CLÁSSICOS: O EXORCISTA / Fatos sobre O Exorcista

•"O Exorcista" (1973) é baseado no best-seller de William Peter Blatty, que também escreveu o roteiro e produziu o filme (e que, em 1990, dirigiu "O Exorcista III"). Como produtor, ele andava à procura de um diretor. Enviou o seu livro a vários cineastas, sempre com a mesma dedicatória: "se você não fizer este filme, ninguém mais o fará". Muitos o recusaram. Finalmente, William Friedkin aceitou.

•Friedkin tinha então trinta e poucos anos e já havia recebido o Oscar por "Operação França" (1971). Para ganhar a estatueta, ele teve que derrotar Kubrick e sua "Laranja Mecânica", um filme, aliás, infinitamente superior. O ego do jovem e talentoso Friedkin era do tamanho do Titanic antes de afundar. Ele já era odiado em vários círculos.
•Blatty e Friedkin se conheciam, pois ambos haviam trabalhado para a TV. Blatty particularmente se recordava de Friedkin ter chamado um roteiro televisivo de sua autoria como "a pior m**** que eu li na minha vida". O que estes dois cavalheiros tinham em comum? Uma fixação por suas mães, que ambos viam como santas. A mãe de Blatty havia morrido recentemente, e ele tentava comunicar-se com seu espírito.
•Na época, "O Exorcista" parecia impossível de ser realizado. Os efeitos especiais pedidos pelo livro – levitação, possessão, espíritos – passavam longe da tecnologia disponível no início dos 70.
•Blatty queria Marlon Brando no papel de Padre Karas, mas Friedkin vetou seu nome. Sua explicação era de que, se contratassem Brando, "O Exorcista" seria visto como filme de Brando, não deles (querendo dizer seu, claro).
•As fofocas apontam que Friedkin não era exatamente um carinha bacana: ele era autoritário, tratava mal as mulheres, era teimoso e histérico. Ele passava de "você é meu melhor amigo" a "você é meu pior inimigo" em matéria de segundos. Ele despedia pessoas todos os dias, fazia cenas e destruía coisas. Sete anos depois, ao sobreviver a um enfarte, Friedkin afirmou: "Gostaria de poder dizer que o ataque cardíaco me fez uma pessoa melhor, mas não acho que seja verdade".
•O filme estava orçado, originalmente, em 1 milhão de dólares. Subiu para 4, e finalmente para 12.
•Friedkin era um diretor técnico, mais absorto com efeitos especiais e lentes do que com atores, de quem ele não gostava. Ellen Burstyn, que interpreta a mãe, lembra-se: "Ele gostava de manipular atores, gostava de truques. Mas ele sempre foi ótimo comigo, a não ser na ocasião em que ele permanentemente machucou minha coluna".
•O estúdio Warner decidiu lançar o filme em pequena escala, em apenas 30 salas, um dia após o Natal. Burstyn se lembra de estar vendo TV. "Transmitiram imagens de pessoas em Montreal numa fila às 4 da manhã, esperando o cinema abrir, e estava 20 graus abaixo de zero. Eu pensei, como que um filme pode causar este tipo de impacto antes mesmo de estrear?".
•"O Exorcista" fazia com que parte de seu público desmaiasse, tivesse ataques histéricos e vomitasse. Havia informações de abortos e enfartes. O número de pedidos de exorcismo para a Igreja Católica subiu drasticamente. Um bispo declarou, "Prefiro tomar um banho em estrume de porco a ver este filme".
•"Este filme" fez enorme sucesso. Arrecadou US$ 160 milhões na época em que os ingressos valiam US$ 3 (não os 7 ou 8 dólares de hoje). Foi indicado ao Oscar em dez categorias, mas concorreu com "Golpe de Mestre" e acabou recebendo apenas dois Oscars técnicos.
•Alguns filmes dos anos 70 (mais especificamente "O Poderoso Chefão", "O Exorcista", "Tubarão" e "Guerra nas Estrelas") mudaram a indústria cinematográfica para sempre. Todos eles quebraram recordes quando foram lançados e, como a indústria cinematográfica é, acima de tudo, uma indústria, determinaram como os filmes seriam feitos dali em diante. E para quem.
•Algumas pessoas amam "O Exorcista". Outros críticos, no entanto, atestam que "o filme apresenta um pesadelo da puberdade feminina. A sexualidade feminina emergente se iguala à possessão demoníaca, e os homens no filme – quase todos padres celibatos – se unem para abusar e torturar Regan, em seus esforços para retorná-la à uma inocência pré-sexual. ‘O Exorcista’ está cheio de nojo para com as funções fisiológicas femininas. Ele está ensopado em uma espécie de pânico menstrual". ("Carrie, A Estranha", três anos depois, é outro terror com a menstruação como tema).
•Sem entrar tão a fundo na análise psicológica, pode-se dizer que "O Exorcista" é puro entretenimento. É um filme de terror com a finalidade de assustar seu público e seu objetivo é plenamente atingido. A verdade é que é um clássico que tem sido imitado inúmeras vezes e influenciado uma geração inteira de cineastas. A outra verdade é que Friedkin nunca mais fez um filme de sucesso de lá pra cá.

