quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GUEST POST: A AMEAÇA DO CYBERBULLYING

Já faz um tempinho que recebi um email da editora do My Dog Ate My Blog perguntando se eu gostaria de um guest post sobre algum assunto em particular. Eu disse que bullying nos EUA é um assunto interessante, e eles me mandaram o post abaixo, escrito por Andrew Hall. Estou sem tempo pra traduzir o texto, mas sei que muit@s de vocês sabem inglês e espero que vocês consigam compreendê-lo (senão, o Guilherme fez a gentileza de traduzir o texto nos comentários!).
Cyberbullying é algo sinistro que até hoje não tem merecido a atenção dos legisladores. Nos EUA, já houve algumas mortes de crianças e adolescentes causadas por bullying virtual, que costuma ser muito mais abrangente que o bullying ao vivo e a cores. Afinal, o cyberbullying não atinge apenas o jovem e a rede social do jovem, mas ainda atrai trolls que nem conhecem o jovem, mas não perdem a oportunidade de atazanar alguém. E, se já é chato pra adultos aguentarem um monte de gente mal educada com muito tempo livre nas costas, imagine como se sente um jovem escolhido pra ser cyberbullied. Pra mim é muito fácil ignorar alguém que me chama de idiota, gorda, feminazi, e sei lá que outros insultos recebo no Twitter e no blog. Eu sou independente, consigo relativizar as coisas, e tenho uma vaga ideia de onde vêm as ofensas (por coincicidência, quase sempre da direita preconceituosa). Mas, pra um adolescente, qualquer insulto pesa muito mais. É importantíssimo pra ele ser aceito, sentir-se parte de um grupo. Um menino ou menina de 13 anos não acredita quando a gente diz que essa fase vai passar, e que mais cedo ou mais tarde el@ aprenderá a só dar valor ao que lhe interessa. A minha adolescência foi bem tranquila se comparada a outras que vejo por aí. Não sofri qualquer tipo de bullying, por exemplo (o máximo foi um rapaz que não gostava de mim dizer que eu me enquadrava na categoria Baixa Combustão. Eu demorei semanas pra entender o que ele queria dizer – que sou baixinha com peitões enormes – e até achei bonitinho e apropriado quando descobri). Mas tento me colocar no lugar dos jovens de hoje. Com a internet, as possibilidades de bullying são quase infinitas. E acho que isso realmente precisa ser combatido, ainda mais quando pais se envolvem no processo (é impressionante que pais se juntem aos filhos pra bully outras crianças!).
Esse caso da Megan que o Andrew menciona abaixo eu me lembro bastante bem, porque eu estava nos EUA quando isso aconteceu, e foi assunto na Fatosphere (a blogosfera pró-aceitação do corpo) durante semanas. Megan era uma menina de 13 anos gordinha, com a auto-estima lá embaixo. Um prato cheio pra ser cyberbullied. Ela se matou depois que sua vizinha, também uma garota, e a mãe dessa menina, inventaram um personagem que tornou-se amigo dela online e, mais pra frente, passou a xingá-la. Isso, junto com outras frustrações que aos 13 anos são multiplicadas por dez, foi demais pra ela.
Esses temas precisam fazer parte das escolas e das conversas entre pais e filhos (sinceramente, acho que seria uma decepção enorme se eu tivesse um filho e descobrisse que ele é um bully). Mas já passou da hora de termos leis que punam o bullying.
Fiquem com o guest post do Andrew.


For obvious reasons, children - especially teenagers - have discovered the internet, and especially MySpace and Facebook, as an easy outlet through which they can harass and torment other children they dislike. Social networking services offer anonymity through fake user accounts, a privilege never granted to children who once had to call names in person or risk getting caught passing notes or leaving lewd notes in bathrooms or hallways, and unlike laws forbidding such behavior in reality, kids doing this online are setting precedents, leading to changes in state and potentially national laws.
In 2003, a 13-year-old boy with a learning disorder named Ryan Halligan committed suicide after being "threatened, taunted and insulted incessantly" over instant messaging services, which prompted his father to investigate and for the state of Vermont to enact a Bullying Prevention Policy Law and a Suicide Prevention Law designed both to prevent cyberbullying and to help educators address depression and suicide risks.
Another case happened in 2007, when a 13-year-old girl named Megan Meier, who had a long established history of psychiatric illness and instability, committed suicide by hanging after a former friend and that friend's mother, using a fake profile supposedly belonging to a 16-year-old boy, befriended and then insulted her. A federal case indicted and convicted the mother of the former friend, Lori Drew, but she was then acquitted, prompting Missouri to draft its first legislation about cyberbullying. The Megan Meier Cyberbullying Prevention Act was also brought to Congress with the intention of setting a federal definition for "cyberbullying."
Earlier this year, a girl named Phoebe Prince killed herself, also by hanging, after rumors circulated about her having been sexually involved with older students. Shortly after her death her Facebook memorial was buried in lewd comments, leading to her school's adoption of new anti-bullying policies and for "Phoebe's Law," new anti-bullying legislation written within the wake of her suicide.
What's clear from all of this is the fact that teen suicides, and the media outrage that always comes about shortly after they happen, leads to changes in local legislation intended to make sure that, at least in those communities, such a thing never happens again. However, for many reasons lawmakers are averse to the idea of making national laws intended to address the issue of cyberbullying, as doing so raises several new issues. New cyberbullying legislation, like what was recently passed in England, can lead to internet service providers suddenly being accountable for material on their servers that qualifies as harassment, requiring that content providers censor and edit the material they host, raising concerns over privacy, cost and feasibility. By defining what a threat is online, systems like anonymous comment sections may have to be monitored with diligence far beyond what they ever should merit, leading again to increased costs and long-term concerns with user privacy.
What is clear, however, is that children susceptible to cyberbullying who use the internet regularly need close supervision to ensure their safety, as well as the help they need to ensure their stability.

41 comentários:

Geovana Gambalonga disse...

