segunda-feira, 1 de agosto de 2022

AS PLATAFORMAS SOCIAIS QUE CONHECEMOS VÃO ACABAR

Não estou no Instagram nem no Facebook, mas venho notando que, no Twitter, minha timeline muitas vezes não é composta pelas 189.500 pessoas que me seguem e nem das 13.400 que eu sigo. Tá cheio de gente estranha. Muitos têm reclamado da mesma coisa.
Pra entender melhor este fenômeno (uma decisão errada das plataformas), reproduzo este ótimo artigo publicado ontem na Folha pelo advogado Ronaldo Lemos, que também é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

Na semana passada houve muita gente furiosa com as mudanças que o Instagram está implementando. A rede social que surgiu com fotos está cada vez mais tornando-se uma plataforma para vídeos curtos e ficando cada vez mais parecida com o TikTok. Após protestos de influenciadores importantes (como as irmãs Kardashian) o Instagram voltou atrás em algumas das mudanças. No entanto, as reclamações só atrasam o processo. A mudança do Instagram (e do Facebook como um todo) é profunda e inevitável.

Mais do que isso, a reconfiguração das plataformas da empresa tem o potencial de produzir impactos enormes não só sobre a indústria de tecnologia, mas para a sociedade como um todo. Por isso é importante entender exatamente o que está acontecendo.

O Instagram e o Facebook estão gradativamente abrindo mão do chamado social graph. O termo em inglês diz respeito às pessoas que você se conecta, que decidem seguir você e que você segue. Em um mundo em que as instituições coletivas estão cada vez mais enfraquecidas, a sua rede social é o que existe mais próximo no mundo digital de uma comunidade. É a sua tribo no mundo online, as pessoas que você decidiu acompanhar a vida e que decidiram acompanhar a sua.

É dessa comunidade que o Facebook e o Instagram estão querendo se livrar. A ideia é que quando você entrar nessas plataformas, o conteúdo que aparece para você não venha mais das pessoas que você decidiu seguir.

O algoritmo vai buscar conteúdos produzidos no mundo todo, por pessoas que você não sabe quem é e que podem nem viver no mesmo país, e mostrar aquele conteúdo para você caso determine que é algo que pode te interessar.

Em vez de comunidades, as pessoas vão se conectar com uma massa amorfa e abstrata, com a qual não têm nenhuma conexão direta. Para quem produz conteúdo isso torna o jogo totalmente diferente. Você não vai falar mais para uma plateia que é sua. Cada conteúdo que postar vai competir por atenção com outros conteúdos postados no mundo inteiro. Sabe-se lá onde seu conteúdo irá chegar e, na maioria dos casos, chegue somente para desconhecidos ou não chegue a lugar nenhum. Em outras palavras, é você contra o mundo.

Atualmente cerca de 20% dos conteúdos que já são mostrados para os usuários no Facebook e Instagram não vêm mais do social graph, mas diretamente da decisão do algoritmo onisciente que fica pinçando o que acha que você vai gostar. A ideia é subir esse percentual. Qual o teto? 60%? 80%? Hoje ninguém sabe.

As consequências sociais disso são profundas. Se o ocidente já vive uma crise de individualismo exacerbado, essas mudanças (que estão sendo puxadas pelo TikTok) têm a capacidade de aprofundar a atomização das pessoas. Elas dinamitam o último bastião de coletividade ainda possível no universo digital. Nossa tribo será uma só: o algoritmo. Vai importar cada vez menos quem você segue. O algoritmo vai gerar um broadcast incessante e probabilístico, baseado na medição dos nossos estados mentais mais subjetivos. Nuvens de conteúdos globais vão viajar como aves migratórias parametrizadas.

Nas redes ditas sociais você estará sozinho, relacionando-se principalmente com fantasmas e ilusões plantadas na frente dos seus olhos por um software onisciente.

10 comentários:

Anônimo disse...

a) Eu gosto de redes sociais em razão da militância fico preocupada com os novos caminhos.

b) Tenho feito campanha para elegermos mulheres progressistas precisamos de um congresso forte que lute pelos nossos direitos ou viveremos um Conto de Aia.

c) Para a Alesp temos Carina Vitral( PC do B) Chirley Pankara Mônica Veloso organizou o coletivo Pretas e a bancada feminista. Para o Congresso Nacional temos Andrea Cassa Juliana Drummond Samia Bomfim Erika Hilton Jandira Feghali.

d) Para a Alerj temos Mônica Francisco Renata Souza Dani Monteiro Coletivo das periferias

Anônimo disse...

a) Lola vc viu Duda Salabertt sendo ameaçada e a Manuela tb. Temos que eleger mulheres ou estes crápulas vão transformar o Brasil em um Conto de Aia

Death adder disse...

Ótimo . Eu nunca gostei de socialização. A solidão das pessoas no Instagram me satisfará muito . Até pq socialização tem muito bullying e o isolamento do Instagram impedirá isso.

Anônimo disse...

Quem usa essas m* de Facebook, Instagram, Tik Tok e etc têm um cérebro de Big Brother Brasil e têm mais é que sf, bando de alienados imbecis

Anônimo disse...

O tal do William Maza dos Santos que ameaçou a Duda Salabert já tinha enviado ameaças para uma jornalista. No JusBrasil mostra que ele foi processado em julho no Juizado da Violência contra a mulher no Distrito Federal por ameaças.
Ele é de São Paulo, tem 20 anos e parece estar desempregado.

Anônimo disse...

SOMOS ESPIONADOS 24 HORAS POR DIA

Muito do que se imagina - ou se imaginava - que vá - fosse - acontecer com o vertiginoso avanço da tecnologia, especialmente com o 5G, 6G, em diante, e muito do que já foi antecipado em séries ficcionais como "Black mirror", ou indo mais atrás, em "Além da imaginação" ("The twilight zone"), posso dizer por experiência própria que já é uma realidade. Assustadora realidade. O que relato aqui abaixo é algo que aconteceu comigo ontem, dia 4 de abril de 2022, ninguém me contou.

https://eduardolamas.blogspot.com/2022/04/somos-espionados-24-horas-por-dia.html

Anônimo disse...

Big Tech doesn't need you to give the "microphone permission" on your devices or even upload your pictures. They use data stolen with Electromagnetic Eavesdropping and lie by omission so users think their consent was ever important. Children are hurt everyday because of US tech companies' greed.

Anônimo disse...

É preciso mesmo dar fim a essas redes. Deixemos que apenas robôs as habitem.

Em lugar delas, deveríamos usar apenas as redes livres e federadas, como Diaspora*, GnuSocial, RedMatrix, PeerTube, Friendica, Mastodon ou Fediverse, que não pertencem a nenhuma empresa.

https://fediverse.party/

Cão do Mato disse...

Não tem nada a ver com o tema do post, mas essa reportagem publicada no UOL hoje sobre a importância dos SUS é bem interessante:

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/08/02/romance-da-netflix-nos-faz-lembrar-o-quanto-devemos-celebrar-o-sus.htm

Anônimo disse...

Eu tentei usar o Diaspora uma vez, mas tinha só hackers e crackers usando, um pessoal trocando arquivos suspeitos, fiquei com medo e saí.