Vi um filme perturbador esses dias: Compliance. É uma produção americana independente que fez relativo sucesso em Sundance no ano passado (veja o filme online com legendas).
Mas, se chegar ao Brasil, irá direto pro dvd, porque não tem atores famosos nem nada. Uma leitora me falou do filme, já faz tempo, e finalmente vou spoileá-lo pra você. Desculpa, é só que é difícil falar dele sem revelar um pouco do que acontece.
Compliance é uma palavra feita sob encomenda pro título, porque significa concordância, conformidade, obediência. E é disso que trata o filme. Começa com a gerente de uma lanchonete de fast food sendo insultada pelo fornecedor. A grande crise é que algum funcionário deixou um freezer aberto e eles perderam bacon e picles (imagina uma lanchonete sem esses ingredientes básicos do consumidor americano!).
No meio do expediente, a gerente recebe um telefonema no seu escritório: é um policial perguntando o nome de uma jovem funcionária loira. Ela teria supostamente roubado a carteira de uma cliente. Há provas e tal, segundo ele. E agora ele vai conduzir uma investigação e precisa da ajuda dela, da gerente.
Falou com a pessoa certa. Segundo Barbara Ehrenreich, não há ninguém mais conformista, mais puxa-saco do poder, que gerentes de lanchonetes. É o que ela afirma no seu livro Nickel and Dimed. Pra escrevê-lo, ela trabalhou durante poucos meses nos empregos que não exigem qualificação (diarista, garçonete, funcionária no Walmart). E ela chegou à conclusão que é impossível alguém sobreviver nos EUA ganhando 7 dólares a hora, que é basicamente o salário mínimo. Tem que ter mais de um emprego, senão não dá pra pagar o aluguel.
Enfim, Ehrenreich conta que o gerente da lanchonete em que ela trabalhou não podia ver qualquer garçonete parada. Sentada, nem pensar. Ele imediatamente mandava a moça fazer alguma outra coisa, porque ficar sem fazer nada equivaleria a roubar dinheiro do empregador. E, pra piorar, quem disse que gerente ganha bem? Ganha só um pouco melhor que os funcionários que ele ajuda a explorar.
A gerente em Compliance não parece ser má pessoa, mas ela tem uma missão a cumprir: obedecer a quem manda e fazer com que seus subordinados obedeçam. Portanto, quando o policial, por telefone, pede pra que a gerente reviste a funcionária, ela obedece. Quando ele lhe pede para que a moça tire a roupa para ser revistada, ambas ficam sem jeito, mas concordam.
E o filme vai piorando, como se fosse um legítimo filme de terror. A funcionária tem que permanecer nua dentro da sala, mal coberta por um avental. E -- o policial insiste por telefone -- ela precisa ser vigiada. Como a gerente não pode ficar com ela o tempo todo, porque a lanchonete está cheia, ela deixa (seguindo as recomendações do policial) um jovem cozinheiro pra supervisioná-la. E ele também passa a seguir instruções.
A identificação é enorme. Quem vê o filme pensa: e se fosse comigo, eu iria concordar com a figura de autoridade na linha? Até que limite? Eu me rebelaria? E quando eu perceberia que aquele cara ao telefone não é policial coisa nenhuma?
O jovem cozinheiro se recusa a fazer o que o homem na linha manda. Mas sua preocupação com a colega acaba aí. Ele não tenta chamar a polícia pra comprovar a história, nem se intromete pra barrar o que virá em seguida. O mesmo com a sub-gerente, que mostra empatia pela moça, mas tampouco mexe um dedo para ajudá-la.
Enquanto isso, o homem na linha não para de elogiar a gerente –- como ela é cooperativa, como ela está ajudando, como ela manja do assunto. Ele pede que ela deixe algum outro homem tomando conta da garota. Ela deixa o noivo, um senhor de meia idade, que tinha saído pra beber umas cervejas com os amigos.
E aí a funcionária é estuprada. E o noivo está apenas cumprindo ordens.
Você vê o filme e começa a xingar a tela. Não, não é possível! Ninguém seria tão estúpido de cair num trote desses! E como o filme pode mostrar que tanta gente cai? Negativo, é pura ficção. Eles só podiam estar mentindo quando disseram que a trama era baseada em fatos reais.
Exceto que... é verdade mesmo. Tudo isso aconteceu. Uma reportagem de 2005 (sete anos antes do filme existir) descreve todo o horror. Um episódio de Law and Order: SVU com o Robin Williams usa o caso como pano de fundo. Ah, mas mesmo assim os realizadores de Compliance devem ter exagerado! Não. Há um vídeo gravado mostrando o que ocorreu naquela sala. E dá pra ver parte do vídeo nessa matéria de TV.
Pior: não aconteceu só uma vez. Em dez anos, houve 70 casos parecidos nos EUA. Suspeita-se do mesmo sujeito. Registros telefônicos indicam que nem sempre ele era bem sucedido. Às vezes tinha de ligar para dez lojas até que um gerente mordesse sua isca. Mas 70 morderam.
“Quando você aceita a autoridade de alguém, você se torna uma pessoa diferente. Você se preocupa mais em quão bem você está cumprindo ordens do que se elas estão certas ou erradas”, diz um psicólogo que foi biógrafo de Dr. Stanley Milgram, professor de Yale e responsável por um estudo famoso em 1961, que ele realizou para tentar descobrir por que tantos alemães seguiram ordens durante o Holocausto.
Os participantes do experimento recebiam a ordem de um cientista, que lhes dizia que eles deveriam acionar um botão que dava eletrochoques num aluno cada vez que ele cometesse um erro. A voltagem aumentava a cada erro (o aluno era um ator e não sofreu choques, mas os participantes não sabiam). Apesar do desespero e das súplicas do aluno, quase dois terços dos participantes acionaram os choques. Simplesmente porque uma figura de autoridade os mandou fazer isso. É o bastante pra gente perder a fé na humanidade.
No caso do trote mostrado em Compliance há o componente de que empregados de lanchonetes estavam ávidos por concordar. Uma socióloga lembra que a qualidade mais valorizada num empregado de restaurante fast-food é a obediência. Sem discussão, certo?
Para um agente aposentado do FBI que serve como consultor contra trotes para a franquia Wendy's, “Você e eu podemos julgar essas pessoas como completas idiotas. Mas elas não são treinadas para usar o bom senso. Elas são treinadas para dizer e pensar, 'No que eu posso te ajudar?'”
Pouco depois de deixar a lanchonete, o noivo da gerente ligou pro melhor amigo e disse: “Eu fiz algo terrivelmente ruim”. Na vida real, ele tinha 42 anos, dois filhos, era frequentador da igreja, e treinava equipes juniores de baseball. Quando seu amigo depôs, o descreveu assim: “Ele é um ótimo cara, um ótimo modelo pras crianças. Nunca teve sequer uma multa de trânsito”.
Na realidade, o que Compliance expõe se passou num McDonald's, e a gerente rompeu o relacionamento com o noivo após ver o vídeo gravado no escritório. Nunca mais falou com ele. Ela foi suspensa e depois despedida por permitir a entrada de não-funcionários no escritório. Além disso, foi condenada a um ano de prisão. A pena pro ex-noivo foi de cinco anos. Mais tarde, a gerente processou o McDonald's, que não havia lhe comunicado sobre esse tipo de trote. Ela, que também se considera vítima, recebeu um milhão de dólares de indenização.
Já a principal vítima, a menina, desenvolveu síndrome do pânico, insônia, depressão, e desistiu dos planos de cursar medicina. Evidentemente, ela também processou o McDonald's, que a responsabilizou no tribunal por não ter gritado ou saído correndo da loja, ainda que estivesse sem roupa. Não adiantou: em 2007 a franquia de fast food, que vale 19 bilhões de dólares, teve de pagar 6 milhões à moça.
O homem que fez a chamada, e que segue sendo o principal suspeito dos outros 69 trotes, foi absolvido. Ele alegou que não fez nada, além de falar ao telefone. A culpa foi de quem obedeceu.
Mas, se chegar ao Brasil, irá direto pro dvd, porque não tem atores famosos nem nada. Uma leitora me falou do filme, já faz tempo, e finalmente vou spoileá-lo pra você. Desculpa, é só que é difícil falar dele sem revelar um pouco do que acontece.
Compliance é uma palavra feita sob encomenda pro título, porque significa concordância, conformidade, obediência. E é disso que trata o filme. Começa com a gerente de uma lanchonete de fast food sendo insultada pelo fornecedor. A grande crise é que algum funcionário deixou um freezer aberto e eles perderam bacon e picles (imagina uma lanchonete sem esses ingredientes básicos do consumidor americano!).
No meio do expediente, a gerente recebe um telefonema no seu escritório: é um policial perguntando o nome de uma jovem funcionária loira. Ela teria supostamente roubado a carteira de uma cliente. Há provas e tal, segundo ele. E agora ele vai conduzir uma investigação e precisa da ajuda dela, da gerente.
Falou com a pessoa certa. Segundo Barbara Ehrenreich, não há ninguém mais conformista, mais puxa-saco do poder, que gerentes de lanchonetes. É o que ela afirma no seu livro Nickel and Dimed. Pra escrevê-lo, ela trabalhou durante poucos meses nos empregos que não exigem qualificação (diarista, garçonete, funcionária no Walmart). E ela chegou à conclusão que é impossível alguém sobreviver nos EUA ganhando 7 dólares a hora, que é basicamente o salário mínimo. Tem que ter mais de um emprego, senão não dá pra pagar o aluguel.
Enfim, Ehrenreich conta que o gerente da lanchonete em que ela trabalhou não podia ver qualquer garçonete parada. Sentada, nem pensar. Ele imediatamente mandava a moça fazer alguma outra coisa, porque ficar sem fazer nada equivaleria a roubar dinheiro do empregador. E, pra piorar, quem disse que gerente ganha bem? Ganha só um pouco melhor que os funcionários que ele ajuda a explorar.
A gerente em Compliance não parece ser má pessoa, mas ela tem uma missão a cumprir: obedecer a quem manda e fazer com que seus subordinados obedeçam. Portanto, quando o policial, por telefone, pede pra que a gerente reviste a funcionária, ela obedece. Quando ele lhe pede para que a moça tire a roupa para ser revistada, ambas ficam sem jeito, mas concordam.
E o filme vai piorando, como se fosse um legítimo filme de terror. A funcionária tem que permanecer nua dentro da sala, mal coberta por um avental. E -- o policial insiste por telefone -- ela precisa ser vigiada. Como a gerente não pode ficar com ela o tempo todo, porque a lanchonete está cheia, ela deixa (seguindo as recomendações do policial) um jovem cozinheiro pra supervisioná-la. E ele também passa a seguir instruções.
A identificação é enorme. Quem vê o filme pensa: e se fosse comigo, eu iria concordar com a figura de autoridade na linha? Até que limite? Eu me rebelaria? E quando eu perceberia que aquele cara ao telefone não é policial coisa nenhuma?
O jovem cozinheiro se recusa a fazer o que o homem na linha manda. Mas sua preocupação com a colega acaba aí. Ele não tenta chamar a polícia pra comprovar a história, nem se intromete pra barrar o que virá em seguida. O mesmo com a sub-gerente, que mostra empatia pela moça, mas tampouco mexe um dedo para ajudá-la.
Enquanto isso, o homem na linha não para de elogiar a gerente –- como ela é cooperativa, como ela está ajudando, como ela manja do assunto. Ele pede que ela deixe algum outro homem tomando conta da garota. Ela deixa o noivo, um senhor de meia idade, que tinha saído pra beber umas cervejas com os amigos.
E aí a funcionária é estuprada. E o noivo está apenas cumprindo ordens.
Você vê o filme e começa a xingar a tela. Não, não é possível! Ninguém seria tão estúpido de cair num trote desses! E como o filme pode mostrar que tanta gente cai? Negativo, é pura ficção. Eles só podiam estar mentindo quando disseram que a trama era baseada em fatos reais.
Exceto que... é verdade mesmo. Tudo isso aconteceu. Uma reportagem de 2005 (sete anos antes do filme existir) descreve todo o horror. Um episódio de Law and Order: SVU com o Robin Williams usa o caso como pano de fundo. Ah, mas mesmo assim os realizadores de Compliance devem ter exagerado! Não. Há um vídeo gravado mostrando o que ocorreu naquela sala. E dá pra ver parte do vídeo nessa matéria de TV.
Pior: não aconteceu só uma vez. Em dez anos, houve 70 casos parecidos nos EUA. Suspeita-se do mesmo sujeito. Registros telefônicos indicam que nem sempre ele era bem sucedido. Às vezes tinha de ligar para dez lojas até que um gerente mordesse sua isca. Mas 70 morderam.
“Quando você aceita a autoridade de alguém, você se torna uma pessoa diferente. Você se preocupa mais em quão bem você está cumprindo ordens do que se elas estão certas ou erradas”, diz um psicólogo que foi biógrafo de Dr. Stanley Milgram, professor de Yale e responsável por um estudo famoso em 1961, que ele realizou para tentar descobrir por que tantos alemães seguiram ordens durante o Holocausto.
Os participantes do experimento recebiam a ordem de um cientista, que lhes dizia que eles deveriam acionar um botão que dava eletrochoques num aluno cada vez que ele cometesse um erro. A voltagem aumentava a cada erro (o aluno era um ator e não sofreu choques, mas os participantes não sabiam). Apesar do desespero e das súplicas do aluno, quase dois terços dos participantes acionaram os choques. Simplesmente porque uma figura de autoridade os mandou fazer isso. É o bastante pra gente perder a fé na humanidade.
Vídeo real: moça ouve q será revistada |
Para um agente aposentado do FBI que serve como consultor contra trotes para a franquia Wendy's, “Você e eu podemos julgar essas pessoas como completas idiotas. Mas elas não são treinadas para usar o bom senso. Elas são treinadas para dizer e pensar, 'No que eu posso te ajudar?'”
Vídeo gravado; noivo da gerente |
A gerente na vida real |
Vítima na vida real |
O homem que fez a chamada, e que segue sendo o principal suspeito dos outros 69 trotes, foi absolvido. Ele alegou que não fez nada, além de falar ao telefone. A culpa foi de quem obedeceu.
132 comentários:
Simplesmente assustadora a história.
