Minha querida leitora Fátima, de Laguna, mais ao sul de Santa Catarina (uma cidade que milagrosamente foi poupada das enchentes), me enviou hoje esta foto que ela tirou de uma coruja na praia. Linda, né? Eu amo corujas. Quando estive num sítio em SP, faz dois anos, vimos várias dessas corujas buraqueiras, embora nenhuma tão bonita quanto a da Fá. Essas corujas são minhas amigas inclusive por serem exímias caçadoras de ratos. Um dos motivos por eu ser tão apaixonada por essas aves é que elas são idênticas a minha gata Blanche, só que com penas. A cara de tédio, às vezes, ou de “você é muito burra mesmo, Lolinha”, é a mesma! Mas o maridão diz que as corujas só são parecidas com a Blanche quando ela está de mau humor. De todo modo, o que ele entende de corujas? Nada! Eu chutei que devem existir dezenas de espécies corujais; ele disse que só conhece duas. Abri a Wikipedia pra poder dar uma informação abalizada pra você, mas a primeira coisa que eles dizem é que a coruja é uma ave estrigiforme. E eles ainda andam pedindo doações! Uma enciclopédia que ofende assim minhas amiguinhas não verá um centavo meu!
domingo, 30 de novembro de 2008
MOMENTO FILME DE TERROR
Três semanas atrás... Terminei meu banho. Abri a porta do box. Peguei minha toalha. Fechei a porta do box. E passei a me secar. Nada fora da rotina. É como sempre faço. Mas daí que vejo, andando pelo lado de fora do box, um vulto enorme e escuro. Torço para que seja uma lagartixa. Mas minha esperança dura milésimos de segundo, porque imediatamente eu vejo antenas, patas, sei lá, essas coisas horrendas que caracterizam o mais medonho dos bichos: uma barata. Mas não era uma barata qualquer. Era uma barata gigante, daquelas da era metozóica. Uma anomalia da natureza. O pai, mãe e avó de todas as baratas. Eu grito desesperada. A Janet Leigh em Psicose quando é atacada pelo Anthony Perkins de peruca é fichinha perto de mim. Mas eu não entro totalmente em pânico. Lembro de chamar o maridão e, ainda, de pedir pra trazer o inseticida (já sabendo que não dá pra dar uma chinelada no box). Ele demora. A barata se mexe. Ora ela ameaça subir e entrar por cima (porque o box não vai até o teto; veja foto), ora de entrar pelo meio. Eu não paro de gritar um minuto. A barata se movimenta mais ainda por causa dos meus berros.
Quando o maridão finalmente chega, ele não vê a barata. Típico! Ele nunca vê a barata. Eu só ouço patafá-patafá porque ele vê a barata bem quando ela tá se preparando pra dar o bote nele. A barata foge; ele consegue pegá-la. É o meu herói. Só aí eu páro de gritar.
Essa foi a quarta barata a aparecer em casa nas últimas doze horas. É, eu disse a quarta. Estou em pânico. Lembram que eu contei que nos primeiros três meses apareceram apenas duas baratas? Pois é, a festa acabou. Nas últimas duas semanas tem aparecido quase que diarimente. Pode ser porque a validade daquelas iscas de mata-barata venceu. Eu não sei. Só sei que durmo muito mal. Ontem à noite, a última que apareceu (o maridão matou) estava na porta do nosso quarto, não sei se entrando ou saindo. Eu só fiquei balbuciando: quero dormir numa redoma de vidro, quero dormir numa redoma de vidro. Eu já bolei tudo. Seria uma redoma do tipo em que a Branca de Neve fica antes de ser acordada pelo Príncipe Encantado. Uma espécie de caixão, mas de vidro, com furinhos minúsculos por onde eu possa respirar mas por onde nenhum inseto possa entrar. Pode ser um pouco mais alta para que eu possa ler lá dentro. Pensei também que a redoma pudesse ter uns braços de cada lado, tipo astronauta, pra se eu precisar fazer algo com as mãos. Mas acho isso supérfluo. Também pensei por onde eu iria entrar e sair. A redoma se abre pra cima ou pelo lado? Discuti isso com o maridão, que perguntou quantas horas eu gastei pensando nisso e como ia a minha tese de doutorado. Ele acha que uma bolha de plástico, do tipo que o John Travolta usava, seria mais adequada. Ridículo.
Tá, a redoma resolve o problema de conseguir dormir com baratas por perto. Mas e no resto do tempo? Não posso andar com uma redoma em volta de mim. Pensei em andar com roupa de astronauta. Mas, no banho, sempre vou correr risco. Além do mais, alguma barata pode entrar na roupa enquanto eu não estiver vestindo-a. Isso pode ser solucionado tendo mais uma redoma só pra armazenar a roupa. Assim talvez eu esteja segura. O maridão diz: “Acho que você está subestimando as baratas”.
A gente brigou hoje, bem antes disso, porque ele foi um estúpido o dia inteiro, só reclamando de tudo. Mas nesses momentos difíceis não posso expressar o quanto ele é importante na minha vida. Eu até disse pra ele:
- São momentos assim que você mostra ter alguma utilidade e eu desisto de te expulsar de casa.
- Eu não me trataria assim se fosse você.
- As baratas me fazem manter você. E também a gatinha que nunca está por perto quando se precisa dela. A Blanche pediu pra eu ficar com você porque no fundo você é um cara legal. Palavras dela, não minhas.
- Engraçado. Quando eu falei pra ela de te expulsar de casa ela não fez nenhuma objeção.
- Ha! Você me expulsar de casa! Você e mais quem?
- Eu e mais duas baratas.
- Ah.
- A Blanchinha até pediu: “Posso assistir? Prometo não atrapalhar”.
Minha vida está muito complicada.
Quando o maridão finalmente chega, ele não vê a barata. Típico! Ele nunca vê a barata. Eu só ouço patafá-patafá porque ele vê a barata bem quando ela tá se preparando pra dar o bote nele. A barata foge; ele consegue pegá-la. É o meu herói. Só aí eu páro de gritar.
Essa foi a quarta barata a aparecer em casa nas últimas doze horas. É, eu disse a quarta. Estou em pânico. Lembram que eu contei que nos primeiros três meses apareceram apenas duas baratas? Pois é, a festa acabou. Nas últimas duas semanas tem aparecido quase que diarimente. Pode ser porque a validade daquelas iscas de mata-barata venceu. Eu não sei. Só sei que durmo muito mal. Ontem à noite, a última que apareceu (o maridão matou) estava na porta do nosso quarto, não sei se entrando ou saindo. Eu só fiquei balbuciando: quero dormir numa redoma de vidro, quero dormir numa redoma de vidro. Eu já bolei tudo. Seria uma redoma do tipo em que a Branca de Neve fica antes de ser acordada pelo Príncipe Encantado. Uma espécie de caixão, mas de vidro, com furinhos minúsculos por onde eu possa respirar mas por onde nenhum inseto possa entrar. Pode ser um pouco mais alta para que eu possa ler lá dentro. Pensei também que a redoma pudesse ter uns braços de cada lado, tipo astronauta, pra se eu precisar fazer algo com as mãos. Mas acho isso supérfluo. Também pensei por onde eu iria entrar e sair. A redoma se abre pra cima ou pelo lado? Discuti isso com o maridão, que perguntou quantas horas eu gastei pensando nisso e como ia a minha tese de doutorado. Ele acha que uma bolha de plástico, do tipo que o John Travolta usava, seria mais adequada. Ridículo.
Tá, a redoma resolve o problema de conseguir dormir com baratas por perto. Mas e no resto do tempo? Não posso andar com uma redoma em volta de mim. Pensei em andar com roupa de astronauta. Mas, no banho, sempre vou correr risco. Além do mais, alguma barata pode entrar na roupa enquanto eu não estiver vestindo-a. Isso pode ser solucionado tendo mais uma redoma só pra armazenar a roupa. Assim talvez eu esteja segura. O maridão diz: “Acho que você está subestimando as baratas”.
A gente brigou hoje, bem antes disso, porque ele foi um estúpido o dia inteiro, só reclamando de tudo. Mas nesses momentos difíceis não posso expressar o quanto ele é importante na minha vida. Eu até disse pra ele:
- São momentos assim que você mostra ter alguma utilidade e eu desisto de te expulsar de casa.
