Mostrando postagens com marcador doação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador doação. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 5 de março de 2021

PEDINDO AJUDA AOS QUERIDOS E QUERIDAS QUE ME LEEM

Pessoas queridas, faz tempo que não faço isso, desde junho de 2019! Mas agora preciso pedir uma doação pra quem pode ajudar.

Como vocês sabem, minha vida não está nada fácil. Eu e Silvio estamos cuidando sozinhos da minha mãe, que está muito doente, incurável. Tem sido um baque pra gente desde o início de janeiro, que foi quando ela parou de andar. E estamos tendo que aprender tudo. Não temos cuidadora porque eu imaginava que o lockdown estava próximo. E também porque não sabemos quanto tempo minha mãe ainda ficará com a gente. Como disse a geriatra, podem ser dias, semanas ou meses.

Isso vem afetando muito meu dia a dia. Parei com quase tudo, menos as aulas e o blog. Não recomecei o curso de extensão. Estou recusando praticamente todos os convites para lives e palestras. Creio que a semana que vem, do dia 8 de março, será a primeira em mais de onze anos em que não vou participar de nenhum evento. Fico triste com esse cenário, mas realmente estou sem ânimo e sem tempo. 

Além disso, tem todas as ameaças dos misóginos, que esta semana estão menos piores que na semana passada, mas continuam. Hoje a uma da madrugada recebemos um telefonema aqui em casa. A gente nem atende mais, só tira do gancho. Mas estou fazendo novos boletins de ocorrência, que estão sendo investigados pela Polícia Federal e Civil. E o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (do qual faço parte desde 2016) aqui do Ceará deve voltar em março, ainda bem. Mas não fiquei desamparada nesse tempo sem o programa, em parte graças às denúncias que faço no Twitter. E estou em contato com delegadas que vem sendo muito prestativas.

Esta semana tive uma péssima notícia. Fiquei sabendo que a pena do misógino neonazi Marcelo Valle Silveira Mello, que me atacou sem trégua durante cinco anos consecutivos (entre 2013 e 2018, e antes também, em 2011/12), foi reduzida de 41 anos para apenas onze. A justiça removeu suas condenações por terrorismo e coação no processo. E ele foi considerado semi-inimputável por autismo. Felizmente um habeas corpus pedindo progressão da pena para o regime semiaberto e transferência do Presídio Federal de Campo Grande (onde ele está desde abril de 2019) para Curitiba acabou de ser negado. 

Como Marcelo é reincidente, precisa cumprir no mínimo 30% da pena em regime fechado (até agora cumpriu 16%; foi preso em maio de 2018). E isso se tiver bom comportamento, o que parece não ser o caso -- a transferência para Campo Grande foi justamente porque ele fez ameaças via celular enquanto estava preso no Paraná. Nos próximos dias escreverei um post só sobre isso. Mas digamos que não me deixa feliz a possibilidade de saída da prisão de um criminoso que diz ter como missão infernizar a minha vida, e que jurou que iria contratar um matador de aluguel para executar a mim e ao meu marido. 

Apesar de todas as ameaças e ataques, foi Marcelo que me processou -- duas vezes -- e não o contrário. Até agora, nunca processei ninguém. Só entrei com reconvenção contra outro mascu, ex-comparsa de Marcelo, Emerson Eduardo Rodrigues, quando ele me processou. Ele foi condenado a me pagar R$ 25 mil de indenização por inúmeras calúnias e difamações, mas óbvio que nunca vai pagar, até porque fugiu do Brasil (agora eu vi que o YouTube removeu o meu vídeo em que eu falava desse processo que ganhei do Emerson!).

Até hoje, já respondi a quatro processos de mascus, outros dois de caras cuja existência eu desconhecia, e um, que ainda está em curso, embora bem parado, de um professor (não posso falar porque está em segredo de justiça). Não perdi nenhum, mas em três eu tive que fazer um acordo para encerrar o processo, e em dois desses (que não tinham relação com feminismo), eu tive que pagar uma quantia em dinheiro. Não posso entrar em detalhes para não dar ideia. Porém, fico indignada ao ver que meu bloguinho, que não dá lucro algum, ainda me faça pagar acordos processuais! 

