quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

GUEST POST: A HOMOFOBIA COMO BANDEIRA EVANGÉLICA

Evangélico protesta contra a lei da criminalização da homofobia.

A Valéria, professora de História, feminista, e especialista em mangás, fez uma contribuição valiosa ao meu post sobre homofobia nas igrejas evangélicas. Seu comentário foi tão esclarecedor que pedi autorização para transformá-lo em guest post. Ela deu uma mexida no texto, e aqui está.

O post “Igrejas dependem da homofobia pra sobreviver?" é meio antigo, e não o comentei de imediato. Sabe como é, eu até poderia ficar tentando discutir a questão da generalização, de colocações preconceituosas contra os evangélicos, etc. e tal, com aquele papo de “veja bem, Lola, eu sou protestante/evangélica e não sou assim” ou que “homofobia é um mal que assola todos os grupos”, só que nada disso vem ao caso, pois o texto tocou no ponto fundamental: os diversos grupos evangélicos assumiram para si a bandeira do combate aos gays e ponto final. E é engraçado como toda a diversidade e as divergências doutrinárias desaparecem quando se trata de expressar a homofobia e cercear o exercício da cidadania plena por parte dos homossexuais.
Enfim, voltei do Rio no sábado. Sempre passo as férias longas com a família, já que sou uma exilada em Brasília, e algo que comprovei empiricamente é a crescente (e insuportável) homofobia entre os evangélicos, e a coisa é proporcional à concentração dos mesmos. Os grupos conservadores religiosos declararam guerra a dois segmentos, os gays e as mulheres. Faz parte de sua agenda política, junto com a negação do aquecimento global, só para citar outro elemento. E aqui no Brasil, ao contrário do que parece ser nos EUA, o ponto de partida destes discursos independe da opção política, de ser de esquerda, centro, direita, do nível educacional e financeiro, ou da cor de pele. A homofobia aglutina e mobiliza as massas.
Aqui no Brasil, protestantes, evangélicos e católicos optaram por uma eficaz “divisão social do trabalho”. Enquanto a Igreja Católica se concentra prioritariamente em entravar as discussões sobre direito de aborto e em minar os direitos das mulheres, as Igrejas Evangélicas disseminam todas as formas possíveis de homofobia e tentam entravar a aprovação do PL122. Há exceções? Claro, mas são EXCEÇÕES, logo, elas não fazem a regra. Há exceções crentes? Há, mas eles e elas (me incluo aí) muitas vezes não têm opção, só podem escolher entre uma igreja mais ou menos homofóbica. Para quem acha que congregar não é importante, ótimo, mas eu não pertenço a este grupo e não acredito em Cristianismo vivido de forma solitária, até porque o serviço ao próximo deveria fazer parte das nossas prioridades. Enfim, é nessas horas que não estar mais morando no Rio me parece muito saudável.
E acreditem, eu achava que aqui em Brasília, onde moro, a coisa estava irritante, que receber e-mails terroristas do tipo “Querem acabar com a família” ou “Boicotem o BBB10 por causa dos gays na casa” já era ruim, mas no Rio está muito, muito, muito pior. Silas Malafaia (joguem o nome dele no Youtube) é a grande voz e se ancora em sua popularidade para unir as várias denominações em uma espécie de cruzada anti-gay. 9 entre 10 piadas são homofóbicas, os gays são ridicularizados e desqualificados moralmente por serem homossexuais.
A coisa é muito violenta mesmo, pois antes do “Jesus te ama!” você já discriminou, ridicularizou, torturou psicologicamente, acusou de conduta criminosa. Por exemplo, associar pedofilia à prática homossexual começou com a Cúpula Católica, mas os evangélicos e protestantes já se apropriaram do discurso. E basta pegar estatísticas para ver que boa parte dos pedófilos são homens, heterossexuais, muitas vezes casados. Às vezes eu sentia vergonha de meus parentes e amigos/as. E olha que eles/as nem estão entre os piores, aliás, bem longe disso, só que repetem em menor ou maior grau as ideias que vêm se tornando hegemônicas dentro do grupo.
E antes que alguém pergunte: sim, no Congresso as bancadas católicas e evangélicas vão se unir e votar juntas. Afinal, como disse um ex-aluno meu, futuro pastor (eu dou aula de História do Cristianismo para futuros pastores), “Roubar todo mundo rouba, mas ser gay é um pecado muito mais sério”. Aqui em Brasília, vocês sabem, há pastores que oram agradecendo a propina. Trata-se do “uma mão lava a outra”, com a conivência, em alguns casos, do Estado que recua para não perder votos em questões de interesse “maior”. Obviamente, rodam primeiro os direitos das mulheres (lésbicas também são mulheres, mas homossexuais – perigosos ou de verdade – são somente os homens, na opinião de muitas pessoas), mas os dos gays vem logo em seguida.
Só para terminar, acredito que essa fixação pela homossexualidade tem raízes profundas no dispositivo da sexualidade que Michel Foucault apresentou e discutiu tão bem no primeiro volume do seu História da Sexualidade. O sexo tornou-se o centro de nossas vidas, motivador de nossas ações, por ele se mata e se morre; enfim, controlar a sexualidade alheia é uma das formas mais poderosas de exercitar o poder. E não lembro em qual post a Lola comentou isso (acho que foi quando falou das acusações de que homens gays assediam heteros): os homossexuais são vistos como seres sexuais. Antes de vê-los como pessoas, o tarado de plantão imagina o que fazem entre quatro paredes. Triste, mas o bordão repetido por uma propaganda famosa (“Sexo é vida!”) ganhou peso de realidade. Nada melhor do que controlar a vida alheia.
Só para terminar, um caso e um ponto. Minha ênfase na homossexualidade masculina é porque o discurso homofóbico prioriza os homens. É humilhante, perigoso e ofensivo em uma sociedade patriarcal ver homens que, pelo menos na opinião machista, optam por “serem mulheres”. A invisibilidade lésbica também advém do fato de lésbicas serem mulheres (preciso explicar?) e da Bíblia, por mais que tentem torcer, não citar ou condenar diretamente práticas homossexuais femininas. Nos textos bíblicos, sexo só é sexo se tiver falo. Se não tiver pênis, não é sexo, logo (e eu já li isso no livro de um rabino) lésbicas não existem. São só mulheres confusas.
O caso é o seguinte. Nas férias passadas, dezembro/2008-janeiro/2009, eu estava abrindo um vídeo de um amigo no Youtube. Ele é gay, cristão, casado e, na época, pai de uma filha (hoje são três menininhas). Era um vídeo de Natal, mostrando uma família americana normal, com toda aquela doçura característica desses vídeos. Meu irmão, o dono do computador, e o mais incomodado da casa com os homossexuais na família (como a histeria é recente, são os jovens e adultos jovens os mais veementes na condenação), parou para ver, achou o vídeo lindo, perfeito, até que percebeu que eram dois pais. Aí pronto! Não havia nada mais para ser apreciado.
Pergunto-me por quanto tempo nos daremos o direito de sermos juízes da sexualidade alheia, cerceadores da cidadania, difamadores; por quanto tempo concentraremos as nossas forças em impedir que outras pessoas sejam felizes. Eu percebo – e lamento – a perda de foco do discurso cristão. Crimes, como roubar, por exemplo, são colocados como coisas menores, dando espaço à uma caça às bruxas que mobiliza, aliena e, sim, provoca a catarse. Eu lembro dos rostos de alguns alunos e já tive até pesadelos. Não estou mentindo. E haveria outros exemplos – o terremoto no Haiti mostrou isso – mas a bandeira principal, aqui no Brasil, é a da homofobia. O amor ao próximo e o acolhimento, esses parecem cada vez mais esquecidos quando se pensa nos gays.

