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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CRÍTICA: O DIA EM QUE A TERRA PAROU me fez parar

- Corram! O mundo tá pra acabar, não vamos mais precisar do carro!

Vou escrever bem pouquinho sobre O Dia em que a Terra Parou porque eu vi o troço há vários dias eo me lembro mais dele. E também porque, preciso confessar, eu dormi durante o filme. Dormi bem, o sono das justas. Quer dizer, eu tava achando que só cochilei, até ler várias críticas e perceber que perdi uma parte inteira que muita gente considera a melhor do filme, quando o Keanu Reeves encontra um extraterrestre velhinho que mora na Terra há setenta anos e que aprendeu a gostar dessa praga chamada humanidade. Quando li sobre isso, comentei com o maridão: “Estão inventando ou essa parte realmente acontece e eu dormi?”. Ele explicou que até fazem merchandising do McDonald's nessa cena. Portanto, eu dormi mesmo.
Mas consegui ficar de olhos abertos o suficiente pra que esta refilmagem do clássico de 1951 (escrevi sobre ele aqui) me parecesse péssima. Na realidade, não tem quase nada a ver com o original. Se viesse com qualquer outro título a gente até pensaria: “Será que eles não pegaram algumas ideias do clássico?”, e algum mal-educado responderia: “Claro que não, sua tolinha, imagina, é completamente diferente”. Bom, na versão original um extraterrestre em forma de gente vinha a este planetinha pra avisar que é melhor parar com essa zona de ameaça nuclear aí, ou senão da próxima vez a visita não será tão amistosa - uma polícia intergalática surgiria pra destruir a Terra. Agora, como a gente não teme mais a Guerra Fria (as guerras são quentes, mas felizmente é raro um lado ameaçar jogar uma bomba nuclear no outro), a trama foi updated pra incluir um desastre ecológico. É tudo meio esquisito, porque, apesar de haver vários cientistas no filme, ninguém menciona as palavrinhas mágicas “aquecimento global”, mas parece que o Keanu deseja salvar a Terra dos humanos. Naquela outra produção em que o Keanu salvava a humanidade de um modo mais eficaz, o vilão dizia: “Os humanos são a doença do mundo, e nós somos a cura”. Lembra? De todo o modo, o maridão, que viu a ficção atual muito mais do que eu, deu seu parecer: “Esta refilmagem melhora muito o original! Eu nem gostava do original tanto assim antes, mas agora...”.
No trailer, quando o Keanu fala pra Jennifer Connelly “Se você viver, a Terra morre. Se você morrer, a Terra vive”, eu interpretei o you como um vocêzinho individual dito diretamente pra ela por alguém que não a perdoou por Hulk ou Diamante de Sangue, sei lá. Mas foi uma interpretação errônea. O Keanu fala “você” referindo-se à toda a raça humana. E é difícil nos convencer que o planeta viveria melhor sem nós. É como falar pros países ricos assinarem o Tratado de Kyoto pra reduzir a emissão de gases. Ninguém quer fazer sacrifícios, sabe? No entanto, o coração duro do Keanu balança quando ele ouve Bach. É até estranho, porque ele pega carona com um pessoal bêbado que grita “A Terra vai acabar! Iupppi! Êba! Que legal!”, o que, convenhamos, não soma pontos a favor da espécie. Mas aí ele observa uma trégua de dois minutos entre a Jennifer e seu enteado malinha, que deve ser um dos seres mais abjetos do universo, e pensa, “Puxa, até que essa tal de humanidade tem jeito”.
O menininho, que é o filho do Will Smith, ouviu meu conselho e se livrou de dois dos seus quatro nomes. Agora é só Jaden Smith. Ele tá terrível no filme, mas desconfio que a culpa seja mais do seu personagem. Até a Kathy Bates como Secretária de Defesa substituindo um presidente que se escondeu assim que o caldo entornou não se sai bem. Quem eu mais gostei foi o Jon Hamm, o bonitão da série Mad Men. Sempre que ele aparecia eu acordava. O mesmo não se pode dizer do John Cleese, que faz um cientista ganhador do Nobel. O tempo de tela dele não chega a três minutos, e ele não serve pra nada, a não ser pra apresentar Bach a Keanu. Num momento, John e Keanu travam uma disputa de solução de equações no quadro-negro, e eu achei que ia sair cotovelada (pelo menos tornaria a trama mais emocionante). Mas Keanu, por ser um ET, não é adepto a comportamentos muito normais mesmo. Por exemplo, tem uma hora em que ele usa um carro pra atropelar um policial. Em seguida ele utiliza um outro carro pra ressuscitar o mesmo tira. Ahn, não dava pra pular alguma etapa? Tipo, não atropelar o policial pra não precisar ressuscitá-lo? E isso que o Keanu representa uma inteligência avançada!
Os efeitos especiais são bonzinhos, mas não me despertaram tanto quanto o Jon Hamm. Um crítico americano teve outra opinião. Pra ele, os efeitos são tão fracos que perdem pros que o Al Gore usa na sua apresentação de powerpoint em Uma Verdade Inconveniente. Assim, O Dia em que a Terra Parou fica com o terceiro e último lugar entre filmes que pregam que o homem não está tratando bem o meio ambiente e vai sobrar pra gente. Até Fim dos Tempos, em segundo, é melhor. E O Dia Depois de Amanhã aparece em primeirão. Eu adoro! E eu sei que tava dormindo e que ando pensando demais no Oscar ultimamente, mas o robô do filme não parece uma estatueta do Oscar gigante?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CLÁSSICOS: O DIA EM QUE A TERRA PAROU / E essa Terra parece que não anda

