sexta-feira, 6 de junho de 2008

CRÍTICA: SEX AND THE CITY / Quem precisa de orgasmo quando se tem uma bolsa?

Do que elas estão rindo?

Eu e o maridão fomos ver Sex and the City. Cinemas lotados, ingressos esgotados, e montes de mulheres nas filas (rendeu 55 milhões no fim de semana de estréia nos EUA, desde já a comédia romântica mais lucrativa da história). As moças na platéia (um amigo perguntou se o maridão era o único homem no cinema) gritaram quando a musiquinha da série começou a tocar, riram em vários momentos, uma ao lado não parava de dizer “Oh God! Oh God!”, tiveram orgasmos ao ver uma bolsa, e aplaudiram muito no final. Tenho a impressão que elas gostaram. Já eu achei o filme longo demais (duas horas e meia!), e lá pelo meio minha bunda já tava quadrada. Logicamente, gostar ou não do longa depende do envolvimento com a série. Pra mim, que não dou a mínima pra moda, que acho imoral um par de sapatos custar 500 dólares, e que não sou chegada a rituais em geral, realmente não tem graça. Mas suspeito que as moçoilas sejam bem parecidas com as de um debate que assisti. Aparência é fundamental, tradição é pra ser respeitada, e poucas coisas na vida são mais importantes que um anel de diamantes dado pelo futuro marido.

Ou seja, Sex não tem nada de feminista. Ao mesmo tempo, tem dois aspectos positivos: é legal ver mulheres com mais de 40 anos serem consideradas bonitas e poderem carregar um filme, o que é pouco comum em Hollywood; e promove a amizade feminina, numa cultura que dita que mulheres só podem ser rivais, e que só homens podem ser amigos de verdade. Alguns blogs masculinos e héteros, com a misoginia que lhes é peculiar, tentavam convencer os homens a ir ver o filme. Um dos argumentos: como as personagens são todas umas vadias, existe a chance de seios aparecerem. Incrível como, em pleno século 21, a promiscuidade continue sendo tolerada apenas pros homens. Mas as mulheres no filme não são nada promíscuas (e se fossem, e daí?). Todas são exclusivamente monogâmicas. Até a Samantha, que é provavelmente a personagem mais “gay disfarçada de mulher” que há. Eu não sabia que os criadores de Sex eram gays, que o filme seria considerado o maior evento gay do ano, e não entendia por que a série fazia sucesso entre gays, já que os personagens gays são totalmente coadjuvantes. Mas, lendo blogs gays, entendi: nossas heroínas seriam na realidade gays disfarçados de mulheres. A obsessão com roupas e sapatos, e inclusive o comportamento promíscuo das personagens, apelariam mais pros gays que pras mulheres em si. Porém, o público gay é pequeno, e se fosse só por ele Sex não seria o sucesso que é. As mulheres aderiram, e aí é o caso de perguntar quem veio primeiro, o ovo ou a galinha. Moças de classe média de todo o mundo já eram assim consumistas e alienadas antes da série, e por isso Sex cativou tanta gente, ou a série influenciou todo um comportamento?

Bom, só espero que mesmo as fãs mais deslumbradas sejam capazes de ver que o filme é ofensivo aos países subdesenvolvidos. Por exemplo, as moças vão pro México pra Carrie se curar da sua depressão e sair do seu “mexicoma”. Charlotte leva suas próprias refeições. As amigas dizem: “Você não vai comer a comida daqui? Estamos num hotel cinco estrelas”, e ela: “Sim, mas ainda é o México!”. Nos EUA, todo mundo na platéia se acabou de rir. Em seguida, Charlotte está tão feliz tomando uma ducha que abre a boca e engole talvez duas gotas da asquerosa água mexicana – e passa mal! Ianques: aguardem, tá? Seu dia vai chegar. Quando vocês quiserem atravessar a fronteira do México, tal qual em O Dia Depois de Amanhã, e nós cucarachas não deixarmos, vocês vão se arrepender. O filme também reflete bem a total segregação racial americana. A série sempre foi branca, tão branca quanto Friends. Desta vez incluíram a personagem da Jennifer Hudson (Oscar de coadjuvante por Dreamgirls), que está muito bonita e chega pra representar não apenas um, mas três grupos: além de ser a única pessoa negra com falas, ela tem menos de 30 anos e não é magra. Mas o principal é sua cor. Numa cena, ela volta pra sua cidade natal e se encontra com família e amigos, todos negros. Assim vai ficar difícil, Obama.