Ahh Lola eu não entendo inglês o suficiente para poder ler textos assim.:(

=Maíra= disse...

Ou, CHOQUEI com o fato de a MÃE da menina participar do bullying... Nossa, Lola, eu sofri bulluing na escola desde que me entendo por gente e olha, alguns desses episódios fazem parte de alguns dos meus traumas de infância. Deve ser mesmo horrível ver isso multiplicado numa rede social em que os bullyers podem se esconder por trás do anonimato e de perfis falsos. Concordo muito com isso de monitorar as seções de comentários (não só anônimos, mas também de fakes, né).

Sheryda Lopes disse...

N consegui ler o guest post porque não sei inglês fluente e tb porque não estou podendo tentar agora. Mas o bullying éuma coisa nojenta mesmo e lembro sim, de quando os pais de outras crianças se juntavam aos filhos para atazanar alguém. Aliás até hoje vejo pais influenciarem os filhos a terem preconceito de classe e raça, jogando as crianças umas contra as outras.

Ridículo.

Guilherme Rambo disse...

Fiz uma tradução corrida aqui do texto, espero que ajude. (não revisei)

Por razões óbvias, crianças - especialmente adolescentes - descobriram a internet, especialmente o MySpace e o Facebook, como uma válvula de escape pela qual eles podem perturbar e tormentar outras crianças das quais não gostam. Redes sociais oferecem anonimato via contas falsas, um privilégio nunca concedido a crianças que antes teriam que ofender pessoalmente ou arriscar serem pegas passando bilhetinhos ofensivos pelos corredores, e ao contrário de leis que proíbem esse tipo de comportamento na realidade, as crianças fazendo isso online estão estabelecendo precedentes, levando a mudanças no estado e, potencialmente, as legislações nacionais.

Em 2003, um garoto de 13 anos com um distúrbio de aprendizado chamado Ryan Halligan cometeu suicídio após ser "ameaçado e insultado incessantemente" através de serviços de mensagem instantânea, o que fez seu pai investigar e o estado de Vermont decretar uma Política de Prevenção do Bullying e uma Lei de Prevenção do Suicídio, ambas para prevenir bullying virtual e ajudar os educadores a lidarem com depressão e riscos de suicídio.
Outro caso ocorreu em 2007, quando uma garota de 13 anos chamada Megan Meier, que tinha um longo histórico de problemas psiquiátricos e instabilidade, cometeu suicídio por enforcamento após uma então amiga e sua mãe, usando um perfil falso supostamente pertencente a um garoto de 16 anos, se tornou amigo e então a insultou. Um processo federal indiciou e condenou a mãe da amiga, Lori Drew, mas ela foi absolvida, o que levou Missouri a elaborar sua primeira legislação sobre o bullying virtual. A Lei Megan Meier de Prevenção a Cyberbullying também provocou no congresso a intenção de criar uma definição federal para "bullying virtual". --continua--

Guilherme Rambo disse...

--continuando--
No começo do ano, uma garona chamada Phoebe Prince se matou, também por enforcamento, após circularem rumores sobre ela se envolver sexualmente com estudantes mais velhos. Pouco tempo após sua morte seu memorial no Facebook foi inundado com comentários litigiosos, fazendo com que sua escola adotasse uma nova política anti-bullying e a criação da "Lei Phoebe", nova legislação anti-bullying escrita na seqüência do seu suicídio.
O que é claro de tudo isso é o fato de que suicídios entre adolescentes, e a explosão da mídia que sempre vem logo após eles ocorrerem, levam a mudanças nas legislações locais com a intenção de garantir que, ao menos nestas comunidades, algo semelhante nunca mais aconteça. Entretanto, por muitos motivos legisladores são avessos à idéia de criar leis nacionais para resolver a questão do bullying virtual, pois fazer isso levanta muitas novas questões. Nova legislação sobre bullying virtual, como a que recentemente passou na Inglaterra, pode levar provedores de internet a repentinamente serem responsabilizados por material nos seus servidores que se qualifique como ofensivo, requerendo que tais provedores censurem e editem o material que hospedam, levantando preocupações com a privacidade, custo e viabilidade. Definindo-se o que é uma ameaça on-line, sistemas tais como comentários anônimos podem ter que ser monitoradas com diligência muito além do que merecem, levando novamente a custos elevados e preocupações a longo-prazo com a privacidade do usuário.
O que é claro, entretanto, é que crianças suscetíveis a bullying virtual que usam a internet regularmente precisam de supervisão cuidadosa para garantir sua segurança, tal como ajudar a garantir sua estabilidade.

Lord Anderson disse...

Eu tive sorte de não sofrer bullyng diretamente, embora ja tenha ouvido uma e outra piadinha grosseira sobre minhas cicatrizes.

Mesmo assim ja testemunhei a perseguição em ação e era terrivel, mesmo na era pre-internte;

Agora com os grupos sociais mais amplos e rapidez com que isso se propaga a coisa é alarmante.

E mesmo quando os pais não apoiam abertamente , há aqueles que estão sempre prontos p/ passar a mão na cabeça e minimizar os atos violentos dos filhos.

Serge Renine disse...

Aronovich:

Eu não sei se é pior o tal do bulling, ou o fato de se ter cunhado um termo (bulling) para uma monstruosidade destas.

Eu acho que a existência do termo da a essa aberração uma normalidade não deveria haver.

Porque as pessoas sentem prazer em fazer as outras sofrer? Ainda mais crianças, como você, muito bem, lembrou.

Mauricio disse...

Por essas e outras eu não acredito em privacidade de menor de idade.

Podem me xingar o quanto for.

Ninguém estará na minha pele se algum filho meu se suicidar.

Ninguém estará na pele de alguma criança que se suicida por sofrer bullying virtual.

Pode dizer que é coisa de reaça de direita.

Sou reaça confesso mesmo.

Nada de privacidade na internet.

Se os pais das crianças que sofrem bullying tivessem sabido, talvez isso poderia ter sido evitado.

