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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CRÍTICA: LULA, O FILHO DO BRASIL / Sem olhos vermelhos. Nos dois sentidos

Ao contrário do Lula real, este não empolga.

É possível que um filme sobre um político seja apolítico? Ô, se é. Lula, o Filho do Brasil serve como prova cabal disso. O problema é que eu queria um filme político.
Em geral, não sou grande admiradora de cinebiografias. Mas nem sei até que ponto Filho é um biopic. Afinal, que espécie de biografia é essa que basicamente omite o maior momento de do biografado? Sabe, é meio como mostrar a trajetória do Cazuza, e deixar de fora o lado musical. Filho deixa de fora o lado político de um cara cujo maior mérito é justamente ser político.
A trama é bem aquilo que está no trailer (e o trailer é ótimo e comovente, tudo que o longa deveria ser): a infância pobre de Lula, o pai alcoólatra, a mãe-coragem (Glória Pires). Há cenas muito boas nessa parte inicial, como a mãe respondendo à professora que sugere adotar o menino Lula para que ele se torne alguém, “Ué, ele já não é alguém?”. Dá gosto de ver o Lula adolescente sujando o macacão de óleo para orgulhar a mãe. A música cheia de violinos é linda, assim como alguns cortes, como o de Dona Lindu lembrando como foi tirada a foto de Lula menino, e surge o corte pro Lula adulto fichado pelo DOPS. Há um instante de metalinguagem que é legal também, quando um jovem Lula se entusiasma em ir ao cinema pela primeira vez. Sem dúvida o filme deseja atrair esse tipo de espectador que nunca entrou num cinema, como fez Dois Filhos de Francisco.
E aí eu penso: putz, a direita tem mais é que gostar de uma história sofrida dessas. Porque é tudo que ela defende: que as oportunidades são iguais pra todos, a tal ponto de um nordestino miserável que vai de pau de arara pra São Paulo conseguir virar presidente do quinto maior país do mundo (em população e tamanho). A direita adora self-made men como Silvio Santos. Aquilo do cara que, sozinho, só pelo seu talento, vence na vida (um termo totalmente de direita, que separa as pessoas entre vitoriosas e fracassadas). Lula não cabe bem nesse roteiro de sucesso porque ele se juntou a sindicatos, ohhh, e porque ajudou a fundar o maior partido de esquerda do mundo. Mas a direita até poderia assistir a Filho sem medo, porque o PT sequer é mencionado, e porque os sindicatos não são mostrados com bons olhos. Politicamente, Filho é tão conservador quanto a direita que o condena.
Só exibir multidões gritando “Lula! Lula! Lula!” não é suficiente. Tem que mostrar por que as multidões vibram com ele, e nisso o filme é totalmente baunilha. Mostra um Lula que caiu nos sindicatos de paraquedas, sem querer, sem ideologia. Até aí, paciência. Isso acontece direto, e é comum que operário tenha birra contra seu sindicato. Mas cadê a mudança? Lula não muda em nenhum momento? Ele permanece alienado até depois das greves do ABC? O que vemos é um Lula repetindo 150 vezes que não é comunista e discursando amenidades como “Trabalhador não é de esquerda, muito menos de direita” e “Trabalhador não é contra patrão. É o patrão que nos paga”. Ah, vai! Essa covardia toda do roteiro é a troco de quê? Eles têm a ilusão de converter o pessoal de direita desse jeito? Pra mim, que sou de esquerda, centrar-se num Lula tão light não é louvável. Rui Ricardo Dias, que faz o Lula adulto, se esforça, mas é mais bonito que o Lula real e não fala com a língua enrolada. E o Lula do filme fala muito menos errado que o Lula de verdade. É um Lula higienizado, em todos os sentidos. E perdão, mas talvez os realizadores tenham ouvido falar que tem um monte de gente adora o Lula real.
Uma das críticas recorrentes que tenho lido sobre Filho é que ele é excessivamente melodramático. Bom, o que há de errado num filme feito pra emocionar? Por que um filme não pode ser manipulador e melodramático? Alguém avise um dos maiores diretores vivos, o Almodovar, que não pode. E aproveitando, o que que tem um filme ser panfletário? Um filme encher de orgulho os eleitores de um político muito, muito popular? Infelizmente, Filho não é nem uma coisa nem outra. É apenas vazio e superficial. E alguém ainda precisa me provar que o filme foi feito pra emocionar. Gente, eu choro em tudo quanto é filme. Eu chorei no trailer de Filho. Outro dia chorei vendo comercial da Omo! Não se iludam: se tem filme feito pra chorar, eu compareço alagando a sala. Filho não é um desses. Vejam a cena em que Lula é informado que sua esposa e bebê morreram. Não há closes nem lágrimas. A câmera está longe, lá no fim do corredor. E a cena é curta. Não segura o clima pra construir emoção. Filho é frio, tanto que ninguém na sessão onde eu estava saiu com os olhos vermelhos. Ninguém aplaudiu ou vaiou.
Mas se não é pra emocionar, pra levantar a galera que é fã do homem, ou pra converter os detratores, pra quê o filme foi feito mesmo? Volto ao meu chute inicial: pra ganhar dinheiro (depois li entrevista do Barretão, o produtor, “confessando” isso). Opa, não pode? Não é bem a direita que defende o direito (quase o dever) ao lucro? Filho foi feito pra lucrar em cima do nome de um personagem. Mas não reconheci o Lula que admiro no filme.
Eu e o maridão somos grandes fãs do cara, e ambos achamos o filme fraquinho. Vocês têm que ver pra formar sua própria opinião. O que é uma estupidez é falar sem ver, porque há montes de mentiras circulando. A direita diz que o filme faz de Lula um santo. Pô, se um sujeito inseguro e alienado é um santo, eu fico com o diabo. Já os realizadores dizem que a história nem é sobre o Lula, mas sobre Dona Lindu. Não é. É sobre o Lula mesmo. Ele é o personagem principal desde bebêzinho. Só não é o Lula que os admiradores amam amar, e que os detratores amam odiar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

