sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

IMAGINA SE OS BANCOS FOSSEM RACISTAS

Mais uma arte formidável do Cris Vector

Ontem a empresária, blogueira e digital influencer Lorenna Vieira denunciou o banco Itaú por racismo, e a tag #ItauRacista passou horas nos trending topics do Twitter.
Quando ela foi à agência no Rio para desbloquear um cartão e tentar sacar R$ 1.500 da sua conta, funcionários da agência disseram que a pessoa da identidade não era ela e que a movimentação da sua conta era anormal. 
E chamaram a polícia. Lorenna foi levada à delegacia e liberada depois de fazerem perguntas sobre seu marido, o DJ Rennan da Penha, checarem seus dados e constatarem que ela não tem antecedentes criminais. 
Ela avisou que vai processar o banco.
Sabe quem mais é correntista do Itaú? O chefe das milícias de Bolso, Queiroz. Em dezoito meses, ele sacou R$ 661 mil, o que dá uma média de quase 37 mil reais sacados por dia. Adivinhe quantas vezes a polícia foi chamada? 
UPDATE: O SBT e alguns outros veículos noticiaram que laudos periciais  mostraram que o documento apresentado
por Lorenna era falso e que a digital na cédula não pertence a ela. Nas consultas preliminares, todos os dados na identidade batiam com os do sistema. Novas perícias foram solicitadas e testemunhas serão ouvidas.
Quanta gente comemorando essa notícia? Vocês são o quê, familiares do Olavo Setúbal, acionistas do Itaú ou simplesmente pobres de direita?

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

JUSTIÇA PARA MARIANA

Naílle Conceição, estudante no interior da Bahia, me disse: 
"Escrevi esse texto depois de tomar conhecimento do caso da Mariana e fiquei inconformada com a falta de visibilidade, a insensibilidade por parte das embaixadoras do clube e dos sócios, além da morosidade da justiça. Mariana foi muito corajosa em compartilhar sua história e com ela poderá salvar muitas meninas. Eu só quis ajudar".
A segunda audiência de instrução e julgamento para ouvir as últimas testemunhas está marcada para a semana que vem, dia 4 de fevereiro. Não vamos arredar pé. No dia 26 de janeiro a tag #maribferrer esteve no topo dos TTs durante várias horas. Prova de que Mari tem muito apoio e não está sozinha. Fiquem com o texto da Naílle para entender o caso sobre esta injustiça gritante contra Mariana (e contra todas as mulheres).