59 comentários:

Anônimo disse...

Excelente texto. Parabéns à autora. E parabéns a você, Lola, por ter decidido incluí-lo aqui. Gostei da análise que ela faz. E fico imaginando o que deve passar na cabeça dela, pensando como pensa e vivendo a vida (profissional) que vive. Mas o bom aí é que ela é muito inteligente e sabe quais ii devem levar pingos. Parabéns de novo. Marciane.

Anônimo disse...

Os cristãos levantaram a bandeira da homofobia porque está na bíblia e ponto. Pra eles (não todos, etc.), o fato de algo estar contindo na bíblia, é o suficiente pra ser elevado ao patamar de verdade, verdade inquestionável.

Ontem mesmo li um texto muito interessante, que não fala exatamente sobre sobre a religião e a homossexualismo, mas aborda esse tema também. Vou colar um trexo bastante esclarecedor:

"(...)A dificuldade teórica é igualmente séria: nada pode ser moralmente certo ou errado porque uma autoridade assim o diz, nem mesmo quando se trata de uma autoridade tão reverenciada quanto a Bíblia. Se os preceitos do texto não forem arbitrários, deve haver uma razão que os explique. Nós deveríamos ser capazes de dizer por que a Bíblia condena a homossexualidade, e esperar uma resposta. Esta resposta, então, nos esclareceria por que o homossexualismo é errado, se de fato o é. Na lógica do raciocínio moral, a referência ao texto deve ser abandonada e a razão por trás do pronunciamento, se houver, deve ter lugar.

Vale a pena nos determos um instante sobre este último ponto. Eis um exemplo diferente: a Bíblia diz que não devemos levantar falso testemunho contra o próximo (Ex. 20:16). Esta é uma regra arbitrária que Deus nos impôs sem razão? Pelo contrário, é fácil ver por que esta regra faz sentido: o falso testemunho gera prejuízo e destrói confiança que os outros têm em nós. Mentir em relação ao próximo (“levantar falso testemunho”) é o mesmo que insultá-lo e prejudicá-lo injustamente. Se quiser saber por que mentir é errado, essas são as razões. A questão crítica sobre a homossexualidade consiste em saber se é possível encontrar razões igualmente boas para explicar por que deveríamos condená-la. Se nos disserem tão somente que uma autoridade a condena, não nos explicaram por que é condenável.(...)".


E aqui vai o texto na íntegra. Pra mim, esclarece muita coisa...

http://ateus.net/artigos/escrituras/a_etica_e_a_biblia.php

Lord Anderson disse...

Com certeza um otimo texto.

Eu passo por uma situação simiar ao da Valeria, tb sou cristão e tenho uma familia e uma congregação bem conservadora, então eu vejo esse movimento contra os direitos dos homosexuais, essa condenção em todo e qualquer momento.

É muito triste ver o conceito de amor ao proximo, de humildade e compaixão serem trocados por odio puro.

Nunca vou entender essa preocupação com a sexualidade alheia quando se trata de pessoas adultas que estão agindo em consenso.

A Biblia diz que Deus condena os gays? Ok, deixe que Deus resolva com ele depois hora.

Não "aceita/aprova", fique longe, afasta-se, é um comportamento podre eu sei, mas ainda é melhor que se empenhar tanto em simplesmente impedir a felicidade das pessoas.

O pior é que não vejo uma mudança nisso a vista. Pelo contrario, a tendencia é isso se tornar mais organizado, mais radical, mais intolerante.

Por isso mesmo não se pode deixar quieto, temos que denunciar e protestar contra isso. Ja existe intolerancia demais.

Lord Anderson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lord Anderson disse...

Ah sim, conheço o blog da Valeria a bastante tempo.