O hábito de seguir ordens sem pensar muito a respeito não se restringe a gerentes de lanchonetes.
Em grandes corporações é comum vermos ótimas cabeças seguindo ordens/ defendendo posições estúpidas porque o superior definiu assim, sem qualquer crítica ou confrontação.
Ah, não acredito que o cara que dava os trotes foi absolvido. É evidente que ele fazia isso por mero sadismo. Não dá pra alegar que não houve má-fé. Que história horrorosa.
Fiquei boquiaberta! Quero assistir, Lola... :(
Mesmo para um caso horrível como esse, 6 milhões de dólares não é um exagero? Essa garota acabou se saindo bem, no final das contas.
Me pergunto se esse filme não estimulou outros sádicos a fazer trotes como esse. Parece ser bem interessante, de qualquer maneira. Vou dar uma olhada mais tarde.
Um dos lemas do exercito brasileiro e :
ORDEM ABSURDA NÃO SE CUMPRE.
"Já a principal vítima, a menina, desenvolveu síndrome do pânico, insônia, depressão, e desistiu dos planos de cursar medicina."
Realmente, se saiu benzão a vítima.
#sortuda
The faith in humankind could not be found. Try again later.
Anondas 11:19: V p/ PQP
ai desculpa LoLa...se nao quiser postar não posta..eu entendo....
maaas...a vida da garota foi destruidaaaaaaaaaaaaaa
e vc me diz que 6 milhoes eh muito?
ela devia ter un 17 anos..provavelmente...ela NUNCA mais vai trablahar....
ela NÃO vai ser medica...
dividi isso pelos anos que ela ainda tem pela frente e vc vai ver que esse valor não vai ajudala em quase nada...
¬¬º
Lola..to assustadissima com o que li..e prefiro não ver o filme...
Mas o respeito a hierarquia e importante sim, desde que seu superior não seja um lunático, e não o faça sobrepor seus valores.
A palavra pode ate convencer, mas o exemplo arrasta, e um verdadeiro líder se faz pelo exemplo, e não e alguém que "fala demais por não ter nada a dizer", como diria renato russo.
A alternativa a hierarquia e o anarquismo, e ao contrario do que estes ripongos do sec. 21, dizem o anarquismo n]ão e uma ' sociedade alternativa no campo,em harmonia com a natureza, festinha ninguém e de ninguém regada a muita Cabanabis"
Mas sim uma apologia a zona, baderna, caos baderna, a tal liberdade total, cada um faz o que quer , pode funcionar em uma ilha deserta só sua, mas em sociedade, as regras sociais são importantes, pois um psicopata por exemplo, pode ter uma visão de "liberdade" bem característica.
"Mesmo para um caso horrível como esse, 6 milhões de dólares não é um exagero? Essa garota acabou se saindo bem, no final das contas."
Quanto vale sua honra, sua integridade, sua liberdade?
Toda vítima de estupro deveria receber um valor desse pago pelo estuprador. Essa garota vai ficar marcada pelo resto da vida pelo da vida. A indenização tinha que ser maior pelo fato do McDonalds ter a cara de pau de jogar a culpa na garota no tribunal.
Mas pra ser estuprada?Pera!
Isso numa sociedade igualitária com um misógino a linha não aconteceria.
Fábio,
Concordo com o respeito à hierarquia. Algumas pessoas tem senso de organização, liderança que fazem com que o respeito às suas determinações sejam bom para todos. Um funcionário desobediente é péssimo para a empresa.
Mas antes de sermos funcionários, somos humanos e o bom senso e a independência de pensamento são importantíssimos para todas as áreas da vida. As pessoas tem que ter noção que não é só porque alguém tem uma posição hierárquica superior, suas ordem não possam ser questionadas.
Mas as empresas hoje querem pessoas que saibam pensar para mandar na empresa e pessoas que não pensem para serem subordinadas. Em algumas empresas você percebe que as pessoas agem quase como robôs, fazendo sempre as mesmas tarefas de uma única forma. E quando você faz qualquer pergunta que foge da normalidade da empresa, ninguém sabe responder nada, pois eles não estão ali para pensar e sim para seguir o "script" da empresa.
Terrivel demais.
Levei um tempo pra acreditarque isso foi real.
A capicidade de sadismo e odio que alguns seres humanso são capazes me deixa desnorteado.
A situação toda é completamente uma loucura...
É incrível como o ser humano possa ser tão ingênuo e idiota, mas assim é nossa sociedade.Há poucos dias um estelionatário que se fazia passar por pretendente a namorado nas redes sociais e exigia dinnheiro das mulheres foi preso aqui no RS. Como é possível uma mulher depositar 30 mil reais para um homem que não conhece sob a desculpa de que o automóvel enguiçou e ele precisava consertá-lo?A la pucha!, com este valor seria possível comprar um zero km! Ontem às 5h da madrugada alguém começou a bater furiosamente nas portas do meu apartamento.Aqui no meu edifício a maioria dos moradores têm o costume de deixar o portão de entrada do pátio e o da porta de entrada do edifício abertas e assim os desesperados caçadores de oportunidades de conseguir a angustiante mercadoria dinheiro se aproveitam disso.Obviamente eu jamais abro a porta por mais que o vivente insista em bater, de dia isto ocorre com frequência, esta foi a primeira vez que ocorreu à noite. Quem faz isto deveria ser um maluco de pedra, mas sempre haverá um ingênuo que abrirá a porta e acabará sendo assaltado ou até mesmo assasinado.
Eu pensei que fosse uma pessoa dizendo que é bandido os vendo pela camera.Assim,ate q daria pra enteder,mas desse outro modo...
Sempre me dou mal nos meu empregos por questionar 'regras' sem lógica.
Um dia tive que ouvir essa pérola: "Certas coisas não precisam ter lógica, você só tem que cumprir!"
Sigo questionando o que acho errado! \o/
Fabio..
hierarquia talvez nao seja o termo certo..
não há mal em pessoas terem funções diferentes...o problema eh que na nossa sociedade essa hierarquia faz as pessoas pensarem que são melhores que as outras entende a diferença?
tem capitão que se acha melhor que soldado..
erente que se acha melhor que funcionario...
um advogado não se acha melhor que um médico..pq eles estão mais ao topo pra sociedade..mas um medico acha que eh melhor que um enfermeiro..e isso tbm eh hierarquia..
Putz, que merda isso, Lola. Até onde chega a maldade de alguns, a alienação de outros e o sistema jurídico que permite que o mentor das agressões se safe... Tudo isso é muito nojento. São casos para serem discutidos publicamente, precisamos questionar essa cultura de obediência, de ovelhas.
Muita gente busca a aceitação de grupos que representem um poder maior do que aquele que a pessoa julga ter sozinha ou com algum outro grupo que ela considere "menos" importante. E a coisa toda vai além de querer status ou se aproveitar da vulnerabilidade de alguém, está relacionado a própria ideia de "ser uma boa pessoa", ser aquela que vai obedecer direitinho, ser um "bom menino", cumpridor de suas obrigações sociais, encontrar seu lugar seguro e certo no grupo. É preciso pôr em cheque esse "poder" e essas "obrigações", desconstruir isso aí, buscar outras representações, outras expectativas do que é válido e digno de ser reproduzido, buscar outras histórias para se apoiar.
Pessoas que acham que a garçonete que foi estuprada "se deu bem" por receber indenização de 6 milhões de dólares: sério? Acho que tem gente que prefere nunca ser estuprada... Não entendo como vcs podem ter pena de uma empresa que vale 19 BIlhões de dólares (6 milhões é gorjeta pra eles), e não de uma moça que foi vítima inclusive do descaso da companhia, que já havia passado por esses trotes e não comunicou aos funcionários. Reavaliem suas empatias, por favor.
Mihaelo, muito interessante seu comentário. Lembrei das pirâmides financeiras, que voltaram a estar na moda. Eu pelo menos ando recebendo dezenas de emails prometendo riqueza instantânea... Mas acho que é diferente, né? O que atrai pra esses golpes é a vontade de levar vantagem, de ficar rico sem esforço. Não tem a ver com obediência cega à autoridade, tem? Se bem que está ligado ao culto à riqueza, que está ligado ao culto à autoridade...
Marcelly disse...
Fabio..
hierarquia talvez nao seja o termo certo..
não há mal em pessoas terem funções diferentes...o problema eh que na nossa sociedade essa hierarquia faz as pessoas pensarem que são melhores que as outras entende a diferença?
tem capitão que se acha melhor que soldado..
erente que se acha melhor que funcionario...
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Ele pode até ter a ilusão de ser melhor, mas quando a "porca torce o rabo" as pessoas se voltam aos verdadeiros lideres, desprendidos e capazes, e não a ególatras demagogos.
obvio que tem muito diplomada se achando melhor que trabalhador humilde, muito advogado se achando melhor que lixeiro, mas deixe os lixeiros pararem por uma semana, uma semaninha só, e verá que o sistema de valores, baseado em ego " zelitista acadêmico batedor de carimbos" não passa de um castelo de cartas.
Mas também óbvio que em um estado democrático de direito, sem advogados, não faz justiça.
E como eu aprendi no glorioso exercito brasileiro, ORDEM ABSURDA NÃO SE CUMPRE.
"Quanto vale sua honra, sua integridade, sua liberdade?"
Uns poucos milhões de dólares.
"ela devia ter un 17 anos..provavelmente...ela NUNCA mais vai trablahar...."
Claro, ela não vai precisar.
Lola, teve uma coisa que eu não entendi no post.
A moça foi estuprada porque o cara da linha telefônica ficava instigando a quem estava vigiando a vítima!??
Ou foi simplesmente, porque quando as pessoas estão em situação de poder, elas agem dessa maneira?
Infelizmente, no mundo capitalista é assim mesmo... nós somos pagos para fazer o sistema funcionar o mais rápido possível e não para pensar sobre ele...
E é isso que mais tem me desmotivado no mundo do trabalho. Falta de questionamento, empatia, colaboratividade.. enfim. coisas que resolveriam uma situação como essa.
que está ligado ao Capitalismo neh Lola?
Lola
qual sua visão politica referente a isso?
é Anarquista..Comunista...Socialista..?
hehe..desculpe a pergunta..foi sócuriosidade..
Anon das 2:46
vc sabe fazer contas??
quanto vc acha que ela ganharia se fosse médica?
quanto vc acha que ela perdeu com tudo isso que aconteceu?
agora..vc sabe oque eh direito?
vc sabe por que uma pessa pode processar outra por danos morais?
mas quando vc cidadão de bem se sente roubado pelo estado..deve fazer um estardalhaço neh?
e se a moça do caixa erra o troco então..?
pq coisas ruins só afetam a SUA vida neh?
Lola, tu viu isso? http://www.buzzfeed.com/ryanhatesthis/petition-demands-cnn-apologize-for-disgusting-steubenville-r
:( como pode uma coisa dessas?
isso aqui é um blog de horror? parece jornal da tv que só fala de desgraça,dando a impressão de que n existe nada de bom no mundo.
e pra VC Anon as pessoas são vagabundas neh?
só trabalham por que precisam..e nao por que ama oque fazem..se seu emprego é mediocre e não te faz feliz...esse não é o caso de todos
e quando eu disse que ela não vai mais trabalhar eh por que não consegue..pq talvez nem consiga siar de casa..pu vc acha que ela está num resort 5 estrelas agora mesmo?
aaaaa..sem saco pra gente babaca
Belisaa..
ja me desapontei assim..hoje faço Serviço Social e tenho muito planos!! não deixarei ninguem rico..farei de tudo pra fazer domundo um lugar mais justo...
faça vc tbm...e nãoimporta sua profissão..
uma dica...
assinta esse documentario...
http://www.quemseimporta.com.br/
no fim ela se deu bem sim,6 milhões,devia ter arrancado mais.
ninguém aqui pode afirmar q ela nunca mais fará nada na vida.
o que ela passou foi brabo mesmo,mas tem gente que passa por coisa pior e se recupera.
Trabalho no Ministério Público do Trabalho e recebemos diariamente denúncias absurdas contra empresas.
Os bancos são os campeões em denúncias de assédio moral. Já autuamos dois casos em que os funcionários cometeram suicídio, um deles dentro da própria agência em que trabalhava.
As empresas, com raríssimas (mas raríssimas mesmo) exceções, não dão a mínima para a integridade e dignidade dos seus funcionários, estes são considerados apenas recursos dispensáveis com um nº de matrícula.
Marcelly, sou socialista. Social-democrata, vai. Gosto de democracia e estou longe de considerar o capitalismo o único sistema possível. Não sou filiada a nenhum partido, mas já tem um bom tempo que voto no PT (pelo menos pra presidente; pra cargos legislativos, varia, mas voto sempre em partidos de esquerda).
Belissa, é, eu não quis falar demais pra não estragar. Então vou colocar mais spoilers aqui. O cara no telefone (que se finge no policial) vai testando as pessoas, vendo até onde vai. Ele pede ao funcionário jovem, por exemplo, que reviste a garçonete, que já está nua, só coberta com um parco avental. E ele se recusa e sai da sala. Mas o noivo da gerente faz tudo que o "policial" pede. E ele, o "policial", convence a vítima, a garçonete, a ceder. O "policial" pede que o noivo da gerente a reviste, toque nela, a veja nua. Pede que ela pule. Pede pro noivo bater nela por não ter obedecido. E, finalmente, exige que ela faça sexo oral no noivo, o que configura estupro. Fora o que não é mostrado... E a gerente entra na sala uma vez em que a garçonete está com o noivo e sem avental. E a gerente não "registra", ou prefere ignorar, que a moça está nua diante de um cara. É muito perturbador tudo isso. É um filme angustiante. Recomendo!
Ninguem se da bem por ter sido estupradaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!
owww inferno..
dificil heim meu povo??
dificillll!!
só fala isso quem nunca sofreuuu algo serio...
É um absurdo que um estuprador pegue somente cinco anos de prisão! Ele acabou com a vida da menina!