- Eu não me trataria assim se fosse você.
- As baratas me fazem manter você. E também a gatinha que nunca está por perto quando se precisa dela. A Blanche pediu pra eu ficar com você porque no fundo você é um cara legal. Palavras dela, não minhas.
- Engraçado. Quando eu falei pra ela de te expulsar de casa ela não fez nenhuma objeção.
- Ha! Você me expulsar de casa! Você e mais quem?
- Eu e mais duas baratas.
- Ah.
- A Blanchinha até pediu: “Posso assistir? Prometo não atrapalhar”.
Minha vida está muito complicada.
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VAMOS CULPAR A VÍTIMA? ENTÃO VAMOS
Pra quem insiste em não ler comentários, saiba o que você está perdendo. Uma das melhores respostas ao João, que disse que mulher deve ter vergonha na cara e não provocar os homens, veio de uma “leitora anônima lurker e de direita”. Só pra registrar seu comentário:
Se algum dia o sr. João for assaltado, Deus proíba que isso ocorra, claro, falo hipoteticamente, a culpa também será dele... Não estou tirando a culpa do ladrão, de modo algum... polícia nele. Mas por que o sr. João ousou ter algo que o ladrão queria? Deixou o ladrão ver que ele tinha aquilo? Eu acho essa a teoria mais perfeita: foi assaltado? Quem mandou provocar a ambição do ladrão? Foi estuprada? Quem mandou nascer gostosa? Foi morto por bala perdida? Quem mandou você passar por ali naquela hora? Tava achando que era alvo? O padeiro te roubou no troco? Por que diabos você não deu as moedinhas trocadas?
Não esperemos um comportamento decente do outro, isso é balela... o homem é um animal selvagem!
Isso me faz voltar a uma conclusão antiga, coitado do homem... ele é realmente muito inferior à mulher... tadinho, essa incapacidade de ver um rabo de saia de modo comportado, essa inabilidade em ser racional e controlar suas próprias necesssidades... que dó!
Se algum dia o sr. João for assaltado, Deus proíba que isso ocorra, claro, falo hipoteticamente, a culpa também será dele... Não estou tirando a culpa do ladrão, de modo algum... polícia nele. Mas por que o sr. João ousou ter algo que o ladrão queria? Deixou o ladrão ver que ele tinha aquilo? Eu acho essa a teoria mais perfeita: foi assaltado? Quem mandou provocar a ambição do ladrão? Foi estuprada? Quem mandou nascer gostosa? Foi morto por bala perdida? Quem mandou você passar por ali naquela hora? Tava achando que era alvo? O padeiro te roubou no troco? Por que diabos você não deu as moedinhas trocadas?
Não esperemos um comportamento decente do outro, isso é balela... o homem é um animal selvagem!
Isso me faz voltar a uma conclusão antiga, coitado do homem... ele é realmente muito inferior à mulher... tadinho, essa incapacidade de ver um rabo de saia de modo comportado, essa inabilidade em ser racional e controlar suas próprias necesssidades... que dó!
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sábado, 29 de novembro de 2008
UM EXEMPLO DO QUE ACONTECE NO PAÍS DIVIDIDO
Este fato que vou contar faz parte dos “culture wars” (guerras culturais). Agora que a era Bush chega ao fim, esses conflitos de valores vão se intensificar. Afinal, vocês não acham que os quase 50% que votam nos republicanos vão se conformar tão fácil com a derrota, né? Assim como os liberais não ficaram tão calados nesses últimos oito anos.
Os EUA realmente são um país dividido. Eu fico incrédula quando ouço o pessoal criticar Hugo Chávez e Evo Morales por “dividirem” seus países, sendo que a elite e a classe média na Venezuela e na Bolívia, respectivamente, são minúsculas (e como se Chávez e Evo não pudessem ser eleitos, apenas porque a elite seria contra!). “Dividido”, pra mim, é 50/50. Ou seja, os EUA.
Nesta quase-década bushenta, a mídia de direita cresceu muito. Uma das porta-vozes é a Ann Coulter, de quem já falei aqui e aqui. Especula-se sobre o que ela fará da vida agora. Continuará tendo destaque? É provável que sim. Por exemplo, a notícia mais quentinha vinda de lá é que a Fox News tirou o Colmes do Hannity & Colmes. Calma, deixem-me explicar, já que eu tampouco havia ouvido falar neles antes de viver nos EUA. Eles tinham um programa antigo, já com doze anos, em que um cara de extrema direita, o Sean Hannity, apresentava notícias e entrevistava convidados junto com um cara mais moderado, o Alan Colmes. Dos programas que vi deles, sempre achei o Colmes um fracote. Ele falava baixinho e não era incisivo, ao contrário do seu colega direitista (o cartoon ao lado mostra Hannity dizendo: "Reagan nos fez ter orgulho de sermos americanos de novo. Ele derrubou a União Soviética e abriu as portas da liberdade no leste europeu". E Colmes: "Reagan e eu gostamos de jujuba"). Mas digamos que, em se tratando da Fox, havia um mínimo de equilíbrio. Pois bem, o ibope do programa caiu, e o Colmes saiu do programa. Fica só o fanático de direita (porque, gente, se comparados aos conservadores americanos, os nossos conservadores do DEM e PSDB são quase sensatos. Eu disse quase).
Tá, mas vamos ao tópico deste post (eu demoro, mas chego lá). Acabaram de lançar um calendário 2009 com as “musas” da direita. Elas não estão nuas ou nada disso, já que a direita é contra a nudez. O tópico é “Pretty in Mink”. Lembra do filme Pretty in Pink, que aqui recebeu o título de A Garota de Rosa Shocking? Então, é um trocadilho entre pink e mink, aquele roedor cuti-cuti que vira casaco. A apresentação do calendário diz que a idéia foi mostrar essas mulheres em poses hollywoodianas, quando as atrizes eram mais femininas.
Bom, “fur is a political issue” (casacos de pele são um assunto político), não se pode negar. Em geral, principalmente nos EUA, quem é vegetariano ou vegan (que não consome nada que venha de animais, incluindo leite, ovos, couro) tá mais à esquerda. Quem defende se empaturrar de carne é quase sempre a mesma pessoa que acredita que os EUA merecem ser o maior império do mundo, ou seja, é um dever patriótico dirigir uma pick-up e gastar litros de gasolina, ao invés de andar de ônibus. É a mesma que crê que os animais foram colocados na Terra por Deus para nos servir, e que isso de crueldade contra animais é conversa pra boi dormir. É gente que adora caçar e acha que todo mundo deveria andar armado, pois é seu direito constitucional.
Pra cada estola (esfola?) de mink matam-se entre 35 e 65 bichinhos fofinhos e peludos (eu só vi um mink uma vez, de um amigo que tinha um como animal de estimação). Portanto, fazer um calendário incentivando o uso de casaco de pele equivale a uma provocação contra grupos de defesa dos animais, como o PETA. Os conservadores consideram o PETA - que joga tinta e farinha em cima de casacos de pele - um grupo terrorista. Mas essa história tem um lado econômico também, claro. Um casaco desses custa milhares de dólares. É só pra elite mesmo. Em tempos de crise, promover o uso de peles caríssimas é uma afirmação política maior ainda. É até imoral, se considerarmos que os responsáveis pela crise foram os banqueiros de Wall Street - e que eles receberam dinheiro do contribuinte para equilibrar suas contas. Um sistema muito justo, este capitalista.
Como você pode imaginar, as fotos não foram bem recebidas pelo pessoal mais liberal, que votou no Obama. Tipo, muita gente jura que a Ann Coulter é um travesti, e menciona o seu gogó. Outros só acham essas mulheres horrororas e dizem que nem três toneladas de pele podem deixá-las menos frígidas. Comentários bem machistas, mas alguns são divertidos. Um carinha escreve, citando Homer Simpson, “Eu não sou gay, mas posso aprender”. Outro diz: “Não tá um pouco tarde pra uma foto de Halloween?”. E mais um: “Este calendário será um ótimo instrumento pras aulas de Abstinência Sexual nas escolas”. Mas o meu preferido foi um que pergunta “Cadê a Eva Braun?”, referindo-se à Frau Hitler.
