Semana passada, um artigo de um tal de Márcio Nazianzeno publicado na Playboy conseguiu ofender muitas mulheres da capital do Rio Grande do Norte. Com o título "Feliz é Natal", e o subtítulo "A capital potiguar é um harém ensolarado com vista para o mar", o texto fala de como a natalense é fácil.
A primeira pessoa que me enviou o link foi a Alessandra, que escreveu: "Fiquei completamente indignada e por isso resolvi procurar uma sumidade quando o assunto é combater todo tipo de violência praticada contra as mulheres" (acho que ela estava falando de mim!). Eu respondi: "Desculpe se vou te decepcionar, mas não sei se o texto é tão ofensivo assim. É uma besteira típica da Playboy, e detestei principalmente o título, referente à harém, mas por que chamar as mulheres de Natal de sexualmente liberadas seria ofensivo? Por que vc acha que é uma violência contra as mulheres?"
Ela disse: "O que deduzi do texto foi que as mulheres de nossa cidade estariam à disposição de todo e qualquer homem que porventura esteja aqui de férias ou trabalhando, pois em virtude do número de mulheres ser bem maior que o de homens, todas as mulheres se sentiriam eternamente agradecidas pelo fato de ter conseguido uma companhia masculina".
Ainda assim, eu não entendia o artigo como uma agressão às mulheres. Este trecho, apesar de estar escrito de homem pra homem, excluindo as mulheres (que são objeto daquela conversa, não sujeito), eu não achei ofensivo: "E o que as natalenses têm? Tempero, amigo. Sempre de bem com a vida e o próprio corpo, (quase) todo dia elas se refestelam na areia, fritam sob o astro-rei, banham-se nas águas salgadas, secam-se no calor e no vento e nos matam do coração".
Quer dizer, a frase final faz parecer que as mulheres de Natal fazem tudo isso com a intenção de excitar os homens. De repente deve existir mulher que vai à praia não pra posar de biquíni, mas pelo prazer de nadar no mar e pegar sol? Mas, de todo modo, dizer que as moças amam o próprio corpo me parece algo positivo, num mundo em que a mídia, todo santo dia, nos importuna sobre os nossos defeitos que precisam ser corrigidos gastando os tubos (e como acreditamos que somos imperfeitas!).
Só que o texto tem montes de besteira. Por exemplo, "Cair nas garras dos predadores"?! Ué, pra quê dividir homens e mulheres entre predadores e presas, se ambos querem a mesma coisa (sexo)? Pra quê essa moralização machista de associar sexo a algo ruim, como se sexo hétero tivesse que ser uma batalha de gênero, como se tivesse que ser uma conquista dos homens sobre as mulheres?
O próprio autor se contradiz, porque logo depois de transformar as mulheres em presas, ele escreve: "o fato é que a natalense sabe o que quer. E ela quer a mesma coisa que a gente. É atirada, direta, aborda sem deixar espaço para mal-entendido". Isso é bom, certo? Eu acho ótimo que mulheres tomem a iniciativa. Os homens também deveriam achar isso formidável, mas, por algum motivo estranho, muitos preferem encarar mulheres como presas. Se eles não "abaterem", não tá valendo. Se elas tomam a iniciativa, são putas. Se eles tomam a iniciativa e elas "cedem", são putas também. Se elas não cedem, adivinha? Putas de novo! Homem (e mulher) machista vê toda e qualquer mulher como puta. E depois lamenta que as mulheres não sejam mais liberadas sexualmente!
O autor do artigo vê que o fato, segundo ele, de natalenses serem atiradas e "sem-vergonha" é uma questão de sobrevivência, já que há mais mulheres do que homens na cidade. Não é porque a mulher de Natal quer, é porque ela precisa! E se o mundo da mulher de Natal não girar em torno do homem?
Logo depois li o post da jornalista e socióloga Vanda Regina. E concordo com ela.
A incrível Daiany, professora de jornalismo na UERN, em Mossoró, foi outra que me enviou o artigo da Playboy. Eu respondi pra ela: "Obrigada, querida Dai! Dei uma lida super por cima e, apesar de achá-lo reducionista, heteronormativo e, bem, ridículo, não achei ofensiva a ideia de que as mulheres de Natal 'vão à luta' e tomam a iniciativa para seduzir os homens. Claro que eu já ouvi caras falarem isso de todo e qualquer Estado do Nordeste e do Norte! É bem mais raro ouvir dizer que as mulheres do Sul e Sudeste são 'fáceis'. Não sei, eu teria que reler o texto, mas me ajude: como ele te ofendeu, além de generalizar tudo?"
A Dai respondeu: "Lola, entendo seu questionamento, pois eu também meio que tive meus mixed feelings quando li o texto.
Ele incomoda por ser um roteiro turístico a respeito de como se dar bem e encontrar a mulher disponível adequada ao gosto do visitante. Mas não deixei de reconhecer alguma verossimilhança. Eu já fui solteira em Natal. Eu sou uma mulher atirada (kkkk). E eu já fui uma das moças que reclamavam da disparidade na quantidade de homens e mulheres no pregão da solteirice. Mas daí reli com calma. E na segunda lida já me incomodou mais e a afinidade se dissipou. Primeiro, veio o sentimento de que é um texto que objetivamente categoriza as fêmeas da nossa espécie como produtos para um público consumidor específico -- o viajante estrangeiro que vai à cidade, em busca de sexo, como o articulista dá a entender, na última linha do artigo.
Mas o incômodo vai além. Ele causa essa mistura de sentimentos pois ele não agride tacitamente, ele é cortês, disfarça em elogios e exaltação uma questão que é cultural e muito séria. Quase nos sentimos contempladas pelas mulheres espelhadas no texto. O problema é que o quase nos deixa inertes e disponíveis, com atitude para a oferta, mas não para a escolha.
O articulista faz uso de um certo machismo clássico, quase literário, o machismo de Jorge Amado cantando loas à mulher com cheiro de cravo e cor de canela. De Alencar e suas firulas a dourar lábios e pés, pedaços de mulheres ideais e inexistente. A boa selvagem, feita para o amor, para o assédio e para a submissão. Um bicho de fácil controle doméstico, feito para amar e f*der, e acessível a qualquer um que dele deseje dispor.
Ainda que em forma de exaltação, é escudado num machismo de estirpe, colonizador e falsamente elogioso. Por isso numa primeira leitura salta as salvas à liberdade sexual da natalense, mas daí que natalense? Esse vulto, essa tigresa, essa patricinha, jornalista, roqueira, empinando suas belezas e seu canto de sereia? Essa mulher é um vulto, mais um mito. Certamente será um desapontamento para o leitor da revista, se este for frustrado em suas investidas e se ela não for tão dada e tão específica quanto é dita.
Ele nos coloca como seres dóceis, sedentos de amor, sempre receptivos, ('se vc terminar a noite sozinho, alguém ficou com doze!') e como uma opção (de consumo) de viagem garantida, para o leitor daquela revista. Ou seja, denota uma permissividade garantida (ou seu dinheiro de volta), uma ideia de que somos corpos para o sabor e satisfação do outro. Ainda que diversos -- um atrativo, já que agrada variados paladares. Mas sempre ousados, sedutores e, quando não, 'empinados'. Ainda que o desejo exaltado seja o nosso, no pregão, somos a mercadoria.
Outra coisa importante é o problema do contexto. Natal é uma das cidades com maior índice de turismo sexual no país, uma cidade-alvo do tráfico humano de mulheres e crianças, da grande incidência de exploração sexual infanto-juvenil. Onde há toda uma rede que promove essa imagem da bela natalense, acolhedora, aberta ao amor e de sexualidade ativa e independente de cartão postal. Os elogios poeteiros do articulista poderiam ser epígrafe de muitos dos folhetos dedicados ao sexo-turismo."
A Dai, sempre brilhante, me convenceu. Mas eu ainda quis pedir ajuda às universitárias. Escrevi pra Maíra, estudante de Direito na UFRN, em Natal, que tive o prazer de conhecer ano passado. Ela respondeu:
"Acho que é um texto cuja missão de usar a figura feminina enquanto objeto está bastante explícita, a começar pelo fato de estar inserido numa revista cujo enfoque é vender a imagem sexual de mulheres.
Pra mim, ficou claro que a ideia era fazer propaganda da cidade, usando as mulheres que o autor criou como chamariz. Sim, porque ele criou todas aquelas informações. Não é porque eu moro aqui há 12 anos que digo que aquelas imagens idílicas de mulheres se 'refestalando' sob o sol todos os dias simplesmente não existem. Digo isso porque parto de uma análise da realidade, e qualquer pessoa com o menor senso de realidade nunca acreditaria num texto que, para vender uma ideia, utiliza argumentos completamente sem noção como esse.
