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quarta-feira, 17 de março de 2021

GUEST POST: NO PATRIARCADO, É O GÊNERO QUE DETERMINA O LUGAR DAS MULHERES NA SOCIEDADE

Em 2019 um livro feminista importantíssimo, A Criação do Patriarcado, foi finalmente publicado em português pela editora Cultrix, com tradução de Luiza Sellera. Eu tive a honra de escrever o prefácio. Já fiz um vídeo sobre isso.  

Outro dia a Ana Luiza Marques, que mora em Lisboa, escreveu uma thread falando sobre o livro de Gerda Lerner. Se você ainda não leu a obra, leia! Realmente vale a pena!

Uma thread sobre como, quando e por que a submissão feminina passou a existir, de acordo com Gerda Lerner, em A Criação do Patriarcado, uma perspectiva interessante que desconstrói muito do que vem sendo disseminado até hoje.

Para Lerner, a divisão sexual do trabalho, com base na “superioridade” natural do homem, é uma sentença que continua em voga tanto quanto era nos primórdios da sociedade humana. Em uma das passagens do livro, a autora destaca que “a consequente explicação da assimetria sexual coloca as causas da submissão feminina em fatores biológicos pertinentes aos homens”. Não é à toa que o homem-caçador, pela sua maior força física e pela experiência no uso de ferramentas e armas, “naturalmente” é quem protegerá e defenderá às mulheres. Mas, como contraponto, na maioria dessas sociedades a caça de grandes animais, realizadas pelo homem-caçador, é uma atividade auxiliar, “enquanto o fornecimento dos principais alimentos vem de atividades de coleta e caça de pequenos animais, que mulheres e crianças executam”.

Ainda de acordo com Lerner, antropólogas feministas em estudos mais recentes estão desconstruindo muitas dessas generalizações iniciais em que a dominação masculina era reconhecida de maneira universal. Acerca disso, constatou-se que as tarefas realizadas tanto por homens, quanto por mulheres, eram indispensáveis para a sobrevivência do grupo, “e o status de ambos os sexos era considerado igual na maioria dos aspectos”. Portanto, nessas sociedades os sexos eram considerados “complementares”; de modo que seus papéis e status eram diferentes, mas nivelados. 

O argumento religioso, por sua vez, também contribuiu com o discurso de dominação masculina como universal e natural, pela atribuição que a mulher é submissa ao homem, porque assim foi criada por Deus. Considerava-se que, se mulheres foram criadas por planejamento divino e apresentavam uma função biológica diferente da dos homens, a elas também deveriam ser concebidas tarefas sociais diferentes. Ou seja, se Deus e a natureza assim fizeram, ninguém pode ser culpado pela desigualdade e muito menos a dominação masculina, consequentemente interligada com a divisão sexual do trabalho. 

Com o tempo a defesa tradicionalista da supremacia masculina mudou, especialmente quando a explicação tradicionalista da inferioridade das mulheres teve respaldo “científico”. Defensores científicos do patriarcado justificavam a definição de mulheres pela função materna e pela exclusão de oportunidades econômicas e educacionais como algo necessário para a “sobrevivência da espécie”. Nessa perspectiva, a menstruação, a menopausa e até mesmo a gravidez eram vistas como debilitantes, doenças ou condições anormais que incapacitavam as mulheres, considerando-as inferiores.

Gerda Lerner também aponta que as teorias de Freud reforçaram a explicação tradicionalista. Ainda que muitos aspectos da teoria freudiana se provem úteis na construção da teoria feminista, a autora destaca que a máxima para mulheres de que “anatomia é destino” corroborou para o argumento de supremacia masculina. 

Desse ponto de vista, as aplicações da teoria freudiana à criação de filhos somadas à literatura popular de autoajuda, segundo a historiadora, “deram novo prestígio ao velho argumento de que o principal papel da mulher é ter e criar filhos”. Lerner inclusive considera que a “doutrina freudiana popularizada [...]  se tornou literatura consagrada para educadores, assistentes sociais e o público geral da grande mídia”. 

