Ontem e hoje recebi pelo Twitter dois textos muito parecidos, só que com títulos e layouts diferentes. Ambos são perfeitos: mostram a narrativa que nos trouxe até o desastre atual. Se não tirássemos a esquerda, se não aprovássemos a reforma trabalhista e depois a da previdência, se não elegêssemos a direita, o Brasil iria quebrar. Ouvimos isso desde 2015, no mínimo.
E agora temos que ouvir do presidente, que foi um dos que mais se beneficiou de todas essas mentiras, que o país está quebrado. Não tem o que fazer. Imagina o diretor de uma empresa particular que não fizesse nada além de polêmicas, que fosse um baita de um incompetente, que colocasse os quatro filhos igualmente medíocres pra trabalharem na empresa, e que dissesse publicamente "A empresa está quebrada. Não consigo fazer nada". Esse diretor não seria demitido na hora?
Lembrando que teve um impeachment contra a Dilma por... por que mesmo? Ah, sim, aquele crime gravíssimo, pedaladas fiscais. Muito mais sério que a morte de 200 mil brasileiros, óbvio.
7 comentários:
não votei no bolsonaro, e não o acho competente. mas também não significa que a dilma era competente, pq de fato não era. da mesma forma que ela foi tirada ele também deveria ser, pq ao invés de passar pano pra ela não nos unimos pra tirar ele do poder ?
Todas estas reformas são para gerar mais desigualdade social e acúmulo de riquezas para especuladores, financistas, poderosos, temos a sexta elite mais cruel do mundo e caso você não tenha dinheiro em paraísos fiscais, mais de sete dígitos em sua conta, desculpe, mas o problema chegará para você também. A matéria é de 2019, mas vale a pena ler, pois trata dos efeitos da reforma trabalhista.https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48839718.amp
O importante é aprovar as reformas estruturantes. Com menos estado e serviços públicos, com menos direitos e renda, mas os mercados tendo a certeza que receberão os juros do dinheiro que emprestaram ao governo, todos vão fazer que nem a Ford. Demitir, fechar e aplicar a grana no mercado financeiro. Comércio só com o que importarem de outros países. Não é isso que Guedes quer, fazer a felicidade do mercado financeiro, que fez dele uma pessoa podre de rica? A Ford vai continuar a investir no Brasil. Na bolsa de valores e títulos da dívida pública. Produtos mesmo só os pra gente rica. Porque a classe média está perdendo tanto direito e tanta renda, que daqui a um tempo só vai ter o da comida, o da moradia e o do ônibus. Esses serão os únicos setores que ficarão de pé no Brasil, além do de funerárias, cemitérios, bebidas alcoólicas e motéis. De celulares e de Internet. Quem quiser abrir empresa no Brasil escolha uma dessa lista restrita. A outra opção vai ser aplicar no mercado financeiro. Quem depender do mercado consumidor brasileiro, cada vez mais lascado, vai se retrair cada vez mais e fechar suas portas.
O país que já fabricou avião não tem mais tecnologia nem pra pito:
https://revistaforum.com.br/noticias/ausencia-de-tecnologia-pode-ser-entrave-para-plantacao-de-cannabis-no-brasil/
A sua projeção é muito válida e as cidades pequenas e médias sentirão os efeitos primeiro, menciono, pois tem muitas lojas de roupas, utilidades de portas fechadas, isso bem antes do Covid-19 na cidade onde moro com pouco mais de trinta mil habitantes.
Com a perda de renda direta (salários, aposentadorias e pensões cada vez mais baixos e caindo) e indireta (perda do acesso a serviços públicos gratuitos. Gratuitos não, de custeio difuso com os tributos que pagamos) a consequência lógica é o que já está acontecendo desde a Lava-Jato e do impeachment de Dilma: enfraquecimento da economia por causa do empobrecimento do mercado consumidor brasileiro. A Ford decidiu sair do Brasil porque é mais lucrativo investir na eletrificação e em carros maiores e mais caros, que não são pra a garagem dos brasileiros, mas dos europeus e dos chineses e dos americanos do norte. A China é um mercado consumidor gigante e com renda em alta. O Brasil é um mercado consumidor grande mas com renda em queda. Dos que tem dinheiro pra comprar carro zero no Brasil, pouquíssimos podem comprar um carro elétrico ou um daqueles SUVs grandes e caros, mais lucrativos pra as montadoras. E uma boa parte desses nem mora no Brasil. Tá na Europa, nos EUA ou em algum outro país mais seguro e rico e com qualidade de vida melhor do que a que o Brasil pode oferecer. Todas as reformas propostas pelo sinistro da economia e equipe econômica são ótimas. Pra os financistas e especuladores do mercado financeiro. Pra quem tem dinheiro pra aplicar no mercado financeiro, as propostas são bacanas. Todo o dinheiro dos tributos que pagamos, o orçamento público, vai estar nas mãos deles. Aprovadas as propostas deles, pode haver choro e ranger de dentes na população, mas o orçamento, o dinheiro dos tributos que pagamos, estará nas mãos deles sem limite algum, que é o que eles querem. Teto é só pra os simples mortais. Pra eles não tem teto. Tudo sempre é bom nem que seja pra alguns. Sendo bom pra quem sustenta os governos, que são os muito ricos, os governantes não caem por piores que sejam. Ou só caem depois de muito estrago que provocaram, e que pouco atingiram as elites. Quando as elites são muito atingidas eles caem rapidinho. Na verdade elas nem precisam ser atingidas. Basta se sentirem ameaçadas.
Além do mais o Miguel Nicolelis disse que a China é o país que mais investe atualmente em pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico. Fabricar produtos com tecnologia avançada e mais lucrativos, tanto pra montadoras de carros como fabricantes de outros produtos, é mais fácil e ágil lá do que aqui. Talvez do que em qualquer outro país atualmente. Enquanto isso o Brasil se prendeu ao tal teto de gastos de 2016 até 2036, e a maior parte da elite do país o sacralizou. Basta ver a defesa que a Globo e o UOL fazem desse teto, e das "reformas estruturantes", que tornarão possível cumpri-lo haja o que houver. Haja o que houver conosco, os simples mortais, porque o dos juros da dívida pública devidos aos "mercados" não vai faltar de jeito nenhum. O propósito das "reformas estruturantes" é só esse, garantir os ganhos dos "mercados" com o orçamento brasileiro. Podem tirar da saúde, da educação, das pesquisas científicas, sagrado mesmo só o pagamento dos juros da dívida pública. Mas infelizmente o mundo não vai parar durante os 20 anos de vigência do tal teto. Por causa dele o Brasil vai ficar ainda mais pra trás e possivelmente se tornar um dos países mais atrasados e pobres entre os países em desenvolvimento. Mais décadas perdidas no país que, como disse o Millôr Fernandes, tem um longo passado pela frente.
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