E é por isso, por causa desse prestígio tamanho família, que o Taranta pode filmar quanto quiser e depois, quando não sabe o que cortar na sala de edição, o estúdio o deixa fazer dois filmes. O “Volume I” é o primeiro, e já vá avisado que é incompleto. O “Volume II” estreou a pouco nos EUA, tá indo muito bem de bilheteria, sabe-se quando chegará aqui, e os críticos americanos que não haviam percebido o brilhantismo do primeiro agora se derretem em elogios. “Kill Bill” é de encher os olhos, apesar da história bastante banal: uma moça grávida, a Uma Thurman, é quase massacrada no dia do seu casamento. Apesar de tudo ela sobrevive e, após quatro anos em coma (com um enfermeiro que aluga o corpo dela pra tarados!), ela renasce pra se vingar dos seus algozes. E dá-lhe golpes de kung-fu, mulher batendo em mulher, mulher batendo em centenas de japoneses (acho que o Neo lutando contra os infinitos agentes Smith em “Matrix” perde), cabeças decapitadas, sangue jorrando, e a saga de uma de suas rivais contada via desenho animado. É um estouro. Sei que não parece nada de mais, mas é. Vai por mim.
“Kill Bill” é tão lotado de referências que seria preciso uma tese de mestrado pra identificar todas. Se você não conseguir sacar nem um terço, não tem problema. Sem as referências, “Kill Bill” é apenas um filme de artes marciais acima da média, com ritmo febril e seqüências de luta incríveis. Com as referências, é melhor ainda, porque aí a gente entende o estilo do Taranta. É mais do que o fascínio pela violência – é uma paixão por toda uma cultura pop, da música às histórias em quadrinhos. Um leitor meu, que já viu uma versão pirata, disse que “Pulp Fiction” é Pelé, “Kill Bill” é Garrincha (e o Maradona, coitado?). Seja lá o que for, é o melhor filme do ano passado. Indo direto ao clichê: não perca.
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