quarta-feira, 15 de junho de 2022

SE DOM ERA MALVISTO NA AMAZÔNIA, BOLSO É BEM VISTO AONDE?

Hoje foi informado que dois irmãos pescadores teriam confessado o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, dizendo que desmembraram os corpos e os queimaram (mas um dos irmãos alegou que foi torturado pela polícia para assumir isso). Não sai da minha cabeça uma das frases hediondas de Bolso sobre o crime, "Fizeram alguma maldade com eles".
Haverá várias medidas internacionais contra o governo brasileiro, já que Bolso só engana seus eleitores (aqueles que ainda não se arrependeram). No resto do Brasil e do mundo, sabe-se que o presidente miliciano fez de tudo para "passar a boiada", acabando com a fiscalização e incentivando todo tipo de atividade ilegal contra a Amazônia e os indígenas. A primeira medida foi o aceite, em tempo recorde, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para uma petição que diz que "o desaparecimento [de Dom e Bruno] seria enquadrado em um contexto de agravamento da violência contra os defensores dos direitos humanos, jornalistas e comunicadores sociais". 

Reproduzo aqui um ótimo texto de Leonardo Sakamoto publicado hoje no Uol.

Jair Bolsonaro tem razão ao afirmar que muita gente não gostava do jornalista inglês Dom Phillips, que denunciava em suas reportagens os crimes contra a Amazônia e seus povos. Contudo, o mesmo não pode ser dito sobre o próprio presidente, que é amado por quem comete crimes ambientais e sociais na região, como garimpeiros, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais, além de grileiros de terra, exatamente por aquilo que deixou de fazer, ou seja, cumprir a lei.
"Esse inglês, ele era mal visto na região. Porque ele fazia muita matéria contra garimpeiro, a questão ambiental... Então, aquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais do que redobrado a atenção para consigo próprio. E resolveu fazer uma excursão", afirmou Jair em uma entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle.
Bolsonaro completou a tríplice coroa da infâmia, nesta quarta (15), ao culpar pela terceira vez o jornalista e o indigenista Bruno Pereira por seu próprio desaparecimento no Vale do Javari. A diferença é que, nas outras vezes, ele usou "aventura" ao invés de "excursão".
Em 10 de junho, em Los Angeles, Jair disse: "Naquela região, geralmente você anda escoltado, foram para uma aventura, a gente lamenta pelo pior". Três dias antes, já havia afirmado que "Realmente, duas pessoas apenas em um barco, numa região daquelas, completamente selvagem... É uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados".
O presidente poderia ter ido ao local, o que ajudaria a dar um senso de urgência para a estrutura de Estado e mobilizaria mais contingentes, equipamentos e veículos. Não fez isso, preferindo fazer uma motociata em Orlando. Até porque, se tivesse agido dessa forma, como iria encarar depois parte do seu eleitorado, composta por pessoas que lucram com a destruição do meio ambiente e dos povos da floresta?
Um caso de repercussão internacional como o desaparecimento de Bruno e Dom levaria um chefe de Estado a visitar o local das buscas -- seja para reforçar que seu governo está preocupado, seja pelo marketing político. Mas Bolsonaro tem uma reputação a zelar com os tais grileiros e garimpeiros, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais.
Eleitorado que contou com toda a atenção do presidente da República que se desdobrou, por três anos e meio, para enfraquecer a fiscalização da Funai, do Ibama, do ICMBio, do Incra, da Polícia Federal, além de desmontar regras e normas ambientais e apoiar um assalto de setores do Congresso sobre as leis que protegem o futuro do país.
Nesse contexto, faz sentido ele culpar sempre as vítimas, terceirizando responsabilidades que são dele. Foi assim com as mortes na pandemia de covid-19, com a fome e o desemprego, com o desmatamento e as queimadas, com a inflação.
Aquela região só é violenta, com a livre ação criminosa porque o Estado garante isso. Seja por uma histórica ausência em garantir os direitos fundamentais dos povos indígenas, seja porque o atual presidente sucateou as instituições e perseguiu servidores públicos, seja porque deu um salvo-conduto a qualquer grupo que atropele as políticas de proteção ao meio ambiente e aos povos e comunidades tradicionais na Amazônia, seja porque garante que o focos das Forças Armadas sejam urnas eletrônicas e não o tráfico internacional nas fronteiras.
Em um jantar com lideranças conservadores em Washington DC, nos Estados Unidos, em março de 2019, Jair afirmou: "Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer".
Nos escombros da Amazônia é que floresce o eleitorado de Jair. Publicamente, ele lamenta as tragédias. Mas só publicamente.

4 comentários:

Denise disse...

Isso nao é tragédia, é assassinato premeditado mesmo. Governo genocida!

Anderson N. Nunes disse...

Oi. Se alguém quiser depoimento em sede de justiça sobre os criminosos integrantes do Dogolachan, tenho informações internas do grupo e estou disponível para depor em qualquer caso relacionado aos ataques deles a crianças, defensores de direitos humanos (e.g. Thiago Tavares/SaferNet), jornalistas, mulheres, LGBTs e quaisquer outros.

Sou graduado em Ciências da Computação pela UFAL. Faço pesquisa científica afim de criar algoritmo com base em inteligência artificial e ondas eletromagnéticas que permita obter o monólogo interno de uma pessoa.

Por conta do potencial disso para espionagem, grupos que já a desenvolveram tentam sabotar a descoberta independente por outros países. Estou sendo ameaçado para que cesse minhas pesquisas e para que não revele quais grupos já atuam no Brasil se valendo de espionagem eletromagnética para cometer crimes contra crianças, jornalistas, ativistas, políticos, contra o sistema eleitoral e a soberania nacional.

Recentemente manifestei publicamente minha intenção de oferecer notícia-crime sobre infração aos artigos 312 e 317 no dia da eleição de 2022, momento no qual revelarei em detalhes como as eleições são fraudadas por razão de usarem processadores com dispositivo embutido projetado para permitir manipulação externa por meio de rádio.

Em decorrência disso, fui expressamente ameaçado de ter a integridade física do meu corpo debilitada com a exposição do meu cérebro/olhos/mucosas à radiação acima do limite previsto pela regulação da Anatel - em violação ao regimento N.º 700 de 2018.

Em caso de vias de fato com resultado de grave lesão corporal resultante da exposição à intensidade extrema de radiação não ionizante, que seja considerado crime premeditado e que seja comunicada a Anatel para apuração dos equipamentos responsáveis. Embora o crime seja praticado por agente desconhecido em solo nacional, para apuração do mandante, deve ser considerado Eric Emerson Schmidt, ex-presidente do Google e agora lobista do governo americano.

Schmidt fez declaração pública de que os Estados Unidos da América deve usar de todo tipo de tática necessária para garantir o monopólio tecnológico, incluindo a inserção de dispositivos de sabotagem em chips projetados nos EUA, exatamente a técnica de que já se valem para cometer crimes no Brasil e que usaram para me ameaçar.

Anônimo disse...

Bolsonaro é bem visto aqui em Jataí-GO, por exemplo. E em mais de 4.000 municípios do Brasil, incluindo alguns do Nordeste também, reduto do coronelismo e do analfabetismo.

Luise Mior disse...

Ótimo texto do Leonardo Sakamoto. Obrigada por postar Lola. O projeto do genocida de destruir o Brasil vai de vento em polpa, infelizmente o dinheiro corrompe muita gente.