E aí, deu vontade de jogar farinha ou tinta?
Update: Sobre a intenção do calendário em transformar as estrelas do movimento conservador em figuras glamurosas da Hollywood clássica, o sempre engraçado Nate tem isso a dizer: "Mal posso esperar para ver a adorável Ann Coulter como Clark Gable em E o Vento Levou".
Os EUA realmente são um país dividido. Eu fico incrédula quando ouço o pessoal criticar Hugo Chávez e Evo Morales por “dividirem” seus países, sendo que a elite e a classe média na Venezuela e na Bolívia, respectivamente, são minúsculas (e como se Chávez e Evo não pudessem ser eleitos, apenas porque a elite seria contra!). “Dividido”, pra mim, é 50/50. Ou seja, os EUA.
Nesta quase-década bushenta, a mídia de direita cresceu muito. Uma das porta-vozes é a Ann Coulter, de quem já falei aqui e aqui. Especula-se sobre o que ela fará da vida agora. Continuará tendo destaque? É provável que sim. Por exemplo, a notícia mais quentinha vinda de lá é que a Fox News tirou o Colmes do Hannity & Colmes. Calma, deixem-me explicar, já que eu tampouco havia ouvido falar neles antes de viver nos EUA. Eles tinham um programa antigo, já com doze anos, em que um cara de extrema direita, o Sean Hannity, apresentava notícias e entrevistava convidados junto com um cara mais moderado, o Alan Colmes. Dos programas que vi deles, sempre achei o Colmes um fracote. Ele falava baixinho e não era incisivo, ao contrário do seu colega direitista (o cartoon ao lado mostra Hannity dizendo: "Reagan nos fez ter orgulho de sermos americanos de novo. Ele derrubou a União Soviética e abriu as portas da liberdade no leste europeu". E Colmes: "Reagan e eu gostamos de jujuba"). Mas digamos que, em se tratando da Fox, havia um mínimo de equilíbrio. Pois bem, o ibope do programa caiu, e o Colmes saiu do programa. Fica só o fanático de direita (porque, gente, se comparados aos conservadores americanos, os nossos conservadores do DEM e PSDB são quase sensatos. Eu disse quase).
Tá, mas vamos ao tópico deste post (eu demoro, mas chego lá). Acabaram de lançar um calendário 2009 com as “musas” da direita. Elas não estão nuas ou nada disso, já que a direita é contra a nudez. O tópico é “Pretty in Mink”. Lembra do filme Pretty in Pink, que aqui recebeu o título de A Garota de Rosa Shocking? Então, é um trocadilho entre pink e mink, aquele roedor cuti-cuti que vira casaco. A apresentação do calendário diz que a idéia foi mostrar essas mulheres em poses hollywoodianas, quando as atrizes eram mais femininas.
Bom, “fur is a political issue” (casacos de pele são um assunto político), não se pode negar. Em geral, principalmente nos EUA, quem é vegetariano ou vegan (que não consome nada que venha de animais, incluindo leite, ovos, couro) tá mais à esquerda. Quem defende se empaturrar de carne é quase sempre a mesma pessoa que acredita que os EUA merecem ser o maior império do mundo, ou seja, é um dever patriótico dirigir uma pick-up e gastar litros de gasolina, ao invés de andar de ônibus. É a mesma que crê que os animais foram colocados na Terra por Deus para nos servir, e que isso de crueldade contra animais é conversa pra boi dormir. É gente que adora caçar e acha que todo mundo deveria andar armado, pois é seu direito constitucional.
Pra cada estola (esfola?) de mink matam-se entre 35 e 65 bichinhos fofinhos e peludos (eu só vi um mink uma vez, de um amigo que tinha um como animal de estimação). Portanto, fazer um calendário incentivando o uso de casaco de pele equivale a uma provocação contra grupos de defesa dos animais, como o PETA. Os conservadores consideram o PETA - que joga tinta e farinha em cima de casacos de pele - um grupo terrorista. Mas essa história tem um lado econômico também, claro. Um casaco desses custa milhares de dólares. É só pra elite mesmo. Em tempos de crise, promover o uso de peles caríssimas é uma afirmação política maior ainda. É até imoral, se considerarmos que os responsáveis pela crise foram os banqueiros de Wall Street - e que eles receberam dinheiro do contribuinte para equilibrar suas contas. Um sistema muito justo, este capitalista.
Como você pode imaginar, as fotos não foram bem recebidas pelo pessoal mais liberal, que votou no Obama. Tipo, muita gente jura que a Ann Coulter é um travesti, e menciona o seu gogó. Outros só acham essas mulheres horrororas e dizem que nem três toneladas de pele podem deixá-las menos frígidas. Comentários bem machistas, mas alguns são divertidos. Um carinha escreve, citando Homer Simpson, “Eu não sou gay, mas posso aprender”. Outro diz: “Não tá um pouco tarde pra uma foto de Halloween?”. E mais um: “Este calendário será um ótimo instrumento pras aulas de Abstinência Sexual nas escolas”. Mas o meu preferido foi um que pergunta “Cadê a Eva Braun?”, referindo-se à Frau Hitler.
E aí, deu vontade de jogar farinha ou tinta?
Update: Sobre a intenção do calendário em transformar as estrelas do movimento conservador em figuras glamurosas da Hollywood clássica, o sempre engraçado Nate tem isso a dizer: "Mal posso esperar para ver a adorável Ann Coulter como Clark Gable em E o Vento Levou".
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sexta-feira, 28 de novembro de 2008
ARTE É COZIDA, VIDA É CRUA. A MINHA EU QUERO MAL-PASSADA
Faz um tempinho, li algo muito interessante que me deu o que pensar. Parece que, nos anos 90, uma feminista radical decidiu fazer uma performance numa livraria na Califórnia. Ela pegou uma cópia de Psicopata Americano, bestseller de Bret Easton Ellis, e passou a ler uma das passagens mais chocantes do livro.
Cabe aqui uma explicação. O romance, de 1991, vendeu muitas cópias e causou furor entre as feministas, que o acusaram de misógino. Ele descreve com detalhes vários tipos de torturas, mutilações genitais, enfim, todo tipo de violência contra prostitutas (que não são as únicas vítimas do protagonista; tem também os sem-teto e alguns colegas, mas sua preferência é mesmo por matar mulheres). Uma cena gráfica - vou te poupar dos detalhes - inclui um rato numa jaula próxima ao órgão genital feminino. É muito, muito horrível, e asqueroso. Felizmente, o filme, roteirizado e escrito por uma feminista, deixou este e outros trechos de fora. Agora, não há dúvida que o protagonista, um serial killer, odeia mulheres. Mas a trama é misógina? Bom, sempre há um componente de ódio contra as mulheres numa obra que descreve detalhadamente o que fazem os homens que odeiam as mulheres, né? Ao mesmo tempo, o livro deixa claro que Patrick Bateman é não apenas um assassino doente, mas também um idiota completo, inseguro e covarde. O problema é que todas as mulheres do livro são ora vítimas, ora moças fúteis. Pode-se dizer que todos os personagens do livro, independente do sexo, são estúpidos. Afinal, o romance é uma grande crítica satírica ao mundo dos yuppies, que tomaram conta dos anos 80. Esses young urban professionals eram ricos, consumistas ao extremo, muito vaidosos, e cheiravam cocaína adoidado (outro dia li um artigo que dizia que os yuppies venceram, pois hoje o ideal nos EUA é ser justamente um yuppie, só que com outro nome, talvez metrossexual?). Enfim, um dos personagens mais angustiantes é a secretária de Patrick, que ele ignora ou maltrata, e ainda assim ela continua apaixonada por ele. Acho que ela e as descrições de violência fizeram que o livro entrasse na mira das feministas. Eu, particularmente, acho um excelente documento de uma época, e o filme com Christian Bale no papel principal até que lhe faz justiça.
Mas, voltando à performance da feminista radical numa livraria, imagine a cena: ela lia, em voz alta, trechos horrendos do livro. Alguém chamou a polícia e ela foi presa. Não soa estranho pra você?