Ele poderia falar de outras capitais nordestinas, e até mesmo do Rio de Janeiro, lugar sobre o qual infelizmente ainda paira essa imagem de que todas as suas habitantes são potenciais garotas de Ipanema à disposição. O que eu não entendi foi o motivo de terem escolhido Natal como pano de fundo para essa propaganda. Isso porque não se trata de uma capital nordestina muito comentada nas publicações de outros estados. Fortaleza, Salvador e Recife têm visibilidade bem maior, em geral.
Não sei se tem relação com a novela das 6 na Globo, aquela que traz um elenco de olhos claros com sotaques não nordestinos para interpretar um conjunto de moradores do interior do Rio Grande do Norte; aquela cujos únicos personagens com sotaque nordestino são os dos núcleos coadjuvantes e, mesmo assim, os interpretam de forma forçada diante dos padrões dos outros personagens e da realidade potiguar; isso quando esse sotaque não é alusivo a retardos mentais.
Parece existir alguma intenção comercial nessa inocente 'crônica'. Os nomes e descrições de vários estabelecimentos comerciais são citados, mostrando que não se trata de mais um deleite machista da Playboy. Não é 'só' falar da mulher como objeto de consumo. Mas existe outra opção: se não se quer simplesmente promover os estabelecimentos e a cidade com base na figura feminina (o que por si só é tosco e enganoso, já que a verdade é que as mulheres natalenses não estão 'à caça', mas estão trabalhando, estudando, assistindo TV, dormindo, comendo, como todos os outros mortais, natalenses ou não), pode ser algo muito mais grave: um merchandising descarado do turismo sexual, numa nova forma de promovê-lo. Isso tudo não por meio de fóruns escondidos na internet, e sim por meio de uma revista de enorme circulação, como a Playboy.
É extremamente desrespeitoso para com a individualidade de um conjunto de mulheres. Já pensou quando esses leitores chegarem aqui e descobrirem que não estamos sempre bronzeadas e com cheiro de maresia numa pele sensual? Que temos mau-humor e outros defeitos? Que as universitárias roqueirinhas tatuadas, em vez de ir à praia, podem estar indo à universidade quando não estão no bar que eles citaram? E que na universidade (e em vários outros espaços, faço essa referência porque foi exatamente o que ele citou: universitárias) elas podem perceber o quão estúpido é aquilo tudo que ele escreveu, exatamente porque elas não se identificam com aquilo? E que, mesmo quando estão no bar propagandeado, podem estar acompanhadas de outras pessoas mais interessantes do que um homem que acredita em tudo que lê e acha que encontrará o paraíso de mil virgens só porque viajou alguns quilômetros para tanto?
O texto vincula bares, que são produto de consumo, com o perfil das mulheres frequentadoras desses bares, que também são postas como produto de consumo. Diga-se de passagem que se trata dos principais bares da cidade, frequentados em geral por pessoas de classe média, o que demonstra sua faceta, além de sexista, classista também.
É o tipo de texto difícil de se caracterizar em palavras, tão explícita que está sua proposta objetificadora. E pior: deve gozar de uma grande aceitação entre seus destinatários, porque consegue unir a todas essas características os elogios às mulheres, aquele cavalheirismo machista, direcionado unicamente a conseguir favores sexuais das 'damas, sem as quais eles não vivem'. É o pior tipo de machismo porque é cativante para muitas pessoas."
Perguntei também ao meu querido Patrick, delegado da Receita Federal, feminista, e natalense. Ele me disse: "Francamente, Lola, a crônica é fraquíssima. Sério que o autor fez a brilhante descoberta que, numa cidade onde as temperaturas mínima e máxima oscilam entre os 23 e 32 graus de janeiro a dezembro, as pessoas usam roupas leves? Gênio, hein?
"E mais, ele descobriu os 'points' frequentados por solteiros e solteiras em busca de companhia? Uau, isso é que é jornalismo investigativo! Não, mas espere, ele descobriu que em 2013, nos lugares aonde as pessoas vão para procurar companhia, as mulheres também tomam a iniciativa?! Esse rapaz é um Einstein, não? Fez uma descoberta que revolucionaria o mundo... em 1905! O resto é um slut shaming bem rasteiro e, pra usar uma expressão bem natalense, só uma revista muito peba publicaria um troço como esse."
Este post é um breve exemplo de como aprendo com minhas leitoras e leitores, que geralmente são muito mais perspicazes do que eu. Obrigada! Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?
A primeira pessoa que me enviou o link foi a Alessandra, que escreveu: "Fiquei completamente indignada e por isso resolvi procurar uma sumidade quando o assunto é combater todo tipo de violência praticada contra as mulheres" (acho que ela estava falando de mim!). Eu respondi: "Desculpe se vou te decepcionar, mas não sei se o texto é tão ofensivo assim. É uma besteira típica da Playboy, e detestei principalmente o título, referente à harém, mas por que chamar as mulheres de Natal de sexualmente liberadas seria ofensivo? Por que vc acha que é uma violência contra as mulheres?"
Ela disse: "O que deduzi do texto foi que as mulheres de nossa cidade estariam à disposição de todo e qualquer homem que porventura esteja aqui de férias ou trabalhando, pois em virtude do número de mulheres ser bem maior que o de homens, todas as mulheres se sentiriam eternamente agradecidas pelo fato de ter conseguido uma companhia masculina".
Ainda assim, eu não entendia o artigo como uma agressão às mulheres. Este trecho, apesar de estar escrito de homem pra homem, excluindo as mulheres (que são objeto daquela conversa, não sujeito), eu não achei ofensivo: "E o que as natalenses têm? Tempero, amigo. Sempre de bem com a vida e o próprio corpo, (quase) todo dia elas se refestelam na areia, fritam sob o astro-rei, banham-se nas águas salgadas, secam-se no calor e no vento e nos matam do coração".
Quer dizer, a frase final faz parecer que as mulheres de Natal fazem tudo isso com a intenção de excitar os homens. De repente deve existir mulher que vai à praia não pra posar de biquíni, mas pelo prazer de nadar no mar e pegar sol? Mas, de todo modo, dizer que as moças amam o próprio corpo me parece algo positivo, num mundo em que a mídia, todo santo dia, nos importuna sobre os nossos defeitos que precisam ser corrigidos gastando os tubos (e como acreditamos que somos imperfeitas!).
Só que o texto tem montes de besteira. Por exemplo, "Cair nas garras dos predadores"?! Ué, pra quê dividir homens e mulheres entre predadores e presas, se ambos querem a mesma coisa (sexo)? Pra quê essa moralização machista de associar sexo a algo ruim, como se sexo hétero tivesse que ser uma batalha de gênero, como se tivesse que ser uma conquista dos homens sobre as mulheres?
O próprio autor se contradiz, porque logo depois de transformar as mulheres em presas, ele escreve: "o fato é que a natalense sabe o que quer. E ela quer a mesma coisa que a gente. É atirada, direta, aborda sem deixar espaço para mal-entendido". Isso é bom, certo? Eu acho ótimo que mulheres tomem a iniciativa. Os homens também deveriam achar isso formidável, mas, por algum motivo estranho, muitos preferem encarar mulheres como presas. Se eles não "abaterem", não tá valendo. Se elas tomam a iniciativa, são putas. Se eles tomam a iniciativa e elas "cedem", são putas também. Se elas não cedem, adivinha? Putas de novo! Homem (e mulher) machista vê toda e qualquer mulher como puta. E depois lamenta que as mulheres não sejam mais liberadas sexualmente!
O autor do artigo vê que o fato, segundo ele, de natalenses serem atiradas e "sem-vergonha" é uma questão de sobrevivência, já que há mais mulheres do que homens na cidade. Não é porque a mulher de Natal quer, é porque ela precisa! E se o mundo da mulher de Natal não girar em torno do homem?
Logo depois li o post da jornalista e socióloga Vanda Regina. E concordo com ela.
A incrível Daiany, professora de jornalismo na UERN, em Mossoró, foi outra que me enviou o artigo da Playboy. Eu respondi pra ela: "Obrigada, querida Dai! Dei uma lida super por cima e, apesar de achá-lo reducionista, heteronormativo e, bem, ridículo, não achei ofensiva a ideia de que as mulheres de Natal 'vão à luta' e tomam a iniciativa para seduzir os homens. Claro que eu já ouvi caras falarem isso de todo e qualquer Estado do Nordeste e do Norte! É bem mais raro ouvir dizer que as mulheres do Sul e Sudeste são 'fáceis'. Não sei, eu teria que reler o texto, mas me ajude: como ele te ofendeu, além de generalizar tudo?"
A Dai respondeu: "Lola, entendo seu questionamento, pois eu também meio que tive meus mixed feelings quando li o texto.