Lola é o tipo de coisa que me deixa petrificada. Um horror, eu fico imaginando o desespero dessa menina, ali, acuada, sendo estuprada... Não sei se quero ver o filme... Mas sei com certeza que vou continuar sem por meus lindos pezinhos nessas redes de lanchonete, esse é o caso mais grave, mas não é o primeiro, que fico sabendo, de abusos cometidos nessas lanchonetes, e morro de pena ao ver jovens da idade dos meus filhos tendo que se submeter a tamanha exploração e desrespeito. As pessoas vão comer seus lanches e não sentem-se responsáveis pelo que acontece ali, mas são sim, pois estão financiando esse tipo de empresa, eu não entendo, são como os gerentes... ninguém acha que esta fazendo nada errado, o gerente obedece ordens, os clientes só estão ali fazendo um "lanche feliz", não questionam quando vêem um funcionário ser humilhado, afinal isso não é da conta dos outros, cada um com seus problemas, e vai ficando tudo por isso mesmo... e depois a "louca" que fica insistindo com os amigos e familiares para não frequentarem esses lugares sou eu! Tem que ter paciência...
Nossa, ainda não assisti, mas sua descrição me fez lembrar de Dogville. Angustiante!
Ana
Olha, eu acho que 6 milhões é uma quantia condizente com o que a moça passou.
Mas essa questão de indenização é diferente no Brasil e nos EUA.
Nos EUA, as indenizações têm caráter exemplar. São propositalmente altas não só para que a empresa "aprenda" e não faça mais, mas tbm para que o resto da sociedade (e das empresas) aprendam com esses erros.
Já no Brasil, uma indenização dessas seria impossível. Aqui o juiz tem que pesar o acontecido, a capacidade financeira do ofensor (a empresa, no caso) e a capacidade financeira do ofendido. Para vcs terem uma ideia, acompanhei o caso de uma pessoa que ficou totalmente desfigurada por erro médico e ganhou apenas 30 mil reais de indenização. E um outro caso em que a pessoa morreu devido a erros (tbm médicos) grosseiros e a família recebeu 100 mil (do hospital e do médico).
Os únicos casos (que eu saiba) em que as indenizações podem chegar a patamares milionários são os de assédio moral coletivo (como utilização de trabalho escravo, por ex).
Mas não falha né?
Qualquer noticia que fala da violencia contra mulher, principalmente estupro, tem que aparecer quem ache que isso não é nada demais, que a vitima esta exagerando.
Vamos ver quanto tempo até alguem culpar a vitima.
Essa falta de empatia é desesperadora viu?
Lola,
Já li vários textos em seu blog e sempre admirei o conteúdo, seu ponto de vista e a urgência dos temas.
É a primeira vez que comento e me senti no dever de fazê-lo porque fiquei realmente tocado. Gosto muito de cinema, comecei a ler o texto motivado por esta curiosidade pelo assunto, mas vi camadas e mais camadas em suas palavras.
Parabéns!
Abraço,
João.
perturbador heimm...
Quando vi a primeira imagem reconheci a atriz (a Becca de Good Wife)e achei que o post fosse sobre algum episódio da série. Mymistake.
História de terror real, muito revoltante isso,mas situações em que funcionários acatam ordens abusivas são comuns.
Uma vez no supermercado onde minha amiga trabalhava, houve um roubo, e todas as moças foram obrigadas a tirar a roupa para uma revista. Sabe,nem chamaram a polícia nem nada,foram as próprias gerentes que tomaram a frente da situaçao e obrigaram as caixas a fazerem isso. É claro que ficou por isso mesmo...muuito triste.
A gente acha que é só dizer não, sair e arrumar outro emprego, mas esquecemos que em ambientes de trabalho tbm existem relações abusivas, que é mais fácil acatar do que lutar sozinha contra tudo.
Nojento mesmo é dizer que a menina se deu bem porque ganhou milhões! Nao tem dinheiro que cure a dor de ser violentada, povinho lixo...
lola, na história real a garçonete é estuprada pelo noivo? isso está no vídeo? vc viu?
Barbara Barcellos,
Dado o histórico do cara, a situação absurda do ocorrido e a pena média para estupro, 6 anos é justo. Estranho é o cara do telefone (utilizando de falsidade ideológica e incitação ao crime) ter saído de boa.
Desejo, de coração, que todo mundo que acha que ela se deu bem seja estuprado, processe alguém e tenham a mesma sorte de se dar bem. Vocês estão morrendo de inveja dela, né? Na verdade, tenho certeza que tem a fantasia de serem estuprados. Tomara que sejam. E voltem para contar, para mostrar como se deram bem. Seus merdas.
Fiquei chocada com essa história. Quero ver o filme depois, mas já li a reportagem que explica o caso, e é absurdo como o "policial" se declara como vítima também. Que homem nojento.
Fico pensando, como é que nenhum deles percebeu que tinha algo muito errado ali? Me corrijam se eu estiver errada, mas não é crime mandar uma pessoa tirar a roupa para ser revistada? E mesmo para a polícia, não tem uma regra que diz que policiais homens não podem obrigar uma mulher a se despir na frente deles? (De novo, acho que li isso em algum lugar, não tenho certeza se é verdade).
E anônimos que estão dizendo que a moça "se deu bem": quanto vocês querem para serem acusados de um crime qualquer, serem trancados em algum lugar com pessoas desconhecidas, serem obrigados a ficar sem roupa por horas e ainda serem estuprados? Quanto vocês querem para poder passar por uma situação dessas sem poder pedir ajuda a ninguém? Quanto vocês querem para serem acusados por uma megacorporação de estarem mentindo? Quanto vocês querem para largar os estudos por causa disso, não conseguir trabalhar ou sair de casa ou dormir, por causa das crises de pânico que vocês vão ter? Quanto vocês querem para, toda vez que vocês saírem na rua, alguém apontar e dizer "olha aqueles caras que foram estuprados..."?
Vocês só dizem que ela "se deu bem" porque são homens e, por isso, a possibilidade de uma coisa dessas acontecer com vocês é praticamente nula. Vocês são patéticos!
Anônimo disse...
"Quanto vale sua honra, sua integridade, sua liberdade?"
Uns poucos milhões de dólares.
18 de março de 2013 12:45
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Tenho pena de você. A minha não pode ser comprada por nenhum dinheiro desse mundo.
O pior é pensar que esse tipo de coisa poderia ter acontecido na maioria das empresas e não só nessa rede de fast-food.
Em várias lojas, desde supermercados a lojas de roupas, existem casos de pessoas, sob suspeita de furto, terem que ficar nuas pra serem revistadas. Isso acontece muito nas visitas em presídios, em que as mulheres devem ser revistadas por policiais mulheres. A revista é importante para constatar se eles não estão levando objetos ou substâncias para os detentos, mas em muitos casos essas mulheres são revistadas por policiais homens em situações constrangedoras.
Horrível,eu não tenho coragem de ver esse filme.
Quando a gente vê um filme desses e depois vê que é história real, nem dá pra acreditar como o ser humano pode ser podre.
Eu vi 'meninos não choram" e quando descobri que foi real,fiquei chocada.
Chris Bottaro
Essa é boa,agora quem come no Mcdonalds é responsável pelo abuso dos chefes?
Eu como lá,pelo menos eu nunca vi um funcionário sendo humilhado e se acontecer a culpa obviamente não é minha.
Então,isso deve valer para todos tipos de lojas,se você vai no shopping e compra uma roupa e se por acaso algum funcionário lá é maltratado,a culpa é sua que está comprando,isso faz algum sentido?
Vamos todos parar de comprar,seja o que for,porque é bem difícil achar um empregado que não seja explorado,pelo menos um pouco.
Anônimo disse...
lola, na história real a garçonete é estuprada pelo noivo? isso está no vídeo? vc viu?
18 de março de 2013 13:33
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http://www.youtube.com/watch?v=LuH3GYmSjzU&feature=youtu.be
Por volta de 11 minutos do vídeo dá pra perceber o abuso sexual.
Por coencidêcia, vi esse filme semana passada. Nunca tinha ouvido falar, mas gostei da descrição num site e baixei. A cada minuto que passava, o filme me deixava mais e mais angustiada. Me perguntava quando que alguém ia questionar aquela pessoa do outro lado da linha. Quando ligariam para o dono do restaurante, quando alguém perceberia o qaunto tudo aquilo era absurdo, quando a garota se rebelaria e se negaria a permitir que fizessem mais qualquer coisa com ela. Afinal, nada daquilo fazia o menor sentido.
Mas depois que o filme acabou, fiquei pensando em todos as guerras, em todos os casos de crimes que acontecem porque as pessoas estão simplesmente cumprindo ordens. Em como isso é normal. E me perguntei, quantas ordens eu mesma já cumpri, sem pensar no que me tinha sido solicitado fazer.
Arrepiante, Lola. E excelente a sua crítica!
Lola, isso é muito assustador. E parabéns para quem disse que a moça se deu bem. Você não é gente, é um lixo.
Tem um documentário sobre a história do Japão e a participação na 2 grande guerra. Eu não lembro o nome, já pesquisei e não acho. Explica muito as origens do sistema de hierarquias do país e narra acontecimentos terríveis, situações de obediência cega a ordens absurdas. Nós, assim como os japoneses, de certa forma somos criados para obedecer sim. E isso se evidencia muito em comportamentos de massa quando podem acontecer as piores crueldades. Freud foi um dos primeiros a teorizar esses tipos de comportamento. Tem um texto que chama "Psicologia de massa e análise do eu", em que ele expõe considerações sobre grupos que denominou "artificiais" como a igreja e o exército.
Documentários sobre o nazismo tb nos dão muitos exemplos de atrocidades cometidas porque "estavam apenas seguindo ordens".
Também não me conformo de deixarem ileso o psicopata autor das ligações. Me parece meio óbvio que ele é perverso ao extremo. Não entendi isso.
Ragusa
Gostaria de saber o tamanho da empatia das pessoas que viram o filme, ou o tamanho da disposição do escroto para assediar e estuprar a moça, se ela fosse gordinha e feia ao invés de linda e loira.
Eu trabalhei dois meses no Mc Donald's e também tinha uma gerente que não me permitia ficar um minuto parada, sentada nem pensar. Ganhava 2,65 por hora. Era um trabalho horrível, daqueles que quem ganha o funcionário do mês é quem consegue acumular e realizar mais funções ao mesmo tempo. Mas nunca imaginei que algo assim realmente acontecesse.
Nossa que história, quero muito ver esse filme. Adorei o post Lola.
Letícia,
O seu salário não permitia almoçar e jantar no Mc. Deveria servir de lição para quem acredita no livre mercado como o guardião da moral e dos bons costumes.
Infelizmente já havia visto histórias como esta. A hierarquia é uma faca de dois gumes muito perigosa. Como há quem defenda sistemas rigorosos defendo o oposto total, pois alguém tem de puxar a corda para o outro lado.
Por conta deste processo que soldados não são punidos ao seguirem ordens, independente de quão hediondas.
Poder exige muito, exige que a pessoa tenha virtudes muito elevadas, passando pelo processo de super-homem como alguns filósofos definem, onde se esta em um patamar muito superior a média atual. Se a anarquia é utopia porque não estamos preparados, pois alego que hierarquia é uma piada, pois também não estamos preparados...
Alias, é bem compreensível em uma sociedade onde se você não obedece se esta livre para morrer de fome que as pessoas esqueçam de ser humanas. Diretos Humanos alheios estão acima da base da piramide individual. Lamentavelmente x_x
Engraçado, a culpa é da mulher, hora nenhuma ninguém fala de como o governo vem se tornando autoritário e de como é praticamente um crime se negar a cooperar com ele
Lola, eu, definitivamente, não quero assistir este filme. Digo, ando numa fase de tentar observar o melhor do ser humano. Sabe, semana passada houve um roubo a uma casa aqui em Brasília. O pior foi sabermos que uma criança de apenas 8 anos vigiava o casal com uma arma e dizia palavras horríveis. Pensa que assustador é o fato de um adulto corromper uma criança, ensinar-lhe a ser bandido!!! Eu ainda sinto-me mal por ter lido esta notícia.
Assistir um filme que uma mulher é estuprada por um homem que se diz bom cidadão...Não sei se suportaria. E, desculpe-me, mas para mim ele jamais foi uma boa pessoa. Duvido se não tentou, ou fez algo ruim antes. Duvido! Como disse, ando negativa com muitos tipos de seres humanos. Saudades de quando era criança, adolescente, mais jovem...Saudades de acreditar mais no ser humano!
A reflexão torna-se mais fácil quando vemos um caso isolado como esse, mas se pensarmos que tudo que nos cerca tenta nos convencer a obediencia?. Como é o seu cabelo,vc provavelmente pinta, ou coloca produtos por influencia da propaganda.
Quando vc,criança, entra na escola e aprende a se portar e principalmente que deve aprender da forma como a professora manda e não a sua devida particularidade ou dificuldade? Quando aprende que deve fazer algo e pergunta um por que e somente recebe a impaciência e um simples "obedeça estou mandando"?
Nos quando crianças nascemos aptas para pensar, mas com o tempo as pessoas tentam nos convencer do contrário.
"Essa é boa,agora quem come no Mcdonalds é responsável pelo abuso dos chefes?
Eu como lá,pelo menos eu nunca vi um funcionário sendo humilhado e se acontecer a culpa OBVIAMENTE não é minha."
por que não me surpreendi com esse comentário? elen que acha que passado não influencia presente e que no mundo existem os vilões (doentes, psicopatas, nas palavras dela, vide post sobre traição) e os bonzinhos. as empresas agora investem numa coisa chamada responsabilidade social porque são...boazinhas. e não porque a sociedade está formada por consumidores que não tá mais afins de sustentar empresas que não se comprometem com alguma causa social. mas ainda dá futuro ser uma empresa sem responsabilidade social porque existem consumidores como a elen. alô empresas, que vcs estão fazendo nesse momento que nao estão enchendo a caixa de emails e a página do facebook da elen de publicidade? essa menina tem muito potencial!
essas duas figuras - do vilão e do mocinho - são OBVIAMENTE, completamente independentes, não existe complexidade. nasceu vilão morreu vilão. nasceu bonzinho morreu bonzinho. os doentes... são doentes oras! não existe nada racional que explique a doença deles, não existe realidade social onde se possa incentivar, sustentar, ou mesmo oferecer resistencia a certos comportamentos. não. não existe poder. se não existe poder, claro, não existirá resistencia. são psicopatas. vieram com defeito de fábrica. simples assim. não existem estruturas, redes, relações e nessas relações, arranjos, contratos, não existem assimetrias, desigualdades. ou melhor, até existem. mas isso OBVIAMENTE não é problema meu caralho! vai encher o saco de outro!
o que existe é: eu nunca vi um funcionário ser espancado na minha frente no mcdonalds. se não vi, não tenho a obrigação de agir né, não tenho responsabilidade nenhuma. tô indo lá comer meu sanduíche que é "direito meu". e esse dinheiro que paga esse sanduíche não tem nada a ver com os rendimentos da empresa. os rendimentos dessa empresa tb não tem nada a ver com o salário que a mesma paga a seus funcionários. pois é marx...estão em 2013 e ainda tem gente que tem coragem de dizer que nunca ouviu falar em mais valia...
lembrei do post sobre a traição em que elen apresenta o mesmo raciocínio: eu nunca fui possessiva a ponto de querer matar alguém porque terminou o namoro comigo. logo, não existe a noção de posse que esteve (está) associada às relações matrimoniais durante anos e anos de história, com REGISTRADA desvantagem pra mulher...quê que o passado tem a ver com isso?quem vive de passado é museu!e é por isso que o brasil é o país do futuro!
sempre querendo tirar o corpo fora. que feio, hein, elen?