Um importante apontamento que ela faz aos tradicionalistas é que estes aceitaram as mudanças culturais pelas quais libertaram os homens da necessidade biológica, a exemplo da substituição do trabalho físico pelo trabalho de máquinas. Todavia, mantém as mulheres ainda no patamar eterno e imutável de servirem à espécie por meio de sua biologia, atribuindo o papel da natureza em detrimento da cultura.

Ela afirma que independentemente de características como agressividade ou nutrição serem transmitidas por meio da genética ou da cultura, a agressividade pode ter tido o seu papel funcional na Idade da Pedra, mas vem ameaçando a sobrevivência na era nuclear.

Gerda Lerner conclui esta discussão com uma premissa muito importante: que os atributos sexuais são fatos biológicos, mas GÊNERO é produto de um processo histórico. 

Desse modo, entende-se que o fato das mulheres terem filhos se deve ao sexo, assim como o fato de cuidarem dos seus filhos se deve ao gênero, uma construção SOCIAL. Para Lerner, “é o gênero que vem sendo o principal responsável por determinar o lugar das mulheres na sociedade”. 

domingo, 8 de setembro de 2019

EXEMPLOS DE RESISTÊNCIA NA BIENAL CENSURADA

Como sabemos, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, mandou recolher livros com temática LGBT como "impróprios para menores". 
Incrivelmente, um desembargador do Tribunal da Justiça deu aval a esta medida inconstitucional. 
O youtuber Felipe Neto tomou uma atitude louvável: comprou 14 mil exemplares de livros com esta temática e conseguiu distribui-los gratuitamente antes que a censura imperasse. Os livros foram entregues num saco preto com o aviso "Este livro é impróprio -- para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas". 
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu para que o Supremo proíba apreensão de livros na Bienal. 2019 e uma procuradora precisa pedir para o Supremo (que pode recusar o pedido!) proibir censura de livros!
Ontem houve uma marcha dentro da bienal de pessoas com os livros doados nas mãos gritando "Abaixo a censura". 
Desta marcha participou Pedro, 8 anos, que disse "É só um beijo!". Ele levou um cartaz exigindo que o prefeito cuide de coisas mais importantes, como a escola onde estuda, que está sem merenda. Pra quem acha que crianças não pensam por si próprias, a iniciativa partiu totalmente dele. 
Ontem também Mauro, filho de Maurício de Sousa publicou uma foto beijando seu namorado, com a legenda: "Eu e o Rafa, sem censura e com a classificação etária livre, porque beijo não é impróprio e pode estar em qualquer HQ. Qualquer uma". 
Bem-vindos ao Brasil de Bolsonaro. E da resistência a ele, que é gigantesca e só aumenta. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O OBSCURANTISMO RELIGIOSO CHEGA À BIENAL DO LIVRO DO RIO