15 de dezembro de 2018, uma festa em um Beach Club badalado em Jurerê Internacional (Florianópolis), cheio de gente bonita, música, comida e bebida. Parece o início de uma matéria de revista sobre o deslumbrante estilo de vida de ricos e famosos, onde a maior preocupação é manter o espumante gelado. Na superfície, pode parecer que sim, mas o que a fachada glamorosa esconde nada mais é que abominável e criminoso. Mariana Ferrer, uma moça de então apenas 21 anos, havia sido contratada para a função de embaixadora do local, pois trabalhava como digital influencer. Parecia ser um dia como qualquer outro na sua agenda promissora, e ela foi trabalhar.
Mariana foi vitima de um crime brutal e premeditado. A jovem foi violentada em um espaço reservado do clube, cujo interior era desprovido de câmeras de segurança e do qual ela saiu cambaleando, como mostram as poucas filmagens disponibilizadas pelo estabelecimento. A garota havia sido levada para o “matadouro”, como o local é chamado por alguns que o conhecem bem, por um homem depois identificado como André de Camargo Aranha, empresário do ramo esportivo, de família rica e influente, motivo talvez que o levou a pensar que suas ações não teriam consequência, que roubar a virgindade, a paz, a vida social, as noites de sono, a tranquilidade de Mariana e sua família não teria relevância. 
As evidências que foram preservadas, apesar dos esforços daqueles que se diziam amigos e parceiros da garota, detalham o acontecido, desde o comportamento errático e os efeitos colaterais das drogas colocadas na bebida -- apenas um gim, como a comanda que ela depois apresentou denota -- aos áudios desesperados pedindo ajuda e sendo respondidos com um cinismo e uma frieza absurda ao sangue e sêmen nas roupas. 
Ao ser chamado para depor, o acusado não esperava que a pessoa que tomou seu depoimento fosse colher seu DNA de um copo d’água que ele havia bebido. O empresário havia se recusado a doar material depois de conversar com seus advogados (estranho, não acha, essa postura de um inocente?).
Além disso, há vários relatos de outras jovens que passaram pelo mesmo horror, o que leva a crer que há uma “rede de estupro” nessa região, que atua há bastante tempo e conta com a morosidade da Justiça e o dinheiro como aliados. 
As portas do "matadouro" foram abertas por um sócio do clube, que depois de emitir um comunicado mal-feito sobre o caso, fez o que os outros donos do local e amigos de André continuam fazendo nas redes sociais para quem pergunta sobre o caso: bloqueiam comentários, ignoram e seguem suas vidas. E daí que aquela menina foi violentada? Vamos para Noronha curtir o réveillon!
O incrível laudo de uma médica
legista (clique para ampliar)
Após o reconhecimento do local e do acusado, o modo como a investigação estava sendo conduzida mudou. Há varias coisas incomuns acontecendo -- afastamento de profissionais, demora em realizar certos procedimentos, dificuldade de acesso a arquivos por parte dos advogados da vítima, falhas na proteção de Mariana, entre outros. Além disso, Mariana recebe ameaças. Prints de grupos de Whatsapp de funcionárias do clube mostram mulheres debochando da garota, procurando sua localização e difamando-a. Outra mulher, uma médica legista, usou suas fotos para tentar montar um perfil “narcisista e exibicionista” da jovem, para desqualifica-la. 
Além disso, muitas personalidades da mídia que afirmavam que iriam ajudá-la divulgando o caso desistiram abruptamente. Em seu perfil no Instagram, Mariana conta que uma emissora de televisão, a Record, entrevistou sua advogada Thayse Pozzobon, mas o segmento nunca foi exibido na televisão. No SBT o caso foi abordado, mas de maneira tendenciosa, como se isentasse o denunciado de sua culpa e a transferisse para a vítima. Da Globo não se pode esperar muita coisa, pois o pai de André, Luiz de Camargo Aranha Neto, já representou a emissora em diversos casos, assim como grandes empresas, como a Magazine Luiza.
A foto que abre o post é de Mari
um ano depois do crime que
sofreu. Esta e outras são de antes
Ao tomar ciência desses fatos, é possível perceber parte da dimensão da grande batalha enfrentada por Mariana e sua família, há mais de um ano. Ele não está preso. Mas ela está. Presa naquela noite, presa às lembranças confusas, dentro de casa, com medo de sair, com medo de barulhos, como uma criança indefesa, sobrevivendo aos dias que se seguem em busca de justiça, vendo sua mãe definhar pela preocupação e pelo descaso com o qual elas vem sendo tratadas. Isso motivou sua decisão de expor os acontecimentos em redes sociais, cinco meses após a denúncia.
Durante os últimos dias, o julgamento de Harvey Weinstein tomou os holofotes. Um homem poderoso que muitos julgavam intocável, com fama, dinheiro e influência estará no banco dos réus para sofrer as consequências de seus crimes. O que o levou à derrocada foi a união não apenas das vítimas, mas de outras mulheres e homens que compartilharam suas histórias, cobraram dos órgãos adequados que tomassem uma atitude, e fazem questão de não deixar ninguém esquecer o que ele fez e o que ele é, inclusive cantam na frente do tribunal as palavras certeiras “O ESTUPRADOR É VOCÊ”.
Segundo as autoridades envolvidas no caso, André, assim como Harvey, abusou de uma menina e transformou sua vida em uma tarefa árdua que ela tem que executar todos os dias, num mar de incertezas, pesadelos, medo e raiva. Mas nós podemos ajudar para que a justiça seja feita. Vamos fazer barulho. Vamos mostrar que não esquecemos o que ele fez com Mariana e sua família. Queremos justiça. Queremos que nos dias 04/02 e 06/02 o caso seja julgado de forma transparente e que ele seja condenado. 
Eu peço para que você que está lendo para que procure as redes sociais de Mariana, compartilhe seus posts, marque os perfis referentes a órgãos públicos especializados e entre em contato com ela para oferecer auxílio, se puder. É necessário fazer barulho para trazer visibilidade não apenas ao caso dela, mas também ao de muitas outras mulheres vítimas do mesmo crime. É importante procurar e prestar apoio a outras pessoas que foram dopadas e/ou violentadas, não apenas no Café ou em Florianópolis, mas em todos os estados do Brasil. Também devemos alertar as pessoas para que não frequentem mais esse local e das precauções que devem ser tomadas em relação ao assunto. O silêncio pode facilitar muitos crimes.
Não podemos voltar no tempo ou devolver a Mariana sua vida de antes, mas podemos auxiliá-la a cumprir sua tarefa no futuro, deixá-la menos árdua. Não podemos ficar parados enquanto tudo isso acontece, pois assim como aconteceu com ela, pode acontecer com outras mulheres, nossas filhas, irmãs, amigas, vizinhas, colegas ou desconhecidas que, assim como ela, têm o direito de viver a vida livre da ameaça do estupro.
Ao olhar suas fotos antigas em matérias de revistas, vi uma menina bonita, leve, jovem e com um grande futuro pela frente. À ela eu digo, Mari, seu futuro não está perdido. Sua vida ainda nem começou. Você vai conseguir justiça e tudo que você merece, uma vida plena ao lado de sua família, sua gatinha e aquele sorriso encantador que está guardado aí. Pode levar algum tempo, mas vai dar tudo certo pra você. Tenho certeza.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

