, com a festa do Oscar da revista. E foi bem malhado por isso.

Enfim, só eu estar falando mais do Hugh Grant que de qualquer premiado já mostra que a cerimônia foi monótona. Houve discursos emocionantes de agradecimento, lógico. Mas imagino que a gente vai se lembrar mais que a Angela Bassett se recusou a aplaudir a Jamie Lee Curtis do que do discurso da filha dos lendários Tony Curtis e Janet Leigh (que foram indicados ao Oscar, mas nunca ganharam). 

Eu fiquei feliz com a vitória da atriz, diretora e roteirista Sarah Polley por ganhar melhor roteiro adaptado pelo seu importante filme Entre Mulheres (em inglês, Women Talking). De terno e gravata, ela disse ironicamente: "Gostaria de agradecer à Academia por não se ofender com as palavras 'women' (mulheres) e 'talking' (falando) juntas assim". 

E foi bonito Michelle Yeoh ganhar melhor atriz. Foi a primeira vez que uma asiática vence nessa categoria. E apenas a segunda vez na história do Oscar que uma mulher não branca ganha. A primeira foi Halle Berry, vinte anos atrás, que entregou a estatueta a Michelle. 

Talvez a melhor piada foi bem no finalzinho (muita gente deve ter perdido), quando o apresentador Jimmy Kimmel mostrou uma placa com as palavras "número de shows do Oscar sem incidentes", e colocou o número 1. Pois é, não foi grande coisa.

Enquanto os grandes vencedores da noite foram Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (com sete estatuetas, incluindo melhor filme) e Nada de Novo no Front (quatro prêmios), vários filmes saíram de mãos abanando, casos de Tár, Os Fabelmans, Banshees de Inisherin e, principalmente, Elvis

Vai haver uma longa discussão sobre se Tudo em Todo Lugar mereceu essas honrarias todas. Minha opinião é que não houve grandes filmes (creio que meus preferidos são Fabelmans e Tár). Tudo é fofo, tem uma mensagem positiva, mas também é cansativo e frenético demais. Pra se ter uma ideia da façanha da produção, sabem quantos filmes na história do Oscar conquistaram três dos quatro prêmios de atuação (melhor atriz, ator, atriz e ator coadjuvantes)? Só três. Clássicos incontestáveis como Um Bonde Chamado Desejo (1951) e Rede de Intrigas (1976). E agora Tudo em Todo Lugar. Tudo bem, vai que daqui a meio século Tudo seja visto como um clássico...

- Quantas estatuetas?!

O bolão (pago) foi muito bacana. De cara, cinco acertaram as três primeiras categorias (animação para Pinóquio, ator coadjuvante para Ke Huy Quan, e atriz coadjuvante para Jamie Lee): Júlio César, eu, Douglas, Luciano e Claudemir (que eu saiba, todos ganhadores de bolões passados). O problema é que Júlio liderou o bolão inteiro, e quando chegou a 9 acertos, parecia impossível alcançá-lo. Felizmente, com a vitória do Brendan Fraser (eu sabia que ele iria ganhar porque é super querido em Hollywood; aliás, a Jamie Lee Curtis também -- foi por isso que apostei neles), eu também consegui 15 acertos, e no último minuto empatei com o Júlio. Vamos dividir o exorbitante valor de R$ 350. 

Júlio é o organizador dessa bagaça deste 2009, e sem ele podem ter certeza que não existiria mais bolão. É ele que faz tudo, e muito bem! Mas pô, parece que ele ganhou o bolão (sozinho!) ano passado também. Acho que a gente deveria fazer um abaixo-assinado pra que o Júlio não possa mais entrar no bolão, porque assim não dá, assim não pode! Ventilei essa ideia pro Silvio (vulgo maridão) e ele foi contra: "Ah, o Júlio deve poder continuar entrando no bolão grátis sim!"

O resultado do bolão pago foi este: Júlio César e Lola acertaram 15 categorias em 19, Rafael - 14, Caudemir, Luciano, Romário, Janaína, Vitor - 13, Silvio - 12, Diogo - 11, Douglas e Manoel - 10, Marcus - 9, e Daniel - 7.