Ele incomoda por ser um roteiro turístico a respeito de como se dar bem e encontrar a mulher disponível adequada ao gosto do visitante. Mas não deixei de reconhecer alguma verossimilhança. Eu já fui solteira em Natal. Eu sou uma mulher atirada (kkkk). E eu já fui uma das moças que reclamavam da disparidade na quantidade de homens e mulheres no pregão da solteirice. Mas daí reli com calma. E na segunda lida já me incomodou mais e a afinidade se dissipou. Primeiro, veio o sentimento de que é um texto que objetivamente categoriza as fêmeas da nossa espécie como produtos para um público consumidor específico -- o viajante estrangeiro que vai à cidade, em busca de sexo, como o articulista dá a entender, na última linha do artigo.
Mas o incômodo vai além. Ele causa essa mistura de sentimentos pois ele não agride tacitamente, ele é cortês, disfarça em elogios e exaltação uma questão que é cultural e muito séria. Quase nos sentimos contempladas pelas mulheres espelhadas no texto. O problema é que o quase nos deixa inertes e disponíveis, com atitude para a oferta, mas não para a escolha.
O articulista faz uso de um certo machismo clássico, quase literário, o machismo de Jorge Amado cantando loas à mulher com cheiro de cravo e cor de canela. De Alencar e suas firulas a dourar lábios e pés, pedaços de mulheres ideais e inexistente. A boa selvagem, feita para o amor, para o assédio e para a submissão. Um bicho de fácil controle doméstico, feito para amar e f*der, e acessível a qualquer um que dele deseje dispor.
Ainda que em forma de exaltação, é escudado num machismo de estirpe, colonizador e falsamente elogioso. Por isso numa primeira leitura salta as salvas à liberdade sexual da natalense, mas daí que natalense? Esse vulto, essa tigresa, essa patricinha, jornalista, roqueira, empinando suas belezas e seu canto de sereia? Essa mulher é um vulto, mais um mito. Certamente será um desapontamento para o leitor da revista, se este for frustrado em suas investidas e se ela não for tão dada e tão específica quanto é dita.
Ele nos coloca como seres dóceis, sedentos de amor, sempre receptivos, ('se vc terminar a noite sozinho, alguém ficou com doze!') e como uma opção (de consumo) de viagem garantida, para o leitor daquela revista. Ou seja, denota uma permissividade garantida (ou seu dinheiro de volta), uma ideia de que somos corpos para o sabor e satisfação do outro. Ainda que diversos -- um atrativo, já que agrada variados paladares. Mas sempre ousados, sedutores e, quando não, 'empinados'. Ainda que o desejo exaltado seja o nosso, no pregão, somos a mercadoria.
Outra coisa importante é o problema do contexto. Natal é uma das cidades com maior índice de turismo sexual no país, uma cidade-alvo do tráfico humano de mulheres e crianças, da grande incidência de exploração sexual infanto-juvenil. Onde há toda uma rede que promove essa imagem da bela natalense, acolhedora, aberta ao amor e de sexualidade ativa e independente de cartão postal. Os elogios poeteiros do articulista poderiam ser epígrafe de muitos dos folhetos dedicados ao sexo-turismo."
A Dai, sempre brilhante, me convenceu. Mas eu ainda quis pedir ajuda às universitárias. Escrevi pra Maíra, estudante de Direito na UFRN, em Natal, que tive o prazer de conhecer ano passado. Ela respondeu:
"Acho que é um texto cuja missão de usar a figura feminina enquanto objeto está bastante explícita, a começar pelo fato de estar inserido numa revista cujo enfoque é vender a imagem sexual de mulheres.
Pra mim, ficou claro que a ideia era fazer propaganda da cidade, usando as mulheres que o autor criou como chamariz. Sim, porque ele criou todas aquelas informações. Não é porque eu moro aqui há 12 anos que digo que aquelas imagens idílicas de mulheres se 'refestalando' sob o sol todos os dias simplesmente não existem. Digo isso porque parto de uma análise da realidade, e qualquer pessoa com o menor senso de realidade nunca acreditaria num texto que, para vender uma ideia, utiliza argumentos completamente sem noção como esse.
Ele poderia falar de outras capitais nordestinas, e até mesmo do Rio de Janeiro, lugar sobre o qual infelizmente ainda paira essa imagem de que todas as suas habitantes são potenciais garotas de Ipanema à disposição. O que eu não entendi foi o motivo de terem escolhido Natal como pano de fundo para essa propaganda. Isso porque não se trata de uma capital nordestina muito comentada nas publicações de outros estados. Fortaleza, Salvador e Recife têm visibilidade bem maior, em geral.
Não sei se tem relação com a novela das 6 na Globo, aquela que traz um elenco de olhos claros com sotaques não nordestinos para interpretar um conjunto de moradores do interior do Rio Grande do Norte; aquela cujos únicos personagens com sotaque nordestino são os dos núcleos coadjuvantes e, mesmo assim, os interpretam de forma forçada diante dos padrões dos outros personagens e da realidade potiguar; isso quando esse sotaque não é alusivo a retardos mentais.
Parece existir alguma intenção comercial nessa inocente 'crônica'. Os nomes e descrições de vários estabelecimentos comerciais são citados, mostrando que não se trata de mais um deleite machista da Playboy. Não é 'só' falar da mulher como objeto de consumo. Mas existe outra opção: se não se quer simplesmente promover os estabelecimentos e a cidade com base na figura feminina (o que por si só é tosco e enganoso, já que a verdade é que as mulheres natalenses não estão 'à caça', mas estão trabalhando, estudando, assistindo TV, dormindo, comendo, como todos os outros mortais, natalenses ou não), pode ser algo muito mais grave: um merchandising descarado do turismo sexual, numa nova forma de promovê-lo. Isso tudo não por meio de fóruns escondidos na internet, e sim por meio de uma revista de enorme circulação, como a Playboy.
É extremamente desrespeitoso para com a individualidade de um conjunto de mulheres. Já pensou quando esses leitores chegarem aqui e descobrirem que não estamos sempre bronzeadas e com cheiro de maresia numa pele sensual? Que temos mau-humor e outros defeitos? Que as universitárias roqueirinhas tatuadas, em vez de ir à praia, podem estar indo à universidade quando não estão no bar que eles citaram? E que na universidade (e em vários outros espaços, faço essa referência porque foi exatamente o que ele citou: universitárias) elas podem perceber o quão estúpido é aquilo tudo que ele escreveu, exatamente porque elas não se identificam com aquilo? E que, mesmo quando estão no bar propagandeado, podem estar acompanhadas de outras pessoas mais interessantes do que um homem que acredita em tudo que lê e acha que encontrará o paraíso de mil virgens só porque viajou alguns quilômetros para tanto?
O texto vincula bares, que são produto de consumo, com o perfil das mulheres frequentadoras desses bares, que também são postas como produto de consumo. Diga-se de passagem que se trata dos principais bares da cidade, frequentados em geral por pessoas de classe média, o que demonstra sua faceta, além de sexista, classista também.
É o tipo de texto difícil de se caracterizar em palavras, tão explícita que está sua proposta objetificadora. E pior: deve gozar de uma grande aceitação entre seus destinatários, porque consegue unir a todas essas características os elogios às mulheres, aquele cavalheirismo machista, direcionado unicamente a conseguir favores sexuais das 'damas, sem as quais eles não vivem'. É o pior tipo de machismo porque é cativante para muitas pessoas."
Perguntei também ao meu querido Patrick, delegado da Receita Federal, feminista, e natalense. Ele me disse: "Francamente, Lola, a crônica é fraquíssima. Sério que o autor fez a brilhante descoberta que, numa cidade onde as temperaturas mínima e máxima oscilam entre os 23 e 32 graus de janeiro a dezembro, as pessoas usam roupas leves? Gênio, hein?
"E mais, ele descobriu os 'points' frequentados por solteiros e solteiras em busca de companhia? Uau, isso é que é jornalismo investigativo! Não, mas espere, ele descobriu que em 2013, nos lugares aonde as pessoas vão para procurar companhia, as mulheres também tomam a iniciativa?! Esse rapaz é um Einstein, não? Fez uma descoberta que revolucionaria o mundo... em 1905! O resto é um slut shaming bem rasteiro e, pra usar uma expressão bem natalense, só uma revista muito peba publicaria um troço como esse."
Este post é um breve exemplo de como aprendo com minhas leitoras e leitores, que geralmente são muito mais perspicazes do que eu. Obrigada! Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?
78 comentários:
me veio a palavra turismo sexual logo ao ver isso.
É um texto machista de uma revista misogina qualquer.
Sem mais.
Um dos melhores posts, com certeza!
Estou apaixonada por Patrick. Sarcasmo, inteligência e feminismo ♡
Esse tipo de afirmação é o que a geografia,por exemplo,chama de determinismo geográfico. Que é quando decidimos o que aquela pessoa é de acordo com a sua origem geográfica.