Quem se sai melhor é a Samantha. Gostei da piadinha com deck/dick (me avisem como foi traduzida no Brasil). Como a única risada no trailer é ela quem proporciona, bom que seja ela no filme também (pra ser justa, o filme é muito superior ao trailer - veja a cri-crítica ao trailer aqui). Samantha ganha uma jóia que custa 50 mil dólares (eu disse classe média antes?), e organiza um sushi erótico. Não sabe que no Brasil isso já passou até no Faustão (ok, foi um dos piores momentos da história da TV brasileira, mas enfim). Ela prefere Botox à casamento, mas Carrie tem outra opinião. Dá a impressão que casamento é essencial porque se pode desfilar um vestido de noiva. Pra uma mulherada que não repete sequer o pijama (ninguém usa a mesma roupa duas vezes; li que Carrie se troca oitenta vezes), qualquer oportunidade de exibir um figurino é lucro. E só eu que acho estranho usar salto alto e maquiagem até pra dormir e transar?

Lá pelas tantas, Samantha engorda. Eu não teria reparado se não tivessem feito um escândalo. Mas como que ela não havia notado os quilos a mais, perguntam pra ela. E ela responde que não se olhava no espelho. Hã? Existe alguma chance de uma mulher assim, que põe Botox a torto e a direito, obcecada pela aparência, deixar de se olhar no espelho por mais de cinco minutos? E as roupas? Alguém tão preocupada com roupa vai notar imediatamente se engordou cem gramas. Já Miranda tem a personagem mais insossa no filme. Fazem parecer que ela é responsável pelo marido tê-la traído. É uma lógica bem perversa: o marido trai, e a culpa é nossa? Li isso sobre a Hillary Clinton outro dia. Se ela soubesse fazer bom sexo oral no Bill, ele não teria precisado da estagiária, não haveria todo o escândalo político, Bush Jr. não teria sido eleito, e o aquecimento global não teria alcançado proporções tão alarmantes. Então você já sabe: se o planeta acabar, a culpa é da Hillary.

Sex inclui um monte de merchandising. Há duas montagens com roupas e uma cena completamente inútil do New York Fashion Week, que lembra personagem de novela da Globo indo a banco (tudo superficial, sem ligação com a história, só pra vender mais um produto). Uma outra cena que começa parecendo o maior merchandising acaba saindo pela culatra. Carrie assiste ao musical com a Judy Garland Agora Seremos Felizes (Meet me in St. Louis, 1944) e desliga o dvd no meio de um número. A platéia fez “Oh” ou “Ah”, não sei descrever, mas foi uma expressão de escárnio, do tipo “Musicais merecem ser desprezados”. O mesmo não se pode dizer do amor a Nova York que a série gera. Há turistas que vão pra lá só pra fazer um tour pelas locações de Sex.

Não quero me juntar ao coro de quem acha a Sarah Jessica Parker horrível, com cara de cavalo, essas coisas. Pela falta de profundidade do roteiro, que em vários momentos parece estar mais empenhado em desfilar modelitos que em desenvolver uma história, muita coisa soa como slide animado. Mais do que atuar, Sarah tem que posar. E nós, mulheres, acabamos analisando muito mais a aparência das atrizes que dos atores. Tirando um ou outro, os homens no filme são bastante feinhos, não? Mas, claro, ninguém vai a Sex pra ver homem. Nem sexo. Então é pra ver bolsa mesmo?

30 comentários:

Juliana disse...

". Moças de classe média de todo o mundo já eram assim consumistas e alienadas antes da série, e por isso Sex cativou tanta gente, ou a série influenciou todo um comportamento?"

Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim. hahhaa
e o anel caro é pra classe média também, o noivo que se arrase de trabalhar e economizar, faça empréstimo, o que precisar para comprar um anel de 50 mil dólares. E outra dívida depois pra pagar a festa, né?

Legal essa de que elas são gays vestidas de mulheres. Nunca acompanhei a série nem pretendo ver o filme, mas sei que ela é venerada pelos gays. Também não sabia que os criadores eram gays, tá explicado, então, haha. Agora, realmente, homem criticar a promiscuidade delas e fazer igual porque "homem pode" me irrita profundamente...