Quem aqui assistiu "BULLYING" provocação sem limites?

Se não me engano o filme é espanhol e trata do assunto, só que o bullying aqui não é virtual.

Não consegui achar um link melhor, então vai este mesmo:

http://profilmes.net/index.php?option=com_jmovies&Itemid=&task=detail&id=717

Agora, voltando, me admira os pais ajudarem o bullying.

Eu sofri bullying na escola devido à cor da minha pele, mas isso não me afetou e não era bullying com agressão física, apenas verbal.

Passei por isso e nem por isso sinto menos orgulho da minha cor e da herança que minha cor deixou ao mundo.

Acredito que todos devem orgulhar-se de sua cor.

Mas felismente eu não era gordo, senão o bullying seria mais acirrado.

Com certeza já passou da hora de haver leis que previnam bullying.

Não podemos deixar isso a cargo da escola.

Senão, o filho do figurão que bully outras crianças nunca sofrerá nada.

Mas este assunto é muito complexo.

Geralmente os bully e os bullynados são menores e inimputáveis.

Como então resolver isso?

Punindo os pais?

Expulsando o bullynador da escola?

Até quando um bully não violento pode ser punido de forma a acabar com as chances do agressor?

E mesmo que seja com violência moderada?

Será que um bullynador não pode se arrepender depois?

Não pode virar um cidadão de bem?

Por violência moderada digo tapa no pescoço e essas provocações de meninos. Nada de soco na cara, dentes e costelas quebradas, nada de escoriações.

Enfim, esse assunto não se esgota aqui.

Muito ainda tem de ser dito sobre isso.

Mauricio disse...

Desculpem eu aportuguesar usando os termos "bullynados" e "bullynadores", mas não conheço termo mais adequado.

lola aronovich disse...

Super obrigada por traduzir o texto, Guilherme!


Gente, vcs viram este vídeo? É de uma mãe num shopping em Petrópolis que foi falar com um menino que andava bullying seu filho. Aí o pai do menino apareceu pra agredir a mãe. Entende-se com quem o menino aprendeu a ser bully...

Amer H. disse...

Sinceramente, Cyber Bullying é fogo de palha, o novo assunto do momento e que sinceramente, as pessoas estão dando muito mais atenção do que o devido.

Não estou diminuindo o peso do assunto, sofri bullying a minha vida toda, na escola, na faculdade e até mesmo no meu trabalho passei por humilhações inflingidas por pessoas que se achavam melhores que eu. Sei bem como é se sentir impotente diante de um grupo que acredita ter o direito de lhe pisar.

Mas o Cyber Bullying não é culpado pelo suicídio dos adolescentes. Definitivamente, eles se mataram... POR SEREM ADOLESCENTES.

A adolescência é a pior fase da vida, qualquer um que diga o contrário está mentindo. Seu corpo está um caos, mudando diariamente, você não sabe quem é, está tentando se encontrar para se tornar a pessoa que será pelo resto da vida e precisa de um bocado de orientação e ajuda para isso.

Alguns adolescentes simplesmente não aguentam o apocalipse pessoal que os segue nesta etapa da vida e quebram. É o que acontece com os suicidas.

Por que ninguem dá a devida atenção ao bullying normal, até acontecer um tiroteio em uma escola? ESTA é a pergunta que as pessoas deveriam se fazer. o que torna o Cyber Bullying tão mais nocivo do que ter suas calças abaixadas na frente do colégio inteiro?

Aliás, por que ninguém dá atenção as vítimas de bullying antes de chegarem a este ponto crítico? Por que os pais, familiares e a sociedade em geral não tentam ajudar estes jovens antes da tragédia acontecer. E mais, por que não prestam ajuda aos Bullies também? Será que aquele guri que bate em outro mais fraco não leva surras do pai todo dia e está descontando sua frustração em alguém? Ou a menina "popular" que humilha a nerd, será que ela não é humilhada em casa e descarrega suas frustrações em alguem que não vai reagir?

Falo como jornalista, Cyber Bullying é só a novidade quentinha que a mídia encontrou pra vender jornal.

E falo como pessoa, o problema é muito mais grave que meia dúzia de malucos xingando colegas pelo Twitter.

Amer H. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Amer H. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jonas_cg disse...

Lembro desse caso da Megan, um absurdo a própria mãe da bully ajudar a atormentar a menina.

E o caso do Halligan, se não me engano era sobre um menino que foi tido como gay...

Aff, cada caso mais terrível que o outro, chocantes demais pra digerir que tem pessoas que acham isso "normal"...do que eu saiba, só de uns tempos pra cá nos Estados Unidos que o bullying, e o cyber-bulling se tornaram sérios. Antes eles achavam que era bom pra formar caráter...ridículo!

Como cresci nos anos 90, não tinha internet. Mas sofri bullying sim, nada sério, mas sofri. Por sorte isso nunca me afetou, já que eu sabia que a culpa não era minha e eu também não tinha medo de denunciar quem me importunasse.

Depois quando alguém se mata, ou pior, acontece algo parecido com o "Columbine" é que as pessoas se tocam! Será que é preciso um massacre pra que medidas sérias sejam tomadas. Eu torço pra que não.

Abraços

Mauricio disse...

Amer H.

Os adolescentes não se matam por serem adolescentes.

De fato o corpo está um caos de hormônios e tudo é superlativado.

Já fui adolescente e sei como é.

Nunca soube de um adolescente popular se suicidar, mas devem existir e tenho fortes suspeitas de que são raros.


E se o popular se suicida, algo que muito grave aconteceu ou ele tinha algum problema mental.

A maioria que se suicida sofre perseguição dos colegas.

Sim, alguns não aguentam a pressão dos pais muito exigentes, outros são exigentes consigo mesmo, outros não se adaptam à sociedade.

Você é jornalista. Procure as estatísticas.

O bullying virtual não é fogo de palha.

O jovem vive mais na internet que no mundo real.