Neste caso,o autor chama as moças de Natal assim porque o senso-comum diz que as pessoas,principalmente mulheres,nascidas em regiões quentes e de clima bom,são consideradas promiscuas porque o calor faz que essa gente seja mais caloroso,animado,feliz e sem noção de civilidade,logo mais adepto ao sexo que é uma coisa muito boa e quente,tal qual o clima do lugar e que não é coisa de gente civilizada como a Europa.
Nada disso faz o menor sentido,mas essa idéia infelizmente é bastante antiga e sempre repetida a exaustão como esse babaca fez.
Eu gostaria muito de ser atirada e sem-vergonha. Sem vergonha de tomar a iniciativa, sem vergonha de ser sexualmente livre e sem vergonha de dizer tudo que desejo.
E estou caminhando pra isso.
"o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Eu sou carioca...acho que isso já responde,né?
Já fui chamada de puta e de ter caras que passaram a se insinuar pra mim só porque sou do Rio de Janeiro.
É péssimo passar a vida inteira sendo rotulada assim pelo simples fato de ter nascido carioca.
E sabe o que é o pior? Não são só os estrangeiros que acham isso da gente,mas também os brasileiros e muitos cariocas!
Não há realmente nada de errado em mulheres tomando a iniciativa, mas quando uma coluna numa revista masculina diz isso, ela está afirmando "as mulheres são fáceis, dadas", em resumo, são "putas".
E de toda forma, machismo e feminismo à parte, eu simplesmente odeio qualquer tipo de rótulo, como "as mulheres da cidade X são assim e assado". PORRA, como se fosse impossível uma mulher ser dessa cidade e não se enquadrar. E é possível sim, e muito. Às vezes nem a maioria se encaixa no rótulo, quanto mais. Odeio isso. Parece que querem tirar a liberdade das pessoas de terem suas peculiaridades na personalidade, sendo que o local onde ela vive deve determinar suas características. Isso serve pra qualquer rótulo, não apenas referente a cidades.
Anônimo 14:08, meu consolo é que esses preconceitos todos contra o Nordeste (e Norte também) são os mesmos que os gringos têm contra o Brasil, sem discriminação de região. Sei que não deveria dizer isso, mas bem feito.
"Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Sinceramente? O corpo é das mulheres, nós fazemos o que queremos com nossos corpos. Simplesmente NÃO É DA CONTA DE NINGUÉM.
Em teoria, não cabe a ninguém julgar e ainda usar termos pejorativos em relação aos que os outros fazem de seus próprios corpos, contanto que isso não agrida o corpo do próximo, não é?
O que tanto homens quanto mulheres tem que entender... essa história de mulher fácil, é idiotice extrema... mulher fácil = tá a fim do cara; mulher difícil = não foi com o cara do sujeito. SIMPLES. Fazem tempestade em copo d'água.
O que eu, como homem, questiono... são mulheres fáceis por motivos artificiais (bens, dinheiro, etc).
"Os elogios poeteiros" existem em qualquer propaganda, machista ou não. O produto deve ser vendido, oras. No caso, o consumidor é homem e machista, então a "isca" ideal seria mesmo essas "mulheres ideais".
Não que eu seja a favor dessas propagandas de cerveja que fazem a mesma coisa. Acho isso ridículo e descabido, ué. Mas reconheço que a culpa é da indústria, e que a indústria generaliza porque precisa vender. A propaganda existe, gente. Não é pessoal com as mulheres de Natal especificamente, entende? Minha crítica, pois, nesse caso, não é com o machismo específico dessa matéria da Playboy (que não achei nada demais), mas sim das propagandas no geral.
E é claro que a matéria é fraca. Ninguém esperava abrir uma Playboy e ler algo revolucionário, né? Sinceramente, Lola, eu concordo com você do começo do texto: isso não me chocou, tampouco achei grave. Existem problemas maiores que enraizam esse aí.
Oi Lola, amo seu blog e seus textos. Eu li o artigo e achei machista sim, mas é capaz que o articulista nem percebeu, sabe, aquele machismo clássico, como disse a professora. Concordo. Só discordei de alguns pontos do que ela disse, sobre como Amado e Alencar eram machistas.
Na verdade, eu acho as mulheres de Amado super livres e revolucionárias, principalmente para as épocas em que eleas foram escritas (Tieta, pra mim, é a mais forte, mas não o melhor livro).
Sei lá, é que não acho que estou sendo machista ao escrever um texto elogiando as belezas físicas de uma mulher, seu corpo, seus cabelos, seus olhos. Mesmo se for um texto mais erótico.
Em conversas também. Não sei se é porque as minhas amigas também não têm problema em falar de seus encontros sexuais e homens, falando que gostam de caras assim e assado, que fulano é lindo, qeue fulano é gostoso por isso e por isso e que outro pega bem assim e assim.
Daí não acho essa parte uma ofensa, não acho que ofendo uma mulher quando lhe digo como estou atraído por ela, seja em elogios mais literários ou mais sexuais.
Não sei... de repente é ingenuidade da minha parte. Enfim, só isso que não concordei, no mais, concordo com tudo.
Um beijo, Lola! Continue com seus textos incríveis, leio diariamente!
Off-topic
A coisa racista mais sem noção que eu já tive o desprazer de ler.
http://4.bp.blogspot.com/-RCWSOJNsLTY/UW7mG8BRy7I/AAAAAAAAAtY/T0olaFSX9vc/s1600/capture-20130417-144632.png
E pior é que devem existir outras pessoas pensando assim.
lembrei que uns anos atrás a governadora do rj ,rosinha garotinho ,estava distribuindo um panfleto para os turistas,com a imagem de uma praia,que eu acho q era copacabana.
e bem de perto tinha 3 mulheres no padrão gostosa,de costas,mostrando a bunda.
o que os turistas vão pensar? que aqui somos putas,que todas somos prostitutas,que é só vir ao rj que vai ter mulher a hora que eles quiserem,ela estava estimulando o turismo sexual e ainda teve a cara de pau de dizer que n tinha nada demais,se queria divulgar o rj,por que n tirou uma foto da praia com gente de todos os tipos,num dia normal de lazer?
"O Cortiço" all over again.
Essa questão do turismo sexual é muito séria e o Nordeste possui um imaginário relacionado a sexualidade construído por textos desse tipo. Bom, a Embratur foi criada durante a ditadura para divulgar o turismo no Brasil se baseando principalmente na questão sexual, mulheres de biquini, etc. Atualmente eles só cuidam da imagem do Brasil no exterior. Sou formada em Turismo e estive num dos escritórios da Embratur na França e eles agora estão evitando a qualquer custo passar a ideia do Brasil como destino "exótico", palavra esta que é totalmente abolida no material deles. O Rio, por exemplo, vem combatendo essa imagem há algum tempo, mas isto ainda está muito arraigado.
Quem tiver interesse nesse assunto indico o artigo da pesquisadora Adriana Piscitelli, "Exotismo e autenticidade: relatos de viajantes à procura de sexo"
http://www.scielo.br/pdf/cpa/n19/n19a09.pdf
Sarah
Toda ideologia que se preze necessita de duas coisas muito importantes. A primeira é um inimigo, imaginário ou idealizado, que deve ser responsável por tudo de ruim na vida das pessoas que escolhem seguir tal ideologia. Esse inimigo deve ser grande, poderoso e invencível, para que justifique eternamente a existência de determinada ideologia.
Alguns exemplos. O cristianismo possui o Diabo, o comunismo possui o Capitalismo,Palmeiras tem o Corinthians, crianças têm os legumes e verduras, o feminismo tem o Machismo, com um foco maior em seus derivados Patriarcado e Cultura de Estupro.
O Patriarcado e a Cultura de Estupro se encaixam perfeitamente nessa ideia. Além das qualidades básicas que ambos os conceitos devem ter - isto é, serem grandes, poderosos, invencíveis e responsáveis por tudo de errado na sua vida - é importante que esses inimigos tenham uma existência subjetiva, mais baseada em interpretação pessoal do que em dados factuais, para assim apelar para o emocional de indivíduos com potencial para se "converterem" à tal ideologia.
Quase ninguém se converte pelo racional, afinal. E isso nem seria o desejado. O frustrado que busca a resolução de seus problemas em uma ideologia deve possuir um grande envolvimento pessoal com as ideias pregadas, para que assim defenda com unhas e dentes aquilo que segue, propague as ideias com maior fervor e se esforce mais para convencer as pessoas a seguirem seus ideais. É necessário que o católico, o comunista, o feminista, o palmeirense e o corintiano acreditem que aquilo que eles seguem os definam como pessoas. "Sou uma moça legal, meio desajeitada, amo animais e sou feminista".