YOU GO GIRL!!!
ps: porque esses comentários me fazem sentir uma saudade do carlos, do fábio, do leandro taxpayer...
"A minha não pode ser comprada por nenhum dinheiro desse mundo."
É fácil falar isso quando não há possibilidade de vendê-la.
Esse post me fez lembrar... Eu fui estuprada dentro de um McDonald's. O cara que me estuprou era um gerente,modelo, bem-sucedido, enfim...
Nós fechamos os olhos quando se trata de gerente. Falei para duas pessoas na época sobre isso. Uma acreditou em mim e a outra achou que eu estava querendo ferrar um homem tão talentoso...
estou chocada com essa história, e também com o fato de o cara do trote ter conseguido em todas as vezes em que cometeu esse crime. e ainda mais chocada com quem comentou dizendo que a menina tinha se dado bem por ganhar 6 milhões.
e FÁBIO: acho que você precisa rever MUITO essa tua ideia bizarra do que é o anarquismo (ou, melhor, a anarquia).
Puxa vida, excelente texto!
Que bom voltar a ver questionado o experimento de Milgram - assim como os do Zimbardo, que ficaram famosos por colocarem a questão da ética em pesquisa em foco [http://pt.wikipedia.org/wiki/Experimento_de_aprisionamento_de_Stanford] - justamente em tempos de Big Brother e espetacularização das relações competitivas e antiéticas. Tudo isso é o pano de fundo para que casos como esse possam ocorrer e, inclusive, não sejam nada impossíveis.
Aproveito para recomendar a reportagem do Le Monde Diplomatique Brasil em que a socióloga Silvia Viana fala sobre seu novo livro, em que ela discute a lógica competitiva dos reality shows no Brasil. Perturbador... http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1368
beijos!
Pera, o cara ao telefone mandou ESTUPRAR a garota?
Acredito que ate uma pessoa não muito inteligente desconfiaria dessa ordem.
Enquanto eu lia este post eu instantaneamente me lembrava do post de ontem, do convento. E em quantas pessoas seguem regras estúpidas, acreditam em coisas estúpidas com medo de uma punição no além-vida, de ir pro inferno. O cara no telefone é deus. Simples assim.
É claro que se você consome produtos que foram feitos por mão de obra escrava, e VOCÊ SABE DISSO, mas continua consumindo pq é mais barato ou está na moda, você é sim culpado, pois está financiando tudo isso. Se você sabe que uma empresa, explora os funcionarios, os proíbe de serem sindicalizados, trabalha com bancos de horas e não paga hora extra, não dá vale refeição para os funcionários escolherem o lugar que querem comer entre outras coisas, você, consumindo esses produtos está sendo culpado também. Por isso existe a preucupação de DENUNCIAR empresas que utilizam mão de obra escrava e que não respeitam os direitos trabalhistas dos funcionários e sempre que POSSÍVEL devemos sim, riscar esses produtos das nossas listas de compras. Não só esses, mas de empresas que sonegam impostos, de empresas que são muito poluentes e não tem um projeto de sustemtabilidade... É claro, cada umx sabe o que é prioridade na sua vida, cada umx sabe do que pode ou não abrir mão. Isso chama-se CONSUMO CONCIENTE. É bem interessante sabermos de onde vem e como é produzido o que consumimos.
Mas para isso, antes de mais nada é preciso termos empatia para com nossx semelhante, é preciso, tanto quanto possível nos colocarmos no lugar do outrx.
Anne, não, o cara não mandou estuprar a moça. Ele mandou que o noivo da gerente a revistasse, que a visse nua, que a tocasse, e que a espancasse. E mandou que a garçonete fizesse sexo oral no sujeito. Observando de longe, é fácil considerar todos uns idiotas. Por exemplo, se alguém por telefone fingindo ser um policial pergunta sobre uma moça "O que ela está vestindo?" e fala pra vc descrever os seios dela, eu automaticamente identificaria o padrão de trotes sexuais que são tão comuns ("O que vc está vestindo?" é clichê). Seguramente, se eu estivesse naquela situação do noivo da gerente, se eu ainda não tivesse desconfiado antes, eu teria visto que o cara não era policial naquele exato momento. Mas, se eu estivesse na posição da vítima, não sei dizer. Ela já está acusada, humilhada, coagida. É assim que se convencem as pessoas a fazer qualquer coisa. Imagina quantos estupros não acontecem nessas situações. Imagina quantos estupros não são denunciados pelas vítimas que acharam que a culpa foi delas? O peso da autoridade é muito maior que o cara se passando por policial no telefone...
Amana, que bom que vc gostou! Enquanto escrevia o texto, eu me lembrava do lindo guest post que vc publicou aqui sobre o sujeito da liberdade. Ish, e esses experimentos psicológicos são aterrorizantes!
Mr Fábio Mingau: o correto é Caanabis. Se você quer encher o saco e falar merda, no mínimo faça direito.
@Cris Bottaro
Meu namorado trabalha no McDonalds e ele nao percebe nenhum abuso por parte da empresa ou gerencia em relacao a ele. Ou seja, cuidado para nao generalizar.
Só para constar, ou melhor justificar, estou lendo e escrevendo num net com tela de 8" e sem óculos... quando escrevi o comentário não vi erro, somente depois de publicado ( a letra ficou maior...kkkkk) é que percebi os erros de ortografia. mas a ideia está clara. bj
Lola, é isso mesmo que acontece com a questão da intimidação.
A pessoa põe a mão em você, você tem medo de perder o emprego e não fala nada. Outro dia, ele te "abraça" por trás e você sente que ele está excitado e vc não faz nada porque precisa do emprego. Mais um dia passa, com passadas de mão, abraços indecentes, comentários maldosos e você ali, sem conseguir reagir, sem poder falar nada.
Um dia ele decide ir mais além e se você tenta reagir, isso se volta mais ainda contra você por meio de violência física, por violência moral.
E quando você finalmente tem a coragem de falar pra alguém a pessoa duvida de você, afinal a outra pessoa É alguém importante e você não.
Provavelmente, se, e somente se, aconteceu alguma coisa(por que a pessoa duvida que tenha acontecido) foi por que vc queria. Afinal é um cara de família, respeitado. Gerente do McDonalds qie provavelmente irá se tornar consultor.
E as coisas só pioram: você passa a ter certeza que a culpa é sua e tenta evitar ficar perto do cara o máximo que pode, mas ele continua te perseguindo, até que um dia você é mandada embora, por "corte de gastos", é demitida do emprego que você tanto precisa, mesmo tendo suportado coisas terríveis. Mas a culpa é sua, por que soltou esse boato por ai...E o cara é respeitado, sabe, não pode se meter em um escândalo.
Que ódio que está dentro de mim agora, de pensar em como suportamos essa autoridade, como somos ensinados a suportar essa superioridade.
Acredito que tudo possa ser resumido, na medida em que é possível resumir algo tão surreal, em Vontade.
Muita gente é educada para viver como "cadáveres adiados" (conforme dizia Fernando Pessoa), sem pensamento próprio, personalidade própria, vontade, liberdade...
As vezes, descobrimos que temos uma Vontade somente após passar por grandes traumas (como este). Tanto melhor seria se nossos educadores, e a sociedade em geral, estimulassem todos a encontrarem sua Vontade ainda cedo, e o quanto antes.
Assim, nem precisaríamos aguardar pelo Céu após a morte (se é que existe, ou se é que um sujeito "religioso" como o sujeito que forçou sexo oral na jovem porque foi "mandado", irá para um Céu), pois que ele estaria sendo erguido na própria Terra.
Abs
raph
Menina, que horror. Se quiser contar sua história aqui no blog por meio de um guest post, mande pra mim por email (lolaescreva@gmail.com) que eu publico. Espero que vc encontre forças pra processar o cara e o McDonald's por assédio sexual e moral também. E sabemos como isso é difícil, pois é preciso ter testemunhas, e ninguém quer depor, todo mundo tem medo.
E é isso:de forma geral as meninas, desde pequenas, são condicionadas a agradar, a não dar piti, a falar baixinho ou não falar... Por mais chocante que seja o que Susan Brownmiller disse, concordo com ela: "mulheres são treinadas para serem vítimas de estupro". Ela diz também: "Fazer uma mulher uma participante da sua própria derrota é meia batalha ganha". Aprendemos a não reagir, e aprendemos a achar que a culpa pelo estupro é nossa. Assim fica fácil pro estuprador.
Como é difícil romper com toda essa cultura de estupro! Espero que blogs e textos feministas ajudem a perturbar todos esses ensinamentos que são passados!
Poxa, Lola, você roubou meu comentário genial! eu super ia citar o experimento de Milgram :'(
HAHA
Enfim, ele me assusta. Assim como o experimento da Prisão de Stanford, seres humanos não lidam bem com poder.
Lola, você já tem me ajudado muito. Acho que você não está ligando nick a pessoa e acho que por que eu nunca havia falado que tinha sido no McDonalds e nunca tinha falado que fui mandada embora, sempre senti vergonha de não ter pedido a conta imediatamente.
Sempre senti vergonha, por não ter reagido, por achar que era minha culpa e por essa ter sido a segunda vez, já que eu já havia sido "tocada" por um primo do meu pai.
Vou ser sincera, ainda existem detalhes que eu sinto vergonha de lembrar e de contar.
Eu usava as vezes uma blusa preta transparente, e uma bermuda curta e nesse dia, era essa a roupa que eu estava quando cheguei para trabalhar, antes de trocar pelo uniforme.
Em 2011 você publicou um comentário meu como guest post. Esse aqui: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2011/03/guest-post-trauma-por-ter-sido-abusada.html
Eu leio seu blog todos os dias, desde 2011 e as vezes comento com meu nick "real" e as vezes com esse, principalmente quando se trata desse assunto, sobre o qual muita gente não sabe...
bjs e obrigada Lola.
Lola,queria um texto seu sobre esse episodio.que estorou hoje nas redes sociais,sei que vc ja falou sobre trotes..mais queria que vc falasse sobre esse em especial http://m.extra.globo.com/noticias/brasil/fotos-de-trote-com-conteudo-preconceituoso-geram-polemica-na-internet-7870873.html#ixzz2Nujnc9HX
roxy
Sabia que viria seu comentário tão incrível,só que não.
É perseguição agora?que infantilidade.
Resumindo as besteiras que alguns dizem aqui,vocês responsabilizam todos pelo erros de alguns.
Como no caso de haver psicopatas em relacionamento monogâmico,que matam mulheres,obviamente é verdade,mas não significa que todo mundo que viva esse tipo de relacionamento também é maniaco,foi só isso que vocês não se cansaram de vomitar aqui.
E eu já trabalhei no bob's e tinha exploração sim,mas sobre o salário que era ridículo e ainda vinha com centenas de descontos,por ex clubes disso e daquilo que ninguém usava.
Nunca vi ninguém sendo agredido e nem sendo humilhado.
E se acontecesse a culpa era do cliente? por favor né,não são os chefes que tem tratar os funcionários com o minimo de respeito?
Chris bottaro
Aí você tem razão,se você souber da exploração e consumir assim mesmo está errado.
Eu parei de comprar cosméticos que testam produtos em animais.
Mas do jeito que você falou parecia que os clientes desse mcdonald's foram coniventes pelo que aconteceu com garota.
Como é que alguém ia imaginar uma coisa dessas?
a violencia não é do caráter....
é da sensação de poder
Desculpe, Menina, é que já publiquei muitos guest posts sobre estupro, e é difícil se lembrar dos detalhes de cada um, até porque os relatos são quase sempre muito parecidos -- o que prova que estupro não é algo que acontece a uma pessoa que fez algo de errado (roupa provocante, bebeu, saiu etc) por um cara que não soube se controlar, e sim uma praga SOCIAL. Uma epidemia universal.
Espero que vc esteja melhor, Menina! Dois anos já se passaram desde o guest post, e sei que vc estava sofrendo muito. Tudo de bom pra vc, e continue comentando sempre que quiser, com o nick que for mais conveniente pra vc. Abração!
Acompanho o blog há tempos, mas raramente comento. Fico com vergonha, sei lá. Muitas vezes vi pessoas dizendo o quanto elas se descobriram e puderam se tornar (ou tentar tonar-se) pessoas melhores. Eu estou nesse time. O blog ampliou as minhas visões de mundo e de possibilidades, há posturas que eu não concordo com a Lola (o que é saudável - no meu ver - discordar), outras dos comentários, enfim, mas todos, todos ajudam a construir e repensar opiniões e atitudes. Esse blablabla todo é pra dizer que eu queria vir aqui contar uma história faz tempo, mas não tive coragem e hoje a frase: “Quando você aceita a autoridade de alguém, você se torna uma pessoa diferente." me deu o empurrão que faltava.