Anônimo disse...

feminismo + consumismo + fashionismo + culto à beleza + política.
.
Não sei se é o evento gay do ano, ou o filme do ano.
Mas acho que já temos a crônica de cinema do ano!

Suzana Elvas disse...

Nunca vi a série, não vou ver o filme e a última foto que você postou da JSParker, láááá embaixo, ela tá parecendo a Bette Midler depois de uma plástica malfeita.

Flor, 40 anos do assassinato de Robert Kennedy. Aqui estão pipocando artigos do tipo "Como seriam os Estados Unidos se RFK não tivesse sido assassinado" - os blogs estão acompanhando as eleições americanas.

Vais falar sobre isso por aqui?
No Breviário fiz um post sobre Harry Benson, o fotógrafo que melhor registrou os tiros no Ambassador Hotel - tem também imagens sobre Martin Luther King e a luta contra a segregação racial e um especial dos Beatles: www.harrybenson.com.

Bjs

Lolla disse...

Curioso é que, enquanto eu estava adorando o trechinho lindo com a Judy, a amiga ao meu lado, super consumista/fashion victim, ficava fazendo cara de náusea. Pelo que mais não seja, o filme serviu para que eu percebesse que eu e ela não temos muito em comum...

De resto, fica mesmo difícil gostar do filme sem assitir/gostar da série. E talvez eu goste de SATC pelos motivos errados; todos dizem que a personagem da Carrie é fashion icon, mas eu sempre achei as roupas dela ridículas (QUANDO reparo nelas). Gosto das falas criativas da Miranda e do deboche pornô da Samantha; mas fica nisso. Carrie e Charlotte são necessárias à estrutura da série, mas não me interessam em nada.

Com relação a não ter homem bonito, eu adoro o Mr. Big e, entre os que ficaram de fora da película, o Aidan e o Baryshnikov, ambos exes da Carrie.

Esse lance da água do México... Não levanto bandeiras porque, se fosse pra Índia, por exemplo, não beberia água da bica NEM MORTA. Não conheço ninguém que tenha ido até lá e voltado sem uma infecção intestinal. Do México eu não sei, mas isso tem muito a ver com a personagem da Charlotte, asséptica e certinha, e dentro do contexto, faz sentido. E sim, se elas estivessem no Brasil eu ia achar graça do mesmo jeito. :)

Sobre o fato de a personagem negra só ter amigos negros, isso é BEM comum nos EUA e na Europa. Acho inclusive que plantar gente loira ali em nome do politicamente correto é desnecessário. A gente sabe que é assim mesmo, e é bom que esfreguem o preconceito na cara - faz com que a gente queira questionar essas atitudes... Se houvesse gente branca ali, você não teria comentado nada e não estaríamos discutindo...

E a Samantha engorda. Não sei se fiquei mais chocada com o fato de que não havia gordura alguma ali OU se com a reação das amigas. Parece que um quilo a mais e a pessoa virou uma criminosa.

But anyway, todo o poder pra Kim Catrall, sex symbol com 52 anos de idade. :)

Lolla disse...

sobre o comentário da juliana, um adendo cômico.

Antes de me conhecer, o meu marido foi "noivo" por uns bons anos. Comprou o famigerado anel de diamante para a dita cuja que, ao dar de cara com a pedra, declarou: "eu não posso usar esse anel - o diamante é muito pequeno... O que minhas amigas vão pensar de você?".

Nossa. Posso estar enganada, mas responder a um pedido de casamento com ISSO é razão para se cancelar os planos na hora. Demorou, mas ele acabou tomando a decisão certa. Mas até chegar a ela, sim, ele trocou o diamante por outro maior.

Desnecessário dizer que eu o poupei, recusando que ele me comprasse qualquer anel, exceto as nossas alianças - adquiridas num atacadão da Rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, haha!

Ale Picoli disse...

Poxa, então finalmente alguém tem crises com peso nesse quarteto? Era uma das coisas mais absurdas da série. Elas são tão contemporâneas e tal, com crises de mulher moderna, e não lembro nenhuma vez delas terem crise por engordar durante a série.
Lolla Moon, /agree, as roupas da Carrie são MEDO.

Nita disse...

Eu ainda estou com vontade de assistir Sex and the City, curiosidade pura.
Eu nunca acompanhei a série, se assisti alguma coisa, eu assisti alguns episódios perdidos quando não tinha o que fazer, mas o filme me parece um bom passatempo.
Gostei de elas serem gays disfarçados, a idéia é realmente boa.

lola aronovich disse...