A notícia que balançou as redes sociais hoje foi mais uma ação de censura no nosso Brasil atual da ditadura velada. 
Poucos dias depois do governador de São Paulo mandar recolher nas escolas livros que falam sobre a diversidade, o prefeito evangélico do Rio, Marcelo Crivella, determinou que exemplares da história em quadrinhos Vingadores: A Cruzada das Crianças fossem removidos e embalados em plástico preto, pois teriam "conteúdo sexual para menores".  "Precisamos proteger as nossas crianças", disse o prefeito crente do Estado Laico em vídeo. 
Dois dos personagens da história são namorados. Nas 264 páginas da graphic novel, os dois aparecem se beijando duas vezes. A Valéria do Shoujo Café explica todo esse absurdo direitinho.
A Lanika, especialista em quadrinhos, disse que "a Marvel é tão careta que esse único beijo aí só acontece como resposta a um pedido de casamento! 
"Eles mal se tocam no resto da revista. Crivella está chamando de pornografia um beijo (interrompido!) dado em resposta a um 'topa casar comigo?'" Ela acrescenta: "esses quadrinhos existem há dez anos, essa edição de luxo há três, não era lançamento, era venda de saldão. Isso quer dizer que a invasão à Bienal em nome do pânico moral já estava planejada, eles só precisavam arrumar uma desculpa pra justificá-la".
Esta ação patética do Crivella é, além de inconstitucional, homofóbica. E parece que homofobia é crime. Haveria como enquadrar o prefeito no crime de homofobia? Sabemos que o prefeito vem fazendo uma péssima gestão e que operações moralistas como esta contra a Bienal são formas de chamar a atenção do seu eleitorado. 
Crivella não apenas mandou recolher Vingadores (rapidamente transformando a edição em cobiçado bestseller). Agentes da secretaria de Ordem Pública do RJ foram enviados também para fiscalizar estandes da Bienal (leitoras e leitores, vale a pena prestar atenção nos livros brasileiros com temática LGBT). 
Várias editoras se manifestaram contra a medida, como a da Record: "A Secretaria de Educação passou no nosso estande na Bienal exigindo que todos os livros com conteúdo LGBTQS fossem lacrados e sinalizados como livros com conteúdo impróprio. [...] Vamos continuar lutando para que todos os jovens se vejam representados em nossas histórias". 
A Bienal do Rio emitiu esta nota, corajosamente se recusando a cumprir qualquer ordem do prefeito: "Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+. A direção do festival entende que, caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor."
É tão vergonhoso tudo isso! Eu me lembrei do magnífico filme Bacurau, que vi esta semana (farei vídeo sobre ele, prometo!). Numa breve cena, vemos que, num futuro próximo, haverá execuções públicas no Vale do Anhangabaú. E a queima de livros em fogueiras, começa quando?
Será que tudo isso é mais uma cortina de fumaça? Afinal, Bolso está preparando a venda do Serpro e da Dataprev, empresas que possuem dados sigilosos (que o contribuinte declarou no seu imposto de renda) de toda a população brasileira. 
O temor dos servidores e de especialistas é que essas informações sejam comercializadas para empresas privadas. E, claro, vazadas. Eu, como alvo frequente de quem tem quase todos os dados divulgados por uma quadrilha que me ameaça de morte e estupro há anos, detestaria ver minha declaração de imposto de renda na mão de channers (frequentadores de fóruns anônimos pra quem o sinistro da Educação costuma mandar abraços). 
Vivemos tempos realmente sombrios e perigosos.
 

terça-feira, 25 de setembro de 2018

CARTAS DE UMA MENINA PRESA

Como vocês sabem, sou muito fã da professora Debora Diniz, da UnB. 
Em 2015 ela iniciou uma pesquisa a junto à Unidade de Internação de Santa Maria, em Brasília, habitada por adolescentes meninas privadas de liberdade por atos infracionais. Ao longo de um ano acompanhando o plantão de um grupo de agentes socioeducativas, Débora buscou entender o que seria o "estabelecimento educacional" onde a medida de internação deve ser cumprida, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essa pesquisa gerou o estudo "Meninas fora da lei: a medida socioeducativa de internação no Distrito Federal".
Mas não foi só isso. Através do convívio com essas garotas, Débora passou a trocar cartas com elas. Uma delas foi Talia (não seu nome verdadeiro), que chegou a ser uma importante traficante do DF. Talia foi presa pela primeira vez aos 14 anos, mas já perambulava pela rua desde os 8. Não teve escola ou conselho tutelar que a resgatasse da perdição do crime, do sexo por dinheiro ou da violência.
Débora, Virgínia e Iasmim
no lançamento do livro
A correspondência virou um livro, Cartas de uma Menina Presa. Após ser rejeitado por seis editoras, o livro foi financiado por doações e publicado pela editora LetrasLivres, da Anis – Instituto de Bioética. Você pode comprá-lo por R$ 30, e esse valor irá custear o curso universitário na modalidade educação à distância para a coautora Talia, que atualmente cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Feminina do DF. E também será usado para imprimir uma nova edição.
Vírginia Nabut, outra grande fã da Débora, comprou cem exemplares do livro para distribui-los em escolas. Ela conta melhor tudo isso:

Conheci a Dra. Debora Diniz por volta de 2002. Desde então acompanho sua carreira. Ora de perto, ora de longe, mas sempre muito admirada pelos temas que pauta.
No ano passado fiquei sabendo do seu trabalho na unidade de internação socioeducativa para meninas em conflito com a lei, na capital do país. Fui a um evento onde ela contou um pouco sobre a experiência, mostrou fotos (tiradas por ela mesma) e leu cartas dessas meninas com quem tinha convivido durante 14 meses em regime de plantão (24h trabalhando por 48 de descanso).
A ideia dela, antes de iniciar a pesquisa, era aplicar questionários, tirar fotos, conversar com as meninas. E todos os seus planos foram por água abaixo quando elas começaram a fazer perguntas e a escrever cartas e pediam livros para ler e queriam saber quem ela era...
Como pesquisadora, tudo o que sabia até então não lhe preparava para o que estava por vir: centenas (talvez milhares) de cartas trocadas com várias das meninas.
Como caneta pode ser usada para ferir outras pessoas, Debora importou (com o próprio dinheiro) dos Estados Unidos canetas específicas para serem usadas por presas/internas. A caneta tem corpo de silicone, é dobrável e, por isso, pode entrar nas celas. Antes as cartas só podiam ser escritas nos momentos de aula, de banho de sol, ou escondidas por alguma menina que quebrava as regras e levava a caneta escondida.
O livro são apenas algumas das cartas trocadas entre Debora e Talia.
Cartas que falam, que gritam, que choram. Cartas que movem, em uma linguagem simples de adolescente, cartas respondidas com a linguagem simples de quem soube se adaptar para conviver.
Um encontro improvável de uma das 100 maiores pensadoras do mundo (segundo o  Foreign Policy Magazine, de 2016), portadora de inúmeros títulos e prêmios, com uma menina encarcerada que era tida como “xerifa” na unidade socioeducativa.
Um livro que teve que ser publicado do próprio bolso, pois nenhuma editora quis bancá-lo. Por isso, o livro conta com apenas 1000 exemplares impressos.
Debora e Iasmim, que escreveu a
orelha do livro
Um livro que está sendo vendido, hoje, apenas pela própria Anis, e que busca, com a receita das vendas, ajudar Talia a cursar a faculdade (ela acabou de passar no vestibular) e a criar a sua filha, que hoje tem um ano.
No lançamento do livro, Talia não pode estar presente, então quem acompanhou a Debora na mesa foi a menina que dividiu a cela com Talia e que escreveu a orelha do livro.
Debora disse que não foi para lá com o intuito de salvar ninguém, de ajudar ninguém. No entanto, hoje, várias dessas meninas viraram universitárias. Várias se tornaram pesquisadoras. Algumas, como Talia, voltaram para o sistema, mas dispostas a saírem. E mostram isso todos os dias.
Elas escolheram os mais diversos cursos. Você pode esbarrar nelas em alguma universidade, pública ou privada, nos primeiros ou nos últimos semestres.
O livro, de forma alguma, é um livro acadêmico. É um livro leve (com tema pesado), mas que pode ser enquadrado facilmente como infanto-juvenil.
Deveria estar, aliás, em lugar de destaque nas bibliotecas, junto com o Diário de Anne Frank e Eu Sou Malala.
E, assim como Malala, o livro continua acontecendo e refletindo tudo o que Debora e Talia representam uma para a outra e para todas as pessoas que leram ou viveram essa realidade.
Vale ler cada linha. Vale gastar cada centavo. Vale falar dele para os amigos, conhecidos, professores de escolas públicas e particulares.
Quem sabe, assim, ele ficará tão famoso e com tantas tiragens quanto aqueles escritos por Malala e Anne Frank.
Anne, Malala e Talia. Três sobreviventes. Três pessoas reais. Três meninas que sofreram o que ninguém deveria sofrer.
E todas com uma história de luta para contar.
Boa leitura.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