No início do ano pedi demissão (lecionava em uma universidade). Durante o exame demissional, a médica comentava comovida sobre a tragédia de Santa Maria. Como gente partilhávamos da dor e como gaúchas da sensação/certeza de que o ocorrido era na casa ao lado. Infelizmente, outra tragédia ocorria em outra casa ao lado, o incêndio numa comunidade economicamente frágil de Porto Alegre. No entanto, dizia ela que o feito em Poa quase uma intervenção de deus, porque não havia qualquer perspectiva de vida para aquelas famílias, eram muito pobres, drogados (palavra dela), com tantos problemas que parecia ser deus intervindo para acabar com aquela tristeza. Diferente de SM onde eram jovens, universitários, com uma vida promissora pela frente. Eu que até então concordara com ela em silêncio...continuei em silêncio. PORRA EU NÃO FALEI NADA! EU NÃO DISCORDEI! QUE TIPO DE PESSOA EU SOU? Sai do consultório desolada mais do que a fala infeliz da DOUTORA e mais com o meu comportamento. Puxa eu não concordo com nada que ela falou, eu sou a prova de que ninguém pode julgar se vidas merecem ser vividas ou não, ninguém além do próprio sujeito - se for o caso. Ela falava isso para uma professora universitária jovem, com duas graduações e que pedira demissão para continuar estudando numa das melhores universidades do país (conto isso só para contextualizar - sem narcisismos). O que ela não sabia é que essa professora nasceu numa vila chama de buraco quente, sofreu violência doméstica até os 12 anos de idade, foi responsável pela criação da irmã, só teve beber café com leite depois dos 9 anos. O que eu não sabia é que a humilhação que sofri dentro de minha casa e na minha comunidade continuaria a me calar mesmo quando o contexto estivesse me protegendo. O que eu espero ter aprendido é a parar de obedecer. Obrigada Lola e todas as pessoas que me ajudam a repensar a vida a cada nova postagem.
Lola, faça um post sobre isso, por favor?
http://www.facebook.com/photo.php?fbid=425128350913160&set=a.253112938114703.58219.100002479955452&type=1&theater
Ela apanhou do marido pq queria se separar. Postou foto no face do que resultou a agressão e relatou o caso.
Agora todo mundo ta compartilhando, indo no perfil dele e xingando, e ele com o argumento: "acha que homem tem que ser otário de mulher".
Devido a repercussão, agora ta pedindo perdão, que cometeu um erro. bla bla bla.
Eicram, muito valioso o seu relato. Acho que todxs nós já passamos por isso -- nos calamos diante de alguma autoridade que falaou algo muito, muito errado. E olha, não tenho nem certeza se vale a pena discordar o tempo todo. Mas tem coisas que não dá pra deixar passar mesmo. Ainda mais porque o preconceito e a ignorância dessa médica te ofenderam pessoalmente. Obrigada pelo carinho!
Monalisa, não creio que terei tempo de escrever sobre isso. Tô na maior correria... Mas, se vc puder, peça pra Paola me mandar um email. Talvez eu possa entrevistá-la. Consegui entrar no FB do ex-marido dela, mas não tenho FB, então não posso ler os comentários. Se vc puder me enviar alguns prints dos absurdos que ele escreveu, me mande, por favor.
Assisti esse filme. E a reação foi exatamente as descritas... Achei inacreditável...
De qualquer forma, o debate levantado sobre obediência e autoridade é complexo e relevante (há um certo consenso entre filósofos que a autoridade desapareceu do mundo moderno). A idéia liberal de que a autoridade está ligada a dominação (que foi muito bem trabalhada no livro "O FIM DA AUTORIDADE, de ALAIN RENAUT") e a ideia de que a autoridade esta em crise e é preciso restaura-la dá um ótimo debate sobre o tema... e esse filme fornece a possibilidade de uma analise perfeita para essa discussão...
TB
Valiosíssimo o relato da Eicram, tocante. Quanto às duas tragédias, é interessante perceber como "nossa" indignação é seletiva... Natural, quase, ouvir e calar. Dias depois da tragédia de SM e da vila Areia, uma granada foi jogada num dos chamados "inferninhos" do Centro. Felizmente, não explodiu. A primeira dúvida que me veio foi justamente este: será que uma tragédia de proporções similares a de SM, porém envolvendo jovens pobres e "desocupados", causaria a mesma comoçáo?
Como professora sei que o objetivo de muitas escolas é formar 'obedientes'.Quem tenta inserir o pensamento crítico dentro das aulas é perseguido por colegas e superiores.
Até agora não consegui decidir o que é mais assustador: a maldade de passar um trote desse tipo ou a alienação de obedecer alguém que você nem mesmo está vendo, que não confirmou que é policial e que te pede coisas completamente absurdas. O cara não tinha autoridade nenhuma sobre ninguém lá. Mesmo se fosse de fato policial, não é por telefone que se resolve a questão. Era tanta coisa fora da normalidade! Bastava solicitar uma viatura policial, p. ex. E aconteceu 70 vezes!!!! Gente, foram 70 vezes!!!!! É tanto absurdo percebido por quem está de fora, que é muito assustador tentar pensar o que faríamos nós naquela situação. Em princípio é impossível saber!! Sempre diremos que nunca acataríamos ordens absurdas, que não somos ovelhas, que somos críticos, que isso e que aquilo... mas sempre fica uma pulga atrás da orelha. Como ter certeza do que faríamos? A gente sempre desdenha autoridade, mas numa situação real, o que faríamos? É completamente assustador!! Como tem gente que obedece sem questionar!! Imagina então, se o que te pedem nem parece assim tão absurdo? Galera fecha os olhos e vai!!
Eu já comprei muita briga de outras pessoas, desconhecidas. Situações que me pareceram injustas ou absurdas. Tomo as dores. Falo mesmo. Uma amiga diz que qualquer dia ainda vou me dar mal, pois me meto onde não sou chamada. Mas também já me calei diante de situações que me deixaram um gosto amargo na boca, como descreveu Eicram. Situações que aconteceram comigo e que achei que não valia a pena reclamar ou contradizer (às vezes acho mais fácil defender os outros do q me defender). Algumas de machismo explícito (numa reunião de colegiado na universidade, foi dito uma “piada” que me envolvia diretamente e achei melhor deixar pra lá. estava nesta situação de autoridade. um bando de professor velha guarda e a estudante. o arrependimento de não ter respondido, principalmente pq a resposta poderia ter sido tb na forma de “piada”, me atormenta até hj.) e outras, em que poderia não ter facilitado a vida da “otôridade”. Não temos que facilitar a vida das pessoas o tempo todo. Questionar uma ordem é completamente legítimo, não destrói autoridade nenhuma e não machuca. Ao contrário, pode salvar.
(a menos que você esteja sendo enquadrado pela polícia. Neste caso, dependendo do nível de truculência policial tolerado pela sociedade contra o grupo ao qual você pertence, questionar a autoridade pode custar a vida.)
Eicram, estou também neste questionamento e aprendizado.
Cora
(sem poder logar)
Desculpem, mas nesse caso tenho que concordar com a Elen. Eu mesma já tentei boicotar tudo o que é empresa ou produtos vindos de países que não respeitam os direitos humanos e dos animais (como a China, por exemplo), e sinceramente? É impossível. Qualquer celular que vc compra tem peças feitas na China que é impossível saber a procedência. Se vc usa computador já está com culpa na carteira, pq certamente tem peças feitas com mão de obra barata.
Espero que ninguém que tenha metido o pau na Elen por aqui não boicote apenas o Mc Donalds, mas todas as empresas de fast food (incluindo as brasileiras como o giraffas) e não comam carne de qualquer espécie, visto que a maioria dos frigorífigos do país não estão nas condições adequadas de higiene, e além disso exploram seus trabalhadores e maltratam os animais utilizados para o corte. Está saindo um monte de reportagens sobre isso, inclusive. É impossível saber a procedência da carne que vc compra no mercado, por mais que o mercado seja de uma bandeira famosa e reconhecida como "correta".
Para quem leu tanto Marx, sabe o que ele mesmo escreveu sobre a economia no século XIX, e como os bens de capital são tratados na industrialização em comparação à produção artesanal. Uma etapa é feita aqui, outra é lá na puta que pariu, e nesse processo não temos garantia alguma.
A forma mais eficaz de combater esse tipo de coisa é denunciando, cobrando as autoridades as punições necessárias para os donos dos negócios, e não se calando!
agora entendo (um pouco) o péssimo atendimento nessas redes de fast food. Isso explica muita coisa. Já tinha parado de ir devido ao atendimento precário, agora então, parei de vez.
Parte 1: Lola, quero aproveitar pra deixar o meu relato, que já aviso, é extenso. Eu vivo nos EUA há pouco mais de um ano. Eu estava ansiosa para arrumar um emprego aqui, mas não conseguia de jeito nenhum, então já estava quase me conformando a ficar em casa e tentar fazer algum curso técnico quando a "sorte" bateu à minha porta. Fazia 6 meses que eu estava aqui (meu marido trabalha aqui).
Aceitei o emprego de imediato. Eu iria trabalhar em um escritório, na área de finanças. Cheguei ao local, fui bem tratada e tals, até que veio o primeiro estranhamento: teríamos que trabalhar 10 horas por dia. 7 dias por semana. Eu tentei argumentar que eu não esperava que seria tão pesado, mas imediatamente me falaram "vc tem que ficar é feliz! Vc é abençoada de estar arrumando um trampo, olha a crise que tá aí fora! Não reclame!". E bem, na verdade eu estava mesmo precisando trabalhar. Então resolvi me resignar e fazer os 7 dias, pois a grana seria boa e, de acordo com eles, isso seria só nos meses em que eu estava de experiência. Se eles me contratassem, tudo mudaria.
Acontece que o que se sucedeu foi uma série de abusos que foram tirando de mim toda a energia. Eu ia, trabalhava cinco horas, tirava uma de almoço, e depois mais cinco. Até que percebi uma coisa: ninguém tirava a hora de almoço. Eu perguntei pra minha supervisora (a menina que me treinava) o porquê daquilo, e ela simplesmente disse que é assim que funciona aqui na América. E essa hora era paga? Não.
Com o tempo, eu fui percebendo que não estava ok eu tirar minha hora de almoço. Eu estava dentro do meu pleno direito, mas havia ali uma cultura implícita que fazia com que as pessoas esperassem que você comesse no seu cubículo, caso te ligassem ou mandassem email. E realmente ligavam e mandavam email justo na hora do almoço, como que pra ter armas pra falar depois "viu, ela não estava na mesa dela". Fui e tive uma longa discussão com a supervisora. Ela me disse que realmente esperava-se que eu ficasse no cubículo na hora do almoço, mas que isso não significava de maneira nenhuma que eu não poderia tirar a minha hora. Eu estaria livre, apenas ao alcance dos olhos deles (!!!).
- D
Parte 2: Resolvi, então, almoçar no meu cubículo. Daí fui informada que teríamos que tirar meia-hora de almoço apenas, pois tinha serviço demais a ser feito. Assim fiz. Pouco tempo depois, falaram que eu poderia tirar uma hora de novo. Engraçado isso de tirar hora do almoço e ser praticamente obrigada a levar comida ou então a correr no fast-food mais próximo e comprar um sanduíche e voltar pra frente do computador, senão te olhariam feio.
Foi aí que eu comecei a adoecer. Acho que o principal era o estresse mesmo, pois, além dessa pressão pra NÃO tirarmos a hora do almoço, havia pressão a todo instante, pois tudo que vc fazia tinha que ser perfeito. Acontece que tinha momentos em que não tinha tanto serviço assim pra fazer.
Eu observei que, nesses momentos em que não tinha serviço a ser feito, as pessoas iam pra cafeteria, ou então fumar do lado de fora. Eu, como não bebo café e eles não socializariam igo mesmo, resolvi ficar quieta no meu canto...na internet.
Até que um belo dia, a supervisora veio conversar comigo. Com os olhos bem arregalados ela disse: "olha, vc não pode mais usar a internet". Eu fiquei indignada e perguntei o motivo. E ela me disse com as mesmas palavras que vc escreveu no texto, Lola: "ficar sem fazer nada equivaleria a roubar dinheiro do empregador". Explicou que eu, estando à toa, estaria roubando. Assim, usou a palavra ROUBANDO.
Eu meio que explodi, quase chorei, mas ainda assim, eu precisava daquela merda de emprego. Porém, eu resolvi que não iria mais dar meu horário de almoço assim de graça, pra quem me acusava de estar roubando dinheiro deles assim do nada.
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Parte 3: Eu já tava fodida. Tinha que dirigir milhas e milhas de distância e pegar um trânsito maluco pra chegar no horário em um escritório que eu odiava. E não podia sair na hora do almoço pq tinha que ficar on-call caso precisassem de mim. Fui percebendo que de manhã cedinho não tinha tanto trabalho, a coisa ia piorando mais pro entardecer. Então resolvi chegar um pouco mais tarde. Todos os dias, eu chegava 20, 30 minutos "atrasada". Deixa eu reforçar que esse horário de almoço que me faziam ficar em frente ao computador NÃO ERA PAGO. Então eu chegava um pouco mais tarde.
Não demorou muito e a poderosa chefona que me fazia chorar praticamente todos os dias mandou a supervisora falar comigo novamente. Detalhe: uma outra menina estava doente com os mesmos sintomas que eu. Essa menina estava lá há séculos e era tipo protegida da chefona. A menina ia pro escritório, falava que estava tonta, passando mal, pegava o laptop e ia trabalhar da casa dela. Eu, chegava 30 minutos mais tarde mas ficava lá, aguentando firme até o dia acabar.
Pois a supervisora veio me falar justamente dela. Disse que a menina estava com os mesmos problemas que eu, mas ainda assim estava no trabalho no horário certo. Me chamou de preguiçosa. Falou que eu estava sendo desonesta (novamente a idéia do roubo que eu estaria cometendo contra o empregador veio à tona). Fiquei me sentindo um lixo, não aguentei e pedi demissão. A minha experiência estava pra acabar e eles tinham manifestado interesse em me tornar permanente. Mas eu não podia mais continuar ali. Eu já estava enlouquecendo.
Durante as duas semanas que paguei aviso, tudo que ouvi foi: você é preguiçosa! Sim, Lola, eu fiquei com a fama de preguiçosa pelo simples fato de não querer trabalhar de graça. No final, a chefona lá veio e me agradeceu por tudo, disse que eu era exemplar (???) e falou na frente da equipe inteira que eu era muito rápida na execução da minha função. Eu quase falei: "pois é, sou rápida mesmo e é por isso que eu ficava na internet, pq não tinha serviço, não pq eu tava roubando de vocês". Mas deixei pra lá. Prefiro continuar sendo pobre do que me submeter. Estou vendo de arrumar trampo em outro lugar, se possível no Brasil. Meu marido também passa uns maus bocados no trampo dele, pois essa cultura que te força a ser um workaholic altamente competitivo impera por aqui. As pessoas não vivem. Por quatro meses, eu não vivi. Senti todas as minhas energias indo pelo ralo. Desculpa o desabafo tão grande. É que eu preciso mesmo ver esse filme que vc resenhou. E preciso, também, sair daqui. Urgente.