A internet para eles é muito mais real que o mundo lá fora.

Giovanni Gouveia disse...

Eu sofri bullying desde a época do jardim da infância quando as crianças me acusavam de coisas sobre as quais eu não tinha nem conhecimento. O pior era ter o aval das professoras, afinal uma criança loira de olhos azuis não poderia mentir. A culpa deveria ser mesmo da gorda. Eu perdi a confiança nos adultos desde então. Claro, agora eu sou adulta, e fico chocada como algumas pessoas agem de maneira imbecil.
No meu trabalho há pessoas tão ocupadas como eu (a priori) que conseguem dedicar seu tempo a cyber bully outras. Já consei de receber recadinhos ridículos - e anônimos - contra uma amiga. Eu fico abalada com o não ter o que fazer dessas pessoas.
Ainda sobre aquela amiga, a filha de uma profissional do meu ambiente de trabalho se uniu à mãe para hostilizar aquela através de um "fake" no Orkut, então não fico tão chocada com a notícia das americanas gente boa.

P.S.: Quem está postando é Cris Prates com preguiça de trocar de conta.

Flávia Simas disse...

Gente, eu li esse post e fiquei meio apavorada. Minha irmã vem sofrendo cyberbullying e eu desconfio que não se resume só ao formspring dela.

Eu estive no Brasil mês passado e achei-a distante, apática. Pensei que é coisa de adolescente mesmo, pois ela está sob pressão por conta do vestibular. Então deixei-a na dela. A menina só ficava estudando no quarto e trocava poucas palavras comigo.

Daí que estou de volta e fui dar uma espiada no forms dela e encontrei os seguintes dizeres:



então vc se acha bonita?kkkkkkkkkkkkkk ;x vc é uma magrela e ta achando q é bonita?nem seu olho verde te salva.

invejosa pq? nao sou mulher nao ou. Vc nao passa de uma menininhaa sem SAL. que se acha DEMAAIS. nunca vi menina maais metida que Tu. pqp,se vc ainda fosse algma coisa,mas nao é NADA ;) fica de boa ai ow

eu cuido da minha vida,mas ver uma menina magrela e feia como vc grilada pra mim é CÔMICO *--* kkkkkkkkkkkk

graças a Deus nao sou um menino q levou fora de vc pq eu NAO FICARIA COM VC NUUNCA.HAHA vc é esquisita menina,vc se vesta estranhamente e ainda diz q é estilo --' ta longe de ser estilo isso. E ja q vc insiste TANTO em saber qm eu sou fica esperta ...

logo logo vou chegar pessoalmente em vc e te falar TUDO isso na CARA! mas tenho medo da sua reação ja q pra mim vc nao passa de uma menininha magrela q parece q vai quebrar com qlqr coisa...


Daí que se eu contar isso tudo pra minha mãe, como eu pensei em fazer, ela vai forçar a guria a sumir da internet e vai ficar monitorando até o último suspiro dela. Certeza que a vida dela vai virar um inferno. Eu percebo que ela tá levando isso numa boa nas respostas do forms, mas até que ponto dá pra confiar? Pois uma coisa é certa: TODO MUNDO fica falando que ela é magrela. Inclusive a minha mãe briga com a menina o tempo todo, falando que ela tá horrorosa e tals.

Eu não sei como agir. Ela perde a confiança em mim se eu contar à minha mãe. Por outro lado, sinto que é minha obrigação contar, mas eu sei que a minha mãe é muito rígida pra levar só na conversa. Também não vai bater, mas vai brigar tanto, mas tanto, mas tanto, que minha irmã passará de vítima a algoz da história toda =/

Luna disse...

Flovi, acho que VOCÊ deveria conversar com sua irmã. Fala com ela, abre o jogo e tal.

Ela vai se sentir agradecida de ter alguém em quem confiar.


E, bem, eu nunca sofri bullying realmente. Piadas, sim, grosserias por conta do cabelo, jeito de falar, por gostar de ler (sim!), sim. Mas eu estudava em uma escola onde eu era protegida porque era deficiente auditiva e isso meio que fez com que meus colegas pensassem duas vezes antes de fazerem algo mais sério comigo.

E tenho uma opinião dividida em relação a isso. Como jovem, eu vejo isso acontecer: gente maldosa que acha graça em sair criticando um monte. E também vejo jovens se aproveitando de bullying para se dizerem atingidos e não adianta dizer que não existe, porque existe. Tem gente aproveitadora em tudo que é canto, inclusive entre jovens. Eu acho o bullying perverso, mas odeio essa palavra. Enfim eu odeio agressão, preconceito, o simples fato da pessoa gastar seu tempo para ofender outra. E odeio o fato de que pais acham que é frescura, de que escolas só prestem atenção depois de uma tragédia. E odeio os adolescentes oportunistas que consideram absolutamente qualquer coisa como bullying - e eu já vi um monte disso.

Enfim, o tema é complicado. E eu encontrei um vídeo de Megan Fox... http://www.youtube.com/watch?v=GtOqCDXyy4g sobre bullying, é bem curtinho. Tá legendado.

É interessante até o momento que ela diz 'se isso significa matar todos'... aí fiquei com medo. Mas, enfim, o q vcs acharam?

Mauricio disse...

Flovi,

Me desculpe, mas muitos adolescentes se matam por culpa dos pais.

A adolescência já é tão difícil sem precisar de nada para complicar, imagina quando os colegas te xingam e em casa, que deveria ser sua fortaleza, seu refúgio, sua própria mãe faz coro com os bullyies (uma hora eu acerto este nome)?


Se a pessoa cujo papel é proteger os filhos, se a pessoa em quem você deveria depositar sua maior confiança faz igual ou PIOR que os colegas da escola, para onde esta menina vai correr?

Alguém falou aí em cima que você que deve falar com ela e eu concordo.

Se inteire do assunto.

Converse com ela.