Vejamos: o livro não sofreu nenhum tipo de censura. A feminista não estava inventando nada de novo, apenas lendo diretamente do romance. Ela estava fazendo uma performance, assim como escrever é uma performance. Viver é uma performance. “Atuamos” de maneira diferente de acordo com o nosso público. Não somos iguais com os nossos pais ao que somos com nossos amigos. E mesmo entre os amigos somos diferentes. Dependendo da amizade, com alguns somos mais abertos, com outros, mais fechados. Yu-Fu Tuan aponta que as crianças “caem” (como teme o Apanhador no Campo de Centeio) da inocência para a cultura, e nessa cultura encontram uma vida de performance. Segundo ele, nós adultos estamos fazendo performance até quando vamos ao banheiro, pois nos recordamos do aplauso ou da reprimenda que recebíamos quando começamos a largar as fraldas (e lembre-se que adotamos o termo performance até para avaliar performance sexual e linguística). Para muitos dos analistas de performance (sim, existe um campo imenso só disso), atuamos o tempo inteiro. Somos atores dentro de um cenário, a cultura. Richard Schechner, um dos principais teoristas, ainda arrisca que “a arte é cozida e a vida é crua”. Mas, no máximo, o que fazemos na vida, no nosso dia a dia, é uma performance crua. Na arte, elaboramos melhor.
Bom, só isso já rendeu e continua rendendo dezenas de livros, mas, voltando mais uma vez à feminista radical, ó dificuldade de ir direto ao ponto!, perceba que não estou julgando nada. Sou contra a censura. Não acho que o livro mereça ser censurado, mas tampouco concordo que a feminista deveria ter sido presa. Cadê a liberdade de expressão? Ela estava reclamando contra uma obra que considerava misógina. Ao ler trechos do livro, tentava alertar os consumidores. Por que ler as palavras em voz alta seria mais chocante que lê-las silenciosamente, na página? Ambos - ler e ouvir - são atos passivos, embora incluam interpretação e recepção, que não têm nada de passivos. Mas digamos que são técnicas mais passivas que falar e escrever. Será que as palavras de Bret Easton Ellis ganhavam mais vida ao serem ditas do que lidas? Seriam mais aterrorizantes? Incomodariam mais gente?
Ok, a gente não sabe a história inteira. Vai ver que a feminista estava fazendo um escândalo. Vai que havia crianças ouvindo aquelas atrocidades. Vai que o pessoal confunde livraria com biblioteca e pede silêncio absoluto. Mas isso tudo me fez pensar sobre o poder da palavra. Mais de 75% dos filmes made in USA não são roteiros originais, mas adaptados de outras fontes, geralmente de livros (e, no verão, de revistas em quadrinhos). É indiscutível que os filmes têm muito mais alcance que os livros. Claro que o filme é apenas uma interpretação entre infinitas possibilidades de interpretações. A feminista radical, com sua voz, sua entonação, seus gestos, estava oferecendo a sua interpretação de Psicopata Americano. Mary Harron, em 2000, ofereceu outra.
Opa, não sei se você notou, mas me perdi. Não sei onde quero chegar. Por favor, chegue a umas conclusões por mim. Na vã tentativa de encontrar alguma, fui ao jardim arejar minha cabecinha já de vento e vi de onde estava vindo a barulheira que venho ouvindo. É algum vizinho tocando pagode com amigos, eles mesmos produzindo a música (medonha, por sinal). Se a mesma música no mesmo volume viesse de um cd-player, eu estaria revoltada. Mas por quê? Não são ambas performances? Por que uma me irrita menos que a outra? Pra qual eu chamo a polícia?
Minha arte é tão crua, às vezes.Lolinha, esqueça os vizinhos. Guarde seu machado.
Cabe aqui uma explicação. O romance, de 1991, vendeu muitas cópias e causou furor entre as feministas, que o acusaram de misógino. Ele descreve com detalhes vários tipos de torturas, mutilações genitais, enfim, todo tipo de violência contra prostitutas (que não são as únicas vítimas do protagonista; tem também os sem-teto e alguns colegas, mas sua preferência é mesmo por matar mulheres). Uma cena gráfica - vou te poupar dos detalhes - inclui um rato numa jaula próxima ao órgão genital feminino. É muito, muito horrível, e asqueroso. Felizmente, o filme, roteirizado e escrito por uma feminista, deixou este e outros trechos de fora. Agora, não há dúvida que o protagonista, um serial killer, odeia mulheres. Mas a trama é misógina? Bom, sempre há um componente de ódio contra as mulheres numa obra que descreve detalhadamente o que fazem os homens que odeiam as mulheres, né? Ao mesmo tempo, o livro deixa claro que Patrick Bateman é não apenas um assassino doente, mas também um idiota completo, inseguro e covarde. O problema é que todas as mulheres do livro são ora vítimas, ora moças fúteis. Pode-se dizer que todos os personagens do livro, independente do sexo, são estúpidos. Afinal, o romance é uma grande crítica satírica ao mundo dos yuppies, que tomaram conta dos anos 80. Esses young urban professionals eram ricos, consumistas ao extremo, muito vaidosos, e cheiravam cocaína adoidado (outro dia li um artigo que dizia que os yuppies venceram, pois hoje o ideal nos EUA é ser justamente um yuppie, só que com outro nome, talvez metrossexual?). Enfim, um dos personagens mais angustiantes é a secretária de Patrick, que ele ignora ou maltrata, e ainda assim ela continua apaixonada por ele. Acho que ela e as descrições de violência fizeram que o livro entrasse na mira das feministas. Eu, particularmente, acho um excelente documento de uma época, e o filme com Christian Bale no papel principal até que lhe faz justiça.
Mas, voltando à performance da feminista radical numa livraria, imagine a cena: ela lia, em voz alta, trechos horrendos do livro. Alguém chamou a polícia e ela foi presa. Não soa estranho pra você?
Vejamos: o livro não sofreu nenhum tipo de censura. A feminista não estava inventando nada de novo, apenas lendo diretamente do romance. Ela estava fazendo uma performance, assim como escrever é uma performance. Viver é uma performance. “Atuamos” de maneira diferente de acordo com o nosso público. Não somos iguais com os nossos pais ao que somos com nossos amigos. E mesmo entre os amigos somos diferentes. Dependendo da amizade, com alguns somos mais abertos, com outros, mais fechados. Yu-Fu Tuan aponta que as crianças “caem” (como teme o Apanhador no Campo de Centeio) da inocência para a cultura, e nessa cultura encontram uma vida de performance. Segundo ele, nós adultos estamos fazendo performance até quando vamos ao banheiro, pois nos recordamos do aplauso ou da reprimenda que recebíamos quando começamos a largar as fraldas (e lembre-se que adotamos o termo performance até para avaliar performance sexual e linguística). Para muitos dos analistas de performance (sim, existe um campo imenso só disso), atuamos o tempo inteiro. Somos atores dentro de um cenário, a cultura. Richard Schechner, um dos principais teoristas, ainda arrisca que “a arte é cozida e a vida é crua”. Mas, no máximo, o que fazemos na vida, no nosso dia a dia, é uma performance crua. Na arte, elaboramos melhor.
Bom, só isso já rendeu e continua rendendo dezenas de livros, mas, voltando mais uma vez à feminista radical, ó dificuldade de ir direto ao ponto!, perceba que não estou julgando nada. Sou contra a censura. Não acho que o livro mereça ser censurado, mas tampouco concordo que a feminista deveria ter sido presa. Cadê a liberdade de expressão? Ela estava reclamando contra uma obra que considerava misógina. Ao ler trechos do livro, tentava alertar os consumidores. Por que ler as palavras em voz alta seria mais chocante que lê-las silenciosamente, na página? Ambos - ler e ouvir - são atos passivos, embora incluam interpretação e recepção, que não têm nada de passivos. Mas digamos que são técnicas mais passivas que falar e escrever. Será que as palavras de Bret Easton Ellis ganhavam mais vida ao serem ditas do que lidas? Seriam mais aterrorizantes? Incomodariam mais gente?