- Olá, terráqueos estúpidos. Eu vim em missão de paz. Mais ou menos.

Até uns meses atrás, eu nunca tinha visto esse clássico da ficção científica que é O Dia em que a Terra Parou. Quando soube que o filme de 1951 seria refilmado (comento a refilmagem aqui, já cri-critiquei o trailer aqui), decidi vê-lo. Isso foi ainda em Detroit. Não sei se dá pra encontrá-lo nas locadoras ou no YouTube. Espero que sim, porque vale a pena.
A trama é sobre Klaatu, um homem do espaço que pousa sua nave em Washington, deixa um robô mudo a postos, e tenta falar com todos os líderes sobre o futuro da Terra, mas não consegue, porque as nossas Nações Unidas não servem pra nada. Pra manter o costume, a primeira coisa que o exército que ronda a nave faz depois que Klaatu diz “Venho em missão de paz” é abrir fogo contra ele (eu sempre lembro do último papa: “tu vens em missão de paz / bem-vindo! / e abençoa a este povo que te ama / a benção / João de Deus”. Será que o Vaticano viu O Dia?). É legal que Klaatu, interpretado por Michael Rennie, não é nenhum carinha simples e paciente, tipo o protagonista de Muito Além do Jardim. Ele é irônico, fica zangado com as besteiras humanas, e se cansa rápido. Seu ar de superioridade é mais que evidente. Ainda mais quando ele resolve as equações matemáticas do maior cientista do mundo em frações de segundos.
Tem toda uma subtrama com Klaatu se escondendo numa casa de civis, onde ele vai conhecer (não no sentido bíblico) uma viúva e seu filho (pelo jeito, no remake, este trio será composto por Keanu Reeves, Jennifer Connelly, e o filhinho do Will Smith). E, como estamos no auge da Guerra Fria, uma senhora comenta, sem saber que o homem do espaço está sentado à mesa: “Eu nem acho que ele vem do espaço. Ele vem de... vocês sabem”. É, sabemos: do planeta vermelho, a União Soviética. O remake certamente vai ter que atualizar esses itens que nos ameaçam. E o título do filme refere-se a uma das partes menos inspiradas da história. Disposto a exibir seu poder, Klaatu suprime a energia na Terra e tudo pára durante meia hora – todos os meios de transporte, eletricidade, tudo menos hospitais e aviões em movimento.
Embora o mais impressionante do universo é que a direção seja do Robert Wise, o mesmo dos musicais Amor Sublime Amor e A Noviça Rebelde, o filme é bem espetacular, e incrível de tenso, mantendo nosso interesse do começo ao fim. Claro, os efeitos especiais perdem pra equipe que refaz filmes em Rebobine, Por Favor, mas o que tá mais datado nem são os robôs e discos voadores. É o fato de uma nave poder aterrisar em Washington, sem que milhares de aviões, tanques, e bombas do exército americano a aniquilem. Ou que um robô perigoso (que derrete armas e pessoas) possa sair da nave e ficar ao ar livre durante dias, paradão, com dois soldadinhos tomando conta. Ou que Klaatu seja deixado sozinho no hospital (eles trancam a porta, é verdade; ele pula pela janela).
