Muitas coisas nos chamaram a atenção naquela primeira visita. Conversa vai, conversa vem, e a gente revela que ainda precisa comprar uns móveis pro nosso apê (era agosto), só que não tem como transportá-los até em casa. Zed imediatamente diz pra comprar os móveis e avisá-lo, que ele vai buscá-los pra gente com a sua pick-up. Não fizemos isso, mas sua generosidade – ele nem nos conhecia! - nos tocou.
Assim que ele descobriu que o maridão joga xadrez, quis jogar com ele. Ele tem um tabuleiro na loja e joga sempre. Às vezes o maridão vai lá e o Zed mal diz “oi”, só arruma as peças pra eles jogarem. Ah sim, por que o chamo de Zed? É uma sacanagem carinhosa minha. A loja dele me lembrou a do Zed em Pulp Fiction (últimas palavras do Bruce Willis pra Maria de Medeiros: “Zed is dead, baby. Zed is dead”).
Eu já fui lá sem o maridão e tive altos papos com ele. Ele tem a loja no mesmo local há 17 anos e se considera amigo de todo mundo. Se por acaso uma velhinha não conseguir pagar a conta de luz naquele mês, ele paga. Ele também é ludita – ou seja, anti-tecnologia, não tem nem computador – e faz campanha pra que as pessoas parem de comprar pela internet, já que isso só gera desemprego (o que é verdade). Adepto de inúmeras teorias da conspiração, ele se recusa a votar, acredita que o presidente é irrelevante, já que quem manda nos EUA são as grandes corporações e os bancos, e crê que foi essa gente que comandou os atentados às Torres Gêmeas e criou a AIDS para testá-la na África. Ele tem grande admiração pelo Hugo Chávez. Planeja morar no Peru. Por que não no Brasil? Porque o Brasil é civilizado e grande demais, pelo que ele ouviu falar. Ele quer um lugar mais rústico. Não é uma figura?
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