Obrigada por lembrar, Ju. Eu que sou uma alienada por não saber que moças de classe média já eram super consumistas muito antes de Sex. Meu, 50 mil dólares por um anel? Em Joinville isso compra duas casas. Sério. Pra mim isso não bate. Como que um anelzinho minúsculo pode valer mais que duas casas?
Ah, quero só deixar claro que essa idéia de que as personagens da série são na verdade gays disfarçados não é minha, é dos gays! Pra mim isso foi uma revelação. Acho que ajuda a entender mais a série.
E não é incrível mesmo isso, Ju, de homem promíscuo (ou qualquer homem) criticar a promiscuidade das moças? Double standard é isso aí.

lola aronovich disse...

Ricardinho, meu fofo, obrigada. Certamente foi o maior elogio que vc me fez este ano.

É, Su, eu também vejo semelhanças físicas entre a Sarah Jessica Parker e a Bette Midler. Mas não quero falar muito porque, no fundo, o que eu acho é o seguinte: a Sarah é um monumento pra todas as mulheres. Se ela pode ser considerada bonita, então toda e qualquer mulher pode e deve ser considerada bonita.
Não sei se vou falar dos 40 anos da morte do RFK. Esse assunto nunca foi importante pra mim, até porque nunca tive grande admiração por nenhum dos Kennedys. Mas vou dar uma olhada no blog, e se eu me animar eu escrevo. Só sei que tô cansando de gente comparar o Obama com o RFK...

lola aronovich disse...

Lolla, eu também acho as roupas da Carrie medonhas. Essa do vestido com flor gigante que eu pus no blog... acho que a maioria das pessoas teria vergonha de sair assim na rua. Mas é mais uma prova que as personagens são gays disfarçados, né? Isso é roupa de desfile de moda, dessas que a gente olha e pensa "tá, ninguém vai usar isso na vida real". Sex é amada por estilistas, designers etc porque alguém ousa sair com aquelas roupas.
Sabe, eu até fiquei surpresa com o meu conhecimento sobre a série. Li os resumos de cada episódio e constatei que vi mais da metade da série. Umas 3 temporadas eu vi. E gostei bastante da primeira (acho que falo isso na minha cri-crítica ao trailer). Gostei de muita coisa que elas falam sobre sexo. Mas foi cansando, porque o consumismo delas falava muito mais alto. Então pra cada tirada divertida sobre sexo eu tinha que aguentar 4 casacos de pele. Desisti.
Ai, eu acho o Mr. Big o maior canastrão. Pra mim ele é empostado demais pra ser bonito. Ele até anda como um pavão.
Sobre a água mexicana, comecei a responder, ficou longo demais, vai virar post. Amanhã.
Brancos e negros não se misturarem? É, sei que é comum. Vejo todo dia aqui nos EUA. Mas numa série que apresentou não sei quantos personagens por episódio, centenas de pessoas passaram por ali, e praticamente não havia negros, a segregação fica ainda mais chocante. Essa foi uma das coisas que me fizeram parar de ver a série: a falta de variedade. As pessoas eram todas iguais: todas mais ou menos na mesma faixa etária, todas magras, todas brancas. Homens e mulheres. Acho que nem Manhattan é asim.
É odioso mesmo quando mostram uma mulher magra como a Kim Cattrall dizendo que ela tá gorda, né? E a reação das amigas, realmente... Burp. Double burp.
Isso tá gigantesco. E olha que tirei a parte da água...

lola aronovich disse...

Ai, Lolla, sobre anéis e alianças, não sou a pessoa ideal pra falar. Não uso aliança, nem tenho, nunca usei jóias de nenhuma espécie, e nunca reparei no anel ou falta de anel no dedo de alguém. Por mim diamantes, brincos, pulseiras, colares etc poderiam sumir da face da Terra. Mas sei que sou uma anormal.

Ale, elas não falam de emagrecer e fazer dieta durante a série? Não lembro. Anyway, mais uma mostra de que a série não representa a realidade. Tenho lido comentários de mulheres de NY, que moram em Manhattan mesmo, dizendo que não conhecem ninguém como aquelas quatro.

Nita e todo mundo, acho que tem que ir ver o filme sim. Já é um fenômeno. Já é a comédia romântica com a maior bilheteria na história. Não ver Sex é como não ver Indiana Jones 4. Perde-se um pouco das referências da cultura pop.

