Putz, ia fazer um post com minhas resoluções de ano novo e antes fui ler os planos que escrevi para 2014 e 2015 e... minhas resoluções são idênticas às de dois anos atrás. Não é triste?
O que isso quer dizer? Que eu não fiz praticamente nada que disse que iria fazer. Tenho que dar um jeito nisso daí em 2016.
Também pode querer dizer que minha vida é tão maravilhosa que não precisa mudar nada. E em parte é, sim. Mas minha saúde realmente precisa melhorar.
Fui diagnosticada com esteatose (gordura no fígado) em 2012, e o que eu fiz de lá pra cá pra reverter isso? Bom, tirando um breve período naquele mesmo ano de comidas mais saudáveis, e tirando o fato de que passei a tomar suco verde todos os dias de manhã deste agosto de 2014, nada. Absolutamente nada. Nada de exercícios, nada de parar de comer chocolate, o único vício que eu tenho.
Infelizmente, parece que chega uma idade em que não dá pra ficar empurrando. Estou com 48 anos. Mas fechei 2014 com uma série de diagnósticos bastante preocupantes: além da esteatose, aumento da taxa de glicemia e colesterol (que sempre foram razoáveis), ovários gigantes sem explicação, dentes problemáticos (precisando de dois implantes). E aí o que eu fiz em 2015 pra tentar resolver tudo isso? Não pisei num consultório médico/ odontológico.
Ok, ok, eu sei que sou uma irresponsável! Mas é que eu me sinto muito bem. Não sinto dor alguma. Não tenho dor de cabeça, não fico gripada, não fico abatida, não tenho insônia, não tomo absolutamente nada (fora um ou outro laxante uma vez por mês, por aí). Não devo ter engolido uma só aspirina em todo 2015. E aí eu penso: ir ao médico, fazer mais uma bateria de exames, não é procurar sarna pra me coçar?
Não respondam! Eu sei que estou errada. Mas é que eu olho pro maridão, que tem dez anos a mais do que eu e problemas mais evidentes (os pés dele doem às vezes), vejo que ele também não foi ao médico ou dentista nem uma vez no ano, e penso: por que eu tenho que ir e ele não? Mas sei que devo ir, e prometo que irei já no começo de 2016. E prometo que vou parar de comer chocolate e andar na minha esteira.
Ah, e tem a minha visão! É chato ficar velhinha. Agora preciso usar óculos pra praticamente tudo que faço perto. Por exemplo, estou usando óculos agora, ao escrever no computador. Antes não era assim!
Na realidade, eu fiz até um trato com meu amigo Robertinho em outubro. Ele estava enrolando um monte pra escrever e defender a dissertação de mestrado, e eu estou enrolando tudo que posso para tratar de problemas que obviamente não vão desaparecer sozinhos, só se agravar. Então nosso trato foi que cada um enfrentasse o que tivesse que enfrentar. Claro que de lá pra cá eu não fiz nada (consegui ficar sem chocolate uma semana), e ele muda de assunto quando eu pergunto "Como está sua dissertação?"
Sem contar a questão de saúde, que não está bem apesar de eu me sentir muito bem, o resto está ótimo. Silvinho e eu continuamos nos amando, depois de tanto tempo (25 anos e meio!). Conseguimos viajar mais juntos em 2015, mas ano que vem vai ser fogo. Isso porque terei poucos dias de férias em todo 2016, e só em julho. Terei que substituir uma colega na coordenação em fevereiro (quando a universidade estará em recesso), porque senão ela iria perder as férias de 2015! Então ficarei com 20 dias de férias para 2017.
Isso nem é tão terrível (se não considerarmos o lado financeiro, que é que não dá pra pedir adiantamento de metade do décimo-terceiro para o início do ano, e nem sei quando as férias serão pagas) porque, por causa dos dois meses de greve em agosto e setembro, em 2016 minhas férias não coincidiriam com as do maridão, o que nos impediria de viajar. Vamos ter que aproveitar qualquer feriado mais prolongado pra escapar juntos.
O trabalho vai bem, mas meu departamento de Letras Estrangeiras é o mais atarefado de toda a UFC, pelo que me disseram. Agora em 2016, assim como este ano, cada professor da unidade de Inglês dará 16 horas de aula, em média. É muito difícil dar tantas horas de aula e ainda pesquisar, publicar, orientar, oferecer curso de extensão, assumir postos de coordenação e representação, dar palestras, participar de reuniões etc etc etc.
Agora em março eu vou passar pela minha terceira progressão funcional e com certeza irei pra categoria de Adjunto IV. Não é difícil passar de uma classe pra outra (por exemplo, de Adj III pra IV). Sou representante do meu departamento no Conselho de Centro e passamos várias reuniões discutindo a pontuação que seria usada. Tipo: eu não gosto que o máximo de pontos que você pode ganhar pra palestras é um total de 240 para seis palestras. Eu dei 50 palestras entre 2014 e 2015, mas só seis contam. Enfim, tudo bem, só precisa de 700 pontos pra passar pra Adjunto IV, e eu calculo que terei mais que o dobro necessário.
Porém, entre 2016 e 2018, vou ter que me empenhar mais que o de sempre para assim passar de adjunto para associado, em março de 2018. E o principal é que terei que publicar muito mais. E isso precisa começar agora, já, em 2016.
Renovei meu projeto de pesquisa em análise de gênero através de cinema e literatura, porque não encontrei tempo de escrever o livro que queria. Portanto, nos quatro próximos semestres, vou abrir mais quatro cursos de extensão (vocês estão convidadxs!). Mas agora, em 2016, eu realmente gostaria de publicar um livro sobre aceitação do corpo. Vou ver se em fevereiro, mês em que não darei aula, dá pra organizar tudo e escrever. E aí encontrar uma editora.
Tudo isso só dará certo se eu passar muito menos tempo na internet e mais tempo na "vida real". Vou continuar com o blog, lógico, mas preciso me afastar ao máximo daqueles que estão nas redes sociais pra atacar, xingar, ameaçar. Não vou parar de combatê-los, só que... um pouco menos?
Hoje não é um bom dia pra escrever.
Fiquei arrasada com a notícia que li: ontem ao meio dia, Vitor, um menino indígena de 2 anos de idade, foi degolado em frente à rodoviária em Imbituba, SC (um estado que amo e conheço bem, pois morei lá quinze anos, antes de me mudar pra Fortaleza. Vítor estava ao lado dos pais. O suspeito, um ex-presidiário de 24 anos, foi capturado pela polícia e identificado pela mãe do menino e por dois taxistas.
Este site do Conselho Indigenista Missionário aponta que o suspeito pode ser neonazista. O Zero Hora diz que é um cara "incomodado com a presença dos índios". Ainda não se sabe muito, mas impressiona que a mídia ainda não esteja falando deste caso bárbaro. Tem que falar como se fosse o Galdino.
Algo tão hediondo tira todo meu eixo, minha perspectiva, minhas expectativas.
Não seria incrível se 2016 fosse um ano sem índios mortos, sem feminicídios, sem estupros, sem violência de qualquer tipo?
Depende (também) da gente.
Bom, pessoas queridas, uma ótima passagem de ano e vamos torcer pra começar 2016 com o pé esquerdo, que esquerda é melhor.