Não é justificativa para o que ela está passando, mas verifique também se alguma atitude dela provocou esta reação.
Ela é metida mesmo? Se acha mesmo a última jujuba do pacote? Ela é esnobe?

Se ela for isso, coverse com ela, para que ela mude a atitude. Uma atitude dela assim pode provocar reações nas outras pessoas.

Se ela não for nada disso e for somente uma vítima de algum grupinho que resolveu implicar com ela, preste atenção.

Ela não deve mudar o jeito de ser, mas ela deve, segundo me informei por aí, enfrentar os bullyies.

Veja com algum especialista que atitude ela deve tomar.

O que ela nunca poderá fazer é acreditar nos bullyies.

Não tem ninguém que fala bem dela na internet?

Só tem gente falando mal?

Ela não tem um grupinho de amigas que a apoie?

Amer H. disse...

Maurício.

Como jornalista, afirmo que estatísticas nunca devem ser confiadas. Toda e qualquer pesquisa pode ser manipulada em favor de um resultado específico.

Os jovens de hoje usam muito a internet sim, mas simplesmente como forma de comunicação. Dez anos atrás, viviam pendurados no telefone. Afirmar que "o mundo da net é muito mais real para eles do que o mundo lá fora" é dar um peso exacerbado a algo que nem mesmo eles levam tão a sério.

Assim como é uma bobagem afirmar que "a maioria dos jovens que se suicidam o fazem por conta do Bullying." Converse com um psicólogo que trate de adolescentes e verá que existem muito mais coisas que podem levar um jovem por este caminho.

Mauricio disse...

Amer H.

Não vou discutir estatísticas com jornalista.

Se você está dizendo e eu realmente acho que é verdade, sim, as estatísticas podem ser manipuladas.

Porém, o bullying é real.

E o sofrimento causado por ele é bem real também, mesmo que seja pela internet.

Veja só o caso que a FLOVI postou acima.

Só porque é pela internet não significa que a pessoa sofre menos.

E quem sofre pela internet, provavelmente sofre na vida real também.

Agora você imagine que um adolescente sofra bullying na escola e quando ela vai para a internet que é justamente para espairecer, você é atacado lá também? Você não tem folga.
Não tem um alívio.

O cyber bullying agrava o bullying tradicional.
E só por ser pela internet, ele não deve ser subestimado.

Luna disse...

Eu concordo plenamente com Amer. E eu falo isso como adolescente, vivo nesse mundo.

A internet não é maior para nós... aliás é mais fácil rebater xingamentos na internet de anônimos do que na escola, de pessoas que deveriam ser seus colegas e tudo o mais. É mais fácil você bloquear, deletar, responder e levar na justiça do que você simplesmente peitar quem te agride na escola.

Um suicídio de jovem nunca tem como causa exclusiva o bullying. Assim como não existem pessoas que se mataram só porque o namorado acabou com elas ou qualquer coisa do tipo. Uma prima de minha amiga se matou porque não queria que a família descobrisse que ela vinha usando o dinheiro enviado para os estudos em roupas, sapatos, essas coisas.

Bullying deprime, sim, e pode ser a válvula. Mas ele nunca é o único motivo. Nenhuma amiga minha se mataria por conta de bullying de desconhecidos na internet. Mas elas se matariam se tivessem outros problemas no meio disso.

Não é minimizar o problema. Mas é vê-lo como realmente é: um problema sério e grave que deve ser combatido, mas é um de vários problemas.

Flávia Simas disse...

Obrigada pela resposta, Luna e Maurício. Bom, eu estou de plantão aqui no computador pra ver se ela aparece (são 4 da manhã aqui na Índia). Tentei ligar mas o celular não atende e ela não está em casa.

É complicado, sabe? Tenho certeza que a minha mãe não está bulindo com ela à toa, do jeito que eu falei parece que ela está ofendendo a guria, e nem é isso. É mais uma tentativa de fazer com que a garota saia um pouco da frente dos livros e coma melhor. Mas não adianta, ela não quer comer e ponto. Às vezes a gente acaba piorando a situação, sem querer. É por isso que estou com medo de me meter, mas por outro lado tenho medo que algo mais sério esteja acontecendo, já que ela anda bem fechada ultimamente.

E sim, ela tem muitas amigas lá defendendo ela.Eu, inclusive, fui lá e falei que ela é linda e que é ridículo alguém falar desse jeito com ela. E ela é uma pessoa super, super, super humilde. Mas que curte moda e tem uns papos de referência de moda, de arte, além de desenhar e criar as próprias roupas. Enfim. É uma pessoa que se destaca, mas não se acha a bala que matou o John Lennon não.

De toda forma, esse post me abriu os olhos. Eu não iria sacar que isso pode se transformar numa coisa séria demais. Vou tentar falar com ela e se não me der abertura, infelizmente eu terei que acionar alguém, porque eu não estou aí e fica difícil eu agir.

Amer H. disse...

Eu não disse em momento algum que Cyber Bullying não é real, apenas que ele não é O MONSTRO que todos estão fazendo parecer. É o velho bullying de sempre, só que por um novo meio.

Mas como eu disse, todos estão tratando como se fosse A CAUSA DA MORTE DOS JOVENS, porque a mídia o fez parecer assim, isso gera mais audiência aos telejornais e mais acessos em sites de notícias.

Flovi, quer um conselho pra lidar com sua irmã? Se aproxime dela, mas não toque no assunto do Bullying diretamente, converse numa boa e deixe que ela se abra com você. Então, você decide qual o melhor curso de ação a ser tomado.

Se sua mãe é tão difícil de se lidar (e eu sei como é isso), mantenha esse como um assunto entre irmãs. Pode ser que sua irmã saiba se defender dos ataques melhor do que você pensa.

Aliás, você pode usar a carta do "Nossa mãe é um saco" como forma de se aproximar dela. Adolescentes sempre se unem a quem se opõe a seus pais.

Se você então perceber que há um problema grave, só aí procure ajuda de fora.

Koppe disse...