Ok, a gente não sabe a história inteira. Vai ver que a feminista estava fazendo um escândalo. Vai que havia crianças ouvindo aquelas atrocidades. Vai que o pessoal confunde livraria com biblioteca e pede silêncio absoluto. Mas isso tudo me fez pensar sobre o poder da palavra. Mais de 75% dos filmes made in USA não são roteiros originais, mas adaptados de outras fontes, geralmente de livros (e, no verão, de revistas em quadrinhos). É indiscutível que os filmes têm muito mais alcance que os livros. Claro que o filme é apenas uma interpretação entre infinitas possibilidades de interpretações. A feminista radical, com sua voz, sua entonação, seus gestos, estava oferecendo a sua interpretação de Psicopata Americano. Mary Harron, em 2000, ofereceu outra.
Opa, não sei se você notou, mas me perdi. Não sei onde quero chegar. Por favor, chegue a umas conclusões por mim. Na vã tentativa de encontrar alguma, fui ao jardim arejar minha cabecinha já de vento e vi de onde estava vindo a barulheira que venho ouvindo. É algum vizinho tocando pagode com amigos, eles mesmos produzindo a música (medonha, por sinal). Se a mesma música no mesmo volume viesse de um cd-player, eu estaria revoltada. Mas por quê? Não são ambas performances? Por que uma me irrita menos que a outra? Pra qual eu chamo a polícia?
Minha arte é tão crua, às vezes.Lolinha, esqueça os vizinhos. Guarde seu machado.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008
CEM MIL VISITAS! PRA COMEMORAR, VOU COMER CHOCOLATE ATÉ CAIR
Tcharan! Chegamos às cem mil visitas, e posso dizer que o mais difícil de todo o processo foi tirar essa foto aí de cima! Obviamente que não sou fotogênica, mas o maridão consegue me deixar menos ainda. Teve um momento na sessão de fotos que ele perguntou: “Você vai fazer essa cara de marginal?”. E só aí que eu me toquei que estou igualzinho um presidiário segurando sua ficha criminal. Depois de umas dez fotos, eu olhei feio pro maridão, joguei minha folha de papel no chão, e disse: “Pronto, cansei!”. Ao que ele replicou: “Você e a Luana Piovani podiam dar a mão e sair por aí”.
Sem falar que vocês podem ver pela letra no papel que estou segurando que vocês têm muita sorte do blog ser digitado, e não manuscrito. Minha letra fica pior a cada dia que passa. E eu tô desenvolvendo um tipo de dislexia que não tinha antes: eu pulo letras! Faço isso no computador também, mas aqui é fácil corrigir. Tipo, eu quero escrever Lola, mas como meu cérebro é the flash, realmente muito, muito rápido, um espanto da ciência, eu escrevo Lla. Minha mente brilhante já pulou o O, sabe? Vai ser lindo quando eu prestar algum concurso e precisar escrever quinze páginas... à mão!
Bom, gente, muito obrigada por todas essas visitas. Eu só esperava que o bloguinho chegasse aos cem mil no final do ano, mas agora em novembro deu uma boa acelerada - vai ultrapassar as 20 mil num mês! Sinal que vocês seguiram meus conselhos de parar com essas frescuras de dormir e descansar nos finais de semana. Mas ainda devo dizer que sábados e domingos a frequência cai quase pela metade. E tenho observado pelos gráficos que quatro horas da manhã é um péssimo horário pra mim. Por exemplo, nesta última semana às quatro da matina eu tive apenas 16 visitas. Comparem esse número pífio com as 411 visitas do melhor horário, às 14 horas! (na realidade, acho que o computador está meio desequilibrado e não posso atestar que 14 horas seja realmente 14, ou 12, ou 16). Mesmo assim, isso me leva a perguntar: o que vocês estão fazendo às quatro da manhã que não estão no bloguinho, gente?! Como é que pode?
Estou adorando fazer o blog desde que comecei, no final de janeiro. E meu único arrependimento é não ter começado antes, uns sete anos antes, que é quando comecei a colaborar com minhas crônicas de cinema no Lost Art. Mas enfim, passado é passado, e desde janeiro tenho me divertido pra valer aqui no blog. Minhas comentaristas são maravilhosas(os) e eu amo até as(os) lurkers, dessas que me lêem, sugam a minha divina sabedoria, e não deixam nem um oizinho. Mas sei que, em todos os blogs, são sempre poucos que comentam. E vocês podem ver que cada post aqui tá com uma média (eu chutei) de 30 comentários. Tem muito blog ultra mega baita popular que não tem isso! E claro que o que conta é qualidade, não quantidade, e ouso dizer que nisso minhas queridas comentaristas são imbatíveis.
Enfim, estou hiper feliz com o bloguinho e com todas(os) vocês, e só quem anda meio jururu é a minha tese de doutorado, sabem como é. Mas ela também tá indo. Agora faltam apenas dois capítulos, o seis e o sete, e aí é só reescrever tudinho e corrigir, o que é baba perto de produzir o primeiro rascunho. O problema é que tenho que entregar o capítulo seis no começo da semana que vem (já com atraso), e o último até meados de dezembro. E aí, férias! Ler qualquer besteira que eu quiser! Ver montes de filme trash! Escrever post todo dia aqui pro bloguinho! Responder todos os comentários! Opa, pensando bem, eu venho fazendo isso há dez meses... Valeu mesmo, pessoal! E nas sábias palavras da Sally Field ao receber seu segundo Oscar, “You like me! You really like me!”. E eu like you too, viram? Muitão!A pedidos. A Andrea pediu, e outras leitoras(es) podem ter essa curiosidade mórbida de ver a evolução do blog. Bom, evolução no sentido do número de visitas, já que a autora e certos leitores deste bloguinho continuam os mesmos neandertais de sempre. Pois, no gráfico aí embaixo vocês podem ver (clique para ampliar) que houve um crescimento constante, exceto em agosto e setembro, quando o número de visitas caiu pra 10 mil no mês. Eu não sei o que aconteceu, apenas que o Google parou de enviar leitores pro meu blog através dos instrumentos de busca. Quer dizer, ele deve ter colocado o meu bloguinho na página 394 das buscas, e só desocupados completos chegam lá. Não entendo por que o Google fez isso comigo. E não é que eu sinta muita falta das visitas que vêm pelo Google Search (afinal, posso viver sem saber que existe gente procurando “vaginas de extraterrestres no cio”). É só que, talvez, uns 5% dos que vêm pelo Google talvez gostem daqui e virem leitores frequentes. Pode acontecer. A propósito, pras leitoras(as) antigas que andam sentindo falta da minha seção de buscas bárbaras que vêm pelo Google, ela vai voltar. Em breve.Se você não estava aqui na época, ou quer relembrar, porque relembrar é viver,veja como comemoramos as marcas passadas: mil visitas, dez mil visitas, quinze mil visitas, 25 mil visitas, e 50 mil visitas.
Bom, gente, muito obrigada por todas essas visitas. Eu só esperava que o bloguinho chegasse aos cem mil no final do ano, mas agora em novembro deu uma boa acelerada - vai ultrapassar as 20 mil num mês! Sinal que vocês seguiram meus conselhos de parar com essas frescuras de dormir e descansar nos finais de semana. Mas ainda devo dizer que sábados e domingos a frequência cai quase pela metade. E tenho observado pelos gráficos que quatro horas da manhã é um péssimo horário pra mim. Por exemplo, nesta última semana às quatro da matina eu tive apenas 16 visitas. Comparem esse número pífio com as 411 visitas do melhor horário, às 14 horas! (na realidade, acho que o computador está meio desequilibrado e não posso atestar que 14 horas seja realmente 14, ou 12, ou 16). Mesmo assim, isso me leva a perguntar: o que vocês estão fazendo às quatro da manhã que não estão no bloguinho, gente?! Como é que pode?
Estou adorando fazer o blog desde que comecei, no final de janeiro. E meu único arrependimento é não ter começado antes, uns sete anos antes, que é quando comecei a colaborar com minhas crônicas de cinema no Lost Art. Mas enfim, passado é passado, e desde janeiro tenho me divertido pra valer aqui no blog. Minhas comentaristas são maravilhosas(os) e eu amo até as(os) lurkers, dessas que me lêem, sugam a minha divina sabedoria, e não deixam nem um oizinho. Mas sei que, em todos os blogs, são sempre poucos que comentam. E vocês podem ver que cada post aqui tá com uma média (eu chutei) de 30 comentários. Tem muito blog ultra mega baita popular que não tem isso! E claro que o que conta é qualidade, não quantidade, e ouso dizer que nisso minhas queridas comentaristas são imbatíveis.
