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Quando esta americana frágil e minúscula surgiu para abalar o circuito das resenhas, ela já estava na meia idade. Ela começou malhando um filme de Chaplin e depois massacrou “A Noviça Rebelde”, sem jamais temer ir contra a opinião da massa ou da crítica especializada. Em 1967, ela viu e amou “Bonnie e Clyde, Uma Rajada de Balas”, cuja exibição os produtores queriam restringir a drive-ins do Sul dos EUA. Pauline redigiu um artigo de nove mil palavras sobre o filme, elevando-o à arte e mostrando que não só os europeus faziam cinema de qualidade. A revista para qual ela escrevia na época recusou-se a publicar o artigo, e ele foi parar na prestigiosa “The New Yorker”, onde Pauline arranjou um emprego que durou décadas. O texto salvou “Bonnie e Clyde” do ostracismo e lançou Pauline como irrefutável formadora de opiniões.
Ela tinha seus preferidos, como Robert Altman e Scorcese, mas em geral era justa e seguia seus impulsos. Era extremamente pessoal nos seus artigos (ué, opinião não é sempre pessoal?) e escrevia brilhantemente, cheia de som e fúria, denunciando excessos de comercialismo e de pretensões. Não se impressionava com Bergman e teve a audácia de sair no meio da projeção de “Casanova” de Fellini. Ela colocava tantas análises e tiradas em seus artigos que, geralmente, eles eram muito mais divertidos do que os filmes em questão.
É lógico que, com tanto poder, ela não era fácil. Tinha inúmeros inimigos. George Lucas nomeou o vilã
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Mais recentemente, já aposentada, ela declarou que “a pior corrupção de um crítico é o desejo de manter seus leitores felizes a todo custo, elogiando filmes que o público irá adorar, como ‘Independence Day’”. Dá pra discordar? Pessoalmente, eu ficava orgulhosa quando, depois de tecer meu próprio comentário, lia em algum lugar que a Pauline pensava igual. Isto ocorreu, por exemplo, no nosso total desprezo pelo Oliver Stone e na paixão pelo Jim Carrey. Mas o que eu sinto é irrelevante, e a verdade é uma só: morreu a maior crítica de todos os tempos. Os cinéfilos sentirão saudades.