A segunda coisa que uma ideologia necessita para ter sucesso é a capacidade de filtrar o mundo sob seus conceitos. Ou seja, tudo - absolutamente tudo - deve ser visto pelo prisma da ideologia. Dessa forma, o texto que inspirou o post da Lola pode ser visto por diferentes prismas, causando diferentes interpretações que poderiam ser utilizadas como inspiração para comentários acerca da agenda de quaisquer ideologias.
Um católico poderia ler a tal crônica e escrever um texto sobre os valores degenerados e absurdos que o autor incentiva. Um comunista poderia transformar a crônica em um exemplo maligno do capitalismo. O feminismo pode usar o texto como um exemplo de misoginia.
Com o risco de ser considerado arrogante, afirmo que todas essas possíveis interpretações são totalmente errôneas. O autor foi para Natal em busca de sexo, e isso ele encontrou. No texto, ele detalha suas experiências naquele lugar, onde ele foi com apenas um objetivo em mente.
Se o autor fosse para Natal em busca de conhecer suas universidades, o texto teria um teor um pouco diferente. Mesma coisa se ele fosse a trabalho e apenas tivesse transitado por escritórios.
Se você visita um lugar com o objetivo de apenas ter um determinado número de experiências, é óbvio que sua visão do local será limitada. Isso não necessariamente transforma você em alguém preconceituoso, muito menos te proíbe de escrever sobre as experiências que teve. Sua visão sobre uma cidade pode ter ficado limitada - sendo necessário que você reconheça isso - mas seria um absurdo qualquer um te recriminar por isso.
Num mundo ideal, o autor colocaria no final do texto um aviso dizendo "essa é a minha visão limitada de um local que visitei apenas procurando sexo, não interpretem o texto de outra forma para atingir o objetivo de suas agendas políticas ou espirituais."
Nem a Lola parece ter ficado 100% convencida pelos argumentos de seus amigos. Tanto que no final do texto ela usa uma retórica meio falaciosa e um tanto absurda.
Tudo depende do contexto. O objetivo é ofender ou elogiar? Costumo ser um pouco mais tolerante com elogios.
Relaxem.Por mais que vocês me odeiem por afirmar isso: é só uma crônica.
Adorei o post!
Me irrita falar que todas as mulheres são atiradas, porque não soa como independentes, que chegam junto, mas aquelas que vivem necessitadas e que você pode usar e abusar, e elas ainda estarão ali para você, servindo. Não passa a ideia de liberdade sexual, mas de que elas não tem valor e etc.
Eles tem que começar a usar novos termos aí. Assim, "todas as mulheres (a grande maioria) adoram sexo, algumas tem medo de assumir porque o nosso mundo ainda é machista e as condenam, mas vamos mudar isso para que o sexo seja cada vez mais fácil e gostoso para todos, imagina não ter que ficar convencendo elas de que você é um cara legal que a ama só pra dormir com ela por uma noite?! Eêee!"
excelente post, adorei todas as opiniões muito bem fundamentadas em cima de um texto cretino.
só tenho a dizer que passei uns dias maravilhosos em natal e minha impressão foi de que os natalenses homens são bem atirados kkkkkkkkkkkk, não achei q tinha pouco homem não, pelo contrário.kkkkkkkkkkkk
Bobagem. É uma revista masculina, que faz uma abordagem sobre a mulher natalense. Não tem problema nenhum aí, o público-alvo está claro. É diferente de ter uma matéria como essa na Veja ou Istoé. Se é pra chamar a matéria de machista, então toda a Playboy o é, e, portanto, é um produto nocivo. Pessoalmente, não creio nisso. Assim como há revistas femininas, há também as masculinas. Eu concordo com o ponto de vista de muitas mulheres que aqui postaram, inclusive minha amiga pessoal Maíra Mendonça, e eu não sou a favor da vitimização do opressor nem da culpabilização da vítima, não vou jamais querer colocar que o homem é oprimido numa revista feminina assim como jamais diria que um branco é oprimido porque só o negro tem direito de admitir-se orgulhoso de sua cor e condição; pelo contrário. Estou analisando esse caso objetivamente. Sou contra a objetificação da mulher, mas a revista não fugiu de sua proposta nessa matéria nem, creio, passou dos limites. Saudações.
A Playboy sempre foi uma revista machista, sempre fez piadas de estupro e não é surpresa que esteja agora fazendo propaganda de turismo sexual (traduzindo: turismo de mão único, pensando só em homens ricos e tratando as mulheres como objetos de consumo exóticos).
Eu, como mulher, posso dizer que os homens de Natal são fogo na roupa rsrsrsrsrsrsrsrs beijei mooooooooooooito, ótimas lembranças da terrinha boa S2
"Sou formada em Turismo e estive num dos escritórios da Embratur na França e eles agora estão evitando a qualquer custo passar a ideia do Brasil como destino "exótico", palavra esta que é totalmente abolida no material deles. O Rio, por exemplo, vem combatendo essa imagem há algum tempo, mas isto ainda está muito arraigado. "
Em 1998 eu estava estudando em Londres e passei em frente a uma agência de turismo. Vi um banner IMENSO, meia parede, com uma bunda mulata de fio dental, gotinhas de água e tudo mais e embaixo, escrito: "RIO". Revoltante. Espero que isso tenha realmente mudado.
Na Deep Web é possível encontrar guias completos em inglês sobre turismo sexual no Brasil, seja com adultas ou turismo pedófilo. Aparentemente os guias são escritos por brasileiros mesmo (em vista dos vícios de linguagem anglófona que se aprende por aqui nos CCAAs da vida), com dicas do tipo "não leve dinheiro ou você será roubado", "quanto é razoável pagar por uma prostituta brasileira", "não beba nada que você não possa vigiar", "cuidado com travestis", lugares seguros para se hospedar com menores de idade, um verdadeiro "Turismo Sexual for Dummies". Foda.
Eu queria fazer um comentário sério e fui ler o que os demais tinham comentado.
Parei no comentário do Thomas e não sei se rio ou se choro.
Leon,
você diz "Sou contra a objetificação da mulher, mas a revista não fugiu de sua proposta nessa matéria nem, creio, passou dos limites."
O problema é que a proposta da revista É a objetificação da mulher.
Eu não li a matéria, mas pelo que percebi há um teor de que todas as natalenses estão disponíveis, dispostas e desesperadas a agarrar o primeiro forasteiro que lá aparecer. Isso sim é ofensivo.
Outro ponto é que você fala "Assim como há revistas femininas, há também as masculinas" só que nesse espaço é denunciado o machismo das duas categorias.
"Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Acharia ele/ela um completo babaca. Só isso, nada mais a acrescentar.
Bobagem. A Playboy é uma revista masculina, e este é um texto que pode ter várias interpretações dependendo da ideologia da pessoa que o lê. E nenhuma ideologia pode dizer se ele está certo ou errado. A própria Lola teve que procurar seus amiguinhos para tentar ao menos ter uma opinião elaborada, e ainda não pareceu convencida.
Off-topic: Real beleza
http://retratosdarealbeleza.dove.com.br/
Eu já ouvi essa mesma corvesinha vinda de um gringo sobre as mulheres cariocas. Que elas dão em cima, são atiradas e tal... e no texto ele se mostra até um pouco incomodado por isso. E esse era um texto de um PUA, vejam a incoerência. A conversa do machista é sempre a mesma, quando a mulher se põe no lugar do sujeito ele quer colocá-la de volta no lugar de objeto. Isso é muito cansativo.
E na Bahia nós também usamos "peba". E "fuleiro", ambos os adjetivos podem ser atribuídos a este texto da Playboy.
Eu sou de São Paulo. Sei lá se mulher paulista tem algum tipo de fama Brasil afora, mas não é "fama" propriamente dita que me preocupa; é o que essa fama faz na cabeça dos machinhos.
O cara acha que em Natal só tem gostosa que vai dar pra ele, aí chega lá, vê que tem mulher de tudo quanto é tipo e jeito, e resolve violentar uma porque não conseguiu o que queria. Como se a gente jão não tivesse o suficiente disso fora das prais e dos lugares quentes ou seja lá onde for.
A primeira coisa que veio em minha cabeça foi "turismo sexual". Foi um dos melhores posts - como já disseram nos comentários. E, preciso dizer, que TODOS vocês escreveram de maneira incrível. Adorei ler a opinião de cada um que você citou, e a sua. Excelente texto! Parabéns a todos!
"O autor foi para Natal em busca de sexo, e isso ele encontrou. No texto, ele detalha suas experiências naquele lugar, onde ele foi com apenas um objetivo em mente."
Mas é aí que tá: o autor pega uma parte e transforma aquilo no todo como verdade absoluta,ou seja,ele vê apenas uma parte da realidade do lugar(que eu suspeito que tenha sido distorcida por ele)e diz que somente aquilo é a única coisa que o lugar tem.