Tem uma cena muito engraçada, se bem que o humor é involuntário. Em fuga, Klaatu diz pra viúva que, se algo acontecer com ele, o robô-guardião vai destruir o mundo. Pra impedi-lo, ela tem que memorizar palavras importantíssimas faladas em extraterrestrês: “Klaatu barada nikto”. Pô, fiquei com pena da mulher na hora: não podia ser algo mais simples como “Klaatu gosta de macarrão”, não? Se dependesse de mim pra decorar essas palavras, bom, digamos que eu não entraria num consórcio novo, se fosse você.
No começo, as intenções de Klaatu até parecem boas. Ele vem de um lugar muito mais evoluído, em que as pessoas vivem 130 anos e têm montes de tecnologia e material indestrutível. Mas aí seu tom começa a endurecer. Ele fala como nós somos imaturos e infantis, brincando de guerra, e que ele não tem paciência com a estupidez. Enquanto estávamos nos matando com aviões e revólveres, tudo bem, eles não interferiam. Problema interno nosso. Mas quando começamos a ter armas nucleares e construir foguetes com essas armas, passamos a ameaçar o universo inteiro. Então ou a gente dá um jeito nisso ou senão... adeus Terra. Quando ele vem com um papo de que uma união dos planetas criou uma política espacial com poderes ilimitados pra cuidar deles e garantir a paz, eu já disse: hmmm... Isso de criar uma força destrutiva pra ter paz é algo tão americano! É muito fácil ver os EUA como o alienígena falando pra paisinhos como o Irã: ou vocês param com essa pouca vergonha, ou a gente varre vocês do mapa. O detalhe é que quem manda pode usar qualquer arma que quiser pra acabar com o paisinho.
Pra mim, o monólogo final é dos mais fascistas. Veja se concorda (minha tradução):

Irei embora logo, e me perdoem por falar tão diretamente. O universo fica menor a cada dia, e a ameaça de agressão de um grupo, em qualquer lugar, não pode mais ser tolerada. Precisa haver segurança para todos, ou ninguém está seguro. Isso não significa abrir mão de alguma liberdade, exceto da liberdade de agir irresponsavelmente. Seus ancestrais sabiam disso quando fizeram leis para governar e contrataram policiais para fazer cumprir essas leis. Nós, nos outros planetas, adotamos esse princípio há tempo. Temos uma organização para a proteção mútua de todos os planetas e para a completa eliminação da agressão. O poder dessa autoridade é, obviamente, a força policial que o suporta. Para nossos policiais, criamos uma raça de robôs. Sua função é patrulhar os planetas em naves como esta e preservar a paz. Em termos de agressão, demos a eles poder absoluto sobre nós. Este poder não pode ser revogado. Ao primeiro sinal de violência, eles agem automaticamente contra o agressor. A penalidade para provocar sua ação é terrível demais para arriscar. O resultado é que vivemos em paz, sem armas ou exércitos, seguros que estamos livres de agressão e guerra. Livres para ir atrás de operações mais lucrativas. Nós não achamos que alcançamos a perfeição, mas temos um sistema, e ele funciona. Vim aqui apresentar esses fatos para vocês. Não é nosso problema como vocês governam este planeta, mas se vocês ameaçarem estender sua violência, sua Terra será reduzida a cinzas. Sua escolha é simples: juntem-se a nós e vivam em paz, ou sigam no seu caminho e serão eliminados. Aguardaremos a sua resposta. A decisão é sua.