Eu fui adolescente há pouco tempo, mas a internet só foi ter importância na minha vida depois dos 18 anos. Sofri bullyng desde a infância, sempre por ser o esquisito, o nerd, o que não gosta de futebol, o que gosta de ler, sempre atraía insultos e ofensas gratuitos. E sempre respondia com outros insultos, o que acabava gerando agressões físicas. A situação se tornou insustentável lá pela quinta série, e só fui ser respeitado quando realmente bati de verdade em alguém que me ofendeu. Depois disso minha vida melhorou muito, passaram a me respeitar. Não fiquei "popular" (não nasci pra ser isso), mas parei de ser o alvo preferencial dos malandros que queriam achar alguém pra humilhar.

Adultos nunca me ajudaram muito. As professoras megeras que tive até a quarta série tinham amizade pelos praticantes de bullyng, porque a maioria deles eram alunos mais velhos, repetentes que elas já conheciam há muitos anos (professora Clara, do colégio David Canabarro, espero que tu já esteja morta). Minha mãe só me dizia pra ficar na minha e não revidar pra não botar lenha na fogueira. Só meu pai que sem querer me indicou o que fazer: na infância dele (cidadezinha no interior, de colonização alemã) ele teve exatamente os mesmos problemas, e na época dele ainda era castigado fisicamente pelo professor por isso. Só resolveu o problema saindo na porrada com os bullyadores, e quando eu fiz o mesmo nos anos 90 resolvi o meu problema também.

Por isso que minha visão sobre o assunto é perigosa, e muitos vão achar errado. Eu levei o problema às últimas conseqüências, combati fogo com fogo, cheguei a levar objetos cortantes pra escola pra me defender ("nunca atacar, sempre revidar" passou a ser meu lema). Até hoje não me livrei totalmente disso, continuo tendo uma séria tendência à vingança mesmo em coisas que deveriam ser insignificantes. Se alguém me prejudica de alguma forma, e aparece a chance de devolver eu não resisto e faço, mesmo que sejam meses depois. Tenho tentado evitar isso, não é fácil.

Koppe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávia Simas disse...

Pessoal, desculpa a floodagem com o 'meu caso', mas eu queria deixar um último update antes de ir dormir: falei, ainda que rapidamente, com a menina. Ela realmente está sofrendo muito bullying na escola por conta da magreza excessiva e isso tá se refletindo agora no mundo virtual. Mas estou me aproximando ainda, sem parecer tão alarmada mas já parecendo, rsrsrs, pois ela conhece essa minha natureza mais afobada, rsrsrs. Sim, ela está triste, mas disse que está bem e que vai passar por cima disso tudo e que a auto-estima não está abalada. Assim seja, né?

Agradeço pelas sugestões, vou tentar continuar dando apoio e força à minha irmã e ir falando pra minha mãe parar de falar tanto da magreza da menina. Bom, hoje eu soei mais que incoveniente, mas realmente me preocupou. É isso =)

Mauricio disse...

Esta é para o vídeo que a Lola postou:


É por estas e outras que os pais não devem se meter diretamente com os filhos dos outros.

O assunto deve ser discutido e resolvido entre adultos.

Uma coisa é certa: este pai não tem medo de morrer.

Sabe ele quem é o marido da mulher que ele espancou, ou irmão, ou sei-lá-o-que que pode querer ir defender a honra da mulher que foi espancada?

E se alguém ofendido matar o filho dele na frente dele, estuprar a mulher dele na frente dele, castrá-lo, cegá-lo, estourar seus tímpanos, deixá-lo paralítico, mas não matá-lo. Deixá-lo viver desta forma sabendo que suas ações que o fizeram assim?

Vitor Ferreira disse...

Renine, criança, apesar de propagarem essa imagem de pureza e candura, é meio perversa por natureza. Ou então não seriam necessário educá-las. Elas discriminam o diferente, sim. Mas a educação normalmente as faz apenas sufocar, disfarçar, e não exterminar essa "crueldade". Tanto que muitos adultos também se utilizam de tais práticas após "crescerem".

Amer, te achei contraditório. Primeiro diz que as pessoas estão dando muito mais atenção do que o devido e depois finaliza com o problema é muito mais grave que meia dúzia de malucos xingando colegas pelo Twitter.

Flovi, eu no seu lugar aconseharia sua irmã a deletar esse formspring. Sério, o que uma adolescente tem de tão importante na vida que precisa de um site pra que te façam perguntas? Manda ela ir viver a vida, conhecer pessoas e a diga pra só dar valor a quem a valoriza. Acho que vale a pena também saber se ela não sofre de algum distúrbio alimentar. Ela não quer comer e gosta de moda, acho uma combinação meio perigosa.

Luna, o suicídio de alguém não tem causa exclusiva no bullying, claro. Normalmente são pessoas fracas, de baixa auto estima, que já são problemas sérios, mas o bullying leva esses problemas a situação limite. E quem já sofre esses problemas precisa de alguma coisa mais pra encher o saco? Mais do que um problemas de suicídio em massa, é um problema de respeito ao próximo. Mesmo se ele não causasse mortes, continuaria sendo uma situação vergonhosa e desagradável que jovens praticam por serem mal-orientados e mal-educados.

Letícia disse...

Bom, eu já senti o bulling na pele. Não foi cyberbulling porque o computador só chegou à minha casa qdo eu já tinha idade suficiente para ter discernimento sobre o que me importava ou não. Mas na escola, a coisa era pesada... imaginem só: uma menina branquela "demais", muito tímida, considerada "nerd" e... bom, pobre, para os padrões da escola. Além do mais, fui criada de maneira diferente: não era consumista, não queria saber de modinhas, não me importava com aparência e só bem mais tarde fui me interessar por festinhas e por garotos.

