Pessoas queridas do meu coração, hoje comemoro treze anos de blog! E comemoro em grande estilo, com o selo que o grande ilustrador Cris Vector fez pra mim.
Nunca estive tão linda num desenho! Nem naquele selo que o Cris fez ano passado, pra marcar os doze anos do Escreva Lola Escreva, nem na ilustração que eu uso pro meu canal no YouTube, o Fala Lola Fala. Muitíssimo obrigada mais uma vez, Cris! Aliás, meu canal está paradão. Por favor, inscrevam-se pra que ele cresça e eu me inspire a fazer mais vídeos. Eu acho que comecei o canal em junho de 2019 (um ano e meio atrás), e o número de inscritos não sai muito do lugar (agora está em 15 mil).
Estou passando uma fase muito difícil que envolve a saúde da minha mãe, que tem 85 anos e 8 meses e mora com a gente (eu e Silvio) desde 1998. Ela não está nada bem, e não sabemos (não tem como saber) se é uma questão de dias, semanas ou meses. Não há o que fazer. Não me sinto confortável pra falar nisso agora, não porque seja um tema tabu (todos nós vamos morrer um dia), mas é que parece estranho não contar tudo pra ela e, ao mesmo tempo, contar tudo pra um monte de gente. Ela está lúcida e sem dor, que é o que realmente importa.
Estamos tristes, mas conformados. E minha mãe participou bastante de toda a história deste blog. Quando eu o comecei, no final de janeiro de 2008, ela estava em Joinville, morando sozinha, cuidando dos bichinhos que tínhamos na época (nosso incrível cãozinho Hamlet tinha acabado de morrer de velhinho, e os gatos Calvin e Blanche andavam bem, jovens ainda). Ela também ficou surpresa com o crescimento do blog em pouco tempo.
Creio que ela tinha (escrevo no passado porque ela não acessa mais internet, dorme grande parte do dia, não tem vontade pra mais nada, não consegue mais andar) uma relação de amor e ódio com o blog. Por um lado, ela se sentia muito próxima de várias comentaristas frequentes, falava sempre delas. Ela mesma comentava como "La Mamacita", sempre demonstrando muito orgulho de mim.
Por outro lado, ela odiava os trolls. Lembro quando fui viajar durante algum feriado, anos atrás, e pedi pra que ela fizesse a moderação dos comentários do blog, porque pra onde eu iria podia não ter internet, e também porque eu queria descansar, me afastar das redes sociais por uns dias (faz bem!). Ela topou, eu ensinei pra ela, ela moderou, e quando voltei ela me pediu pra nunca mais pedir aquilo pra ela de novo. Ela disse que os comentários de ódio faziam muito mal pra ela.
Já naquela época muitas das ameaças de morte, estupro, tortura e desmembramento já a incluíam, uma senhora idosa que nunca fez mal a ninguém. E também incluíam o maridão. Eu decidi que, no que dependesse de mim, essas ameaças não chegariam até ela. Ela não precisava saber. Acho também que ela ficava tão confusa quanto eu às vezes: por que tinha tanto misógino xingando e ameaçando uma reles blogueira feminista e sua família? De fato, não faz qualquer sentido.
Minha mãe festejou comigo cada aniversário do bloguinho, cada vitória (ganhar e não perder processos), cada indicação a prêmios. De vez em quando ela falava sobre algum post comigo, embora não comentasse mais no blog. Ela era adorada por todos os alunos e alunas dos meus cursos de extensão na UFC, que ela frequentou ativamente até 2018, quando a maldita chicungunha, aliada à velhice, foi tirando sua mobilidade, sua independência.
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Aniversário de 85 anos, maio 2020 |
Se der tempo e alguma agente da saúde vier aqui vaciná-la contra a covid (ela está no primeiro grupo e foi cadastrada), podem ter certeza que eu vou tirar foto e colocá-la no blog e no Twitter. Apesar dos 85 anos, ela nunca viveu nada parecido com esta pandemia.
Bom, gente, é isso. Era pra ser um postzinho de comemoração de uma eternidade no blog, acabou virando esta coisa meio deprê. Infelizmente, não acho que minha mãe estará aqui no 14o aniversário do blog, mas sei do carinho que tanta gente que passou e ainda passa por aqui nutre por ela. Obrigada!