No bolão grátis, parabéns ao Igor, Rodrigo, Helker e Daniel, todos ficaram em primeiro com 15 acertos. Vejam todas as tabelas preenchidas aqui (e os vencedores do Oscar aqui). Agora acho que só volto a falar do Oscar ano que vem...

sábado, 11 de março de 2023

BOLÃO FECHADO: PROMESSA DE MUITA EMOÇÃO NO OSCAR

Tabela do bolão pago (clique para ampliar)

Bolão fechado, pessoas queridas! Certamente será um bolão emocionante! Será que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo confirmará seu favoritismo? Quantas das onze estatuetas a que foi indicado receberá?

Entraram no bolão pago 14 pessoas corajosas, que concorrerão ao montante de R$ 350 (eu quero! Mas não estou confiante). Só feras, com apostar muito parecidas, embora nenhuma idêntica, graças! E entraram 110 pessoas pão-duras no bolão grátis. Pelo que pude ver por cima, o mais próximo da unanimidade é Pinóquio para melhor animação. E talvez Avatar para efeitos visuais. Ah, e Nada de Novo no Front para filme internacional. Torço por Argentina, 1985, óbvio, mas a regra é clara: quando um filme não falado em inglês é nomeado à melhor produção e a várias outras estatuetas, ele vira favoritíssimo para filme internacional. Mesmo que Nada de Novo não leve qualquer outra estatueta (o que é bem improvável), essa ele leva. 

Entre as quatro categorias de atuação, a única que tem um favorito evidente é a de ator coadjuvante. Ke Huy Quan, aquele menininho adorável de Indiana Jones e o Templo da Perdição, sumiu durante décadas e agora voltou como um adulto adorável (e bonitão) em Tudo em Todo Lugar. Ele merece!

Nas outras categorias está uma confusão. Cate Blanchett ou Michelle Yeoh para melhor atriz? (se Cate ganhar, será sua terceira estatueta. Se Michelle ganhar, será a segunda vez na história que mulher não branca ganha nessa categoria -- a primeira e última foi Halle Berry, 21 anos atrás). Ambas estão brilhantes. Imagine se vier um empate! 

Pra melhor ator, todos os cinco foram indicados pela primeira vez, e três têm chances: Austin Butler, Brendan Fraser e Colin Farrell. Acabei optando pelo Brendan porque todo mundo o adora e porque A Baleia, apesar de não ser um bom filme, marca seu retorno. Mas o fato de Elvis ter sido indicado a melhor filme aumenta bastante as chances de Austin. Todos os três dividiram as diversas premiações. Eu fui no Brendan supondo que ele fará um lindo e comovente discurso de agradecimento.

Atriz coadjuvante também está imprevisível: Angela Bassett, Jamie Lee Curtis ou Kerry Condon? A maravilhosa atriz de Pantera Negra parecia imbatível uns dois meses atrás, mas recentemente Jamie Lee Curtis (também muito amada em Hollywood) ganhou o SAG (o prêmio do Sindicato de Atores, que é o maior corpo votante da Academia), e Kerry Condon ganhou o Bafta (o prêmio britânico) por Banshees de Inisherin, que pra mim é o filme mais superestimado do ano. Contra Jamie consta que ela pode dividir votos com Stephanie Hsu, sua colega de elenco em Tudo em Todo Lugar (e que também está divina). 

Ou seja: como os últimos prêmios a serem entregues são ator e atriz, a gente só vai saber a definição do bolão no finalzinho! Mas quem acertar melhor atriz coadjuvante já sai com uma vantagem considerável. 

Outras categorias que pesarão demais me parecem ser roteiro original (Tudo em Todo Lugar, Banshees ou Tár?), roteiro adaptado (Entre Mulheres ou Nada de Novo?), fotografia (Nada de Novo ou Elvis? -- eu escolhi o segundo porque Mandy Walker é a terceira mulher na história a ser indicada para este prêmio; se ela ganhar, será a primeira), design de produção (Elvis, Babilônia ou Avatar?), som (Top Gun, Nada de Novo ou Elvis?), e trilha sonora (Nada de Novo, Babilônia ou Banshees?). 

Uma coisa é certa: teremos suspense no bolão até o último minuto! Quem participa do bolão já recebeu as tabelas por email. Quem não recebeu ou quiser ver, é só baixá-las aqui. Não será nada fácil. No bolão pago tem pouca gente mas só tem fera -- praticamente todos são ex-vencedores. Será que a Lolinha volta aos bons tempos? É o que a torcida de uma só mulher espera!

Apareçam aqui amanhã durante a cerimônia pra comentar o bolão e a cerimônia. Eu e Júlio César estaremos aqui.