Emborara o foco principal seja manga/anime (assim como o da Lola são os filmes), ela fala sobre muita coisa, livros, filmes, e questão de direito e preconceito como esse post.

Recomendo.

Roberta disse...

Realmente,não nenhum tipo de ódio faz sentido,muito menos um que saiu de um livrinho de séculos atrás.

Anônimo disse...

Esse foi o texto mais lúcido que eu já li a respeito.

Cynthia disse...

Sempre leio o blog da Valéria e gostei muito desse post. Principalmnte no q diz respeito à invisibilidade das lésbicas, uma vez uma professora minha de biologia falou durante a aula que o sexo entre lésbicas não existe, que era só moda. Ela também falava várias outras coisas desse tipo nas aulas, e até hj não entendo como uma pessoa assim pode ser professora de adolescentes, que ainda estão fomrmando sua personalidade e são muito influenciáveis.

Ághata disse...

Aaah, adoro os textos e discursos da Valerie!! =^.^=

Fabiana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Omar Talih disse...

Foi com histórias como esta que Hitler chegou ao poder. Haja visto o que fizeram os estudantes em Nurenberg, pouco antes de iniciar a 2ª Guerra Mundial. Queimarem toneladas de livros,só porque não eram Nazistas. Só falta começarem a caçar literalmente os homossexuais e queima-los vivos, depois serão os Negros, Nordestinos, andarilhos... até que o caos se instale e apareça um salvador tipo Malafaia ou Edir Macedo para encaminhar a humanidade para o rumo certo em busca de Deus.

Marcelo disse...

O grande problema da maioria dos evangélicos, além da perseguição aos homossexuais (tendo estes como os causadores do apocalipse) é que eles tem uma visão seletiva dos tais ensinamentos da bíblia.
Só usam o que lhe convém (e concordam), e o que não serve eles simplesmente descartam. Tem tantas partes que não são consideradas. Já pensou se tivessemos de matar as pessoas que trabalham aos sábados, ou então vender a própria filha como escrava?

Falta respeito, amor e consideração ao próximo, e falta também um pouco as pessoas olharem pra sua própria vida e cuidar delas, deixando a do outro pra ele cuidar!

Lord Anderson disse...

Marcelo.

Explicando essa questão. As regras que vc citou estão no Antigo Testamento e foram criadas p/ a nação de Israel num momento especifico de sua historia. Era a chamada Lei de Moises.

A morte e a ressureiçãode Cristo mudaram isso. Essa lei foi subistituita pela crença em Jesus e seu Evangelho.

Por isso os cristão estão livres de coisas como guardar o sabado, deixar a barba crescer, poligamia, etc.

Eram regras especificas que cumpriram o seu proposito (regular a então jovem nação israelita e mante-la separada dos outro spovos da região) e que depois foram abrandadas por um cristianismo mais livre que passaria a ser direcionado a todos os povos, não apenas os judeus.

Anônimo disse...

Lord, concordo com você sobre as regras não se aplicarem aos cristãos.

mas em que parte da bíblia se fala da homossexualidade? Lo levítico, onde também estão as regras acima expostas (guardar o sábado, deixar a barba crescer, etc.). Me corrija se eu estiver errada, porque não conheço muito bem a bíblia.

Além do mais, que eu sabia, cristo pregava o passivismo, correto? ESSA regra, as igrejas cristãs decidiram ignorar a muito tempo, e ainda ignoram hoje: a cruzada é um exemplo antigo, e o ódio aos homossexuais e um exemplo bem recente.

Por isso, também penso que muitos cristãos são seletivos em relação aos ensinamentos bíblicos. Falta coerencia! ´

E o que é pior, (que retrata exatamente o que eu já disse no comentário acima): querem impor a todos uma verdade que só vale pra eles. Eu, por exemplo, não dou a mínima pra bíblia.

Lord Anderson disse...

Fabiana

Que bom que vc não quer tratar os homosexuais diferentes, que vc quer que eles tenham os mesmo direitos que vc.

Mas vc ja parou p/ pensar que atualmente eles NÃO TEM OS MESMOS DIRETOS?

Por exemplo, eles não podem se casar, não podem colocar seu parceiro num plano de saude ou pensão,correm o risco de serem demitidos ou mesmo agredidos por causa da sua sexualidade.

Vc não corre esse risco corre?

A lei não impede que cada sacerdote cite seu livro sagrado e diga que homosexualidade é pecado, oq ela tenta fazer é impedir que isso sirva de desculpas p/ humilhações e descriminações.

è tão ruim assim não poder ofender os gays e lesbicas?

E essa comparação estapafurdia com a pedofilia...

Primeiro que a maior parte dos abusadores de crianças estão entre os sacerdotes cristãos...

Segundo que vc não acha que há uma grande diferença entre o relacionamento consensual entre duas pessoas adultas (ainda que do mesmo sexo) e o abuso de um adulto contra uma criança?

É realmente a mesma coisa p/ vc?

Anônimo disse...

Mais uma coisinha: acho que os cristãos erram ao interpretar a bíblia. Vejam: 'Com homem não te deitarás, como se fosse mulher, é abominação'.

Ok. É possível entender uma condenação a prática homossexual aí, mas eu também poderia interpretar de outro modo.

Na antiguidade, a mulher era vista por todos como um ser inferior ao homem, em todos os sentidos. Sua finalidade era unica e exclusivamente a de procriar.

Hoje em dia, felizmente, as pessoas sensatas não tem mais essa visão da mulher: acham - com justiça - que ela se equipara ao homem em capacidade e importancia. Eis uma conquista feminista. Mas voltando...

Como ser mulher, hoje, não é o mesmo que ser infeiror, acho que os que creem na bíblia (felizmente não é o meu caso), deveriam ignorar essa passagem, porque simplesmente o contexto mudou, ou tá mundando, pra melhor.

rs, o que voces acham?