Enfim, estou hiper feliz com o bloguinho e com todas(os) vocês, e só quem anda meio jururu é a minha tese de doutorado, sabem como é. Mas ela também tá indo. Agora faltam apenas dois capítulos, o seis e o sete, e aí é só reescrever tudinho e corrigir, o que é baba perto de produzir o primeiro rascunho. O problema é que tenho que entregar o capítulo seis no começo da semana que vem (já com atraso), e o último até meados de dezembro. E aí, férias! Ler qualquer besteira que eu quiser! Ver montes de filme trash! Escrever post todo dia aqui pro bloguinho! Responder todos os comentários! Opa, pensando bem, eu venho fazendo isso há dez meses... Valeu mesmo, pessoal! E nas sábias palavras da Sally Field ao receber seu segundo Oscar, “You like me! You really like me!”. E eu like you too, viram? Muitão!A pedidos. A Andrea pediu, e outras leitoras(es) podem ter essa curiosidade mórbida de ver a evolução do blog. Bom, evolução no sentido do número de visitas, já que a autora e certos leitores deste bloguinho continuam os mesmos neandertais de sempre. Pois, no gráfico aí embaixo vocês podem ver (clique para ampliar) que houve um crescimento constante, exceto em agosto e setembro, quando o número de visitas caiu pra 10 mil no mês. Eu não sei o que aconteceu, apenas que o Google parou de enviar leitores pro meu blog através dos instrumentos de busca. Quer dizer, ele deve ter colocado o meu bloguinho na página 394 das buscas, e só desocupados completos chegam lá. Não entendo por que o Google fez isso comigo. E não é que eu sinta muita falta das visitas que vêm pelo Google Search (afinal, posso viver sem saber que existe gente procurando “vaginas de extraterrestres no cio”). É só que, talvez, uns 5% dos que vêm pelo Google talvez gostem daqui e virem leitores frequentes. Pode acontecer. A propósito, pras leitoras(as) antigas que andam sentindo falta da minha seção de buscas bárbaras que vêm pelo Google, ela vai voltar. Em breve.Se você não estava aqui na época, ou quer relembrar, porque relembrar é viver,veja como comemoramos as marcas passadas: mil visitas, dez mil visitas, quinze mil visitas, 25 mil visitas, e 50 mil visitas.
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“A SOCIEDADE É A ÚLTIMA A SE BENEFICIAR DO JORNALISMO”
O título deste guest post é a opinião da Marjorie, que além de ter um ótimo blog, é jornalista numa grande empresa de notícias.
Quando entrei na empresa jornalística em que trabalho, quase me fizeram fazer voto de silêncio! Já na entrevista de emprego, foram logo me perguntando se eu tinha blog, se ia falar da empresa nele... Não larguei meu blog (nem largaria, ora!) mas evito escrever especificamente sobre a XXX pra não me demitirem (isso também daria um post sobre as censuras que a gente tem de enfrentar no dia a dia).
Mas tem muita coisa que a gente vê lá que é regra, que acontece em todas as redações. Essa de negligenciar as pautas de lugares "pequenos" é um costume. "Quem se importa com esse fim de mundo?", é o que se ouve. O sofrimento de uma família rica tem de ser preservado, já o da pobre pode ser escancarado. O caso Eloá é um bom exemplo: no começo do ano, sequestraram o filho do Maurício de Sousa e ninguém publicou uma palavra (sob ordens da polícia), para não prejudicar as investigações. Só noticiaram quando o menino foi solto. Agora, um sequestro na periferia é noticiado na hora e com destaque, falam com o sequestrador, não tão nem aí... E uma coisa que todo mundo aprende no primeiro ano da faculdade (qualquer faculdade!) é que não se noticia suicídio, sequestro (a não ser que a polícia julgue que isso vai ajudar), nem se revela nome de vítima de estupro. Mas parece que tudo o que a gente vê na faculdade não acontece no mundo real.
Outro costume é considerar pessoas como meros números. Quando morrem dois soldados americanos no Iraque, é notícia. Quando morrem 20 civis iraquianos (ou iranianos, indianos, cambojanos, etc etc), o pessoal fala "ah, acho que não vale noticiar isso... É pouco. Vamos esperar morrerem mais". Sim, desse jeito. O triste é que sempre morrem mais mesmo. Eles podem dizer que é uma questão de padrão, que nesses países sempre morre muita gente todo dia, mas você vê que as vítimas desses países não são tratadas de forma tão humanizada quanto as outras. Um soldado americano morto tem nome e sobrenome, idade, às vezes até nome da mãe e do pai. Iraquianos são apenas números.
O critério editorial aqui é: "essa notícia tem impacto no mercado financeiro? Se não, não precisa". Quando tava tendo genocídio no Zimbábue, o chefe daqui veio e disse: "vocês está dando notícia demais sobre o Zimbábue. Nossos clientes estão reclamando. Eles não investem lá". Então, eu não me iludo. Trabalho porque preciso, mas se pudesse não colaboraria com esse sistema. Tenho consciência de que, além do mercado, quem mais se beneficia do meu trabalho é o dono da empresa em que trabalho, que lucrou 17 bilhões de dólares no ano passado (enquanto os funcionários se acham super classe alta por ganhar 2 mil reais). A sociedade é a última a se beneficiar do jornalismo.
Acho que essa é a grande decepção de todo estudante - que a sociedade não se beneficia do jornalismo. Todo calouro de jornalismo diz que escolheu a profissão por sua função social. Quando a gente começa a trabalhar, vê que a função do jornalismo é manter o status quo. Ninguém na redação está pensando no leitor ao escrever ou bolar pautas. Quando trabalhava em revista, que é muito dependente de anunciante, as pautas eram pensadas de acordo com o tipo de anunciante que podiam trazer. Quando se faz uma matéria com um ranking sobre as melhores escolas de SP, o objetivo não é ajudar o leitor a dar uma boa formação pro filho, mas ver quantos daqueles colégios vão querer anunciar na revista. Pode reparar. Os anúncios sempre "combinam" com as matérias que tem nas revistas. Enfim, o jornalista escreve pensando em muita gente, antes de pensar na sociedade. Está pensando no chefe, no anunciante, no investidor... O público é o último da cadeia. Aliás, tem um blog muito legal sobre como os jornalistas agem em relação aos leitores.
Outro mito: que jornalistas são modernos, descolados, cabeça aberta... Nunca ouvi tantas declarações preconceituosas e conservadoras quanto nas redações. Mais um mito: jornalista tem de ser criativo. Tem nada. Toda criatividade é tolhida. Os editores se irritam com qualquer idéia fora do padrão "o que aconteceu, onde e com quem", o chamado lide. Por isso os textos no jornal são todos iguais, não têm alma...
Por essas e outras, estou considerando mudar de profissão. Vou terminar a faculdade porque já está acabando, mas não pretendo ser jornalista pro resto da vida. Fora que as condições de trabalho são péssimas. Jornalista ganha MUITO mal (o salário "piso" da Folha de S. Paulo é 1200 reais e a jornada não é nem full time, é full life!), tem de passar por vários perrengues (que se eu fosse citar, o comentário ficaria enorme), e vive sob pressão. Desse jeito, fica difícil produzir matérias de qualidade mesmo...
Leia outros guest posts: Cavaca explica como são as gorjetas em Portugal e narra alguns "causos", Cris diz como escapou da morte quando foi anoréxica, Patricia ri da cara das dietas, Vitor fala como foi ser garçom num hotel de celebridades no Havaí, Tina aponta o desrespeito, e Taia conta sua história de horror. Se quiser participar, este é um blog democrático, aberto a outras experiências.
Mas tem muita coisa que a gente vê lá que é regra, que acontece em todas as redações. Essa de negligenciar as pautas de lugares "pequenos" é um costume. "Quem se importa com esse fim de mundo?", é o que se ouve. O sofrimento de uma família rica tem de ser preservado, já o da pobre pode ser escancarado. O caso Eloá é um bom exemplo: no começo do ano, sequestraram o filho do Maurício de Sousa e ninguém publicou uma palavra (sob ordens da polícia), para não prejudicar as investigações. Só noticiaram quando o menino foi solto. Agora, um sequestro na periferia é noticiado na hora e com destaque, falam com o sequestrador, não tão nem aí... E uma coisa que todo mundo aprende no primeiro ano da faculdade (qualquer faculdade!) é que não se noticia suicídio, sequestro (a não ser que a polícia julgue que isso vai ajudar), nem se revela nome de vítima de estupro. Mas parece que tudo o que a gente vê na faculdade não acontece no mundo real.
