 Conheço pouca gente mais despreparada do que eu para falar de um filme como “O Barato de Grace”. Imagina, é a história de uma inglesa de meia-idade que, ao acabar de enviuvar, percebe que não tem um tostão e resolve plantar maconha em sua estufa para se virar. And I with that?, que é a tradução de um aluno para “e eu com isso?”. Eu, que não sou britânica, que ainda demoro pra entrar na menopausa ou pra perder o maridão (noc-noc na madeira) que não consigo plantar um pé de feijão, e que nem sei como se escreve cannabis sativa, não tenho grandes pontos de identificação com o drama de Grace, a protagonista. Tudo bem, tampouco me identifico com os personagens de “Shrek” ou “Planeta dos Macacos”, e mesmo assim fui vê-los. Farei um esforço para falar de uma realidade tão distante da minha.
Conheço pouca gente mais despreparada do que eu para falar de um filme como “O Barato de Grace”. Imagina, é a história de uma inglesa de meia-idade que, ao acabar de enviuvar, percebe que não tem um tostão e resolve plantar maconha em sua estufa para se virar. And I with that?, que é a tradução de um aluno para “e eu com isso?”. Eu, que não sou britânica, que ainda demoro pra entrar na menopausa ou pra perder o maridão (noc-noc na madeira) que não consigo plantar um pé de feijão, e que nem sei como se escreve cannabis sativa, não tenho grandes pontos de identificação com o drama de Grace, a protagonista. Tudo bem, tampouco me identifico com os personagens de “Shrek” ou “Planeta dos Macacos”, e mesmo assim fui vê-los. Farei um esforço para falar de uma realidade tão distante da minha.Até porque “O Barato” é bonitinho. É inofensivo, na linhagem das comédias britânicas que tratam de tabus de forma leve e descontraída, como “Ou Tudo ou Nada” (temas proibidos: impotência, desemprego, strip tease masculino) e “Billy Elliot” (homossexualismo e balé; ignorância do proletariado). Só que é menos engraçado. Parece que tudo é calculado para produzir o mínimo de risadas. Por exemplo, a seqüência em que uma Grace engomadinha vai a Londres vender sua mercadoria, oferecendo-a para “tipos suspeitos”, não é divertida. Pelo contrário, é constrangedora. Fiquei com pena da vovó traficante, e duvido que fosse esta a intenção.
Ou talvez seja minha falta de experiência no quesito drogas que faça com que eu não ria nas cenas de duas velhinhas gargalhando sem parar e sem motivo após tomar um chá de cânhamo. Vai ver que quem usa o bagulho acha a trama hilariante. Não sei não. Já presenciei amigos meus fumando e notei que um dos efeitos da erva é um ataque de riso incontrolável. Outro é a fome que bate depois. Mas o f ato de eu saber disso não torna o assunto cômico.
ato de eu saber disso não torna o assunto cômico. 
Bom, sempre existe a chance de o objetivo de uma comédia não ser o humor, e sim exibir um slice of life, um pedacinho da vida. Neste sentido, “O Barato” está melhor servido, principalmente por contar com a presença de Brenda Blethyn no elenco. Brenda é estupenda, como quem teve o privilégio de ver “Segredos e Mentiras” pode atestar. Seu momento mais tocante ocorre quando ela conversa com a amante do marido, e ela verifica que as opiniões sexuais em torno do falecido são conflitantes. Ela convence tanto como uma viúva desprotegida quanto como uma mulher segura e pronta pra outra. Os demais atores também estão ideais, em especial o francês Tcheky Karyo (alguém lembra de “A Grande Arte”?), que faz um poderoso chefão. E gostei do hippie que, apesar das vestes, é mais nerd que qualquer homem de negócios. Pena que, no final, tudo acabe em chope.
 
                 
                              
 
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                           
                          
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