Anônimo disse...

AH, lord, não perca seu tempo com gente como a fabiana...

Lord Anderson disse...

Mariana

Infelizmente no Novo Testamento tb há textos condenando a homosexualidade junto com a promiscuidade, o sexo fora do casamento etc.

Mas vc esta certa, Cristo pregava a mansidão não a violencia, amor e tolerancia.

E outra coisa muito importante. Cristo defendia a separação entre igreja e governo.

Vc conhece a frase: " a Cesar oq é de Cesar e a Deus as coisas de Deus"?

Os apostolos Pedro e Paulo tb deixaram explicito que os cristão devem respeitar os governos terrenos mas não se misturar com eles.

Ou seja, isso de bancada evangelica ou catolica é um desrepeito ao proprio Novo Testamento.

Podemos ignorar as leis que firam nossa conscincia (como cristão verdaeiros fizeram no tempo que escravidão era legalizada ou em regimes totalitarios como os nazista e stanilista), mas não deviamos nos envolver em politicas laicas.

Então a questão não é apenas o preconceito dos grupos evangelicos (que ja é ruim por si só), mas tentativas deles de forçar toda a poulação ,inclusive vc que não é cristã, a Lola que é ateia, etc a viveram de acordo com sua interpretação dos dogmas bilicos

Isso é totalmente anti-cristao.

Unknown disse...

Bem, essa questão da homosexualidade feminina não entrar nem nesse movimento de caça as bruxas já é muito antigo. Li lá no livro "A História das Mulheres no Brasil", um capítulo do Ronaldo Vainfas que fala exatamente sobre esse tópico (Homoerotismo feminino). O Santo Ofício já perseguia os homosexuais, desconsiderando as mulheres pela ausência de falo. Lamentável tanta ignorância que persiste em pleno século XXI.

Anônimo disse...

Sou cristã, DEFENDO a lei anti-homofobia, defendo os homossexuais, defendo as mulheres e sou A FAVOR de que todo ser humano seja livre para ser o que se é!

Que me desculpem os cristãos mais fundamentalistas, mas é muito legal parar e refletir se DEUS não gosta de homossexualidade ou se OS HOMENS daquela época não gostavam.

Ler a Bíblia com os neurônios funcionando é o mais legal. Saber que aquilo é muito mais sobre história e cultura, e muito menos sobre verdade absoluta.

Deixa eu pensar aqui minha bandeira colorida.

Anônimo disse...

Entendi.. É que sempre citam aquele trexo que colei, do levítico.

Nem preciso comentar o resto, porque concordo plenamente e com vigor.

PS: também sou atéia.

Paloma Peruna disse...

Tudo que eu tinha pra dizer o Lord já disse :) Obrigada pela lucidez!

Luciana disse...

Bíblia/alcorão/etc são usados como justificativa para os próprios preconceitos e interesses políticos. E só.
Qualquer pessoa que conheça minimamente os textos vê o tamanho da incoerência.

Parabéns, Valéria. Ótimo texto.

Carina disse...

Perfeito!

Bruno S disse...

Nessas horas eu sempre lembro de um e-mail que recebi uma vez.

Era uma carta resposta a uma pastora americana que tinha um programa de TV ou de radio. Ela sempre utilizava um ponto do levítico para condenar o homossexualismo.

Na carta o autor pegava vários outros pontos do livro e pedia orientações sobre como aplicá-los.

Não sei qual a vericidade da história, mas o resultado era muito bom.

Anônimo disse...

O comentário da Jarid (13h05min) é dos melhores que já li neste blog. Parabéns pela clareza de ideias e concisão!

Acho ruim quando ateus desmerecem e desrespeitarem a Bíblia assim como acho ruim "religiosos radicais" quererem impor sua forma de pensar a todos. Bom senso e respeito são bons sempre! Marciane

Anônimo disse...

Correção: favor ler "desrespeitam" em vez de "desrespeitarem". Marciane

aiaiai disse...

o texto é ótimo, mas a base é complicada...religião é - para usar um termo dos que creem - um pecado original. Só de ter religião como base, a coisa já desanda. porque foram as religiões que promoveram todas as grandes injustiças da história da humanidade. A crença em um ou mais deuses, na minha modestíssima opinião, é a base do mal.

sobre a diferença de tratamento gays e lesbicas: é fácil. O gay é um homem que quer ser mulher numa sociedade fundada por uma religião ( a judaica) na qual os homens oram ao amanhecer "obrigado senhor por ter me feito homem e não mulher". Ou seja, "como assim o fdp nasce homem e quer ter comportamento de um ser inferior???" Isso deixa a sociedade machista louca.

Já as lésbicas, ao contrário, valorizam o macho. Então, elas são esquisitas, é claro, pq não tem pênis, mas pelo menos desejam algo que é melhor do que o que deus lhes deu.

Antes que me acusem, eu to só ponderando sobre como essa gente vê a questão. E sendo irônica, ok?

Adriano Queiroz disse...

Olá,

Adorei seu texto.
Tenho um perfil no twitter que divulga post de blogs que abordem o tema LGBT.
Divulguei o seu lá.
Se tiver indicações de post e blogs interessantes, pode me mandar e-mail.
Obrigado.

E-mail: lgbt_blogs@gmail.com

twitter.com/LGBT_Blogs
Abraços.

Anônimo disse...

Já ta na hora de queimar essa bíblia.

Valéria Fernandes disse...

Lendo os comentários, já que o texto é meu, preciso comentar algumas coisas.