O engraçado é que, mesmo me comportando de maneira diferente dos outros adolescentes, as ofensas por parte deles mexiam muito comigo. Porque adolescente tem mesmo esse negócio que vc falou... a gente pode não estar preparado pra ir a festas, beber, namorar, mas ficamos chateados por sermos excluídos e nunca termos convite pra fazer nenhuma dessas coisas. Sem contar que a auto estima fica muito prejudicada... eu sentia que ninguém poderia jamais gostar de mim e, até pouco tempo, me julgava muito feia. Não aceitava de jeito nenhum meu corpo, meu rosto... foi com o passar dos anos que descobri que algumas características psicológicas e físicas que tenho não eram julgadas por serem feias ou condenáveis, mas simplesmente por serem diferentes...

A coisa me afetou tanto que eu tive depressão por vários anos (ainda tenho, na verdade) e ainda me lembro do dia em que rejeitei um garoto na escola pq ele disse que eu era "a garota mais bonita que ele conhecia" e, como eu não acreditava que isso fosse possível, o afastei por julgar que fosse piada.

É, Lola... se tem uma causa pela qual eu quero lutar, é pela criminalização do bulling (virtual ou não). Afinal, é um tipo de violência como qualquer outra - talvez até mais grave, por ser psicológica.

Letícia disse...

Koppe: é realmente lamentável esse comportamento dos professores, não? Eu lembro que o posicionamento deles quanto aos bullies não era realmente muito favorável a mim e aos outros que sofriam. Como os bullies eram maioria, era mais fácil assumir que nós, os agredidos, eram sim os problemáticos. Sugeriram psicólogo pra curar minha timidez, ortopedista pra curar minha falta de disposição para esportes (?), de tudo... só não sugeriram é que eu me aceitasse e os outros fossem ter uma conversa na diretoria.

Vivian S. disse...

Flovi,

li atenta tudo o que você contou o fiquei aqui me perguntando se o caso da sua irmã não é um pouco mais complicado do que isso.
Será que a magreza da sua irmã já não está beirando um disturbio alimentar? Anorexia, ou bulimia. Não sei, foi um chute distante, é que quando se diz "magra" não sei exatamente o que imaginar.
Pense nisso e veja se é o caso. Sendo assim, aí talvez fosse interessante falar com a sua mãe (não sobre o bullying, mas sobre o possível problema de saúde).

Beijos e boa sorte.

Lefrossard disse...

Lola, bulliyng existe muito mais que imaginamos e faz parte da vida de milhares de adolescentes no Brasil. Basta que a pessoa seja um pouco diferente dos demais, que já é motivo de chacota.
Mas o que mais me impressiona é o bulliyng praticado por professores sobre alunos, humilhando, perseguindo, colocando apelidos e ridicularizando em público, isso quando não chama o aluno de burro (ou menos inteligente que os demais) na frente dos demais colegas. Isso na maioria das vezes acontece com o aval do resto da turma, que acha muita graça nisso tudo.
E o que a mãe do aluno pode fazer? Diante dos relatos do filho, não tem como agir, pois o professor tem "a caneta na mão, põe nota e tira nota", deixando o aluno refém, com medo de perder o ano se protestar ou levar o caso à direção da escola.
Resta a mãe desejar que o ano termine logo e que tudo acabe e pedir paciência e resignação ao filho... Lamentável!

Koppe disse...

Laetitia, na época eu não compreendia, mas hoje pensando bem acho que tem a ver com a manutenção do "status quo".

Tipo, sempre foi visto como normal nas escolas alguns alunos oprimirem outros, mais fortes oprimem mais fracos, mais espertos oprimem menos espertos, mais velhos oprimem mais novos. Onde estudei não tinha ninguém endinheirado, então a questão do mais rico oprimindo mais pobre nunca vi.

A situação de opressão pode ser devastadora para crianças e adolescentes, mas adultos nem percebem porque na maioria das vezes isso se manifesta em detalhes pequenos, como tapa na nuca, apelido humilhante, baixar as calças na frente da turma, etc. O que faz um adolescente sofrer não é o tapa na nuca, mas as risadas de todos em volta depois do tapa. Qual adulto se preocupa com isso? Eles têm mais o que fazer...

Mas quando o aluno-vítima reage, a coisa tende a desandar pra conseqüências que, aos olhos dos adultos, são mais graves. Socos, chutes, gritaria, tumulto. Aluno chegando em casa sangrando, com hematomas, arranhões. Coisa que, aí sim, os adultos vêem como problema. Enquanto a coisa era unilateral, tudo bem...

Lily Dragon disse...

O meu maior medo com o cyberbullying é que, se cara a cara as crianças e adolescentes já conseguem ser tão absurdamente cruéis, imagina só quando protegidos pelo confortável anonimato, sem precisar sair de suas casinhas para destruir a auto-estima alheia...

Sinto um arrepio só de pensar nessas coisas, tanto nas que eu vi, como as que eu senti na própria pele...

Meu primeiro contato que eu tive com isso foi na 6a série, quando eu ainda tinha "amigas" e quase todo o pessoal de 5a a 8a série se uniu, no dia dos namorados, para humilhar uma das poucas meninas negras que tinham na escola. Disseram que tinha um menino querendo se encontrar com ela na escada de incêndio e, quando ela chegasse lá, estaria metade da escola para vaiá-la.
Fiquei chocada quando soube, e imediatamente fui contar para a Inês, mas o pessoal que estava armando tudo praticamente arrastou ela do outro lado do colégio para as escadas. E eu falando, não vai, não vai... Pedi ajuda para minhas amigas de dissuadi-las, e, totalmente perplexa, ouvi as exatas palavras da boca de uma "amiga"

"Lu, eu não vou fazer nada, tem muita gente legal armando isso..."

As coisas não acabaram muito bem, mas poderia ter sido bem pior - quando eu percebi que não tinha mais jeito, fui correndo e quase chorando falar com uma professora que eu confiava - e enquanto eu subia as escadas, ouvi uma vaia estrondosa. Todos começaram a correr atrás da Inês, rindo e vaiando, e ela correu para se refugiar no banheiro... Pelo menos a professora conseguiu "cortar o barato"do pessoal com uma bronca homérica, enquanto eu senti minha primeira (de muitas) onda de olhares feios dirigidos a minha pessoa...