É como,mal comparando,você passar a mão na parte áspera da pele do corpo de alguém e dizer que todo o seu corpo é daquele jeito,seco. Sem ligar para o fato do porque aquela área se encontra assim.
Você já parte do pressuposto que sabe como aquele lugar é vendo apenas de um único ângulo.
Nesse caso,creio eu,o autor foi para lugares específicos para azaração onde encontrou moças que gostaram dele e por isso fáceis(não entendo isso: tô a fim de alguém e não posso ir até esse alguém porque podem achar fácil? eu só fui fácil porque me simpatizei,senão ignoraria). Aí então ele pegou esse fato e transformou isso num estereótipo de que toda natalense é assim porque são natalenses!
Cadê a lógica?
"Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Acho que já fazem isso com as brasileiras, Lola. Existem certos "estereótipos mundiais", como se todas as pessoas pertencentes a determinado país agissem exatamente do mesmo jeito e calhou pra nós brasileiras essa mesma imagem que o carinha aí pintou das mulheres de Natal.
É bem mais raro ouvir dizer que as mulheres do Sul e Sudeste são 'fáceis'.
Carioca tem fama de piranha no mundo inteiro! Sou carioca e quando viajo ao exterior ou a outro lugar do Brasil,acham que eu "tô facinha"!Sabe como é,né?Mulher,carioca,solteira e viajando sozinha,"tá querendo"!
O problema do texto é assumir que todas as mulheres estão sempre disponíveis aos desejos de qualquer homem. Da forma que ele escreve, as mulheres são completamente passivas, mesmo que ele diga que elas sejam "assanhadas" (o que é slut shamming, inclusive). O autor assume que a função das mulheres é atender às fantasias dos homens, dos turistas, que estão em busca de uma "aventura exótica" que faz parte do pacote da viagem, um objeto de consumo, do mesmo jeito que você pode comprar um passeio de barco ou uma volta de jipe pela praia. A sexualidade delas não é idependente e livre, na visão do "jornalista", mas subjugada à sexualidade masculina, domada para atenter estereótipos preconceituosos sobre o próprio local.
Esse tipo de opinião é conveniente, inclusive, com a cultura de estupro. Se essas mulhereres são "disponíveis", então o sujeito não precisa pedir permissão para tocar, etc. Ele não precisa do consentimento da mulher, porque o jornalista já deu consentimento por todas, ele decidiu pelas mulheres que elas deverão fazer sexo com os turistas. Na verdade, é um texto extremamente machista e grosseiro.
Não quero fazer teoria da conspiração, mas fico me perguntando se isso não foi matéria paga por alguma secretária de turismo, atendendo aos interesses de donos de hotéis locais. Séria realmente terrível.
"Mas, na dúvida, seria só pensar: o que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Isso acontece muito. Muitos gringos pensam que no Brasil a maioria das mulheres são bundudas e fáceis. Essa é a imagem do Brasil vendida no exterior...
Estou vendo muitas cariocas reclamando... E eu que sou carioca e moro em Natal? Pobre de mim... Confesso que li o texto muito por cima da primeira vez quando uma amiga me mandou. Ora, o texto era da playboy... "Senta que lá vem bobagem". Mas depois do seu post percebo que realmente fui mt desatenta. Como ignorar o incentivo ao turismo sexual presente no texto? Ora, não é raro estar em Ponta Negra (uma das praias mais famosas do RN) e escutar a frase "quanto custa?". Várias amigas já passaram por isso e todas se sentiram humilhadas pois não tinham a quem recorrer no momento... Texto machista e desnecessário pra uma cidade que luta contra o turismo sexual ( ou pelo menos deveria neh senhor prefeito e senhora governadora do RN).
uma coisa que eu sempre achei errado é essa história de que tem mais mulheres que homens,considerando que todos são heteros e homens estariam num harém .
e os gays e lésbicas não contam? considerando os homossexuais,ainda teria desigualdade entre homens e mulheres heteros?
pra mim é mais uma babaquice,para dizer que homem podem ter várias e mulher não.
'puta' é um termo que foi semantizado pra ser uma ofensa. mesmo que a pessoa racionalmente não tenha nada contra uma prostituta, vai se sentir ofendida pela palavra porque ela denota o tipo de mulher mais desvalorizada socialmente. um exemplo esdruxulo: se inventassem que patê é um termo altamente ofensivo e degradante e isso pegasse na cultura de milênios, você ia odiar ser chamada de patê mesmo sem parar pra pensar o que é isso ou se o patê tem características intrínsecas que o tornam "ruim". dito isso, o tom da matéria da revista é o que mais incomoda. a premissa, em si, não achei tanto. não vejo nada de errado de um cara ir a um lugar especificamente porque ouviu falar (enganosamente ou não) que lá a mulher é liberada sexualmente. ué, ele quer transar. legal. se ele se aproximar com respeito de uma mulher maior de idade, não forçar a barra, aceitar um não se for o caso, for bacana inclusive num one-night stand, não vejo problemas - ele e ela saem ganhando. vários amigos meus foram ao paraíso em londres porque, lá, sim, tem muita mulher liberada que transa de primeira. aqui a mulher ainda tende a resistir com medo de ser julgada, como lá é um local bem mais igualitário em termos de gênero elas andam com saias super mini mesmo no frio de zero grau, não sofrem assédio e saem dando felizes e contentes pra caras que encaram com naturalidade aquela transa casual. o uso do termo "atirada", no entanto, é um problema danado, de fato. atirar dá a ideia de uma louca irracionalmente se lançando em caras sem critério, uma mulher sem cérebro e sem domínio do seu desejo, desesperada. eu, carioca e feminista, sou casada com um sueco, e ele não acha as cariocas mais liberadas sexualmente, mas acha que elas têm (eu inclusa, e foi uma parte essencial do charme inicial), em grande parte das vezes, a tal extroversão que favorece um bom papo, a coisa de tocar mesmo que inconscientemente mais o corpo da pessoa numa conversa, enfim, esses "esterótipos" da conduta brasileira. alguns são reais, somos menos frias e mais expressivas de fato. alguns babacas confundem com carta branca pra pra te assediar, mas aí o cara é babaca mesmo. livres sexualmente não acho que somos (infelizmente). todo mundo que tem amiga já deve ter ouvido o papinho do 'tô fazendo doce pra ser mais difícil senão ele vai achar que sou qualquer uma'. uma pena. ah, claro, a coisa do HOMEM brasileiro também ser mais extrovertido, expressivo e caloroso também é um puta atrativo pras gringas que vêm pra cá (a maioria fantasia com os latinos). pra concluir, eu concordo que o tom da revista é machista, e eu acho que ainda há muitas divergências dentro do movimento feminista (normal, não é um bloco homogêneo) em relação a essa coisa do cara se dirigir a você só pra transar. que é 'objetificar' a mulher. bom, eu não acho que seja, obviamente dependendo da conduta dele. se ele só quer sexo, maravilha, você também só quer sexo? ele é digno e não é machista? relaxa e goza..
ass: karina
'Ora, não é raro estar em Ponta Negra (uma das praias mais famosas do RN) e escutar a frase "quanto custa?". '
É só responder: se sua mãe for junto eu faço um desconto.
Ou então: - Cobro 200 mil reais, pq comprar 2 barris de absinto pra te encarar, vai ser caro!
"O que você acharia se um cara de fora dissesse que todas as mulheres brasileiras (incluindo a senhora sua mãe) são atiradas e sem-vergonha?"
Os termos são pejorativos, mas não vejo nenhum problema em alguém (mulher ou homem) ter liberdade sexual e ficar com quem quiser. Essa pergunta foi machista, basta substituir pra perceber:
"O que você acharia se uma mulher de fora dissesse que todos os homens brasileiros (incluindo o senhor seu pai) são atirados e sem-vergonha?"
Oi Lola,
obrigado pelo seu post.
eu sou o tal nazianzeno que escreveu o texto.
estou a disposicao: macio.naz@hotmail.com.
fico feliz com a repercussao do texto,
ao mesmo tempo que surpreendido com
a idiotice provinciana que tenho visto.
eles acham o texto machista porque sao machistas.
eu, que escrevi, vejo como totalmente natural para um homem, numa revista masculina, falar da mulher como objeto de desejo (e alvo, claro).
Aos que se ofenderam, sugiro que vao ler a biblia ao inves da playboy.
bj
marcio
Sou mulher brasileira mas vivi muitos anos nos estados unidos e na Inglaterra. (Tenho 33 anos e vivi 10 anos em cada um desses países) so vivi os meus 10 primeiros anos no Brasil e agora já faz 3 anos que voltei ao Brasil.