Lolla disse...

Hehe, eu tô lendo vocês falando que as personagens são gays disfarçados e rindo. Pensei que era brincadeira. Falando assim, fica parecendo que só gays são consumistas e fúteis. A maioria das fashion victims que conheço é "tudo minina". E creio ter sido sempre assim, mesmo antes que a mídia e os gays e estilistas resolvessem dar pitacos. :)

E esse vestido de flor horroroso da Carrie não funciona na situação em que ela está (uma pessoa comum, casualmente caminhando pela rua, durante o dia). Imagine, agora, isso na Beyoncé numa pré-estréia qualquer. Faz "algum" sentido.

E eu não lembro de tanta inserção de consumismo na série, não. Pra mim ela sempre foi mais voltada às paranóias afetivas da Carrie do que qualquer outra coisa. Sexo em ligeiro segundo plano (mais ainda nas últimas temporadas) e fashion descontrol como background. Que às vezes eu achava até desopilante - melhor do que a Carrie se descabelando porque o Big não deixava a escova de dente dele no apê dela.

Eu analisei o Big pela aparência, não pela atuação. De jeans, colocando o lixo pra fora, olha que ele funciona, babes. :)

E havia negros na série, sim. Inclusive, Samantha e Miranda namoraram negros, Carrie "ficou" com um. Acho de bom tamanho. Muitas pessoas acabam se fechando num mundo de gente igual a elas, por comodidade. Se relacionam com gente parecida, porque elas estão "mais à mão". Aqui em Jersey, por exemplo, eu fico quase impossibilitada de ter amigos negros - eles praticamente inexistem. Sério, isso aqui é pior do que a Suécia. :)

lola aronovich disse...

Nao, Lolla, logico que nao sao so gays que sao consumistas e futeis. Nem sao todos os gays. Exite muito mais mulher consumista e futil no mundo que gays consumistas e futeis, talvez ate proporcionalmente (tipo, quantos % dos 6 a 10% da populacao masculina que eh gay eh consumista? Dificil dizer. Quantos % desses 51% da populacao que somos nos, mulheres, somos consumistas?). Mas muitos gays sao. Essa opiniao de que as personagens no filme sao gays disfarcados nao eh minha, eh de blogueiros gays (na minha cri-critica do trailer eu dou o link). Eu jamais teria esse insight sozinha. Mas achei essa analise muito interessante, e acho-a pertinente. Ajuda a entender muita coisa na serie. A questao da promiscuidade, por exemplo. Proporcionalmente, eu conheco mais gays promiscuos que mulheres promiscuas como a Samantha. Nao porque sao gays, mas porque sao homens! E nao porque homens instintivamente tem que transar mais e com mais gente, mas porque a nossa cultura incentiva experiencia sexual pro homem enquanto a condena pra mulher.
Ah, eu acho o Big com pinta demais de gala pra considera-lo bonito. Ele usa jeans?
Sei que havia negros na serie, mas chegava a 1%? De todos os carinhas que as personagens namoraram? Sei que no fundo eh ate realista, que nos EUA eh tudo muito segregado MESMO, mas sei la, eh um trabalho de ficcao, ne? E se eh ficcao em TANTA coisa, nao daria pra incluir um tiquinho mais de diversidade? Nao so em relacao as racas, mas tambem a forma fisica? Eu nao conseguia distinguir alguns carinhas dos outros, po! Eles pareciam clones. Eram identicos.

Anônimo disse...

A Manohla Dargis no NY Times escreveu quando começou a temporada um texto que chamava "Is There a Real Woman in This Multiplex?", que falava do pouco espaço que as mulheres tinham no summer movies. E que "Sex and the City" era um dos únicos filmes que tinha outro público, por isso eu fiquei muito feliz quando deu a bilheteria que deu e toda a "comoção". Porque um tempo atrás foi dito que os chefes dos estúdios tinham falado que mulheres liderando filmes não davam bilheterias e que não iriam produzir mais coisas do tipo, o último da Jodie Foster foi usado como exemplo. O engraçado é quando vejo pessoas escrevendo coisas do tipo, "mulheres vão ao cinema". Hã?! Como assim?! Isso é realmente surpreendente para eles?