BONS TEMPOS EM QUE A LOLINHA GANHAVA BOLÃO

- Vamos apostar que a Lola ficará em último lugar  no bolão do Oscar deste ano?

Até alguns anos atrás, uma das graças de participar do meu tradicional bolão do Oscar era ganhar de mim. Mas isso faz tempo, quando eu ainda ia ao cinema. Quando eu era uma concorrente à altura. Quando eu ganhava os bolões. Infelizmente, nesta última década (2010 a 2019) foram raras as vezes que isso aconteceu. Pelos meus cálculos, eu ganhei só em 2015. Que tristeza! 
Mas o Júlio César, que organiza todo o bolão há anos, é saudosista. Ele, que participou do bolão pela primeira vez em 2008, deve se lembrar dos meus bons tempos (perguntei pra ele e ele me contou que começou a organizar o bolão em 2009 e só venceu uma vez, em 2011, empatado com outra pessoa. Eu lembro que teve uma vez que a gente fez as mesmas apostas pra tudo!). 
Ah, e a gente finalmente se conheceu pessoalmente no ano passado, em Maceió. Temos uma foto pra provar! 
Bom, eu nunca fiquei em último lugar no bolão, mas teve um ano aí, não lembro qual, que foi humilhante demais pra mim. Acho que eu tava com 0 acertos em 10. Lembra, Júlio?
Enfim, se você quiser entrar no bolão pra humilhar esta que vos fala, fique à vontade. Mas entre, tá? Clique aqui pra participar do bolão grátis ou aqui para o bolão pago (custa R$ 25, as instruções você lê neste post).
E eu tenho que falar sobre Era uma Vez em Hollywood, né? Acho que vou fazer um vídeo.
Lolinha no dia 9/2 ao ganhar o bolão pago sozinha 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

A NOVA VELHA POLÍTICA DE ALFABETIZAÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO

Publico hoje o texto de Viviane Ester de Barros, professora da Educação Básica há 29 anos, em Petrópolis, RJ. A professora, que é "Apaixonada pela educação e sedenta por justiça social", tem graduação em Pedagogia e Letras e pós-graduação em Linguística.
Recentemente, o presidente fez uma crítica às políticas de alfabetização das administrações anteriores. Declarou que livros didáticos têm muita coisa escrita e que cartilha boa era a Caminho Suave, insinuando que as crianças não aprendem em consequência dos métodos utilizados nas escolas. Essa é uma análise simplória e que precisa ser analisada à luz dos movimentos de inclusões diversas nas últimas décadas.
Historicamente, a dificuldade na alfabetização de alunos nas escolas públicas transitava pela questão dos métodos, que são muitos. Alguns deles partem de unidades sonoras mais simples, para construções mais complexas: fonema, sílaba, palavra, frases e orações. Estes foram os mais usados.
Outros partem do princípio de que a compreensão dos sentidos e finalidades do texto são essenciais para que o educando seja efetivamente um leitor. Com base nisso, a decodificação das unidades mais simples é paralelamente trabalhada ao entendimento do texto como mensagem, abrangendo diferentes gêneros textuais, o estudo das finalidades de cada gênero, os usos e sua relação com a realidade, tendo como objetivo as práticas sociais da leitura e da escrita.  
Todo este processo é chamado de letramento. Inclui não só a decodificação (o tal b+a faz ba), como a leitura no sentido mais amplo (conseguir executar uma receita pela compreensão das partes deste gênero textual).
Os métodos que partem das unidades menores ensinam uma técnica de decodificação. Os que partem do contexto abrem horizontes para que alunos e alunas utilizem a técnica para suas vivências.
Você pode, então, pensar que isso é óbvio. Não. Não é.
Quando as crianças (vou me ater à escolarização na idade adequada) têm modelos leitores, elas têm mais noção das práticas sociais, porém lidamos com várias que não vivem em ambientes que proporcionem experiências leitoras nem têm famílias escolarizadas. Isso significa que compreender o papel social da escrita demanda acessar diversos modelos desta prática.
Os métodos que consideram a função social da escrita são científicos, partiram de estudos linguísticos e da epistemologia (estudos que procuram os caminhos de como aprendemos). Para a aquisição da leitura e da escrita, o termo é psicogênese da língua escrita. Não é coisa de amadores. Temos cientistas que estudaram muitos anos para chegarmos a essa práxis.
O grande nó na prática pedagógica é que o fazer docente precisa de acompanhamento, para garantir que as intervenções no processo da aprendizagem sejam efetivas. Professores precisam saber em que fase da compreensão do sistema a criança está e oferecer a ela ferramentas para que prossiga na compreensão do sistema. Não há prescrição predeterminada e as escolhas dos professores e das professoras devem ser cirúrgicas: como, quais textos devo selecionar, de que meios preciso dispor para que as crianças percebam regularidades, etc.
Acreditamos que oferecer frases do tipo O BEBÊ BABA, O BOI DÁ LEITE, OLAVO VIU A UVA não contribuirá em nada para que a leitura e a escrita possam realmente transformar e oferecer motivação para que discentes caminhem para a leitura do mundo, condição tão essencial para a emancipação de cada brasileiro.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