Abraços, Lola e comentaristas, gosto muito de vcs.
- D
"A culpa foi de quem obedeceu"
Nossa. É mesmo assustador pensar assim, ele é que tinha más intenções!
Tá certo que eu, pessoalmente, teria dado um jeito de não obedecer o cara.. O filme todo fiquei pensando em como seria fácil dar uma piscadela para as mulheres na sala e ir fazendo teatrinho ao telefone "Er.. Hm. Aham. Não, não tem nada na vagina dela, senhor.". Ok, não tão simples na prática como quando se vive a situação, mas um policial que se diz investigando o caso à distância e que se submete a ficar em espera na chamada enquanto tramoias-mil podem acontecer?
Aah, eu não consigo admitir que cairia nessa. Tenho certeza que ia sacar e fazer alguma coisa!
Acredito que seja oportuno falar um pouco sobre uma das piores experiências da minha vida, mas que foi talvez uma das mais ricas. Foi o momento em que aquilo que eu li entre 13 e 14 anos de idade (O capital, volumes 1 e 2) começou finalmente a fazer sentido de maneira muito mais real.
Tempos atrás, no ano de 2009, passei para o mestrado. Fiquei em quarto lugar na seleção e por um maldito por mim, porém justo, critério de desempate, fiquei de fora para uma bolsa, em princípio (a próxima seria minha, mas só deus sabia quando ela viria). Durante a graduação, provi meus estudos como pude. Tive suporte da minha mãe, mas o complementava vendendo bombons. Ao final de 2009, já cursando o mestrado, perdi o suporte financeiro da minha mãe, mas como acreditava que a bolsa ainda estava próxima, permaneci morando fora da casa dos meus pais e procurei um emprego que me mantivesse até que a bendita bolsa chegasse.
Fui chamada para trabalhar no Outback, cadeia americana de restaurantes. Sabia que o trabalho era pesado, mas entendia que era provisório e necessário naquele momento, já que, apesar de formada não poderia trabalhar como psicóloga (já que o diploma neste ano atrasou vários meses) e além disto, mesmo que tentasse atuar como psicóloga naquele momento, as vagas disponíveis seriam para um subemprego em RH, o qual geralmente paga muito mal e exige muitas horas-extras gratuitas. Como achava mais aceitável ser garçonete do que prostituir meu saber, fui de cabeça pro Outback.
Em princípio fiquei em treinamento por 10 dias. O primeiro choque é a quantidade de coisas que você precisa aprender quase que instantaneamente só para servir mesas (gente, eu não tinha ideia!). A quantidade de procedimentos era absurda, de forma que no início era impossível não errar alguma coisa, assim como era impossível errar sem levar um esporro monstro de alguma gerente (as gerentes eram todas mulheres). Isto porque as gerentes possuem olhos em todos os lugares. Os demais funcionarios são incentivados indiretamente a sempre estarem vigiando o trabalho dos demais. O incentivo, claro, era um dia alcançar o posto de gerente.
O Outback possui vários níveis de gerente, sendo os mais altos Proprietor e Kitchen Manager seguidos Manager (que era subalterno dos dois anteriores). Os demais gerentes eram Key, os quais às vezes atuavam como gerentes e às vezes serviam mesas e eram responsáveis pelo fechamento dos caixas de todos os Waiters (função headwaiter).Alguns também eram responsáveis por fechamentos dos caixas, mas não eram gerentes, mas sim treinadores, posto ocupado pelos waiters aspirantes a gerentes key.
Enfim, havia um hierárquico sistema de promoções que considerava mais a questão da obediência do que a questão da competência ou eficiência. Resumindo: se você fosse dedo-duro puxa-saco, sua ascenção era rápida, ao passo que, se você fosse "gente boa", sua ascenção era muito mais lenta. Pude comprovar isso na própria história dos funcionários. Os gentis,simpáticos e não dedo-duros eram sempre deixados de lado quando havia possibilidade de promoção, ficando no máximo no posto de treinadores/headwaiters/bartenders (exerciam as três funções).
Mas o que os dedo-duros denunciavam? Geralmente algo banal no nível da quantidade de guardapos levados à mesa ou a quantidade de essência colocada no Ice Tea. Certa vez, a proprietor passou um esporro monstrou em uma menina que colocou três bombadas de Monin (essencia) ao invés de duas e outra recebeu o mesmo esporro por levar guardanapos demais para a mesa. O procedimento era levar 1 guardanapo por pessoa. E sim, eu estou falando sério!
Logo quando você entra, há um tipo de rito de iniciação. Praticamente todos os atendentes ficam na sua cola esperando seu próximo erro e você passa o plantão inteiro levando esporro. E quando eu falo de levar esporro, falo em ser criticada de forma extremamente ríspida na frente de todos os presentes, no meio da cozinha. Sabe esporro de mãe? Imagina isso no seu ambiente de trabalho várias vezes ao dia.
Os funcionários não são sindicalizados. Eles dão preferência a contratar pessoas jovens,mas que precisam muito de um emprego. Desta forma eles conseguem funcionários "sem vícios" e sem autonomia suficiente para buscar direitos trabalhistas. Os constantes esporros são propositais, justamente para ir criando cada vez mais submissão.
O salário era de 2,59 por hora + gorjeta. Os 10% da gorjeta era dividido entre os demais funcionários do restaurante. 4% de todas as minhas gorjetas era dividido com os funcionários que não atendiam mesas (hostess, buss* e cozinha). Você pode até pensar que a divisao é justa, mas parou para pensar que apenas com os 10% eles pagavam todos os funcionários do restaurante? Ou seja, eles pagavam a maior parte do salário dos funcionários com base em uma taxa opcional e não-declarada, já que não constava na nota fiscal. Meu contracheque era quinzenal e o meu salário bruto era de uns 1500 reais, mas o líquido muitas vezes não chegava a 400,00 reais.
Horas-extras não eram permitidas. Os funcionários eram pressionados a terminarem de realizar todas as suas funções dentro do horário previsto em escala, o que quase nunca dava, visto que além de servir mesas, os atendentes acumulam várias funções.
Os atendentes levam o próprio troco de casa, fecham o próprio caixa (que depois é conferido pelo headwaiter e se der diferença o funcionário paga), limpam as mesas, recolhem toda a louça (pesadíssima), servem as mesas e no fim do expediente ainda precisam repor palitos, sal e pimenta de suas mesas, limpar as mesas, os estofados, o lustre e as cadeiras. E por escala também são definidos três funcionários por dia para inspecionar a limpeza de todas as mesas do salão, lavar todas as bandejas e limpar a cozinha. Sim! Os atendentes limpavam a cozinha também!Já contei que se o atendente não conseguisse fazer tudo dentro do tempo previsto acabava trabalhando de graça? também já contei que precisava chegar uns 40 minutos antes? POis então! E para completar, a comida dos funcionários era simplesmente horrível e não era raro algum funcionário passar mal por causa dela.Lembro que certa vez comi o bandejão da minha faculdade com emoção genuína, pois estava comendo comida de verdade. dápara imaginar a tortura de comer uma lavagem e depois passar 8 horas servindo uma comida deliciosa e cheirosa? Isso sem falar nas vezes em que não consegui chegar com antecedência o suficiente e trabalhei com fome.
Depois descobri que as Managers (uma delas era expert em fazer os funcionários trabalharem de graça) ganhavam comissão por horas-extras economizadas...
Pela descrição, dá para perceber o quanto eles ainda economizam em funcionários, não? A mais-valia extraída de cada trabalhador era a máxima possível. Para vocês terem ideia, era proibido entrar ou sair da cozinha de mãos vazias. Você precisava sempre estar ou servindo pratos (seus ou de outros waiters) ou recolhendo a louça das suas mesas ou das mesas dos demais. Fora isso, haviam os clientes. Os clientes do Outback são em sua maioria, "exigentes" e na minha opinião franca, insuportáveis! Para alguns, não importava o quanto você se esforçasse, ainda assim haveria reclamação. E essa reclamação você deve engolir em seco, porque mesmo que o cliente esteja te assediando moralmente é seu dever máximo deixá-lo satisfeito. Nunca vi um gerente defendendo um funcionário, mesmo que o mesmo estivesse apenas cumprindo os procedimentos da casa.
Com otempo, fui desenvolvendo Síndrome de Estocolmo. Passei a simpatizar com todo mundo, mesmo as piores gerentes. Com o tempo também fui descobrindo que mesmo os colegas de trabalho mais desagradáveis eram pessoas amáveis fora dali.Também como tempo, fiquei mais adaptada e mais cínica. Quando percebi que estava me tornando uma pessoa ruim, acendi o farol vermelho e pedi demissão. Aquele era o meu limite, não poderia me deixar dobrar ainda mais!
Ao longo do tempo (foram 6 meses) fui percebendo o quanto a rotatividade ali era alta. Mesmo pessoas de alto posto pediam demissão e o mais chocante foi perceber que cada uma daquelas pessoas era perfeitamente substituível. Não apenas perfeitamente, como instantaneamente!Mesmo a Proprietor era perfeitamente susbtituível se não alcançasse o desempenho desejado. Não há meritocracia no capitalismo. Se você pode ser facilmente descartado, você não tem meios de negociar suas próprias condições de trabalho, então você se esforça cada vez mais para não ser substituída. Mas não importa o quanto você se esforce: sempre vão te exigir mais e mais até a hora que você desiste e colocam outro em seu lugar.
A maioria dos funcionários adoecia em algum momento e o uso de drogas não era nem um pouco raro. Muitos funcionários saíam do plantão e enchiam a cara, fumavam como chaminés e alguns usavam drogas ilícitas (acho que chegava um momento em que o álcool e o tabaco não eram suficientes). Meu ombro nunca mais foi o mesmo (as bandejas era pesadíssimas) e muitos ali desenvolviam tendinite, bursite, tenosinovite, etc...Eu tenho tendinmite no ombro até hoje, mas a médica do trabalho disse que eu trabalhava a pouco tempo demais para ter desenvolvido alguma doença...(e ignorou o fato de que eu nunca havia tido nada do tipo antes).
E só muito tempo depois percebi o porquê de os funcionários serem incentivados a serem inimigos. Entre inimigos, as possibilidades de estabelecer uma rede de solidariedade se perde e desta forma os funcionários jamais se unem por melhorar suas condições de trabalho, jamais se unem para deixar de serem descartáveis, para deixar de ser humilhados e adoecidos.
Mas isso não é o Outback, mas o capitalismo. No sistema capitalista, o trabalhador precisa ser desvalorizado, infeliz, eternamente insatisfeito e mau. O capitalismo precisa que as pessoas sejam más umas com as outras, ou do contrário ele começa a ruir.
Dentro deste sistema, a maior resistência é ser feliz, é ser solidário, é ser amigo mesmo de quem você não conhece. O que aconteceria com o capitalismo se as pessoas se ajudassem ao invés de prejudicar umas as outras?
Repito: ser feliz é resistência! Ser amigo é resistência! Ser solidário é resistência!
O mesmo acontece com relação ao patriarcado, braço direito do capitalismo. O que aconteceria se as mulheres se amassem ao invés de competir? O que aconteceria se os homens usassem sua força para proteger e não para oprimir?
Mas resistência é difícil e por isso mesmo é nossa obrigação tentar até o fim.
Lola, printei tudo e te enviei pelo meu e-mail oficial que não é essa.
Não fiz as marcações pq tenho péssima coordenação motora em mouse. rsrs
E não consegui entrar em contato com a Paola pq o face dela é todo travado.
É, esse é os Estados Unidos maravilha. Lá as pessoas não podem nem tirar um tempo pra comer direito.
Alguns americanos que conheço já haviam comentado sobre isso, que lá se vive pra trabalhar, e aqui se trabalha pra viver. Amo meu Brasil S2
Hááá Mordred ( Feminista Indelicada) você e deliciosamente Romântica, pena que eu perdi isto há muito tempo.
Concordo com a sua visão destes ambientes carregados,e perversivos, eu já trabalhei em vários ambientes como estes, e garanto que se não tivesse o "defeito" de não saber fazer politica ( puxar saco) eu estaria em uma situação financeira bem melhor hoje, e não matando um leão por dia e fugindo de dois, eu uma viatura apertada motor 1.6, com uma "revolver canela seca" e uma cal 12 no colo, apenas para garantir o seguro da carga.
Mas deixe este humilde comedor de mingau te contar um dos segredos que aprendi com "aquele velho deitado"
NÃO E O SISTEMA QUE FAZ AS PESSOAS, MAS AS PESSOAS QUE FAZEM O SISTEMA.
O que vc viu neste restaurante de boyzinho fresco, e apenas a natureza humana se manifestando em uma selva de conservas e condimentos, as pessoas se adaptam para sobreviver.
Quanto a exploração, ela o se combate com REGRAS SOCIAIS CLARAS, e não apelando para o " anjo socialista adormecido de cada se humano"
mas sim para regras trabalhistas e de vigilância, que visem a insalubridade e dignidade dos trabalhadores.
