Sei que a maior parte de vocês não estava viva em 1955 (eu não estava viva! Nem o maridão, que é jurássico, estava vivo!). Mas me digam se esta não é uma das cenas mais sensuais da história do cinema. É de Picnic (que no Brasil recebeu o título de Férias de Amor). A trama, tida como ousada na época (pensa só, mais de meio século atrás), é sobre uma jovem, prometida a um rapaz, que vê sua vida sacudir quando chega à cidade um amigo antigo e meio vagabundo do seu namorado. Toda a vila sente a influência do forasteiro, que é feito por ninguém menos que William Holden (de Crepúsculo dos Deuses), um dos astros mais másculos de Hollywood. Ele tava um tanto velhinho pro papel (tinha 37 anos e, na minha opinião, até parecia mais; era pro personagem ter uns vinte e poucos), mas ninguém notou. A moça era a Kim Novak (de um dos melhores Hitchcocks, Um Corpo que Cai).
E não entendo direito o porquê, mas este filme sempre me faz lembrar de um clássico que envelheceu com muito mais dignidade, Bonnie & Clyde, Uma Rajada de Balas (de doze anos depois). Um filme que também é sexy, apesar da impotência do personagem-título intepretado pelo Warren Beatty. Deve ser porque ambos começam com uma moça bonita e entediada numa cidadezinha no meio do nada, cuja rotina se rompe quando surge um carinha sem destino. Ou talvez porque os dois filmes têm lindas loiras (Kim, Faye Dunaway) e dois astros no auge da sua beleza?
Pouca gente hoje deve incluir Picnic entre os grandes filmes da década de 50, ao contrário de Bonnie & Clyde, que sempre tá presente no topo dos filmes mais influentes dos anos 60. No entanto, toda vez que elegem cenas sensuais do cinema, lembram da dança de Picnic. Acho que vi o filme na minha adolescência, antes de ver qualquer lista, e na hora pensei: quando crescer, quero ter um William Holden só pra mim. Fiquei com o maridão, praticamente um irmão gêmeo do William (hoje amanheci boazinha).
O trailer de Picnic tá aqui, infelizmente com a voz totalmente fora de sincronia. E a Marina escreveu sobre Picnic aqui.