Enfim, a gente não pode se enganar acreditando que a Bíblia é um texto sem História ou que a sua apropriação não é Histórica. Todo o foco do que eu escrevi é em apontar que, independente da condenação aos homossexuais (*ou às práticas que hoje chamamos de homossexuais, eu diria*) na Bíblia, o que temos hoje é o foco nesta questão é ter a homofobia transformada em bandeira que une os evangélicos NOS DIAS DE HOJE, não era 10 anos atrás, por exemplo, provavelmente não será no futuro, eu espero.

E a apropriação da Bíblia sempre foi seletiva e instrumentalizada. Se as leis do Levítico não valem mais para os cristãos, por que algumas especificamente são ou passam a ser importantes? Se a condenação dos homossexuais não está nos Dez Mandamentos – que seria uma síntese do que devem ou não os cristãos fazer – por que a tolerância com os que roubam e até com os que adulteram (*dentro da heteronormatividade, claro*) é bem maior? Se cairmos no “sempre foi assim” naturalizamos as coisas, e naturalizar as coisas é cair em uma armadilha.

Alguns textos basilares para a homofobia, como Sodoma & Gomorra, são muito facilmente desmontados historicamente. Isso, claro, se você ainda quiser se dar ao trabalho de justificar por crer neles de alguma forma. Pode-se assumir que são narrativas mitológicas e ponto. O que está em jogo ali é a hospitalidade. Em todo o mundo Mediterrâneo Antigo (*e além até*), o hóspede é sagrado. Para proteger seus hóspedes – e não porque eram anjos, ou homens do sexo masculino – Ló sacrificaria as suas filhas. E se tivesse filhos, dentro daquele contexto, talvez os sacrificasse, também. Mas é talvez. O fato dos sujeitos quererem ou não manter relação com os anjos é secundário. Esse é só um exemplo, e poderia render muito, mas para um comentário, já deu. Aliás, todo esse post nasceu de um comentário à toa...

Conheço ateus ou agnósticos extremamente homofóbicos (*e misóginos, racistas, etc.*), não é não crer em deus, deusa, deuses ou deusas, que vai livrar alguém dessas mazelas. Isso é ingenuidade, embora crer ou não crer seja questão de foro íntimo. Mas a diferença básica é a homofobia não é bandeira que aglutina os ateus, não é usada por nenhuma entidade, ou grupo para isso. A homofobia, entretanto, tornou-se uma bandeira dos grupos evangélicos. E isso é muito recente, data do governo George Bush para cá.

Enfim, em um Estado realmente laico – e é isso que me importa – a cidadania deve ser garantida para tod@s de forma plena. A questão da orientação sexual não pode ser usada para desqualificar, excluir, ou impedir que as pessoas se expressem livremente. Ainda que eu defenda que uma igreja – ou qualquer culto – não deve ser obrigada a aceitar homossexuais em suas fileiras, se não o quiser. A reflexão deve ser interna. E realmente vejo como masoquista alguém que quer estar em um lugar – que não é fundamental para a sua vida aqui na Terra ou a próxima, se assim acreditar – onde não será acolhido e respeitado. Há igrejas inclusivas, a Metropolitana é uma delas. Se um dia eu me sentir agredida em uma igreja – e se estivesse no Rio, morando na minha cidade natal, acho que o risco seria grande – eu saio, passo para outra onde me sinta em comunhão com Deus e em paz com as minhas convicções.

Drica disse...

Falam sobre homofobia, mas por outro lado oos que defendem os direitos de homossexuais esquecem que homossexuais sofrem pela falta de identidade, pelas crises de depressão, por não se entenderem, por se sentirem totalmente usados por suas práticas, por no fundo se sentirem mortos e estéreis porque o amor que eles tanto querem e a completude sexual não são encontrados em alguém do mesmo sexo.

Só isso. Simples, não?

Haline disse...

Eu acho essa questão de religião muito simples. Se algo foi criado para te dizer o que é certo ou errado em nome de Deus, não tem como dar certo. Primeiro pq certo OU errado não existe. Segundo pq Deus é uma criação nossa. Quando se invertem as coisas, há sempre muita incoerencia. E intolerancia tambem. Pq seu eu digo o que é certo e vc faz o errado, não vai dar certo.

Alguem ser contra a lei que pune o crime de homofobia, pra mim, é necessariamente ser a favor de cometer o crime. Pq né? Oh, por favor, não tirem meu direito de ofender, como vou ficar assim e etc. É inacreditavel.

Concordo plenamente tb com o que a aiaiai disse. A logica machista que define sexo, por isso as lesbicas são ignoradas. Dentro da logica do preconceito parece bom, mas no fundo é um desrespeito tal e qual. Tenho amigas que pq perceberam no predio, desenharam um pinto na porta delas. Tenho certeza q nao teriam desenhado uma vagina na porta de dois homens. Pq o problema ali é outro. Elas são mal comidas e eles são hereges. Enqto isso não for penalizado, não tem jeito.

Lord Anderson disse...

Drica]

Caramba, homosexuais sentem tudo isso? Vc tem certeza que TODOS são assim?

Vc os conhece bem pelo jeito, melhor do que eles mesmo eu diria...

Mas uma duvida, mesmo que tudo isso for verdade, em que isso justifica a homofobia e a descriminação? Vc pode me esclarecer isso?

Valéria Fernandes disse...

Deixa eu ver se entendi: heteros não se deprimem? Heteros não sofrem por amor? Heteros não têm problema de identidade? Heteros não tomam antidepressivos (*aliás, há uns estudos muito bons sobre a isntrumentalização dos remédios como forma de controlar as mulehres*)? Heteros não são a maioria nos consultórios? Se assim for...

Valéria Fernandes disse...

Haline, concordo com você. Quem se posiciona contra a punição da homofobia, fatalmente está a favor dos criminosos.