Outro costume é considerar pessoas como meros números. Quando morrem dois soldados americanos no Iraque, é notícia. Quando morrem 20 civis iraquianos (ou iranianos, indianos, cambojanos, etc etc), o pessoal fala "ah, acho que não vale noticiar isso... É pouco. Vamos esperar morrerem mais". Sim, desse jeito. O triste é que sempre morrem mais mesmo. Eles podem dizer que é uma questão de padrão, que nesses países sempre morre muita gente todo dia, mas você vê que as vítimas desses países não são tratadas de forma tão humanizada quanto as outras. Um soldado americano morto tem nome e sobrenome, idade, às vezes até nome da mãe e do pai. Iraquianos são apenas números.
O critério editorial aqui é: "essa notícia tem impacto no mercado financeiro? Se não, não precisa". Quando tava tendo genocídio no Zimbábue, o chefe daqui veio e disse: "vocês está dando notícia demais sobre o Zimbábue. Nossos clientes estão reclamando. Eles não investem lá". Então, eu não me iludo. Trabalho porque preciso, mas se pudesse não colaboraria com esse sistema. Tenho consciência de que, além do mercado, quem mais se beneficia do meu trabalho é o dono da empresa em que trabalho, que lucrou 17 bilhões de dólares no ano passado (enquanto os funcionários se acham super classe alta por ganhar 2 mil reais). A sociedade é a última a se beneficiar do jornalismo.
Acho que essa é a grande decepção de todo estudante - que a sociedade não se beneficia do jornalismo. Todo calouro de jornalismo diz que escolheu a profissão por sua função social. Quando a gente começa a trabalhar, vê que a função do jornalismo é manter o status quo. Ninguém na redação está pensando no leitor ao escrever ou bolar pautas. Quando trabalhava em revista, que é muito dependente de anunciante, as pautas eram pensadas de acordo com o tipo de anunciante que podiam trazer. Quando se faz uma matéria com um ranking sobre as melhores escolas de SP, o objetivo não é ajudar o leitor a dar uma boa formação pro filho, mas ver quantos daqueles colégios vão querer anunciar na revista. Pode reparar. Os anúncios sempre "combinam" com as matérias que tem nas revistas. Enfim, o jornalista escreve pensando em muita gente, antes de pensar na sociedade. Está pensando no chefe, no anunciante, no investidor... O público é o último da cadeia. Aliás, tem um blog muito legal sobre como os jornalistas agem em relação aos leitores.
Outro mito: que jornalistas são modernos, descolados, cabeça aberta... Nunca ouvi tantas declarações preconceituosas e conservadoras quanto nas redações. Mais um mito: jornalista tem de ser criativo. Tem nada. Toda criatividade é tolhida. Os editores se irritam com qualquer idéia fora do padrão "o que aconteceu, onde e com quem", o chamado lide. Por isso os textos no jornal são todos iguais, não têm alma...
Por essas e outras, estou considerando mudar de profissão. Vou terminar a faculdade porque já está acabando, mas não pretendo ser jornalista pro resto da vida. Fora que as condições de trabalho são péssimas. Jornalista ganha MUITO mal (o salário "piso" da Folha de S. Paulo é 1200 reais e a jornada não é nem full time, é full life!), tem de passar por vários perrengues (que se eu fosse citar, o comentário ficaria enorme), e vive sob pressão. Desse jeito, fica difícil produzir matérias de qualidade mesmo...
Leia outros guest posts: Cavaca explica como são as gorjetas em Portugal e narra alguns "causos", Cris diz como escapou da morte quando foi anoréxica, Patricia ri da cara das dietas, Vitor fala como foi ser garçom num hotel de celebridades no Havaí, Tina aponta o desrespeito, e Taia conta sua história de horror. Se quiser participar, este é um blog democrático, aberto a outras experiências.
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008
MULHERES, TENHAM VERGONHA NA CARA!
Escrevi pedindo que os homens assinassem o documento pedindo o fim da violência contra a mulher. Este comentário do João, meu leitor assumidamente de direita, mereceu um post:
E se você também pedisse que as mulheres se portassem mais condignamente? Nada justifica a violência contra as mulheres, mas eu acho que grande parte das mulheres se ajudariam, não aumentando as chances dessa violência acontecer se não abusassem do seu enorme poder de sedução agindo como depravadas. Repito que nada justifica a violência, mas agir com dignidade diminui a chance de muita violência acontecer. Você acha que a postura da mulher na televisão, nas revistas masculinas, ou mesmo nas ruas, ajuda a aumentar o respeito pelas mulheres? Não são todas, mas as mulheres que se portam como devassas fazem com que todas paguem o pato. Você pode dizer “ah, as mulheres podem agir como quiserem e os homens que se controlem”, mas nós todos sabemos que isso na realidade não acontece, então seria melhor a mulher se dar ao respeito para ter respeito. No que tange aos homens que mesmo assim usarem de violência contra as mulheres, a solução é policia, cadeia, etc. Em suma: peça o fim da violência, mas peça, também, mais vergonha na cara!
João Neto, you're back! E já volta com um comentário totalmente lamentável! Por favor, leia os comentários no meu post da semana passada. Veja o post da Patricia contando suas história de horror. Veja esse caso da moça estuprada por nove homens num churrasco. E me diga francamente se elas se portaram sem dignidade ou “abusaram do seu poder de sedução”. Puxa, agora que você falou... É verdade, nós fomos logo nascer com vagina e seios! Desse jeito, não tem homem que resista!
O problema não está conosco, João. O problema é de quem ataca, não de quem é atacada. É tão difícil assim entender? Mais de 90% das mulheres já sofreram algum tipo de humilhação ou ataque sexual. Todo o sexo feminino, portanto, não tem vergonha na cara? E o sexo que “não consegue se controlar”, este sim é digno de respeito? E só porque “é assim que acontece” quer dizer que tenhamos que aceitar a violência contra nós até o final dos tempos?
Citando alguns exemplos das minhas leitores, todas, como eu, devassas e sem vergonha, e portanto plenamente merecedoras das agressões que sofremos, talvez exista sim algo que possa ser feito pra diminuir a violência contra a mulher (além de, claro, os homens se conscientizarem que não vivemos mais na pré-história, quando existiam caçadores e presas). Acho que é nós, mulheres, reagirmos. Não levar desaforo pra casa. Assim que qualquer tipo de abuso começar, botar a boca no trombone. Um homem senta-se do nosso lado pra se masturbar no cinema? Nada de esperar quietinha que o cara ejacule na sua perna, como mais de uma leitora já relatou. Nada de ficar encabulada e trocar de lugar. Chega de tornar a vida deles tão fácil. Vamos fazer como a amiga de uma leitora, que ficou de pé e gritou: “Vá bater punheta em outro lugar, tio!”. Humilhado, o tarado foi embora. Mas, se não for, chame o gerente. Faça um escândalo. A gente tem todo o direito de ir ao cinema sem que um idiota se masturbe do nosso lado.
Um cara passou a mão em você na rua? Xingue, xingue mesmo. Se tiver alguém por perto, denuncie o escrotossauro. Sei que é perigoso, porque esses homens sentem-se no direito de dizerem o que querem. Mas não podemos continuar com a nossa passividade exemplar.
Um homem te importuna no ônibus? Dê uma bela bronca. Passe sermão mesmo, e bem alto, pros outros ouvirem. E aí exija pra que ele troque de lugar. Isso se não quiser parar o ônibus, falar com o motorista, e pedir pra que o passageiro se retire. Ele é que tem de trocar de lugar, não você. Você não fez nada.
Um nojento passa em um carro em alta velocidade e joga uma camisinha usada em cima de você? Anote a placa do carro. E vá à polícia. A gente tem o direito de andar na rua sem ser vista como lata de lixo.