Pois tenha certeza que quando as regras cairem, só o que sobra ,e o instinto de sobrevivência de cada um, e estas pessoas ditas "revolucionarias, anarquistas, moderninhas" possivelmente sejam as primeiras a comerem umas as outras.
maravilhoso seu comentario, mordred! eu tenho quase um filho pela boca cada vez que assisto aquele "undercover boss", é exatamente isso q vc descreveu q é considerado "mérito".
quanto ao post, é extremamente chocante, mas duvido que esse gordo filho da puta nao fosse um pervertido e nao tivesse abusado de alguem antes. isso nao existe, gente, esse tipo de ordem é absurda demais para ser obedecida (sem uma arma na cabeça, pelo menos. se o "policial" estivesse ao vivo eu até poderia TENTAR engolir essa palhaçada, mas pelo telefone??? bastava desligar e fingir q porra da ligaçao caiu).
eu me considero bem contestadora e desconfiada, o problema é realmente o medo. o medo me trava. eu me sinto intimidada e ja engoli muito sapo, mesmo vendo claramente q aquilo era assedio moral. de ir pra escada de incendio chorar de raiva, de medo de ficar desempregada e nao conseguir pagar as contas. medo de nao conseguir arrumar outro emprego que pagasse suficientemente bem sem me explorar, enfim...
quanto ao assedio sexual, eu acho mais dificil de aceitar. sei la, acho q nao tem emprego q pague isso. eu ia preferir ser demitida, mas antes ia tentar ferrar com a vida do cara e da empresa.
poremmmm lembro q tive um chefe q gostava de abraçar as estagiarias, eu era uma delas. e eu nunca falei diretamente pra ele tirar a mao de mim, mas me incomodava, eu desviava, evitava chegar perto, me desvencilhava, etc. bastava ele entrar na sala q eu ia em direçao oposta, ou encostava na parede pra impedi-lo de se aproximar, ou fingia q estava ocupada, ou ia ao banheiro, enfim.
nao era só comigo, era com todas as estagiarias. e nenhuma das outras parecia incomodada (e isso é dificil de definir, pq somos treinadas para dar um sorriso amarelo e disfarçar o constrangimento, ne, pra nao sermos mal educadas) entao eu ficava sem graça de perguntar a elas como elas se sentiam, me expor e tal. guardava o incomodo pra mim.
é aquela coisa, o cara tinha aquele jeito informalzão, era o "gente boa" do escritorio, levantar uma duvida sobre a intençao dele seria super mal visto, seria considerado paranoia, loucura, "ele é carinhoso com TODO MUNDO, menina maluca". opa, entao pq sera q SÓ meninas de 20 anos sem contrato de trabalho sao constantemente abraçadas, hein?
e tem tb o fato da nossa cultura maldita permitir q as pessoas se toquem sem grandes intimidades, o tal do calor brasileiro. eu detesto, preferia mil vezes que a gente só desse afeto a quem a gente realmente ama, nao fosse obrigado a ter contato fisico com qualquer semi conhecido pra fazer media e forçar amizade.
outra coisa q favorece muito é q as pessoas acham normal um chefe se reunir a portas fechadas com funcionarios. quando nao tem ninguem ouvindo, nada impede que abusos ocorram. desde assedio moral ate assedio sexual. o ideal é q sempre houvesse um funcionario do rh, psicologo sei la, q mediasse esses momentos em q o chefe resolve disciplinar os subalternos. ate mesmo pra q haja um registro do q é dito, q pode servir de provar futuramente.
daí eu penso que se com essa bobagem, um simples abraço, eu nao consegui reagir enfaticamente, quantas meninas nao aceitam abusos mto maiores pq sao ameaçadas de demissao? hj felizmente existem gravadores discretos, mas a gente nunca esta preparada para registrar um assedio ate sermos assediadas, ne. a gente n tem como adivinhar q o sujeito considerado legal vai decidir ser um babaca contigo.
Oi Lola!
No meu facebook está "pipocando" links para um quiz daqueles que parecem da revista capricho... é sobre o SEXO do CÉREBRO.
PQP... dá uma olhada lá, cada pergunta é uma afronta a nossa inteligência e perpetua conceitos de diferenciação de gênero...
http://oglobo.globo.com/infograficos/sexo-cerebro/
Gostaria que você comentasse sobre isto. Está baseado nesta (cof, cof)excelente pesquisa ~científica~: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI65446-15224,00-QUAL+E+O+SEXO+DO+SEU+CEREBRO.html
pq as pessoas gastariam 18 reais em um combo de um lanche que nem eh dos melhores...
e esse combro tem sei lá..quase 1.000,00 calorias??eee..é pequeno?
se não por um impulso criado pela propaganda desse produto??
e não..neh trabalho escravo não....magina...eles precisam ser açoitados pra parecer com trabalho escravo?
eh claro que eles são explorados..e é claro que eles não sabem disso..ou vcs acham que todos sabem quando estão sendo explorados?
acho que não neh?
o fda eh ver gente defendendo essas redes..
O Belchior fez uma bela canção em que diz: "E a única forma/ que pode ser norma/ é nunca fazer/ nada que o mestre mandar/ sempre desobedecer/ nunca reverenciar". Mas não precisamos ficar só no Belchior.
Na filosofia crítica, Kant argumentava que a lei não estava pronta e certa, que cada um precisava deliberar, consigo mesmo, autonomamente, a respeito de cumprir ou não cada lei, cada ordem, inclusive as ordens de seu próprio desejo.
Acho bastante fácil as pessoas obedecerem à ordens das quais não seja plenamente de acordo. Aliás, todos fazemos isso todos os dias, em graus diferentes. Quem veste o paletó também veste uma série de valores e embasa as suas ações por eles. Não é comum alguém contar uma situação do trabalho e dizer que se o mesmo ocorresse na esfera provada de sua vida, a reação ao fato seria muito diferente.
Enfim, trabalhei como atendente em alguns lugares, nunca me aconteceu nada absurdo como nessa história, mas já engoli muito sapo. Lembro que havia a possibilidade do empregador revistar os funcionários, eu mesma já fui revistada no meu local de trabalho, já fui assediada pelo meu chefe. O assédio (sexual) foi algo que me deu um nó na cabeça para lidar. Meu namorado disse que não se tratava de assédio, que o cara simplesmente estava a fim de mim. Mas, discordo. Eu não dava abertura à ele e ele promovia situações em que nós estivéssemos a sós para ser mais explícito em suas intenções. Ele era meu chefe direto e já tinha sido transferido de unidade por história semelhante com funcionárias... Como disse, contornei a situação e mantive o emprego e o patrão longe de mim.
Mas, lembro de quando trabalhava em telemarketing e não se podia levantar para ir ao banheiro e por conta disso e outros motivos fiquei doente, processei a empresa e estimulei outros colegas a fazerem o mesmo.
Acho que entra no mesmo pacote a coação que as empresas fazem para você se vestir de determinada maneira, alisar os cabelos, etc etc e esse tipo de violência eu já sofri incontáveis vezes. Felizmente hoje não passo por isso onde trabalho atualmente e agora sei dizer não, o que me rende fama de mal humorada e anti social, mas também permite que eu durma um sono tranquilo e não chegue em casa com um nó na garganta.
Concordo totalmente com a Feminista Indelicada. O relato dela poderia ser feito por mim e só seria necessário trocar o nome do empregador. Concordo com ela e digo mais: seja amigo do seu colega de trabalho, fora do trabalho inclusive. Em geral, as pessoas não estão exercendo aquela função por opção, mas por necessidade. Quando saí de um emprego no qual sofri diversos abusos, eu e mais 5 colegas processamos a empresa, individualmente, mas um serviu de testemunha ao outro. Outros grupos de colegas também fizeram isso. TODOS ganharam na justiça.
Nossa Lola, fiquei com o post no pensamento e hoje mesmo fui assistir o filme, é aquele tipo que deixa você pensativa por semanas. Em relação as redes de fast food, eu simplesmente não como nelas, algumas pessoas fazem piada e imaginam que sou contra o capitalismo, entre outras versões que adoram usar para mostrar que você é quem está errada. Na verdade, procuro não consumir o que não concordo, que envolvam: exploração, maus-tratos envolvendo animais, machismo, degradação do meio ambiente, entre outros. O que fico mais boquiaberta é que as pessoas simplesmente não fazem nada, não querem se envolver, o pior, isso não é apenas no seu ambiente de trabalho, isso pode acontecer não apenas em relação ao estupro, mas, em um acidente, um assalto, um atropelamento. O mais importante é tirar fotos, fazer vídeos absurdos do que ajudar o próximo, pior ainda é constatar que pessoas boas são raras atualmente. Me chamou muita atenção o comentário da (Feminista Indelicada) e já trabalhei durante anos na área de Medicina do Trabalho e por incrível que pareça, o mais importante não é o trabalhador e sim a EMPRESA. Os médicos eram orientados a colocar pressão normal caso estivesse alta já que se ele sofresse um infarto na rua, iriam pedir o prontuário e a culpa seria do médico, a proprietária já mudou informações no prontuário para não dar brechas ao advogado do colaborador e o pior disso tudo é a relação médico/paciente que deveria ser confidencial, simplesmente não era! Os problemas pessoais ou de trabalho eram discutidos em um telefonema entre o médico e o RH da empresa. Então, quando a (Feminista Indelicada) relatou seu problema a médica e seu problema foi anulado, ela estava ao lado da empresa, já que se houvesse um processo teria como provar no prontuário médico que isso não foi acarretado no trabalho e poderia colocar a culpa até em um lazer que tivesse, como tocar violão (Sim, eu já vi isso acontecer). Obrigada Lola e meninas, é muito bom ler esse blog.
Voltando aqui pra corroborar o que a Feminista Indelicada disse e reforçar um ponto: realmente, a competitividade é acirrada ao ponto de a inimizade ser incentivada. Eu via isso claramente nessa empresa em que trabalhei. Quando estava nos meus dias de finalmente me ver livre (aviso), eles fizeram uma reunião com a equipe e anunciaram que estava proibido fumar em grupos. E que a cafeteria era só pra pegar sua bebida na vending machine (paga) e voltar pros seus respectivos lugares. E ainda falaram da questão da internet, voltando ao ponto de que usar a internet da empresa equivale a roubar do patrão. E as pessoas acatavam na maior, pois elas não tinham escolha! Nesse sistema, é tão claro que vc é facilmente descartado e substituído que a única coisa que a pessoa sente é MEDO.
No trampo do meu marido as coisas não são diferentes, também. Acho que a vantagem é que ele gosta muito do que faz, então vai levando. Mas foi uma decepção muito grande mudar pra cá e ver o tanto que o ser humano é desrespeitado no trabalho. Ele trabalha em um projeto de nível mundial e eles praticamente obrigam-no a participar de reuniões com coreanos, indianos, chineses... e cada reunião se dá nos horários mais esdrúxulos, tipo 1 da manhã. E essas reuniões são bem extensas, coisa de 2-3 horas. Às vezes ele vai dormir as 3 pq teve reunião com chineses, e tem que acordar às 6 pq tem reunião com indianos e depois tem que estar no serviço às 8 e ele nunca chega antes das 7 da noite em casa, e ainda vem com o laptop abarrotado de emails pra responder.
Ele me disse que uma estratégia muito comum por aqui é incentivar os empregados a adquirir uma mortgage pra comprar casa. Depois que eles conseguem, fica praticamente garantido que terão um empregado exemplar que vai aguentar toda e qualquer pressão, pois a todo momento eles ameaçam demitir e jogam a carta que eles têm na manga que é "vc tem um mortgage, não vai querer perder esse emprego, né?". É triste. Meu marido, por estar em uma posição um pouco melhor na empresa, pode trabalhar de casa de vez em quando. Obviamente, jogam na cara deles que isso é o supra-sumo do privilégio, como se fosse super interessante passar a noite acordando pra participar de reuniões, muitas delas em que a presença dele não é totalmente requisitada, mas se não participar o chefe dá aquela bronca.
Enfim. Eu poderia passar horas falando. Tenho muito medo que essa cultura americana se instale de vez no Brasil. Esses relatos de redes de fast food me apavoram. Mas o problema é estrutural mesmo. Por aqui, todas as empresas são assim, não apenas os restaurantes. As leis trabalhistas no Brasil são melhores e protegem mais. Mas a gente nunca sabe como vai andar a política do país. Essa onda reacionária que vemos se instalando por aí é preocupante. Não é raro ver nas redes sociais a galera falando que o Brasil não vai pra frente pq o brasileiro é preguiçoso e que os EUA sim é que são o ideal. Ideal de exploração, né. O pior é que parece que as pessoas estão bem com isso. É triste.
Abraços, D.
E qual soldado sabe o que é absurdo, Fábio? (18/03 11:26)
Enquanto coisas assim continuarem a acontecer, anônimo (18/03 12:57), o mundo será um mundo de horror. Usar a tática do avestruz não vai resolver o problema.
concordo com a marcelly
o primeiro motivo pelo qual eu não tenho o menor interesse em redes de fast food: a comida. eu sinceramente acho que meu corpinho merece bem mais do que aquilo. segundo motivo: é caríssimo para o péssimo produto que oferece. terceiro motivo: quando saio pra comer, ja que vou gastar mesmo, prefiro restaurantes pequenos, principalmente com pouca gente, luz amarela (nao suporto luz branca parecendo rodoviária), afinal eu acho a experiencia gastronômica muito boa pra desperdiçá-la num ambiente barulhento, e eu odeio comer com muito barulho, além de caro e com uma péssima comida. então é quase obvio que eu particularmente não como em franquias de grandes empresas transnacionais ou mesmo em versões brasileiras que mimetizam a péssima comida americana além do modus operandi, pode ficar tranquila magrelinha :-)
e sim, concordo com magrelinha, hoje em dia os produtos tem peças produzidas num país, outras peças em outros países, são montados num terceiro país e por aí vai. mas penso que ainda existe forma de intervir e exigir certas políticas das empresas. e acho que a grande sacada desse sistema é justamente fazer crer que é infalível, que desde que o mundo é mundo é assim, e assim será. não será sempre assim, não! tanto é que muitas empresas gastam hoje uma grana em responsabilidade social pra ao menos parecerem corretas e conquistarem clientes mais exigentes que são diferentes daqueles que insistem em dizer que OBVIAMENTE não tem nada a ver com esse sistema escroto de exploração.
elen, eu não acho que se uma funcionária é estuprada ou agredida fisicamente, a culpa é do cliente. e também não foi isso o que a cris falou. mas acho sim que o cliente tem responsabilidade quando banca, com o consumo, uma empresa que explora trabalhadores, que nao garante direitos trabalhistas. e nem vou mais me estender porque a marcelly resumiu bastante a questão: eu não preciso ver ninguém ser açoitado na minha frente pra entender que ela está sendo explorada, escravizada. e é o meu dinheiro sim que banca essa exploração.
feminista indelicada, d. e leiololaleio: o texto do le monde que postaram aqui é excelente pra aprofundar essa reflexão! aliás, parabéns a quem postou!
ontem meu namorado fez uma pergunta que considerei interessante: e se fosse o contrário (referindo ao experimento dos choques elétricos)? e se a figura de autoridade mandasse o subordinado a praticar o bem? por exemplo, se mandasse o subordinado doar parte do dinheiro a alguém menos favorecido? como ficaria isso da obediência?