12 ANOS DE BLOG

Pessoas queridas, hoje meu bloguinho faz 12 anos! 
Eu em Detroit 12 anos atrás
Na realidade não sei o dia exato em que comecei o blog, apenas que foi no final de janeiro. Era 2008 e eu estava congelando de frio em Detroit, na metade do meu doutorado-sanduíche. 
Muita gente acha que comecei em 1998, porque aqui tem posts dessa data, mas não, foi em 2008 mesmo. 
A professora Carla Rizzotto fez
do meu blog seu objeto de
pesquisa (leia artigo aqui)
É que bem antes disso, desde março de 98 (até o final de 2011), eu escrevia pro jornal catarinense ANotícia. E, quando comecei o blog, tratei de encontrar o máximo de artigos meus que estavam online para colocá-los aqui. 
Comecei o bloguinho sem saber praticamente nada de blogs (ou de internet em geral), e continuo sabendo muito pouco, só o básico. Agora que os blogs estão quase mortos é que não vou aprender mesmo! Mas eu sigo adiante. 
Algumas e alguns de vocês devem ter notado que em junho eu comecei um canal no YouTube, o Fala Lola Fala (por favor, inscrevam-se e apareçam de vez em quando!). De lá pra cá fiz uns vinte vídeos. Estou com 11,300 inscritos, beeem devagar. Por enquanto, vou tocando, mesmo sem grande ânimo.
Eu gosto mais de escrever. Meu problema é, e sempre foi, a falta de tempo. Como vocês sabem, eu não vivo disso. Tenho uma profissão (professora universitária) que exige muita dedicação. Quem é professor(a) sabe.
Não sei quanto tempo vou continuar com o blog e com o canal. Penso em parar de trabalhar (diferente da aposentadoria, que é só quando eu chegar aos 60 mesmo) daqui a alguns anos, e a ideia é parar com tudo, até com o blog. Mas não sei ainda se é isso mesmo que eu quero. 
Grande emoção: almocei com
Laerte em fevereiro do ano
passado, em SP
Só sei que 12 anos de blog é muito, muito tempo, uma eternidade! Mas vou persistindo. Podem deixar que tudo aqui é transparente. Eu nunca abandonaria vocês de repente. Avisaria antes, explicaria. Eu não escondo nada, e o pior: não tenho nada a esconder. Digo "pior" porque não seria emocionante se a minha vidinha fosse cheia de aventuras, contas de banco na Suíça, vários amantes e coletivos secretos, como fantasiam os trolls? Mas não é. É só isso mesmo. What you see is what you get. Não reclamo: eu adoro minha rotina sem sobressaltos. 
Gostaram do selo pra comemorar os doze anos? Foi o Cris Vector que fez! Ele é um artista incrível que fez também a arte do meu canal. Fico super feliz com todas as colaborações fantásticas que consigo. Meu muito obrigada a todxs vocês!
Bom, pra celebrar o aniversário do blog, vou sortear um livro que recebi da editora Matrix. Ainda não tive tempo de ler, chegou esses dias. É Enfrentando o Dragão: O Despertar do Feminismo na China, da jornalista Leta Hong Fincher. Parece fascinante, pois mostra a luta das mulheres para tentar derrubar o patriarcado num sistema autoritário. Se você quer receber este livro, deixe um comentário com seu nome na caixa de comentários. Mas apareça pra conferir depois, porque vou fazer o sorteio já já. 
Abração e muita força pra resistir, pessoas!

sábado, 25 de janeiro de 2020

PARTICIPAR DO BOLÃO É TÃO FÁCIL QUE VOCÊ PODE FAZER ISSO ATÉ PELO CELULAR

Dia 9 de fevereiro é a transmissão dos prêmios da Academia, e você pode (deve!) participar do meu tradicional bolão do Oscar até o dia 7. 
Falta pouco! Não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje.
Clique aqui para entrar no bolão grátis ou aqui para o bolão pago. Pra fazer parte do bolão pago, você precisa desembolsar R$ 25 (menos que um ingresso de cinema).
Aplique o valor numa das minhas duas contas (Banco do Brasil, ag. 3653-6, cc 32853-7, ou Santander, ag. 3508, cc 010772760) e envie o comprovante pro meu email (lolaescreva@gmail.com) e pro do Júlio (jcaoalves@gmail.com).
E pronto! Capriche nos chutes! Não se esqueça que você pode (deve?) participar dos dois bolões, o grátis e o pago!
(Sobre Parasita, um filme ousado e criativo, gostei desta análise).