Você pega carona e o sujeito te ataca? Ainda que você consiga se desvencilhar, anote a placa e denuncie. Ele vai fazer isso com outras.
Alguém chega perto demais de você quando você ainda é criança? Vá embora imediatamente. E conte a seus pais na hora. Pais devem estar neste mundo pra isso, pra proteger as filhas(os).
Seu companheiro te bateu? Não espere a segunda vez. Não pense que isso não vai acontecer novamente, que ele estava num dia ruim... Separe-se já (e sei que falar é fácil, fazer é que é difícil).
Não se acanhe. Deixe de lado a fina educação repressora que recebeu em casa. Do jeito que a situação está, parece que fomos criadas apenas para não oferecer resistência. Pra tornar a vida dos predadores um passeio.
Não se cale. Denuncie sempre. E não conte apenas à polícia, mas a todos que estão próximos. Eles precisam saber que há um tarado à solta. E, claro, não se sinta culpada. Se todas essas agressões acontecessem apenas contigo, a gente até poderia levar pelo lado pessoal. Mas acontecem com tantas, que deixa de ser um problema individual, pessoal, seu ou meu. Torna-se um problema seríssimo de todas nós. Eu repito: este blog não é especializado em violência contra a mulher. Não é uma ONG nem nada. As leitoras aparecem de todos os cantos e pelos mais variados motivos. Mas bastou eu contar a minha história de horror pra tantas de vocês fazerem o mesmo. Sinal de que, de fato, quase toda mulher tem uma história de horror pra contar.
E tem mais: mulheres com filhas, façam que elas aprendam alguma defesa pessoal. Sério. Tô chegando à conclusão que saber se defender fisicamente é um pré-requisito da mulher nesta sociedade. Outra dica pra quem tem filhas: não apenas fale abertamente com ela sobre sexo, mas deixe que ela traga seus namorados pra transar em casa. A maior parte dos jovens começa a ter vida sexual na adolescência. Por que a sua filha seria diferente? Permitindo que ela use o quarto dela, os riscos diminuem consideravelmente.
Quanto aos outros argumentos absolutamente ridículos do João, confio em vocês, leitoras(es), pra rebatê-los. Tô com preguiça e preciso escrever um capítulo da tese. Jogo o João às leoas.
E se você também pedisse que as mulheres se portassem mais condignamente? Nada justifica a violência contra as mulheres, mas eu acho que grande parte das mulheres se ajudariam, não aumentando as chances dessa violência acontecer se não abusassem do seu enorme poder de sedução agindo como depravadas. Repito que nada justifica a violência, mas agir com dignidade diminui a chance de muita violência acontecer. Você acha que a postura da mulher na televisão, nas revistas masculinas, ou mesmo nas ruas, ajuda a aumentar o respeito pelas mulheres? Não são todas, mas as mulheres que se portam como devassas fazem com que todas paguem o pato. Você pode dizer “ah, as mulheres podem agir como quiserem e os homens que se controlem”, mas nós todos sabemos que isso na realidade não acontece, então seria melhor a mulher se dar ao respeito para ter respeito. No que tange aos homens que mesmo assim usarem de violência contra as mulheres, a solução é policia, cadeia, etc. Em suma: peça o fim da violência, mas peça, também, mais vergonha na cara!
João Neto, you're back! E já volta com um comentário totalmente lamentável! Por favor, leia os comentários no meu post da semana passada. Veja o post da Patricia contando suas história de horror. Veja esse caso da moça estuprada por nove homens num churrasco. E me diga francamente se elas se portaram sem dignidade ou “abusaram do seu poder de sedução”. Puxa, agora que você falou... É verdade, nós fomos logo nascer com vagina e seios! Desse jeito, não tem homem que resista!
O problema não está conosco, João. O problema é de quem ataca, não de quem é atacada. É tão difícil assim entender? Mais de 90% das mulheres já sofreram algum tipo de humilhação ou ataque sexual. Todo o sexo feminino, portanto, não tem vergonha na cara? E o sexo que “não consegue se controlar”, este sim é digno de respeito? E só porque “é assim que acontece” quer dizer que tenhamos que aceitar a violência contra nós até o final dos tempos?
Citando alguns exemplos das minhas leitores, todas, como eu, devassas e sem vergonha, e portanto plenamente merecedoras das agressões que sofremos, talvez exista sim algo que possa ser feito pra diminuir a violência contra a mulher (além de, claro, os homens se conscientizarem que não vivemos mais na pré-história, quando existiam caçadores e presas). Acho que é nós, mulheres, reagirmos. Não levar desaforo pra casa. Assim que qualquer tipo de abuso começar, botar a boca no trombone. Um homem senta-se do nosso lado pra se masturbar no cinema? Nada de esperar quietinha que o cara ejacule na sua perna, como mais de uma leitora já relatou. Nada de ficar encabulada e trocar de lugar. Chega de tornar a vida deles tão fácil. Vamos fazer como a amiga de uma leitora, que ficou de pé e gritou: “Vá bater punheta em outro lugar, tio!”. Humilhado, o tarado foi embora. Mas, se não for, chame o gerente. Faça um escândalo. A gente tem todo o direito de ir ao cinema sem que um idiota se masturbe do nosso lado.
Um cara passou a mão em você na rua? Xingue, xingue mesmo. Se tiver alguém por perto, denuncie o escrotossauro. Sei que é perigoso, porque esses homens sentem-se no direito de dizerem o que querem. Mas não podemos continuar com a nossa passividade exemplar.
Um homem te importuna no ônibus? Dê uma bela bronca. Passe sermão mesmo, e bem alto, pros outros ouvirem. E aí exija pra que ele troque de lugar. Isso se não quiser parar o ônibus, falar com o motorista, e pedir pra que o passageiro se retire. Ele é que tem de trocar de lugar, não você. Você não fez nada.
Um nojento passa em um carro em alta velocidade e joga uma camisinha usada em cima de você? Anote a placa do carro. E vá à polícia. A gente tem o direito de andar na rua sem ser vista como lata de lixo.
Você pega carona e o sujeito te ataca? Ainda que você consiga se desvencilhar, anote a placa e denuncie. Ele vai fazer isso com outras.
Alguém chega perto demais de você quando você ainda é criança? Vá embora imediatamente. E conte a seus pais na hora. Pais devem estar neste mundo pra isso, pra proteger as filhas(os).
Seu companheiro te bateu? Não espere a segunda vez. Não pense que isso não vai acontecer novamente, que ele estava num dia ruim... Separe-se já (e sei que falar é fácil, fazer é que é difícil).
Não se acanhe. Deixe de lado a fina educação repressora que recebeu em casa. Do jeito que a situação está, parece que fomos criadas apenas para não oferecer resistência. Pra tornar a vida dos predadores um passeio.
Não se cale. Denuncie sempre. E não conte apenas à polícia, mas a todos que estão próximos. Eles precisam saber que há um tarado à solta. E, claro, não se sinta culpada. Se todas essas agressões acontecessem apenas contigo, a gente até poderia levar pelo lado pessoal. Mas acontecem com tantas, que deixa de ser um problema individual, pessoal, seu ou meu. Torna-se um problema seríssimo de todas nós. Eu repito: este blog não é especializado em violência contra a mulher. Não é uma ONG nem nada. As leitoras aparecem de todos os cantos e pelos mais variados motivos. Mas bastou eu contar a minha história de horror pra tantas de vocês fazerem o mesmo. Sinal de que, de fato, quase toda mulher tem uma história de horror pra contar.
E tem mais: mulheres com filhas, façam que elas aprendam alguma defesa pessoal. Sério. Tô chegando à conclusão que saber se defender fisicamente é um pré-requisito da mulher nesta sociedade. Outra dica pra quem tem filhas: não apenas fale abertamente com ela sobre sexo, mas deixe que ela traga seus namorados pra transar em casa. A maior parte dos jovens começa a ter vida sexual na adolescência. Por que a sua filha seria diferente? Permitindo que ela use o quarto dela, os riscos diminuem consideravelmente.
Quanto aos outros argumentos absolutamente ridículos do João, confio em vocês, leitoras(es), pra rebatê-los. Tô com preguiça e preciso escrever um capítulo da tese. Jogo o João às leoas.
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