Melhor ainda é ter um filme "R" sendo campeão de bilheteria, mesmo que eu imagine que essa semana ele não deva ficar nem em segundo, já mostrou que uma outra abordagem pode ser feita sim. Tanto que eu li que iriam aumentar a promoção de "Mamma Mia" (que para piorar é um musical) e no segundo semestre "The Women", que só tem mulheres, refilmagem do filme do George Cukor que eu adoro. Espero que também dêem bilheteria e propiciem novos filmes.

Sabe que eu também detesto esse povo comentando que a SJP tem cara de cavalo ou coisa do tipo, já que eu não acho isso relevante at all, que bom que mesmo com essa cara ela conseguiu se transformar numa figura tão singular, ao mesmo tempo me pergunto se alguma das quatro vai conseguir algum dia ser conhecida por outros papéis.

Quanto ao figurino eu sou suspeita para falar, eu acho as roupas o máximo, mas é claro, pouquíssimas são as que podem usar aquilo e mesmo elas muitas vezes também não poderiam. Mas a Patricia Field, a figurinista, mesmo já tinha falado sobre a série, que não era para ser levado tão à sério assim, que na "vida real" é claro que uma mulher não poderia ficar sem repetir uma roupa nunca (como aconteceu na série). Credo, acho que já escrevi demais, desculpe!
Beijos, Alê

lola aronovich disse...

Pois é, Alê. Se Sex, o filme, precisa ser comemorado, é porque são 4 mulheres que seguram o filme, o que não é nada frequente em Hollywood. Filmes com mulheres e "pra mulheres" não costumam fazer um quarto do sucesso dos blockbusters tradicionais. Eu também não entendo isso. Bom, parece que os rapazes têm mais poder nos EUA pra "escolher" um filme. A namorada vai junto. Mas esse argumento é estranho pra mim. Afinal, se a maioria dos filmes são feitos pra meninos de 12 anos, eles não têm namorada, tem? Então será que grupinhos de garotos de 12 anos vão juntos ao cinema? Mas meninas também vão. Eu nem posso falar muito, porque eu só lia que a faixa etária que mais ia ao cinema era de pré-adolescentes (meninos). Mas aqui em Detroit, em quase todos os cinemas e filmes que vou, a maior parte do público não é essa! Tem muita gente de 40, 50 anos pra cima. E mais mulheres que homens. E eu fui ao cinema em Chicago e o público era idêntico a esse que vejo aqui.
Que bom que vc falou de "The Women"! Eu vi o trailer sábado passado e vou criticá-lo na quarta.
A maior parte das roupas de Sex eu não gosto. Mas quem sou eu pra julgar? Não dou a mínima pra roupas (minhas ou dos outros).

Andie disse...

Eu fui ver o filme com a Caroline, acho que se nao fosse por ela nao teria visto. Eu gostei, mas concordo que foi longo demais (as cenas no Mexico se arraaaaastam), e achei meio estranho o fim da plot da Samantha (I love me more? Achei forcado). Vou ter que responder que acabei gostando do filme pelas roupas mesmo.. e o vizinho gostoso! hahahaha

lola aronovich disse...

Quer dizer que o James não passa na frente de cinema passando Sex nem arrastado, Andie?

Denise Arcoverde disse...

Oi, Lolla! obrigada por sua visitinha ao SdeE.

Eu escrevi meu post na hora que saí do cinema, no sábado passado, pra não perder a raiva!

http://sindromedeestocolmo.com/archives/2008/06/sex_and_the_city_-_um_dos_piores_filmes_que_vi.html/

Depois tive que refazer com uma resposta às "Carrie Wanna Be" que estão em polvorosa por lá. Ainda assim, dos 80 comentários no nosso animado debate, a imensa maioria é de mulheres que NÃO querem ser a Carrie!

Eu também comentei que gosto principalmente da Carrie ser feito pela SJP que não é nenhuma beleza tradicional.

Acho que esse era um bom motivo pra eu ver a série, mas nem isso se sustenta no filme que é o pior que já vi na vida.

Estou terminando um post com a resposta aos comentários que fizeram lá no blog e publico já, depois, se der, dá uma passadinha por lá, de novo.

Beijos!

Beth/Lilás disse...

Oi, Lola!
Vim visitar seu blog partindo lá do Síndrome da Denise.
Realmente este assunto gerou muitos comentários aqui no Brasil quanto aí nos States.
Também prefiro gastar meus ricos reais em coisas mais importantes que bolsas da LV.
Excelente blog o seu e espero sua visita lá no:
http://www.supremamaegaia.blogspot.com.br
Abraços cariocas.

lola aronovich disse...