Uia! Polícia com poderes ilimitados, patrulhamento, intolerância e ameaças. Sim, sounds familiar. Mas o que entrega tudo mesmo, na minha modesta opinião, é ele falar que sua união de planetas está “livre para ir atrás de operações mais lucrativas”. Eu não inventei isso na tradução! No original é realmente “profitable enterprises”. Pensando bem, talvez o remake de 2008 não tenha que atualizar a trama tanto assim...
Este é o poderoso aparato militar que vigia o robô e a nave.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

CRI-CRÍTICA DE TRAILER: O DIA EM QUE A TERRA PAROU


Eu vi o clássico de 1951 há pouco tempo, pela primeira vez na vida (falo sobre ele aqui), e tenho certeza que, se o título da refilmagem não fosse igual, eu nem reconheceria que se trata da mesma história. Não tem absolutamente nada a ver. A julgar pelo original, o personagem (no remake feito pelo Keanu Reeves) é um extraterrestre que vem à Terra pra basicamente dizer: “Podem parar essa bagunça aí! Já! Senão vamos explodir esse planetinha arruaceiro”. Ele até fala de uma forma educada, mas a mensagem é exatamente essa. Neste trailer, que deve ser mais um teaser, o Keanu parece um cara estranho com poucos músculos no pescoço, e mais ênfase é dado a Jennifer Connelly (Mente Brilhante), que faz uma cientista ou uma jornalista, não saquei bem. No fundo, o trailer se baseia mais num interrogatório à la Blade Runner, e o sujeito que faz as perguntas consegue ser ainda mais esquisito que o Keanu. E dá a entender que a Kathy Bates é presidente dos EUA?! Como diria a patricinha, “as if!”. Tá, só na ficção os EUA elegeriam uma mulher gorda e de meia idade (Sarah Palin não é nem uma coisa nem outra, e só será presidente se o McCain for eleito e bater os coturnos, o que são duas probabilidades fortes).

Interessante como o interrogador pergunta: “Você está ciente de um ataque iminente?...” Isso é interrompido por uma grande pausa, em que a imagem corta pra um prédio no mesmo ângulo que vimos um dos aviões entrar nas Torres Gêmeas em 11 de Setembro. Aí a fala continua: “...ao planeta Terra?”. O planeta se resume às Torres Gêmeas e, óbvio, aos States. E no final vemos mais uma imagem do que parece ser o skyline de Nova York. A fala final do Keanu pro interrogador, “Você deve me deixar ir”, também é instigante. Ele diz isso porque pretende salvar o mundo, ou porque veio aqui pra destrui-lo? Conhecendo o Keanu, deve ser a primeira opção.

Aí, bem no finalzinho mesmo, ele diz pra Jennifer e pra um menininho (o filho do Will Smith, o garoto de À Procura da Felicidade), estrategicamente colocado lá pra cumprir a cota racial do filme: “Se a Terra morrer, você(s) morre(m)”. Quando eu vi o trailer no cinema, ainda em Detroit, pensei: “Bidu! É um gênio, esse Keanu!”. Óbvio, não? Só os americanos acham que não precisamos desta carcaça velha que é a Terra, e que dá pra viver no espaço, como em Wall-E. Pro resto do planeta, a gente sabe, sim, que depende daqui. Mas aí o Keanu completa: “Se você morrer, a Terra sobrevive”. E eu pensei, automaticamente: no contest! Por mais que eu tenha adorado a Jennifer em Réquiem para um Sonho, filha, se eu tiver que optar entre você e o planeta, hmm, deixa eu ver... Vamos decidir no unidunitê? Não, né? Tchau, linda. Você já era. Aliás, se eu tivesse que optar entre a pessoa que mais amo no mundo, que é o maridão, e a Terra, onde que eu assino pra despachar o corpo?

Vou dar nota 3 (em 5) pro trailer. Não por ele ser muito bom – porque não é, parece bem banal até -, mas porque adoro histórias apocalípticas.