No mais, a invisibilidade lésbica não me aprece tão simples assim. Mesmo a oração citada, em que se agradece por não se ter nascido mulher, estrangeiro, ou escravo, é pós-bíblica. É rabínica mesmo.

Gaúcho disse...

"por exemplo, associar pedofilia à prática homossexual começou com a Cúpula Católica, mas os evangélicos e protestantes já se apropriaram do discurso."

A "cúpula católica" por acaso tem cancha pra acusar alguém de pedofilia?


"Anônimo disse...

Já ta na hora de queimar essa bíblia.
"

A bíblia é um livro.
Já ouvi falar de pessoas que queimavam livros.
Não eram boas pessoas.


"(como a histeria é recente, são os jovens e adultos jovens os mais veementes na condenação)"

Não sei por que, isso de mobilizar a juventude pelo ódio também me lembra das tais pessoas que queimavam livros...

Valéria Fernandes disse...

"por exemplo, associar pedofilia à prática homossexual começou com a Cúpula Católica, mas os evangélicos e protestantes já se apropriaram do discurso."

A "cúpula católica" por acaso tem cancha pra acusar alguém de pedofilia?

Se você acompanha a imprensa em geral, sabe que sim. Mas pode se negar a ver. Aliás, a acusação não é à uma pessoa, mas a imposição da pecha a um grupo, no caso, os homens gays. É a mesma coisa que generalizar e dizer que todos os padres são pedófilos, quando, na verdade, a maioria não é, pois a maioria dos pedófilos por estatísticas são homens casados ou sem nenhum impedimento para o livre exercício da sua sexualidade com pessoas adultas como eles.

E, sim, eu sou contra queimar livros, mas não sou eu quem modero comentários aqui. O blog não é meu.

Carla Mazaro disse...

O que eu menos gosto na biblia não é a biblia em si. Acho um livro até interessante. O problema com ela não é nem ser interpretada ao pé da letra. O que me irrita mesmo é essa seleção de textos que valem ou não.
Eu não conheço muito da "palavra de deus", mas pelo pouco que aprendi deveriamos seguir o novo testamento. E o ensinamento fundamental era - Amar deus acima de todas as coisas e amar o proximo como a si mesmo - ponto final
Não deveria se fazer distinção entre mulher, homem, gay ou qq coisa.
Vocês cristão praticantes poderiam me dizer se estou certa...

Acho engraçado como as pessoas falam em nome de outras, como a DRICA que disse que os homossexuais são depressivos e sofrem de crise de identidade etc... Não que EU possa falar em nome dos gays, mas pelo menos os que eu conheço parecem bem felizes...

Gaúcho disse...

O problema com a igreja Católica não é serem pedófilos - a grande maioria não é - mas sim o fato de eles protegerem os pedófilos que são descobertos entre eles. Da mesma forma que a maioria dos policiais não são corruptos nem cometem abusos, mas quando algum deles é pego a instituição muitas vezes tenta proteger, como se fosse uma classe privilegiada.

Quando a igreja Católica começar a entregar pra justiça os padres acusados de pedofilia, em vez de passar a mão na cabeça e transferir pra outra paróquia onde ninguém saiba do caso, aí sim eles vão passar uma imagem de instituição séria e confiável.

"Os líderes locais da Igreja abafam os casos, deixando os abusadores livres da Justiça comum. Nisso eles ficam soltos para continuar praticando crimes. Dos 4 392 padres acusados no Relatório Jonh Jay, por exemplo, só 14,1% foram denunciados à polícia. O resto das acusações morreu dentro das dioceses, acobertado por líderes como o cardeal Bernard Law. O caso do padre Tarcísio também ilustra isso. Em vez de denunciá-lo à Justiça, seus superiores apenas transferiram-no de paróquia. E ele pôde continuar agindo." (Fonte: Superinteressante)

Ághata disse...

(...)"sofrem pela falta de identidade, pelas crises de depressão, por não se entenderem, por se sentirem totalmente usados por suas práticas, por no fundo se sentirem mortos e estéreis porque o amor que eles tanto querem e a completude sexual não são encontrados"(...)

Isto, pra mim, descreveu muito mais as Mulheres Heterossexuais do que as Lésbicas.


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Ai, Drica, falta muito inda para você conseguir convencer os outros de que você está se preocupando com o bem estar dos Lgbttt do que os desprezando e discriminando.

klauss disse...

Drica
Eu sou homossexual e nunca sofri por falta de identidade! Sei exatamente quem eu sou. De onde você concluiu isto? Dos homossexuais evangélicos que insistem em se “curar” e ainda acreditam no discurso do pastor??? Alguns católicos devotos resolvem esse problema tornando se padres... Nunca tive crise de depressão! Isto deve ser comum em jovens que vivem em famílias conservadoras e isso se resolveria com a aceitação plena da homossexualidade na sociedade! A depressão quando ocorre é conseqüência da homofobia dos outros e não da homossexualidade do indivíduo, afinal o ser humano vive em sociedade e tem necessidade de ser aceito! Os homossexuais bem resolvidos ao contrário do que você pensa sentem prazer pelas suas “práticas”. Só se sentem usados nas mesmas situações afetivas dos heterossexuais que investem em um relacionamento que não dá certo. Eu não me sinto morto e não sou estéril. Posso ser pai quando quiser e nem preciso me envolver intimamente com uma mulher com os avanços da medicina.
Eu encontrei o amor que tanto quis já tem mais de um ano e me sinto completo sexualmente com meu companheiro, só não posso me casar com ele porque a lei ainda não permite! Para você afirmar estas coisas precisa conhecer profundamente o meio homossexual. Os heterossexuais religiosos costumam ter muita dificuldade emocionsl em relação ao sexo e geralmente acreditam que gostar muito da coisa é pecado! Por isto talvez você imagine que quem ultrapassa a barreira do “papai-mamãe” não é feliz!