Denise, como escrevi lá nos comentários do seu post, gostei muito da sua crítica ao filme, e concordo plenamente com ela. Legal as Carrie wanna be terem descoberto o seu blog! Quem sabe vc não convence alguma de que o consumismo não é a melhor saída? Vi nos comentários que a maior parte das leitoras está contigo e não abre. Eu não achei o filme tão ruim como vc achou. É um entretenimento simpático, principalmente pra quem acompanhava a série. Mas dá pra gostar e ver o racismo e machismo do filme ao mesmo tempo, não dá? Abração, e apareça. Eu certamente vou aparecer no seu excelente blog.

lola aronovich disse...

Oi, Lilás! Dei uma passada rápida no seu blog. Pareceu interessante! Eu tenho a mesma reação que vc ao receber chamadas de telemarketing. "Se eu quisesse o seu produto, eu ligaria pra vc, não o contrário". E é um horror, é todo dia. Ando pensando em tirar meu nome da lista telefônica. Eu sei SEMPRE quando é telemarketing, porque sempre pedem pra falar com "Sra. Dolores". E meus amigos só me chamam de Lola.
Mas não entendi bem de onde vc é, onde vc vive. Apareça sempre!

Gisela Lacerda disse...

Eu nunca assisti a essa série; uma vez vi alguns trechos e achei chatéeeeeeeerrrrrrrima. ;-0 Impressionante como todo mundo comenta. Aliás, nem gostava de séries americanas; foi meu ex quem me apresentou a esse "novo mundo". Só gosto de 24 horas, Lost um pouco (perdi o interesse) e séries onde não há continuidade, séries investigativas, enfim: CSI, House, Medium, Monk (engraçada), Lei e Ordem, Prison Break, etc.

Existem várias leituras e uma delas é a famosa identificação. Não me identifico com nada em SATC: não sou rica, não moro nos EUA, não sou consumista (nunca tive grana o suficiente pra isso, senão eu seria quase.. hehe).. Não sou independente financeiramente (sou quase, digamos que emocionalmente tá bem), de repente, a volubilidade.. só isso. De resto, nada e nada.

Se tem isso tudo que você disse no filme.. nossa.. Que ruim mesmo. Meu namorado queria ver, mas ele nunca viu a série, nem sabe nada, não assisti a séries. Mais longe do que eu. Não pago mesmo pra ver isso no cinema. Fizeram uma matéria outro dia e "photoshoparam" as personagens no calçadão de Copacabana e entrevistaram umas "conhecidas"pra saber quais locais elas acham que as personagens frequentariam aqui. Até parece que foram só as próprias pessoas que disseram. Foi "pub" da revista, pra vender o restaurante.

Sobre o sushi: não vejo nada demais nisso. Nem no Faustão, nem em série americana, nem na vida real. Não tenho esse olhar radical. Acho até maravilhoso, porque não gosto de sushi! O único problema seria eu comer em cima do corpo de um homem ou de uma mulher. ;-)

De resto, pra mim é ET essa discussão toda. ;-0

Gisela Lacerda disse...

Ou seja, muito longe da minha vida real. ;-)) Nem na fantasia ela entra!

Anônimo disse...

Olha, sou mulher e nunca entendi o apelo dessa série. Já tentei assistir mais de 3 episódios, mas não deu, é patético demais. As quatro protagonistas, definidas como mulheres "inteligentes, independentes e bem sucedidas" são quatro songa-mongas horrorosas que passam a vida correndo atrás de homem e comprando sapato. Nunca vi qualquer demonstração de inteligência em nenhuma delas. Sem falar que o negócio é mal-escrito, vulgar mesmo e nenhuma das atrizes tem talento extraordinário para a atuação. A série, e agora o filme, podem servir muito bem como um longo comercial de roupas/acessórios de luxo que as espectadoras nunca vão poder usar, mas não "serve" para mais nada. Prefiro mil vezes ir assistir ao Indiana Jones geriátrico do que ver essa besteirada. Deve ser porque eu odeio tudo que é feito "para mulher", como se a gente fosse extraterrestre e que não pudesse gostar de outras coisas que não envolvam roupas, homem e outras futilidades.

Anônimo disse...

Gente, posso falar uma coisa ÓBVIA?