TAL PAI, TAL FILHO: O FILME

Se a oposição tá tão mordida com o filme sobre o presidente, Lula, o Filho do Brasil, por que não faz um filme sobre um dos inúmeros personagens carismáticos e populares do PSDB/DEM? Tipo, sei lá, aproveitando a segunda revelação em uma semana de pai de filho não-reconhecido, que tal FHC, O Pai do Brasil? Seria um estouro de bilheteria! Podiam até organizar uma pré-estreia só pros filhos do homi!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CRI-CRÍTICA DE TRAILER: LULA, O FILHO DO BRASIL


Meu querido e antigo leitor Vitor (eu posso dizer antigo sem ser indelicada, porque ele é novinho), que já está morando em San Francisco, Califórnia, escreveu nos comentários de Salve Geral que ele tem certeza que o filme não será indicado pro Oscar Estrangeiro (é, eu também tenho, lamentavelmente). E que ele espera que, ano que vem, o escolhido pelo comitê brasileiro (que muda a cada ano) seja Do Começo ao Fim (o Thiago já viu o filme em primeira mão e gostou, não amou). Eu continuo com muita vontade de vê-lo. E Besouro também, seus fãs de Besouro (apesar do título. Sei que é sobre capoeira, não sobre o nojento bicho cascudo que é parente próximo daquele inseto inominável. Mas ontem eu vi na TV que tem uma cidade no Paraná infestada por besouros! Eu já sabia, gente! Toda noite pelo menos um besouro entra aqui em casa e fica esbarrando nas coisas e fazendo barulhos assustadores. O maridão pega com um copinho e o põe pra fora enquanto eu me escondo. Ele, ingênuo, crê que é o mesmo besouro que vem aqui todo dia. Eu provei pra ele que não: a gente tem uma tela verde aqui no escri, pra não ter que fechar a janela, e todo dia surgem uns três besouros escalando a tela pra tentar invadir o recinto através da frestinha entre a janela e a tela. E só em um dos dias apareceu uma lagartixa e abocanhou um dos besouros... e engasgou! O besouro era grande demais pra sua estreita garganta lagartixiana. Mas cadê os sapos dessa terra, meu deus? Onde estão os predadores naturais dos besouros? Os passarinhos bem que podiam ser bichos mais noturnos, viu?). Opa, parece que divaguei um pouquinho. Mas então, o único besouro que tá passando aqui na minha cidade é esse da Tela Verde. O outro não vai estrear nunca, infelizmente.
Oh deus, divaguei mesmo. Aham, voltando, o Vitor torce por Do Começo ao Fim pra festa do Oscar de 2011, mas eu disse pra ele que esse filme não tem perfil de Oscar. Incesto, homossexualidade... É muito tema polêmico pra uma só Academia conservadora (se bem que o grupo que escolhe os filmes estrangeiros é menos conservador). E tudo indica que ano que vem o escolhido pra representar o Brasil no Oscar será Lula, o Filho do Brasil. Lógico, se o filme for bom. E esse eu já acho que tem perfil de Oscar, porque fala, em parte, de uma infância difícil (Oscar estrangeiro adora criança), além de ser uma história verídica e contar com um personagem internacionalmente conhecido e popular, o nosso presidente. Que já não será mais presidente quando o filme concorrer ao Oscar, em fevereiro de 2011, se concorrer.
Eu já vi o trailer uma pá de vezes no cinema, e sempre me emociono. Não é a primeira vez que eu choro em trailer. Chorei em Central do Brasil, mas isso foi vendo o trailer depois de ver o filme. O trailer de Filho do Brasil é bem montado, bonito, feito pra comover. Funciona dependendo do que cada espectador acha do presidente. Os 6% ou 16% de brasileiros que o odeiam e querem vê-lo pelas costas já apelidaram o filme de, óbvio, O Filho da Mãe do Brasil, pra não escrever coisa pior neste espaço familiar. Esse pessoal acha péssimo que não façam um filme sobre FHC, aquele sim um iluminado. Por coincidência, muita dessa gente é a mesma que detesta cinema brasileiro porque cinema não deveria receber financiamento público (aliás, nada deveria receber financiamento público num Estado mínimo, nem educação, nem saúde), e porque cinema brasileiro mostra pobreza, o que prejudica a imagem do país no exterior (mas dizer aos quatro ventos que no Brasil nada presta, como essa gente faz, não prejudica). E sem falar que, eca, fazer um filme sobre um analfabeto, né? Cruzes! (O diretor de teatro Zé Celso escreveu um belo artigo respondendo ao Caetano). E o trailer ainda mostra várias imagens sindicais! Se tem uma coisa que esse pessoal odeia mais que analfabeto, é sindicalista, porque como alguém pode ousar constestar decisões patronais, sempre tão justas? Pra direita, sindicalista é tudo grevista, tudo baderneiro (estou mentindo?). Logo, dois minutos de trailer já têm o poder de levar ao vômito aqueles que chamam petista de petralha, e pede-se, encarecidamente, que essas pessoas se abstenham de ver o longa, porque os ruídos que produziriam poderiam incomodar os demais espectadores.
Já eu planejo inundar o cinema enquanto me derreto de orgulho pelo melhor presidente que o Brasil já teve. Nota 4 (em 5) pro trailer. O longa estreia 1o de janeiro, com a direita fazendo algazarra porque haverá exibições a preços populares. Inclusive, bem que podiam fazer um filme chamado Neurose, A Direita do Brasil.