Sinceramente? Infelizmente o autor do post nao esta totalmente equivocado nao. Foi voltar ao Brasil e ver milhões de mulheres dando encima do meu marido porque ele é americano, loiro e alto, foi ir a praia pra ver que so mulheres bonitas podiam usar biquíni, se vc esta um pouco fora dos padrões, como eu, e tenta usar biquíni te olham de cara feia, principalmente essas mulheres de corpo escultural.
E é passear pelas ruas e ver um monte de mulheres vestindo de forma vulgar e NAO SE DANDO O RESPEITO sim, sei que saiu um post falando que nao se deve dizer isso, mas é isso o que eu penso de mulheres que se vestem como prostitutas pela rua e sim, atuam como prostitutas. Falando alto e dando encima do marido das outras
Sinceramente? Tenho vergonha de ser brasileira. Muita vergonha porque nao posso nem falar que nao é verdade.
Oi Marcio,
Antes, apenas lendo o post, você tinha o benefício da dúvida de ser um cretino. Agora, nem isto.
"eles acham o texto machista porque sao machistas."
AHUAHHAUAHUAHUAHAU A máxima clássica.
Ah, sim, turismo sexual em forma de jabá.
Gostei muito dos comentários, tanto no texto quanto na caixa.
Anon das 9:11,
tive exatamente essa impressão das inglesas, quando em Londres. Mulheres em micro roupas, dançando provocativamente, chegando no meu marido, mesmo com minha presença. Ah, elas amam funk. Então, essas não são características da brasileira não. Mau caratismo não tem nacionalidade.
Entao vc viveu num gueto de latinas, anônimo 09:41
Anon 10:27, nao nao era. Era a balada da galera de lá, aquelas moças bonitas de traços finos, cabelos clarinhos. Sinto muito :-)
Olá Lola,
Participei de um simpósio em Natal e, com toda a sinceridade, fiquei extremamente chocado com a questão da exploração sexual, turismo sexual e prostituição infantil na cidade. Isso perceptível aos olhos de qualquer um que já não tenha banalizado essas questões.
Vi algum esforço do município em alertar para o crime de exploração sexual de menores - dirigido aos turistas estrangeiros. À noite foi o pior, as praias são tomadas por turistas que correm atrás das moças - maioria em condição paupérrima. É uma cidade turistica mas não foi fácil encontrar pessoas que falavam ingles nos ambientes mais populares principalmente.
A impressão que me deu foi essa: estrangeiros que acham que as Natalenses estão à sua disposição. Foi bem nojento.
Ainda n li os comntários, mas depois volto aqui.
Abraços
Phillipe
Márcio,
Eu não leio a Playboy, mas leio a Bíblia; mas posso ter garantir que o Livro é muito mais punk (em termos de sexo) do que a sua revista.
Plínio
Esse negocio de achar q ta todo mundo dando em cima do "marido" ou
da "espôsa" é de uma pobreza q desperta pena.
Conheço muita gente q nem deixa mulheres divorciadas frequentarem suas casas, por medo de terem seus maridos assediados, é patético.
O meu se quizerem embrulho até p presente rrsssss.
Lola, querida! Que post ótimo fizeste! Obrigada pelos elogios (exagerados) no que me toca. Amei estar em companhia de pessoas sensíveis e sensatas. Parabéns aos demais envolvidos, e um obrigada pelos excelentes comentários (principalmente o da Monalisa, sobre os dois litros de absinto, ri horrores). Beijocas!
Anon 9:11,
eu frequento muitos blogs de expats, gringos que estão morando no Brasil, e eles sempre comentam que aqui todo mundo usa biquini, sunga, não se importando com aparência e isso impressiona eles. Às vezes é bom ter uma outra perspectiva sobre as coisas.
Aliás, aconselho todo mundo que gosta de falar mal do Brasil a ler esses bloguinhos. Eu já vi de tudo: gringo elogiando o sistema público de saúde brasileiro, americano dizendo que o metrô de SP é melhor que o de NY (não tenho nada com isso, não conheço nenhum dos dois) e muito mais.
Além do mais você é muito machista mesmo e essa conversa "as mulheres dão em cima do meu marido" é muito chata realmente.
Não sei porque vc voltou pro Brasil, deveria ter ficado por lá. Eu tenho vergonha é de brasileiro com esse seu discursinho tacanho.
Hum, eu amei as respostas que te deram.. Meu post preferido do mês! Eu vejo muito textos assim, escrito parecendo um poema, uma ode às mulheres, mas que na verdade é exatamente como descreveram: ''(..) elogios às mulheres, aquele cavalheirismo machista, direcionado unicamente a conseguir favores sexuais das 'damas, sem as quais eles não vivem'. É o pior tipo de machismo porque é cativante para muitas pessoas.''
Textos assim me incomodam muito mais do que os declaradamente machistas, porque muitas pessoas acham que são uma homenagem e não conseguem vê-los pelo que realmente são
No dia em que as mulheres tiverem orgulho de serem atiradas e sem vergonha , aí sim, o feminismo terá cumprido seu papel!
Não li o artigo. Estava achando ótima a primeira opinião da Lola , inclusive com as críticas . Que pena que ela mudou de opinião .
Achei que a resposta do Márcio foi bem coerente. A playboy é uma revista masculina que tem a mulher como objeto de desejo do homem. Esse tipo de objetificação não é problema. Pior é como as anônimas da 09:11 e das 09:41 objetificam seus maridos, tratando -os como suas propriedades. É bom elas saberem que seres humanos não são propriedades uns dos outros.
sou a anonima que tem um marido sueco: brasileira dando em cima de americano porque é loiro e alto (e americano)? hahahahahaha. brasileira de forma geral acha esses gringos toscos. por favor. não sei onde você mora ou onde vc foi, mas a gringarada no brasil deixou de ser uma "novidade interessante" há tempos. passa batido mesmo.
M.A.D.A detected aí, hein. morei muito tempo na inglaterra, meu marido é bem bonitão, e nunca vi isso de mulheres lá simplesmente se jogarem em cima do teu cara na tua frente. na boa, acho isso uma cena difícil de acreditar em QUALQUER cultura. a mulher que tem a cara de pau de fazer isso vai ser sempre uma raridade, uma doida, em qualquer lugar. o que falei das meninas inglesas, e sou fã da cultura sexual deles por causa disso, é que existe uma relação muito bem resolvida com a sexualidade feminina (delas com elas, deles com elas). não tem que ficar fingindo que vai pro second date ou third date pra dar. deu, faz parte, que lindo, vamos ver no que dá ou não. quer só sexo? beleza, também só quero sexo. no brasil a gente ainda é muito contraditória, sexy e liberadas mas cheias de joguinho de como parecer atraente e desafiadora, "dando a entender em vez de dizer", dizendo que não quando quer dizer sim e vice-versa, mostrando a perna pra depois esconder. é uma confusão dos diabos, até pra eles entenderem. precisamos aprender a ser mais objetivas e decididas (e um tantinho pragmáticas) se quisermos melhorar e ter relações mais saudáveis com os homens (aliás, vale pra todos os gêneros)
ass: karina
Meu marido não é gringo, mas tem cara. Branco pressão baixa (pensa em um cara BRANCO, só sai de casa depois de tomar banho de protetor solar), ruivo, bem alto, olhos verdes e por sorte (minha) não sou uma mulher ciumenta porque no Norte e no Nordeste é MUITO comum a mulherada se jogar pra cima dele, crianças inclusive, oferecendo-se para a prostituição. Nem me espanta mais. No Rio de Janeiro também, as putas chegam falando em inglês rsrsrsrsrs, aquele "inglês" que a gente conhece, mas chegam. Em outras partes do Brasil a gente não viu isso acontecer.
Não fico com raiva, até porque ele é bem bonito mesmo mas fico triste especialmente quando presencio meninas aparentando 8, 9 anos oferecendo sexo pra ele. Isso mostra que essa visão de turismo sexual é verdade mesmo, gringo é fonte de renda para essas crianças e sabe-se lá quem "cuida" delas. Aí se você não dá bola, tentam te roubar. Aconteceu 2 vezes conosco e aparentemente, menores de 12 anos não cometem nenhuma forma de crime aos olhos da lei - quem nos deu essa explicação foi um policial militar que basicamente pegou a menor, deu um sacode nela e teve que largá-la de volta na rua. Fomos aconselhados mais de uma vez a dar pelo menos dez reais pra essas meninas, para evitar os roubos. Achamos melhor simplesmente parar de visitar o Norte e o Nordeste do país.
Tudo isso é bem triste e textos nojentos como esse da Playboy não ajudam em nada a melhorar a situação.
N existe traição né,ninguém dá em cima de ninguém.
Acordem pra realidade,homens e mulheres dão em cima de gente comprometida.
Ao autor do texto, desejo que ele tenha uma filha lindíssima.