OS HOMENS EXPLICAM TUDO PRA GENTE

Saiu agora no Brasil pela editora Cultrix, com tradução de Isa Mara Lando, o livro clássico (e recente, de 2014) da escritora e feminista americana Rebecca Solnit, Os Homens Explicam Tudo pra Mim.
Solnit começa narrando um caso instigante, mas nada incomum para as mulheres: numa festa a que ela foi com uma amiga, um homem rico se pôs a discorrer, “com aquele olhar presunçoso que eu conheço tão bem nos homens quando começam a falar e falar, com os olhos fixos no horizonte nebuloso e distante da sua própria autoridade”, sobre um livro que ela havia escrito. Apesar da amiga tentar interrompê-lo várias vezes para alertar que aquele era o livro dela, o Sr. Muito Importante demorou até parar de explicar para a autora tudo que ela deveria saber sobre o livro.
Esse é um comportamento bastante clichê. Não que mulheres não possam ser paternalistas e condescendentes. Mas é uma atitude tipicamente masculina. Perco a conta de quantos homens vem todos os dias explicar o que é feminismo pra mim, que sou feminista há quatro décadas e mantenho um dos maiores blogs feministas do Brasil há quase uma. 
Versão portuguesa
do livro
Essa atitude de muitos (não todos!) homens, que talvez na maioria das vezes sequer seja proposital (eu sou otimista desse jeito), tem o poder de impedir as mulheres de falar e de serem ouvidas quando ousam falar, de mostrar às mulheres, principalmente às jovens (como é feito com o assédio sexual nas ruas), que o mundo não pertence a elas. Como diz Solnit, “É algo que nos deixa bem treinadas em duvidar de nós mesmas e a limitar nossas próprias possibilidades -– assim como treina os homens a ter essa atitude de autoconfiança total sem nenhuma base na realidade”. 
Solnit também narra um outro episódio em que um tradutor zombou dela, num jantar, quando ela disse (e ela já havia publicado um artigo sobre isso) que um grupo, o Women Strike for Peace, foi importante em derrubar o HUAC (comitê responsável pelo macartismo, período vergonhoso de "caça às bruxas" nos EUA), em 1961. Lógico que ela estava certa, mas o sujeito falou a besteira com tanta autoridade que, quando ela voltou ao seu quarto, teve que checar a internet para se certificar. É divertido porque ela deixa um recado pra ele no livro: “Cara, se você está lendo isto, saiba que você é uma espinha inflamada no rosto da humanidade e um obstáculo à civilização. Sinta vergonha”.
A propósito, não foi Solnit que criou o termo mansplaining (que eu ousei traduzir para homexplicanismo). O termo foi inspirado pela publicação de seu ensaio, mas não veio dela. Ela nem usa muito a palavra, porque passa a ideia de que essa é uma falha inerente dos homens. Em 2012 o termo já estava sendo usado na grande mídia dos EUA, e continua até hoje. 
E, como Solnit aponta em outro ensaio do livro, “#SimTodasAsMulheres”, as palavras são importantes. Na década de 1960, termos como violência doméstica, assédio sexual, estupro marital e cultura do estupro, entre outros, sequer existiam. Como podemos denunciar um problema que não conseguimos nomear? Para Solnit, dar nome às coisas foi uma das conquistas do feminismo. E ela, assim como eu, também é otimista. Para ela, não há volta: o feminismo veio para mudar o mundo.
Pessoas queridas, quero falar mais ainda deste livro sensacional, até porque o que comentei aqui refere-se basicamente ao primeiro capítulo. Mas é o seguinte. Pedi à editora três exemplares (um pra mim, outro pra biblioteca da UFC), e ela os mandou pra mim. Portanto, tenho um exemplar aqui prontinho pra ser enviado pra você. Quero fazer um sorteio, algo que não faço há muito tempo e que, pra falar a verdade, não deu certo da outra vez que fiz, porque a pessoa que ganhou não apareceu para me mandar o endereço pra que eu pudesse mandar o livro pra ela.
Este livro aqui
Espero que funcione desta vez! Pra participar do sorteio, é só você comentar com um nome ou avatar (não pode ser anônimo!) neste post. Pode comentar mais de uma vez, mas só um comentário será válido. Ainda esta semana eu usarei um site que sorteia um número para escolher um dos comentários. Aí a pessoa que ganhou me envia o endereço por email e eu envio o livro pra ela. Simples!
Vamulá, participem! É só comentar usando algum tipo de nome. 
“Nenhum homem jamais se desculpou por querer me explicar, erroneamente, coisas que eu sei e ele não sabe” -- Rebecca Solnit. 

SORTEIO! Pedi ao Random um número de 1 a 130 (o número de comentários), e deu 113. Contei e cheguei ao nome de Clarice Galhardi. Por favor, Clarice, mande um email pra mim rapidinho pra que eu possa te mandar o livro. Virão novos sorteios por aí!