Fui ver "Ameaça Virtual" e, ao contrário do que o título sugere, o filme não é uma biografia do Ryan Phillippe, embora ele seja o ator principal. Estou até agora embasbacada com a interpretação do sujeito. A Cahiers de Cinema o considera o melhor ator de sua geração. Quem vem editando a revista ultimamente, o agente do Ryan? Isso depõe menos a favor do Ryan e mais contra o estágio atual da publicação. Basta assistir ao trailer de "Ameaça" pra constatar que Ryan é o pior ator do mundo. Se ele fosse brasileiro, faria par romântico com a Sandy na novela ou integraria "Malhação". Em "Ameaça", qual o personagem dele? Um gênio! Um gênio dos computadores, mas ainda assim, um gênio. Levante a mão quem achar que um hamster traria mais credibilidade ao papel.
Apesar do Ryan, ou talvez por causa dele, "Ameaça" é muito divertido. Eu ri bastante, do começo ao fim. Como assim, não se trata de uma comédia?! Esqueceram de avisar o Tim Robbins, que imita o Bill Gates. Claramente, o Tim não está se levando a sério na película. Sua atuação, vamos chamá-la assim, ri de si mesmo o tempo inteiro. No final, ele dá um olhar de ódio pra câmera que me remeteu à antológica piscadinha do Jon Voight em "Anaconda" (sabe, quando ele é cuspido pela cobra). O Tim é um ator político, um ativista, um homem com cérebro. Pode ser o único caso registrado de um artista aceitar fazer um papel pelas entrevistas que terá de dar à imprensa. Numa das que li, Tim declara que o filme trata do "imperialismo corporativamente predatório que os conglomerados de comunicação difundem". Eu venderia o pouquinho que resta da minha alma pra ver uma entrevista com todo o elenco. Imagina só, o Tim discursando e o Ryan olhando pro relógio, de vez em quando abrindo a boca pra bocejar e disparar um "é isso aí, cara".
Tadinho do Ryan, o Estóico. Num ponto do filme, a namorada comenta sobre ele, "Não acho que ele saiba representar". É o momento da verdade. Mas não podemos tachar o Ryan de inexpressivo porque, afinal, ele tem uma expressão. Uma só. Deve ser fácil dirigi-lo: demonstre felicidade. Raiva agora. Isso, terror. O garoto-pedra me lembra um poste mal-iluminado. Está em ótima companhia – seus colegas parecem amadores, tirando o cínico Tim.
E o personagem do Inexpressivo tem uma terrível alergia à... gergelim! Juro que não estou inventando. Tal como o Superhomem morre de medo de kriptonita, nosso herói não pode chegar perto de gergelim. Há uma cena em que ele, distraído, pega um pãozinho num restaurante. Graças aos céus, sua namorada o avisa a tempo: "Cuidado! É gergelim!". Ele larga o pão e ambos respiram aliviados. Não quero brincar com isso; de repente existe gente que morra por comer gergelim. E tampouco estou desrespeitando o manjar dos hamsters e canários, mas gergelim? O que virá a seguir, assassinato por ingestão de óleo de girassol? Assisti ao filme assobiando aquela musiquinha do McDonald’s: dois hamburguers, alface, queijo, molho especial, cebola, picles em um pão com gergelim.
É evidente que todas as cenas onde o gergelim é mencionado são hilárias, mas não fica só nisso. Os diálogos são do tipo "no mundo real, se você mata uma pessoa, ela morre". Numa hora, o Inexpressivo, no maior entusiasmo, pergunta à um guarda se ele deseja entrar pra história. O segurança responde que não (eu também não iria querer ser vista em público com o Ryan), e aí o garoto-pedra o compra com 132 dólares. Desafio você a não gargalhar.
Tudo dá certo. Os nerds apertam qualquer teclinha do computador e, em um milésimo de segundo, a tela surge com enorme nitidez. Em nenhum momento aparece aquela mensagem tão conhecida nossa "este programa executou uma operação ilegal e será fechado". A grande denúncia do pessoal é pôr o Bill Gates num telão com a manchete "Assassino de programadores!". Aí vem a polícia e prende o Bill!
"Ameaça" é ficção, e em ficção pode tudo. Pode até o Ryan fingir ser um gênio que sofre de gergelinite aguda. Se fosse real, Ryan, o Estóico, seria um 386 na linguagem dos computadores.
Tadinho do Ryan, o Estóico. Num ponto do filme, a namorada comenta sobre ele, "Não acho que ele saiba representar". É o momento da verdade. Mas não podemos tachar o Ryan de inexpressivo porque, afinal, ele tem uma expressão. Uma só. Deve ser fácil dirigi-lo: demonstre felicidade. Raiva agora. Isso, terror. O garoto-pedra me lembra um poste mal-iluminado. Está em ótima companhia – seus colegas parecem amadores, tirando o cínico Tim.
E o personagem do Inexpressivo tem uma terrível alergia à... gergelim! Juro que não estou inventando. Tal como o Superhomem morre de medo de kriptonita, nosso herói não pode chegar perto de gergelim. Há uma cena em que ele, distraído, pega um pãozinho num restaurante. Graças aos céus, sua namorada o avisa a tempo: "Cuidado! É gergelim!". Ele larga o pão e ambos respiram aliviados. Não quero brincar com isso; de repente existe gente que morra por comer gergelim. E tampouco estou desrespeitando o manjar dos hamsters e canários, mas gergelim? O que virá a seguir, assassinato por ingestão de óleo de girassol? Assisti ao filme assobiando aquela musiquinha do McDonald’s: dois hamburguers, alface, queijo, molho especial, cebola, picles em um pão com gergelim.
É evidente que todas as cenas onde o gergelim é mencionado são hilárias, mas não fica só nisso. Os diálogos são do tipo "no mundo real, se você mata uma pessoa, ela morre". Numa hora, o Inexpressivo, no maior entusiasmo, pergunta à um guarda se ele deseja entrar pra história. O segurança responde que não (eu também não iria querer ser vista em público com o Ryan), e aí o garoto-pedra o compra com 132 dólares. Desafio você a não gargalhar.
Tudo dá certo. Os nerds apertam qualquer teclinha do computador e, em um milésimo de segundo, a tela surge com enorme nitidez. Em nenhum momento aparece aquela mensagem tão conhecida nossa "este programa executou uma operação ilegal e será fechado". A grande denúncia do pessoal é pôr o Bill Gates num telão com a manchete "Assassino de programadores!". Aí vem a polícia e prende o Bill!
"Ameaça" é ficção, e em ficção pode tudo. Pode até o Ryan fingir ser um gênio que sofre de gergelinite aguda. Se fosse real, Ryan, o Estóico, seria um 386 na linguagem dos computadores.
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