16:55
kkkk e que quando crescer vá morar em Natal!
tive q rir com o comentário do anonimo das 16:55. E concordar. Todxs desejando que esse menino márcio tenha uma filha lindíssima!!!
"gringo é fonte de renda para essas crianças"
COMO É QUE É, MINHA IRMÃ?
GRINGO É FONTE DE RENDA PARA ESSAS CRIANÇAS?
ALLLLOOOOOO!
Você nunca ouviu falar em escravidão sexual infantil, não?
Nunca ouviu falar em crianças sexualmente abusadas, não?
"E o que as natalenses têm? Tempero, amigo. Sempre de bem com a vida e o próprio corpo, (quase) todo dia elas se refestelam na areia, fritam sob o astro-rei, banham-se nas águas salgadas, secam-se no calor e no vento e nos matam do coração".
Para mim esse trecho diz que as mulheres estão de bem com o próprio corpo porque estão dentro do padrão de beleza, são bronzeadas, jovens, saradas...
Se fossem branquelas e estivessem "acima do peso" não estariam de bem com o próprio corpo, nem deveriam mesmo estar.
Logo, o trecho não me diz nada sobre aceitação. Pelo contrário.
Anônima das 14:28
Não entendi exatamente o que tu quer dizer com a tua reclamação.
Caixa de comentários da Lola virou palco de slut shaming contra brasileiras e londrinas!
Putzgrilis!
Off-topic:
pra quem gosta de cinema, gráficos (deprimentes) que mostram como em hollywood os homens envelhecem e as mulheres não (tipo atores que vão envelhecendo, mas os pares românticos têm metade da idade deles)
http://www.vulture.com/2013/04/leading-men-age-but-their-love-interests-dont.html?mid=twitter_vulture
Lola, meu comentário hoje é bem específico: leio muito Jorge Amado e discordo que a obra seja machista. Os personagens sim são intensamente machistas, e muitas vezes exprimem pensamentos irônicos e mascus mesmo. Mesmo em Gabriela, essas "loas" são por meio dos olhos dos homens que a rodeiam. A descriçÃo direta que o autor faz dela é bem diferente, uma mocinha que gosta de brincar de roda, que tem o dedo espalhado enão gosta de andar calçada, que gosta de se deitar com quem tem vontade. Nas obras ele defende a dignidade das prostitutas, a liberdade sexual feminina, o fim dos "crimes de honra", o valor das mulheres de todas as castas. Denuncia o patriarcado, marca claramente as danosas consquenicas Ão desiguais para homens e mulheres que tenham feito as mesmas coisas. Tive mais que nunca certeza desse posicionamento quando li "Tocaia Grande". Lendo também uma biografia, soube que ele mudou de opinião em diversas coisas, evoluiu o pensamento principalmente abrindo mão do sectarismo político, porém se recusou a modificar os livros já escritos, por exprimirem o que ele acreditava na época em que os escreveu.
Deveriam se preocupar com o maior problema do Nordeste: a seca. É um absurdo que enquanto os nordestinos morrem de fome por causa da seca, vocês se preocupam com bobagem. Enquanto isso, os israelenses conseguem cultivar até no Deserto de Negev, onde chove menos que no Nordeste. Isso porque eles se preocuparam com seus reais problemas e não ficaram se preocupadno com besteira, como vocêsa aqui. Se depender do feminismo, o mundo pára.
Eu tenho a nítida impressão que o autor do texto na revista Playboy nunca viu mulher na vida, além da mãe. Ou mora na Islândia, ou em qualquer outro lugar onde mostrar as orelhas é um ato de bravura. Só isso explica tamanha imaturidade, provavelmente compartilhada pelo público-alvo da publicação.
"E é passear pelas ruas e ver um monte de mulheres vestindo de forma vulgar e NAO SE DANDO O RESPEITO sim, sei que saiu um post falando que nao se deve dizer isso, mas é isso o que eu penso de mulheres que se vestem como prostitutas pela rua e sim, atuam como prostitutas. Falando alto e dando encima do marido das outras"
Fikadika kiridinha: provavelmente as mulheres estavam rindo da salsicha de frango que seu marido deve ser. Bjos.
Lola, o que fazer quando o seu namorado é machista e não tem vergonha de admitir?
Estavamos conversando e, pela primeira vez em quase 2 anos, comecei a falar sobre o feminismo para ele. Primeiramente perguntei se ele era. Ele riu e disse: claro que não! Eu retruquei e disse que o feminismo não é algo exclusivo das mulheres. Ele riu de novo. Iludi-me e pensei que ele tinha reagido assim por desconhecer o que era o movimento, então perguntei se ele sabia o que era. Sarcasticamente, respondeu que sim, que eram mulheres que lutavam para terem os mesmos direitos e que elas haviam parado no tempo, porque homens e mulheres já tem os mesmos direitos.
E para completar disse que era machista. Imagine a minha expressão de nojo. Eu argumentei se ele realmente achava isso, se não achava errado toda a exploração, o abuso e a falta de consideração que as mulheres sofrem hoje, mas foi falar com uma pedra. Ele teve coragem de dizer isso, mesmo sabendo que já sofri abuso sexual quando era pequena e que até hoje não consigo andar sozinha na rua sem suar frio e hiperventilar.Mesmo sabendo que meus pais me controlam e me proibem de participar de congressos e palestras por sou mulher e na cabeça deles, mulher não pode andar sozinha.
O que eu acho engraçado é a falta de camaradagem. Ele sabe o que é ser oprimido por não ter muitas posses numa faculdade tomada por filhinhos de papai-ele faz medicina na federal do estado e rala muito para se manter lá. Ele é contra a exploração e opressão do proletariado, mas não está nem ai para a nossa luta.
Desde que me descobri uma feminista, venho fazendo propraganda à favor do movimento e já ouvi cada idiotice sem tamanho. Mas, hoje, me senti completamente perdida. Ele nunca tinha ousado falar nenhuma idiotice machista para mim até hoje. O que mais ele pode estar escondendo?
"um policial militar que basicamente pegou a menor, deu um sacode nela e teve que largá-la de volta na rua"
Deixa eu ver se eu entendi...
A pessoa presencia um policial militar - um agente do estado - praticar uma violência contra uma criança de 8,9 anos e não faz nada?
E o único problema que vê é o fato que de que essa criança "não pratica nenhum tipo de crime ao olhos da lei" e não pode ser punida?
anônima das 20 DE ABRIL DE 2013 00:44,
tá esperando o que pra ficar o mais longe possível desse idiota?
Ofender? E desde quando isso é ofensa? Não são vcs mesmas que falam essa conversa de que mulher gosta de sexo tanto quanto o homem?
"A pessoa presencia um policial militar - um agente do estado - praticar uma violência contra uma criança de 8,9 anos e não faz nada?"
Desculpe, mas depois que se comete um crime (no caso foi roubo) a criança vira menor para todo mundo e todos os fins.
"Mesmo sabendo que meus pais me controlam e me proibem de participar de congressos e palestras por sou mulher e na cabeça deles, mulher não pode andar sozinha. "
Corrigindo: "mesmo sabendo que eu permito que meus pais me controlem".
"Desculpe, mas depois que se comete um crime (no caso foi roubo) a criança vira menor para todo mundo e todos os fins."
Oi? A criança "vira" menor? Que sentido tem isso? Ela não era menor antes?
Vc sabe exatamente o que significa cometer um roubo?
Saber que existem crianças nas ruas se prostituindo ou furtando só me faz sentir pena dessas crianças e um vergonha profunda de mim que vivencio essa situação de abandono infantil calada e uma vergonha profunda desta sociedade que permite uma coisa dessas.
Para mim é ÓBVIO que essa criança não merece nenhuma punição porque punição, violência e abandono foi provavelmente só o que ele teve na vida toda.
Ou alguém acha que uma criança de 9 anos escolhe conscientemente viver nas ruas se prostituindo? É evidente que, e ela está ali, é porque não teve nenhuma outra opção na vida.
(Alguém aqui sabe o que é isso? Ter uma vida tão miserável assim? Acho que não, né?)
Logo, o que ela precisa é do acolhimento que ela nunca teve na vida, não de sacode, nem de ninguém culpando ela provavelmente pela milhonésima vez por algo que ela não escolheu.
Mas, enfim, essa sou eu. Infelizmente, não vou ficar surpresa se ouvir gente dizendo que a criança tinha mais é que ir para a cadeia.
Criança: menor de 12 anos que nunca roubou, matou etc.
Menor: pessoa com 17 anos ou menos que matou, roubou etc.
Nunca leu jornal não?
Btw, eu estava concordando com vc. Bjos.
"Criança: menor de 12 anos que nunca roubou, matou etc.
Menor: pessoa com 17 anos ou menos que matou, roubou etc"
Não sei que jornal tu anda lendo, mas isso que tu falou não tem cabimento.
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