Pois bem... Charlotte acaba fazendo cocô nas calças por causa do PUDIM, que é a única coisa que ela come no México por causa do preconceito idiota dela. Nesta querela, estou do lado do filme... Vocês que não sacaram...

Ukiyou disse...
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Ukiyou disse...

Lola, ainda não vi esse filme, mas assisti a série e o primeiro filme. Recomendo que você assista os primeiros episódios da série para entender alguns dos valores pelos quais ela é conhecida.

A série passa a idéia de 4 amigas solteiras que são felizes por serem solteiras e independentes. Elas gostam de fazer seco, de namorar, mas também de ficarem sozinhas, de comer bem e de fazer compras, pois todas tem trabalhos bem pagos e PODEM se dar ao luxode comprar bolsas ou sapatos caros. Elas tem seus rolos, seus amigos "com benefícios", amigos gays, mas por fim o que sempre permanece é a amizade entre elas. E uma das coisas fortes na série é lutar contra o estereótipo de mulher vadia. Mulheres gostam de sexo e isso é normal.

Mas no fim da série (depois de umas 6 ou 8 temporadas), todo o ideal da série se perde. Elas se casam/tem filhos/namoricos estáveis e encontram a felicidade no padrão de comportamento que ia contra todo o sentido da história. Algo como "chega de brincar, hora de crescer e ficar igual a todo mundo". Aí o casamento da Carrie ficou pro filme, que eu, fã da série, achei fraquíssimo. Tudo o que sobrou dos ideais de independência foi o consumismo, que antes poderia até se passar por uma expressão de poder aquisitivo e passou a ser simples futilidade.

Esse segundo filme eu nem vou ver.

http://souferrofundido.blogspot.com/ disse...

Lola, conheci teu blog há pouco tempo.Não sei porque estou comentando aqui, porque já li um monte de crônicas e críticas, você é mesmo muito boa!
Mas o que mais me surpreende em seus textos é o seu olhar crítico em relação ao preconceito racial. Sou negra, e sei que muitas mulheres da minha raça são incapazes de perceber a exclusão, e você, branca com olhos claros, vê isto de forma tão límpida...sou uma nova fã, é isto. Abraço...vou continuar aprendendo por aqui.Ah! Acho Sex inverossímel, são realmente "gays travestidos de fêmeas", só pode ser.Mulher não é "isto".Agora fui.

Anônimo disse...

Como já acompanhava a série, adorei o filme. Claro que é um padrão de vida totalmente diferente da maioria dos mortais, inclusive do meu. No entanto, não vejo o filme como algo negativo que vá influenciar o comportamento das "mocinhas" consumistas. Mesmo por que uma coisa é querer um Manolo Blahnik, outra coisa é poder comprá-lo. Concordo com algumas observações do post, como a que faz referência a Charlotte não consumir nada do México por ser um país subdesenvolvido. Achei um exagero dos produtores. Mas tem alguns comentários que mostra que a pessoa não assistiu a série toda para poder compreender o sentido do filme. Por exemplo, a Carrie é sim consumista, mas estar longe de ser uma pessoa fútil e egoísta. Quem assistiu a série vai se lembrar de que ela nunca fez questão por um casamento ou por um anel de diamante grande. É só lembrar-se de como foi o seu noivado com o Aidan (lindo, por sinal) e de como ela podia ser uma pessoa bem simples quando estava em casa. Não, ela não dormia de salto alto e nem maquiada. Também para entender o porquê do filme colocar a Miranda como em parte responsável pela traição do seu marido, basta entender a personalidade difícil da Miranda e em quanto ela priorizava o seu trabalho. Enfim, é o que eu acho. O filme é como se fosse uma continuação da série e pra conseguir entendê-lo só assistindo a ela.

Unknown disse...

Sarah Jessika Parker disse que quase recusou o papel de Carrie porque ao acompanhar as gravações do episódio piloto, ela achou tudo meio sem graça. Atualmente, Sarah Jessica Parker retorna ao pequeno ecrã como produtor e estrela do série Divorce, que tem 10 capítulos e é lançado simultaneamente nos Estados Unidos e na América Latina. Frances interpreta Sarah, uma mulher com uma relação tensa com seu marido e dois filhos, que descobre que terminar o seu casamento e começar do zero não é fácil. Não podemos perder esta série de comédia em uma bela lugar em Nova Iorque, porque é uma grande proposta.