Depois, veio a puberdade, e enquanto as meninas se voltaram para as modinhas, ficar puxando o saco dos (poucos) meninos da turma e risadinhas histéricas, eu comecei a encarar as coisas de forma mais séria e, é óbvio, ser sumariamente excluída.

Me tornei uma mini especialista em bullying, de tanto que lia sobre o assunto - queria, na verdade, confirmar para mim mesma o que estava acontecendo, se era isso mesmo o que estava acontecendo - porque o mais sinistro do bullying entre meninas é que pode ser muito sutil, daquele que, se você fala para alguém e abre o jogo, na verdade "não é nada", ou "é só coisa da minha cabeça"... Era aquela história de todas saírem correndo ao mesmo tempo para algum lugar, e me deixar para trás; de me cortar sempre que eu começava a falar; de só falar comigo quando precisavam de alguma coisa relacionada às matérias...

E, é claro, assim que eu começava a me afastar,diziam que estavam "bravas comigo porque eu estava falando com pessoas estranhas".

Desisti daquele grupo de "amigas", chutei o balde ( como retaliação, uma das meninas falou com a mãe dela, para dizer à minha mãe que eu era uma depressiva suicida. Até a MINHA MÃE meteram no assunto), e tentei fazer novos amigos, mas parecia haver um ciclo...

Ficava amiga de quem estava mais excluído, aumentava a auto-confiança deles, aí eles começavam a se relacionar com as 'populares' (o antigo grupo de 'amigas'), e passavam a me ver como se eu fosse um bicho esquisito.

Lily Dragon disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávia Simas disse...

Vitor e Vivian, senti um frio na espinha só de pensar nisso, sabe =/

Mas vcs têm razão, preciso investigar isso. Ontem ela me disse que não come bem porque tá nervosa pelo vestibular. Mas quando eu estive lá eu confesso que achei a minha outra irmã, que é gêmea dela, com o aspecto beeeeeeem mais saudável. O problema é que ela não se abre com ninguém, nem com a própria irmã gêmea (elas estudam em escolas diferentes e acabam, por isso, tendo vidas diferentes). Enfim, o jeito é investigar. Consegui falar com a gêmea dela no telefone, e ela me disse que só vê a menina tomar meio copo de leite por dia em casa e que ela diz que não sente fome porque come na escola, mas vai saber o.O

Vitor Ferreira disse...

Flovi, no seu lugar eu conversaria com ela diretamente. Mas vai com calma pra ela não se sentir invadida. Acho que você deve conhecer sua irmã melhor que a gente, e deve saber como abordar. E se a irmã gêmea for idêntica, fica bem mais fácil de detectar se há algum problema com ela ou não.

Anônimo disse...

Lola, esse tema mexe bastante comigo. sofri disso qdo criança, adolescente e tbem na faculdade. minha sorte é que naquela epoca não havia internet, portanto fiquei de fora do ciber.
Esse caso que vc cita dos USA é um pouco atípico pq foi praticado por uma ADULTA QUE SE FEZ PASSAR POR ADOLESCENTE. me parece um desvio de conduta grave, e pelo que li sobre esse caso a mulher não foi punida adequedamente,
falo que é atípico, pq normalmente o bullying é praticado por colegas da mesma idade, vizinhos da mesma idade( embora professores tbem possam pratica-lo).
Li muito sobre esse assunto para tentar entender, pois sofri do problema, agora entendi e já superei mas demorou.
vou te indicar alguns livros sobre o assunto " bullying- mentes perigosas nas escolas"( ana beatriz barbosa silva), " eliminando provocações"( judy freedman), " o fenomeno bullying" ( cleo fante).
não costumo fazer propaganda do meu blog nos comentarios, mas se te interessar leia o post do meu blog do dia 04 deste mes. falo sobre os casos EXTREMOS de bulluying, que culminam com violencia fisica, agressões, espancamentos, e que terminam em suicidio ou assassinato. fiquei chocada qdo soube que isso acontece, pq mesmo tendo sofrido e visto meus colegas sofrerem disso qdo criança, nunca vi um caso de violencia extrema desses( e infelizmente existem). bjs

Amer H. disse...

Vitor, eu não me contradisse em momento algum.

Quando falei que as pessoas estão dando demasiada atenção, me referi ao Cyber Bullying, que falei inúmeras vezes aqui, que é o novo assunto quente da mídia.

Cyber Bullying não é pior que o Bullying real, não faz sentido as pessoas ignorarem o segundo e tratarem o primeiro como O MAIOR CÂNCER DA SOCIEDADE.

Quanto ao problema ser mais grave que malucos do Twitter xingando uns aos outros, me referi as raízes que geram o Bullying, aos quais também já me referi.

Só pra refrescar sua memória, crianças que batem nos colegas na escola podem estar sendo espancadas em casa. A coisa não se resume a um guri mal intencionado sendo perverso por ser perverso.

Letícia disse...

Lily Dragon, até parece que vc estudou na mesma escola que eu. Lá eles também gostavam de oprimir minorias: negros, gordos, nerds, homossexuais... nossa única defesa era nos unirmos, pq os adultos pouco faziam. E claro que se unir ao grupinho de "losers" era sinônimo de suicídio social na mesma hora...

Sabe, esse comportamento de crianças e adolescentes é, pra mim, fascismo e tem que ser coibido o mais cedo possível. Aliás, a criança repete o que aprende em casa... será que não é hora das escolas passarem "castigo" não só pra criança bully, mas para os pais tb? Afinal, quando o bully é defendido em casa, ele toma o castigo como agressão pessoal e nada aprende, podendo até se tornar pior do que já era. Será que os pais não deveriam pagar multas ou até ser presos pelo filho que pratica bullying, caso não o eduquem corretamente?