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sábado, 7 de março de 2009

CRÍTICA: FROST/NIXON / O Nixon era um biltre mesmo

O showman e a sombra de um presidente que não foi nenhum show.

Eu ia escrever sobre Quem Quer Ser um Milionário? hoje. Já tenho tudo anotadinho. Mas, como o filme estreou em Joinville, vou aproveitar e vê-lo no cinema antes de dar minha opinião. Escreverei minha crítica pra quarta. Aí também dá tempo pra que você veja o vencedor de 8 Oscars.
Operação Valquíria terá que sobreviver sem a minha visita. Ele ainda está passando aqui, mas o trailer não me deu vontade. Na verdade, eu e o maridão fomos vê-lo assim que chegou, na sexta re-retrasada. Sabe o que aconteceu? A cópia só viria no dia seguinte, e ficamos sem paciência pra repetir o ritual de ir ao cinema no sábado. Na penúltima sexta eu até cogitei ir lá. O problema é que estava tão, mas tão enrolada com a tese, que nem saí de casa durante dias. E hoje prefiro ver Milionário, porque filmes sobre a Segunda Guerra nunca estão entre as minhas prioridades (mesmo sendo com o Tom Cruise - tá, já saquei que sou a única no mundo que ama o Tom).
Ontem estreou também Frost/Nixon (quer dizer, nunca em Joinville), que eu vi faz um mês no computador. Não me lembro o suficiente do filme pra escrever sobre ele, nem estou a fim de vê-lo de novo tão logo. Mas eu gostei pacas, sabe? Tá muito longe de ser um grande programa, lógico. Ok, ok, vou ver o que consigo lembrar. Você pode ver aqui, pelo trailer legendado, que é tudo muito interessante.
O pó foi o seguinte: o presidente republicano Richard Nixon renunciou em 1974, prestes a ser impeachado, por causa do escândalo de Watergate (em que seus homens de confiança invadiram um prédio dos democratas). Ele se considerou injustiçado, óbvio, e seu vice, Gerald Ford, que assumiu, o perdoou em rede de TV rapidinho. Os republicanos ficaram impunes nessa sujeirada toda. Mas o filme não está muito preocupado com isso. Ele começa em 1977, três anos depois da renúncia, quando Nixon, precisando de dinheiro e louco pra reabilitar sua reputação, vende uma entrevista. E quem a compra é um tal de David Frost, um apresentador britânico de variedades, sem nenhum conhecimento político. Boa parte da história gira em torno disso: o descrédito que cerca Frost, que calha de tentar tirar uma confissão do ex-presidente, e a arrogância de Nixon, crente de que sairá vitorioso da entrevista histórica (vista por mais de 45 milhões de americanos). Prepare-se para uma enorme dose de suspense.
Uma das coisas mais legais é que, se eu não tivesse lido que o filme foi baseado numa peça do Peter Morgan, eu jamais adivinharia que Frost/Nixon já foi teatro em outra reencarnação. E com os mesmos atores nos papéis principais: Frank Langella (só lembro dele como Drácula em 79 e como Quilty na versão de 97 de Lolita) como Nixon, Michael Sheen (que interpretou Tony Blair em A Rainha, mas que não tem nenhum parentesco com Martin e Charlie Sheen - eu chequei. ) como Frost. O elenco inteiro está ótimo. O cara que faz o agente loiro do Frost é o Matthew Macfadyen, que fez Darcy em Orgulho e Preconceito (par com a Keira Knightley). Eu o acho sexy. E o Sam Rockwell, que interpreta um jornalista revoltado e idealista, foi o vilão de À Espera de um Milagre. Ah, e a moça que faz a namorada do apresentador? É a Rebecca Hall, a Vicky de Vicky Cristina Barcelona. E tem mais um montão de gente famosa pra reconhecer. Kevin Bacon também está bem, principalmente numa cena em que Nixon faz uma brincadeira com ele, ele não entende, e fica a maior saia-justa.
A cena-chave é pura ficção, imagino. É de um Nixon bêbado ligando pro Frost no meio da madrugada, antes do embate final, e não se lembrar de nada sobre o episódio no dia seguinte. Ainda que o diálogo seja imaginário, ele revela muito da personalidade dos dois protagonistas.
Frost/Nixon é um dos melhores trabalhos do Ron Howard (foto) que, apesar de ser considerado um dos diretores mais medíocres a receber um Oscar (por Mente Brilhante) e ser conhecido por fazer troços meia-boca como Código Da Vinci, dirigiu coisas acima da média como Apolo 13 e Splash, Uma Sereia em Minha Vida, e o que pra mim é uma obra-prima: Parenthood - O Tiro que Não Saiu pela Culatra (vou escrever sobre ele em breve, prometo).
Só sei que, enquanto eu via o filme, ficava me lembrando da palestra do Bob Woodward que tive a sorte de ver em Detroit. Woodward foi um dos dois jornalistas que investigaram Watergate. Na palestra, ele falou direto do Nixon. Disse que era um sujeito rancoroso, mesquinho, teimoso. A interpretação do Langella me passou tudo isso.