Frases de "Easy Riders, Raging Bulls: How the Sex-Drugs-and-Rock’n’Roll Generation Saved Hollywood" by Peter Biskind (1998).FACTS ABOUT THE EXORCIST

DID YOU KNOW THAT....?
•The Exorcist (1973) is based on the best-selling novel by William Peter Blatty, who also scripted and produced the film (and who, in 1990, directed The Exorcist III). As the producer, he was looking for a director. He sent his book to many directors, with the same inscription: "If you don’t make this movie, nobody will." Many refused it. Finally, William Friedkin accepted.
•Friedkin was in his early thirties and had won an Oscar for The French Connection (1971). To get that Oscar, he had had to defeat Kubrick for A Clockwork Orange. Friedkin was young and talented, and his ego was the size of the Titanic (before it sank). He was already hated by many.
•Blatty and Friedkin had already met, since both had previously done some TV work. Blatty rememberedFriedkin calling a TV scrip of his "the worst piece of s*** I ever read in my life." What did those two gentlemen have in common? A fixation on their mothers, who both saw as saints. Blatty’s mother had died recently, and he attempted communication with her spirit.
•At the time, The Exorcist seemed impossible to make, since the special effects – levitation, possession,poltergeists – were way beyond the state of the art. Blatty wanted Marlon Brando for Father Karras, but Friedkin vetoed him, explaining that, if they cast Brando, it would be Brando’s picture, not his.
•By all accounts, Friedkin was not exactly a nice guy: he was authoritarian, treated women horribly, wasstubborn and hysterical. He would go from "you’re my best friend" to "you’re my worst enemy" in a matter of seconds. He would fire people every day, making scenes and destroying things. Seven years later, when he survived a cardiac arrest, he stated, "I’d like to say that the heart attack made me a better person, but I don’t think so."
•The film’s budget was originally US$ 1 million. Then it escalated to 4, and finally to 12.
•Friedkin was a technical director, more involved with the effects and lenses than with the actors, whom he did not like anyway. Ellen Burstyn, who plays the role of the mother, recalls: "He liked to manipulate actors, he liked tricks. But he was always great with me, except when he permanently injured my spine."
•Warner decided to open the movie small, in only 30 theaters, one day after Christmas. Burstyn remembers watching TV. "There was a shot of people in Montreal standing in line four in the morning waiting for the movie theater to open up, and it was forty degrees below zero. I thought, How can a movie have that kind of impact before it even opens?"
•While watching The Exorcist, people collapsed, fainted, broke into hysterics, threw up. There were reports of miscarriages and heart attacks. The number of requests for exorcisms by the Catholic Church increased dramatically. One bishop said, "I’d rather take a bath in pig manure than see the film." The film was a huge success. It grossed about US$ 160 million in the days of $3 tickets. It was nominated for 10 Academy Awards, but it ran against "The Sting" and ended up only getting two technical Oscars.
•Some movies from the 70s (The Godfather, The Exorcist, Jaws and Star Wars) changed the business forever. They all broke records when they were released and, since the movie industry is an industry, determined how movies were going to be made from then on. And for whom.
•While some people love the film, other critics affirm that "it presents a nightmare of female puberty. Emergent female sexuality is equaled with demonic possession, and the men in the picture – almost all celibate priests – unite to abuse and torture Regan, in their efforts to return her to a presexual innocence. It is filled with disgust toward female bodily functions. The Exorcist is drenched in a kind of menstrual panic."
•Without going so deep in psychological analysis, we can say that The Exorcist is entertainment. It is a horror movie set out to scare the public, and it achieves its purpose. The truth is that it is indeed a classic, which has been imitated countless times, influencing an entire generation of filmmakers. Oh, another truth: Friedkin never made a sucessful movie again.

Quotes from "Easy Riders, Raging Bulls: How the Sex-Drugs-and-Rock’n’Roll Generation Saved Hollywood", by Peter Biskind (1998).