Anônimo disse...

Belo texto. Andei escrevendo um pouco sobre meu estado de fascinação ao chegar aqui em paris e ver cartazes do governo sobre aborto, sexualidade e contracepção... dêem uma olhadinha! www.politicasubstantivofeminino.blogspot.com

Lolinha, espero que esteja tudo bem com a senhorita!!!! :)

Beijão!

Celia disse...

Interessante o que a Valéria apontou sobre a homossexualidade feminina, a questão sexual feminina por muitos anos foi colocada como algo inerente, a mulher era facilmente tentada pelo diabo, na Idade Média até não consideravam pecado a masturbação feminina, pois ela controlaria os impulsos sexuais femininos, assim como as prostitutas para os homens eram a necessária "latrina" da sociedade.
Outra coisa q me fez fazer um link com a nossa sociedade contemporânea crista, foi o que ela disse sobre as lésbicas, "mulheres confusas". Os árabes escreveram muitos tratados de erotologia, pois o sexo no Islã é sagrado, uma dádiva de Deus, e o homoerotismo feminino era visto apenas como "falta de homem". A mulher que tivesse um "pênis", jamais teria relações com outra mulher. No início da produção literária islâmica, essas mulheres eram perdoadas se fossem bonitas, mas a partir da invasão dos mongóis, com o crescente "conservadorismo", elas passaram a ser mortas.
A Valéria citou Foucault, mas outro autor, Roy Potter em "A História do Corpo" também aborda essas relações do sexo, ele diz que apesar do cristianismo condenar o homossexualismo, esse termo é do séc. XIX, antes disso existiam dois gêneros, mas apenas 1 sexo. O que era condenado era a sodomia (sexo anal), sexo que não fosse para a procriação, mas não havia uma fronteira intransponível entre o homem e a mulher, um homem podia se transformar em mulher, e vice-versa (existem várias lendas sobre isso, como a do arco-íris, conhece?). Claro que essa teoria de um sexo único ainda existe, Freud era um dos seus maiores defensores, mas ainda assim ela também diminiu a mulher, por considerá-la um "homem imperfeito".
Ok, era só pra comentar q mtos cristãos usam a bíblia para condenar o homossexualismo, mas nem o homossexualismo existia na época da bíblia. Toda essa discussão é sobre assuntos puramente culturais e temporais, falar disso se apoiando num texto que sequer cogitava a ideia que hoje parece a muitos olhos tão clara, é chafurdar no anacronismo.

Oliveira disse...

O seu irmão está certo, porque familia é Pai, Mãe e Filhos. Isso não tem nada a ver com sexualidade e sim com ordem social.

Você além de não ler não pensa.

Assista "Um Inglês em Nova York". Quem sabe seu cérebro pega no tranco.

Valéria Fernandes disse...

Eu não leio e não penso? Vindo de um troll como você, é elogio. Não penso como você e não compartilho de suas idéias. Isso é mérito, eu agradeço a suposta agressão.

Valéria Fernandes disse...

Celia Daniele, a rigor, qualquer ato contra naturam (*que não visava a procriação*) poderia ser considerado sodomia. Um casal heterossexual poderia praticar sodomia. Não necessariamente o sexo anal. Os processos inquisitoriais, os textos dos teólogos e dos juristas medievais, discutem bem a questão.

Mas o termo "homossexual" é do sexo XIX, as práticas homossexuais ou a idéia de desvio ela é anterior. E é histórica, na medida em que não é estável, contínua, etc.

Mesmo o conceito de "família" nuclear é muito recente. Embora, muita gente não saiba disso, ou queira saber.

Celia disse...

Ah, Valéria, eu fechei os parênteses antes, eu coloquei "(sexo anal), sexo que não fosse para a procriação". Não estava me referindo estritamente ao que chamamos hoje em dia de "homossexualidade", mas também às relações ilícitas entre homem e mulher.
O que acho interessante nessa história toda, é q mtos cristãos usam a bíblia para condenar os homossexuais, mas na época da bíblia não havia um pensamento que um homem tinha uma "preferência sexual definida". Naquela época se via literalmente como perversão, não tinha a ideia que uma pessoa poderia nascer "homossexual", e ainda mais: se aquele homem gostasse de homens, se ele se tornasse mulher (ou seja, seus órgãos sexuais se tornassem internos), ele poderia ter relações sexuais "procriativas" com um homem (não me pergunte como, mas há casos nas agiografias de homens que viram mulheres, e vice-versa. Provavelmente casos de hermafroditismo). Só que hoje não vemos - ou muitos não veem - o homossexual como um pervertido, mas alguém que tem uma preferência pelo mesmo sexo, seja por questão genética ou seja lá porquê, ele nasceu assim (isso é deles, é sua personalidade, seu eu). Então eu vejo o discurso da Igreja completamente dissonante desse novo pensamento: condenar homens que possuem um traço que os define como "homossexuais" (nessa sociedade que necessita definir tudo), traço que está além da escolha deles, e usar a bíblia que acredita que isso foi uma escolha pessoal. Tipo, não dá, não é?

Oliveira disse...

Shoujofan:

Você não lê, você não pensa.

Dai disse...

Ótimo texto Valéria! Interessante isto que vc conta, da divisão de trabalho entre igrejas e denominações. Eu entendo a lógica do poder que estrutura essas posições hegemônicas, mesmo assim é dureza engolir o fato de que o ódio é um catalisador poderoso, consegui unir as pessoas ainda mais que a solidariedade. Parabéns pelo texto, vou repassar a quem acho que devo. E um abraço na Lola.

Dai disse...

