Como deve ser do seu conhecimento, a academia é composta por um corpo docente sensacional. Fui acolhida por verdadeiros mestres e pude aprender muito com boa parte deles.
No entanto, por ser homossexual assumida, feminista e detentora de um projeto de pesquisa voltado para o existencialismo (Beauvoir), e também pelo meu destaque acadêmico, logo no segundo período passei a ser alvo de toda sorte de moléstia, bullying, agressões morais, psicológicas e até mesmo "esbarrões" por parte do corpo discente, composto por evangélicos, católicos e haters, que não se conformavam com o fato de eu não me calar e jamais me abater, mediante suas posturas mesquinhas e covardes.
Explico melhor: ao assumir minha luta, minha homossexualidade dentro da academia, pude sentir a opressão na pele. As ameaças realmente eram constantes. E não bastavam ser de cunho verbal.
Até que um dia fui cercada por um hater no estacionamento da instituição. Ele me deu um esbarrão e saiu rindo. Eu apenas lhe disse: "Caso isso ocorra novamente, darei parte à polícia e você será preso por agressão".
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Quanto aos evangélicos, esses eram sem limites. Ecoavam, regozijavam, tripudiavam... Quanta dificuldade em lidar com aqueles que se julgam os donos da verdade.
Munidos de suas bíblias, gritavam, ofendiam-me moralmente, debochavam das minhas roupas, do meu modo de andar, e recitavam compulsivamente Paulo. Segundo Paulo... Porque Paulo... Paulo disse... Eu mesma nem sabia quem era Paulo. Vim a saber muito tempo depois...
Diziam-me que era um tipo de caso muito novo -- eu sabia que eles estavam mentindo -- e, mediante tudo isso, tive que me calar, abater-me, conter meus ânimos e largar tudo.
Mais uma vez, o ódio ganhou. Levou sonhos, um projeto de pesquisa, um bom potencial e, em virtude de tamanha retaliação, perdi a saúde. Entrei num quadro de esgotamento nervoso, de desilusão com a vida, com os estudos, com a Filosofia -- que eu tanto amava. Pedi trancamento do curso, entrei em processo bulímico e anoréxico, e estou seguindo a vida com mais essa marca.
Meus comentários: A instituição parece ter sido omissa as suas queixas. Infelizmente, elas não são tão incomuns. A gente tende a achar (e até a dizer pros adolescentes) que o bullying termina no ensino médio. Nem sempre. Às vezes, ele continua na faculdade.
E, com a internet, as agressões podem ser constantes.
E, com a internet, as agressões podem ser constantes.
Mas querida, não desista. Reerga-se. Tente uma outra universidade, talvez um outro curso. Ou insista na Filosofia. Não permita que o ódio vença.