Portanto, peço a quem puder ajudar, a quem ainda tem emprego, me fazer essa contribuição. Você pode ajudar com qualquer quantia no Paypal, ou depositar numa das minhas duas contas (uma no Banco do Brasil, agência 3653-6, conta 32853-7, outra no Santander, agência 3508, conta 010772760), no meu nome oficial, que é Dolores Aronovich Aguero, CPF 102.945-058-73 (nem tem por que esconder o número; os misóginos já o divulgam, junto ao meu endereço residencial, há anos). Ah, a pedidos, abri uma PIX! A chave é meu email, lolaescreva@gmail.com. E eu tenho Apoia-se!

Tenho evitado ao máximo pedir qualquer tipo de doação durante a pandemia, porque sei como está difícil pra todo mundo. Mas esse último valor eu tive que pagar em janeiro, e causou um rombo nas nossas finanças pessoais. Como vocês sempre colaboraram quando precisei, e como muita gente diz "Avise quando precisar de ajuda", estou aqui pedindo. Agradeço desde já. E continuo lutando, não vou parar!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

GUEST POST: NÃO POSSO DOAR SANGUE PORQUE SOU "PROMÍSCUA"

A L. me enviou um relato que me deixou de cabelo em pé. Ela foi impedida de doar sangue. Isto é bastante comum para os gays (estou aguardando um guest post a respeito). Mas leiam, meninas, e gelem ao constatar quantos parceiros sexuais precisamos ter em um ano para sermos consideradas promíscuas e, portanto, dentro do grupo de risco. Ah sim, isso transando com camisinha!

Hoje eu fui doar sangue voluntariamente pois para doar sangue divulgam que você só precisa:
Estar em boas condições de saúde.
Ter entre 16 e 67 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos;
Pesar no mínimo 50 quilos;
Estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
Não ter tido hepatite após os 10 anos de idade;
Não ter evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue: Hepatites B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas;
Não fazer uso de drogas ilícitas injetáveis;
Não ter malária.
Mas apesar de estar ciente que me qualifico para a doação, qual não foi a minha surpresa ao ver que não podia doar pois estava em um grupo de risco!
Passei pela primeira triagem onde verificam se eu tenho anemia; passada essa fase, fui chamada para a entrevista. A médica me perguntou sobre a minha saúde, se eu estava descansada e sobre minha vida sexual nos últimos 12 meses. Informei a ela que eu não tinha parceiro fixo, e que tive um relacionamento de oito meses, e que durante o período de um ano além desse parceiro tive mais dois parceiros sexuais "casuais", totalizando 3 (três) parceiros. Informei também que cuidava da minha saúde e que NUNCA fiz sexo sem camisinha na vida. Ainda assim, ela me informou que pela minha conduta sexual eu não poderia ser doadora pois pela nova legislação eu me encontrava num grupo de risco!
Perguntei para a médica se não seria pior se eu tivesse um parceiro fixo e não usasse camisinha com ele. Quem me garante que o meu parceiro usa camisinha caso tenha uma "aventura" fora de casa? Ela disse que me entende e que também é contra essa rigidez da triagem. Voltei para casa p. da vida com a notícia que eu só poderia doar sangue daqui a nove meses se, e somente se, eu tiver uma conduta mais conservadora quanto aos meus instintos.
E a camisinha não presta pra nada então? Ou seria tudo culpa de um moralismo idiota? Nessa matéria encontra-se o que mudou desde junho na legislação para doadores de sangue!
Ao comentar com amigos, alguns me relataram outros absurdos como os que passam as pessoas que se assumem gays ou lésbicas na entrevista e não podem doar pois tem-se aquele preconceito de que ser gay ou lésbica incorre em promiscuidade. Enquanto isso, estudos comprovam que no Brasil cresce a cada dia o número de mulheres heterossexuais e monogâmicas que são infectadas pelo vírus HIV pelos seus parceiros fixos!
Seguem dois relatos que encontrei sobre homossexuais e a impossibilidade de doar sangue: "'Protocolo' barra doação de sangue por dentista ser gay", e "Preconceito ou precaução?".
Lola, tod@s nós sabemos como nossos bancos de sangue estão sempre precisando de doadores. Como é que pode que uma triagem de um serviço de tamanha importância como esse seja feita desta forma? Teremos que burlar o sistema até quando queremos fazer o bem?