Já que mais gente postou sobre as condições de trabalho, resolvi fazer o mesmo.
Trabalhei 3 meses na Zara - e fui mandada embora por TELEGRAMA - pra mim só aí essa bosta de empresa já merecia um processo.
Eu era da equipe do final de semana, e não posso reclamar, ganhava MUITO BEM pra ir apenas sexta, sábado e domingo (algo em torno de R$1000,00). Mas aí comecei a perceber porque eu ganhava t]ao bem. Era necessário, já que o ambiente de trabalho é um verdadeiro inferno e uma guerra de egos sem fim.
Em três meses e indo apenas no fim de semana, perdi 8kg. E isso era visto como algo bom na loja. Se magra significava, ainda que veladamente, que eu poderia trabalhar na frente da loja, no setor feminino, e ser vista por mais gente, e foi o que aconteceu, saí se um setor escondido e mega bagunçado, imenso e que eu tinha que arrumar SOZINHA, atender, clientes, ir no estoque e manter um setor do tamanho de um apartamento pequeno, impecável, SO-Zi-NHA. E, se isso não fosse feito, era esporro na certa.
A maquiagem devia se manter perfeita por 6 horas, porque levávamos esporro se não estivesse, mas também levávamos esporro se fossemos até o banheiro retocar no horário de trabalho. Esporro por ficar com o celular no bolso apenas para saber as horas, esporro por usar uma presilha um pouquinho diferente no cabelo (eu levei, a gerente que veio da Renner, disse que se eu ficasse com aquele cabelo poderia trabalhar na C&A, como se a Zara fosse grandes merda).
E como me esquecer das pilhas de roupas já dobradas jogadas no chão pela gerente porque não estavam de acordo? (Pois é patricinhas, as roupas que vocês adoram são JOGADAS NO CHÃO antes de vcs levarem pra casa, recomendo lavar).
Não conhecia minha colegas de trabalho porque também era proibido conversar, e era proibido fazer hora extra, mas ai da gente se fôssemos embora sem o setor estar impecável. Fora que o estoque era mega longe e eu andava em média, sem brincadeira, uns 30 km por final de semana, de tanto ir e voltar, correr atrás de peças pra clientes chatas que se acham as donas do universo por comprar na Zara - sendo que é apenas uma C&A mais cara.
Fui mandada embora por me preocupar em apenas manter a loja impecável e não atender os clientes e por "não ter o perfil Zara" - sendo que na época 80% do meu guarda roupa era da loja, por isso quis trabalhar lá, se eu não era o perfil da loja, não sei o que é.
Também passei a simpatizar com a classe mais escrota, de puxa sacos, e ai de quem falasse mal da gerente, ela era insuportável e tratava a gente como lixo mas no fim todo mundo queria ser ela... pffffffff. No fim ainda bem que me mandaram embora, você percebe que vai enlouquecendo no lugar que vai se transformando, é horrivel.
' Foi o momento em que aquilo que eu li entre 13 e 14 anos de idade (O capital, volumes 1 e 2)'
Parei de ler aí
Terminei de assistir e estou boquiaberta. Não consigo acreditar na burrice/ingenuidade da gerente de cair numa dessas, e o pior é que são fatos reais.
Precisou a moça ficar pelada o dia inteiro, ser estuprada, pra alguém de fora dizer que aquilo tudo estava errado. É por isso que aqueles trotes de sequestro são tão comuns e tem gente que cai.
Minha mãe recebeu um trote destes e eu estava em casa na ocasião, que sorte. Ela disse que uma pessoa com "menos cabeça" ou ansiosa, ou mesmo de idade mais avançada cai mesmo, porque realmente fica alguém no fundo chorando desesperado atrás.
É muito sadismo uma pessoa se dar ao trabalho de ficar horas no telefone só pra ver o circo pegar fogo, estou indignada!
Só mais algumas coisas:
1 - Em primeiro lugar, só para esclarecer, o que aconteceu comigo foi no Brasil. A empresa fere vários pontos da CLT, mas aparentemente, eles podem...tsc
2 - A CLT não é perfeita, mas é avançadíssima em relação a vários lugares. Mas a fiscalização é frouxa e os empregados geralmente têm medo de denunciar. O que eu mudaria na CLT certamente seria uma licença-paternidade de 4 meses, concedida logo após a licença-maternidade.
3 - Fábio, eu não sou socialista, mas ex-socialista.
Mas anti-capitalista, sou com certeza absoluta. Sou anarquista humanista e acredito na auto-gestão. Por outro lado, eu sei que a humanidade não está nem um pouco preparada para ser gerida por outra lógica, o que me leva ao fato de que as revoluções precisam ser micro para que o sistema desmorone por dentro. Grandes revoluções tendem a uma contra-revolução, geralmente tão ou mais opressiva do que o sistema anterior. Para mim, mais vale promover resistência no mundo a minha volta e melhorar aqui que posso alcançar do que investir em uma revolução que nos leve a mais injustiça. Garantir justiça por meio de leis não vem funcionando, ao menos não para mim.
4 - E gente: essa de consumo consciente é tipo o ápice da ingenuidade. Consumo consciente, para mim é consumir o mínimo possível, para alimentar o sistema o mínimo possível. Claro que existem empresas que me causam profunda antipatia, mas não dá para entrar nessa de acreditar em um capitalismo mais justo. Um sistema baseado em acumulação de capital tem como ser justo?
As condições de trabalho em fast-foods é péssima, mas em restaurantes normais também!
Tem um filme do Woody Allen que o personagem dele fala que garçonete deve ser o pior emprego do mundo porque todas as prostitutas que ele conhecia eram ex-garçonetes.
E pois é, dizem que o Brasil é um país cristão, mas eu gostaria de ver algumas coisas aqui como "amai-vos uns ao outros como eu vos amo", "não julgueis para não serdes julgado", "Ama o próximo como a ti mesmo". Tem também outras passagens interessantes:
«Tendes ouvido que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te dá na face direita, volta-lhe também a outra; ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e quem te obriga a andar mil passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.» (Mateus 5:38-42)
«Digo, porém, a vós que me ouvis: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos insultam. Ao que te bate numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te tira a capa, não lhe negues a túnica. Dá a todo o que te pede; e ao que tira o que é teu, não lho reclames. Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós também a eles.» (Lucas 6:27-31)
País cristão my ass!
No Brasil, o que mais me assusta, é seguirem as regras para pessoas "comuns" (ainda que signifique ser pouco empático, solidário, ex: um funcionário público não atender alguém que chegou cinco minutos atrasado, mas tem uma boa justificativa comprovada) e burlarem todas as regras quando a pessoa dá "carteirada", diz que é amigo ou parente de alguém que detém certo poder.
Atualmente, trabalhando no serviço público, o que mais me me desanima é isso.
Há um tempo atrás vi um documentário que relatava esse experimento do choque.
Em resumo, voluntários do experimento eram orientados por um doutor (propositalmente homem de idade, barba branca e jaleco: a cara da autoridade) a eletrocutar um outro voluntário (ator) que estaria na sala ao lado todas as vezes que ele errasse a resposta, e o choque teria sua voltagem gradualmente aumentada, mas nada que colocasse a vida do voluntário em risco.
Isso foi realizado na década de 60 e a maioria das pessoas seguiu a ordem, as vezes ressabiadas, contrariadas, mas a maioria não desistia ou só desistia quando a voltagem era muito alta e os gritos de súplica do ator (que gritava dizendo-se cardíaco) eram impossíveis de serem ignorados.
Poucos se recusaram a eletrocutar antes de iniciar o experimento ou já nos primeiros erros.
O estudo foi então repetido na atualidade e o resultado foi praticamente o mesmo.
O estudo pretendia provar, em 60, que o holocausto era possível de ser repetido mesmo depois de termos visto o quão horrível ele foi, simplesmente porque há pessoas dispostas a serem carrascas o bastante para isso, ainda que não o façam de bom grado (mas fazem).
E hoje isso seria possível também.
Boa noite! Acabei de conhecer o Escreva LoLa Escrevae não consigo parar de ler!! Em relação a esse assunto, na minha opinião acho inevitável comparar com o caso das mortes na UTI no Paraná. Onde pessoas estavam " obedecendo" ordens, além do medo de represálias, e desligando aparelhos e fazendo vistas grossas para os assassinatos!
Ainda não vi o filme.
Mas também fui Mc escrava e realmente essa regra de não poder ficar parado existe. Pelo menos na franquia daqui, os funcionários fingiam que estavam limpando o que já tava limpo. Nenhum dos gerentes me ofendeu na frente dos outros, sempre me chamaram de lado e diziam educadamente o que eu tinha feito de errado.
Trabalhei também por uns meses no Wall Mart fazendo a escala das 2 as 10 da noite, mas queria mudar pra de manhã e a gerente que depois da experiencia, poderiam mudar. Passou a experiência e mudaram, mas depois começaram a pedir pra eu fazer umas horas-extras a tarde, depois a noite. Até que eu entrava as 6 da manhã pra sair 11 da noite. E vc nem podia falar que não ia pq se vc não 'quer' trabalhar, tem muitas outras pessoas que querem, a la liberalismo.
Depois descobri, ninguém tem a escala de manhã, são todas horas-extras. É muito mais negócio pra eles pagarem horas-extras do que contratar mais funcionarios, já que de manhã tem pouco movimento. E ai de vc se faltasse de sex/sab ou domingo, vc ouvia um monte de merda, era chamada de 'vagabundo' nas entrelinhas. Os funcionários são os únicos que se ferram nesse esquema, acabam com saúde.
Tem uma outra rede de mercados aqui também, que a escala deles é: uma semana manhã/tarde e outra tarde/noite, ou seja, se a pessoa quer fazer uma faculdade ou curso, sem chance. E quando o concorrente do outro bairro, fica aberto até mais tarde, esse resolve ficar aberto até mais tarde ainda. E no mesmo esquema do wal-mart de horas extras, se não quiser, tem gente que quer.
Tem um barzinho aqui também, que o horario de trabalho é das 4 da tarde até as 4 da manhã do outro dia. Eles pagam por hora. Quando não tem movimento no local, dispensam vc. Creio que isso seja ilegal no Brasil.
Mas não posso julgar, mas morro de pena de pessoas que tem que se submeter a isso pq tem filhos ou ajudar mãe e pai.
Passei também por uma experiência parecida com a da Feminista Indelicada em um restaurante que seguia quase aquele mesmo padrão. Aguentei 3 dias até me mandarem embora, era a sensação de estar sendo vigiada, era gerente ali no meio do salão te olhando pra ver se vc erra, carregando pratos pra lá e pra cá em um chão liso e morrendo de medo de escorregar. No último dia, eu não aguentava de dor nos pés e depois dos clientes terem ido embora, e eu estar secando os talheres do lado da mesa, eu não aguentei e sentei na cadeira enquanto enxugava, claro que todos os funcionarios pararam pra me olhar, mas ngm falou nada e eu fingi que não tinha nada demais. Depois que foi todo mundo embora, o dono me chamou e falou que eu não tinha o perfil, bla bla bla.
Coloco todas as palavras do post da Feminista Indelicada e da outra que trabalhou no EUA no meu post.
@thomas
blablablá, vocês não ser levadas a sério desse jeito, blablablá meu todinho, blablablá...
blááááá!!! conversa fiada!!!
meu c* pra você!!! ch*pa de canudo q sai chocolate!!!
contra ficar bêbada demais em qqr situação. mas se um dia ficar e for estuprada, vou saber que a culpa é do FDP do estuprador!!!
Lola, eu não tenho mais fé na humanidade, tenho fé em indivíduos, algumas pessoas que vencem nosso instinto egoísta e sádico e são capazes de atos de extrema compaixão. Rousseau errou quando disse que somos naturalmente bons, não somos, essa tese não se sustenta com um estudo básico sobre a história da humanidade. Somos brutais, violentos e cruéis, é apenas com uma boa educação, com uma sólida formação moral e com o medo da punição que não exercemos nossa brutal natureza. Você já ouviu falar do experimento de Stanford? Dá uma pesquisada, vale a pena conhecer, é aterrador.
Sou leiga, mas tenho pra mim que aqui no Brasil o cara não escaparia. Falsidade ideológica é crime, agravado pelo fato de ter se passado por um policial, que é um funcionário público. E incitação a crime, que eu saiba, também é crime.
Quem absolveu esse homem deve achar também que Charles manson não fez nada e deveria ter sido absolvido...
Nossa... vi esse filme ontem! E só hoje vim aqui no blog e vi o post. Que coincidência! Tive que comentar, hahahaha.
Estava procurando algo sobre a história real do filme e não encontrei. O bom é que posso ler aqui agora. rs
Enfim, vou ler o post.
Recentemente passei por uma situação de abuso de autoridade por parte de minha chefe e não deu outra: não aceitei e fui pra rua. Enfim. Eu sempre achei que algo que certamente ajudaria muito na educação do brasileiro seriam aulas sobre a constituição, direitos e deveres. Um cidadão verdadeiramente bem formado sabe reconhecer oq é aceitável e o que é absurdo, tal como receber ordens de um suposto policial no telefone.
Quando se está numa posição de desvantagem, tal como as mulheres frente à sociedade machista, torna-se imprescindível conhecer ao menos o básico sobre seus direitos. Eu recomendo isso fortemente a todas aqui.
Vai estudar poque anarquismo não é nada disso que você falou. Não é a ausência de ordem e sim a ausência de governantes. A sociedade gerencia a si própria, com regras definidas por ela mesma e com a participação de todos. As pessoas deveriam estudar mais antes de escrever besteira e expor pré-conceitos desse tipo.
Parabéns pelo blog, só consegui assistir o filme até o fim depois de ler seus comentários, porque o mal-estar que o filme provoca é imenso e precisei dessa "ajuda"... Obrigada!
Ah claro, até pq ela nem sofreu traumas depois né? Acho que vou querer que aconteça a mesma coisa comigo, pq deve compensar passar por toda essa humilhação pra ganhar 6 milhões no final né?
É brincadeira... Tem ser humano que só pode estar brincando.... Pessoas tipo vc não deveriam existir, vê se acorda, cara -.- babaca
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