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A MISOGINIA GANHA ADEPTOS

Minha careta pra misoginia

Voltando com os vídeos no canal Fala Lola Fala! Este é o primeiro vídeo de 2020, que coloquei no ar ontem. Veja lá, por favor! Divulgue, se inscreva, comente. Tudo isso pra me motivar a fazer mais vídeos. 
O vídeo é sobre um assunto que me deixou pistola. Nunca tinha ouvido falar em Ricardo Ohara, um youtuber brasileiro de 41 anos descendente de japoneses que mora no Japão. Até que nesta semana li uma matéria da Carta Capital chamada "Sem querer, youtuber nipo-brasileiro vira ídolo dos misóginos na web". 
Sabe como? Espalharam a comovente história de que o youtuber era casado quando foi sozinho pro Japão em 2008 para trabalhar como um condenado pra pagar o curso de medicina da esposa, Laura. Assim que ela se formou, ela pediu o divórcio. Que interesseira nojenta, não é? Essas mulheres! 
Só que é tudo mentira. Pra começar, Laura, a ex-mulher, nunca cursou Medicina. Ela foi sozinha pro Japão, trabalhou como operária em fábricas durante 10 anos, juntou uma boa grana e voltou pro Brasil em 2007, segundo o advogado dela. Ricardo estava casado com ela quando se mudou pro Japão sozinho em 2008, pra recuperar dinheiro mal-investido no Brasil. Não sei quando eles se divorciaram, mas o advogado diz que a iniciativa não partiu dela. Ela tem uma nova família desde 2014. Ou seja, faz tempo. Tempo suficiente pra Ricardo esquecê-la e tocar sua vida, não?
Através de um advogado, Laura abriu um processo contra o Facebook pedindo para que comentários ofensivos contra ela sejam excluídos, e pediu os nomes dos autores das ameaças. Sim, porque ela passou a receber um monte de ameaças de morte. Fizeram doxxing com ela, descobriram seus dados individuais, privados, compartilharam nas redes. Um inquérito policial foi instaurado pra tentar descobrir quem está por trás disso. Ricardo é um dos investigados. Ele disse vagamente num dos vídeos que não tinha raiva da ex-esposa e não odiava mulheres. Mas a perseguição a Laura continua. Agora a nova narrativa dos misóginos é que Laura quer ferrar com Ricardo de novo! O advogado dela desmente, diz que ela não quer reparação financeira, só quer viver tranquilamente.
Essa é a narrativa de sempre dos misóginos: que as mulheres só querem sugar o dinheiro dos homens, que elas são todas vadias, que o mundo é misândrico (odeia homens) e matriarcal. Nesta mesma semana, vi três matérias à toa que desmentem as barbaridades que os misóginos espalham.
Uma das matérias é sobre o relatório deste ano da OXFAM que diz que, se o trabalho doméstico fosse remunerado, ele renderia mais de 10 trilhões de dólares por ano. Quem faz o trabalho doméstico? São justamente as meninas e mulheres que vivem em situação de pobreza, que estão lá na base da pirâmide econômica, que fazem gratuitamente as funções de lavar, cozinhar, limpar, cuidar das crianças, alimentar os homens. Imagina se elas recebessem dinheiro por esse trabalho. Vale a pena pensar também quem decidiu que ele não seria pago, nem valorizado.
Outra matéria -- essa tem a ver com o país onde Ricardo vive. No Japão, fora de casa, as mulheres trabalham tanto quanto os homens, mas ganham salários menores, divulgados abertamente: nas fábricas, por exemplo, mulheres recebem por hora entre 900 e 1.300 ienes (o que equivale a entre R$ 34 e R$ 49); homens, a partir de 1.300 (R$ 49). O Japão é o 3o país com a maior desigualdade salarial entre homens e mulheres, só perde pra Estônia e Coreia do Sul.
Outra matéria: brasileiras pagam mais imposto de renda do que brasileiros. Homens possuem maiores rendimentos isentos, e por isso pagam menos imposto de renda q as mulheres no Brasil. Ou seja: mulheres, além de trabalhar MAIS (pois trabalham fora de casa e fazem o serviço doméstico) e ganhar menos, ainda pagam mais impostos. Bacana, né? E ainda temos que ouvir o velho: feminismo pra quê?! Vocês já conquistaram tudo!
Sabe, esses dados todos não são fake news! Fake news é o que mascus fazem: inventam histórias pra poderem se fazer de pobres explorados do mundo. Cresçam e apareçam!
(Eu falo muito mais no vídeo. Vai lá!)