Uma dica: Meninas,
Valéria, Lola, Mari,
A Cladem está oferecendo bolsas a blogueiras que fazem ativismo social com seus blogs, o incentivo corresponde à ajuda de custo e passagens para uma conferência sobre blogs em Nova York. Confiram:
http://www.blogher. com/announcing- blogher-09- international- activist- blogher-scholars hip-0

abraço!

Anônimo disse...

Hei &¨%@&&,

Achei um absurdo não publicar meu comentário. Ganhou um Sidekick.

Lily Dragon disse...

Excelente o texto, aborda vários temas muito pertinentes de forma lúcida e, o que é muito precioso, com um olhar crítico de dentro. Assim como é muito fácil para nossa colega lá do comentário acima falar de como os homossexuais são todos deprimidinhos e sexualmente mal-resolvidos, também é muito fácil para não cristãos sugerir a queima de bíblias e que a religião seja a fonte de todos os males da humanidade.

Depois que li um trecho do corão falando com todas as letras que o valor do ser humano não está nas tribos nem em ser homem ou mulher, mas em sua devoção a Alá, vejo com mais exemplos ainda que, de fato, o problema não é do cristianismo, do ateísmo ou (oh céus!) islamismo, e sim da enorme perversão que é feita quando a política está misturada.

Afinal, é só comparar o cristianismo primitivo, aqueles que eram comidos por leões no Coliseu, do que aconteceu quando virou a religião oficial do Império Romano...

Mas, de volta para o texto, uma idéia me arrepia:

é terrível ver essa onda de conservadorismo a la Era Bush assolando o Brasil, com o crescimento da intolerância e discriminação em massa, ver uma ameaça de retrocesso no respeito às diferenças de gênero: é como se tentassem passar uma rasteira num bebê que quer começar a andar.

Como luterana (e livre-pensante), me revolta o estômago como tantas pessoas vão procurar em passagens obscuras e datadas da Bíblia para condenar os homossexuais, e ignoram a parte do amor ao próximo, cuja força deveria guiar e sustentar o cristianismo.

Mas esse ódio todo me espanta... Qual ofensa foi cometida pelos homossexuais além deles, erm, existirem?
Por que não direcionar essa revolta àqueles que, pelo desvio do dinheiro público, deixam de melhorar a qualidade de vida de tantos brasileiros, e até mesmo matar indiretamente ao não investir em saúde, ou matar espíritos ao não investir em educação?

Enfim... Lola, ótima escolha de guest post!

Ju Moreira disse...

Li esse post ha alguns dias e hj me deparo com um blog q acho q vc deveria dar uma olhada, Lola!
http://www.cleycianne.com/

Sigo alguém no twitter q comentou o "bate boca" da moça com Katylene (uma personagem drag queen da net q fala de celebridades).

Dá uma conferida e se tiver estomago, comenta algo por aqui! ;)
xero

Anônimo disse...
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robb disse...

Só hoje achei esse comentário que virou post e o seu comentário original.

Bem, se uma mulher protestante e hétero se diz preocupada e incomodada com essa situação de cada vez maior violência verbal das igrejas evangélicas contra os homossexuais no Brasil, imagina eu que sou gay.

E olhe que há mais de um ano ainda não tínhamos o palco ocupado por Jair Bolsonaro cuja cruzada antigay se dá nos mesmos termos baixos e truculentos com que o mesmo defende a tortura e a morte de opositores políticos - e aí eu fico REALMENTE imaginando que seria só para "os terroristas" do tempo da ditadura, ou também os opositores mais incômodos de hoje também mereceriam o mesmo tratamento?

Como vê o cerco aos homossexuais está crescendo, o discurso que se contrapõe a qualquer medida por mínima que seja no combate a essa loucura homofóbica é cada vez mais apelativo, baixo e delirante.

Tudo isso, essa difamação baixa e apelativa - comparando gay e pedofilia, a desumanização ("o gay é um tarado que só pensa em sexo") essa pregação constante e cada vez mais raivosa contra gays tem LIGAÇÃO DIRETA com a violência física e a morte de homossexuais no Brasil.

Semana passada todos vimos a bancada evangélica em ação - dando razão à professora - trocando a investigação de suspeita de emriquecimento ilícito de um alto funcionário do governo pelo banimento do kit do projeto escola sem homofobia.

Já se movimentam também para a absurda tentativa de subverter a ordem jurídica nacional tentando cassar a bela decisão UNÂNIME do STF sobre a união civil homossexual.

Esse povo delira como que em transe, mas no fundo eu também acho que mais do que qualquer questão de fé está o poder de mobilização que um tema desses representa para esses setores.

Educar a população no respeito aos homossexuais tiraria o doce da boca da criança, diminuiria a mobilização e a grana fácil (e os votos) que esse pessoal recebe pregando preconceito.

A HOMOFOBIA É A GALINHA DOS OVOS DE OURO DOS EVANGÉLICOS

Anônimo disse...

Nem tudo que está na bíblia é verdade. Lembre-se que a bíblia foi criada praticamente por aquela igreja nefasta, a católica. E jesus pregou amor entre todas as pessoas, então com todo esse ódio, esse nojentos dos evangélicos, estão desrespeitando aquele que eles fingem tanto amar. Os pastores são corruptos e falsos moralistas. #MorteAosPastores

Tati disse...

Ótima análise! Só não consigo entender como uma pessoa aparentemente tão esclarecida se conforma em congregar na igreja menos homofóbica. Eu fui criada como testemunha de Jeová e, apesar de toda a pressão (testemunhas de Jeová excluem ex-membros do convívio social, tratam-nos como verdadeiros párias), não pude continuar quando me tornei adulta. Não posso compactuar com a misoginia e a homofobia pregada por essas religiões (só pra citar alguns dos problemas). Enfim, como ficar bem com a própria consciência sabendo que se está ajudando a formar líderes espirituais que odeiam gays mas são coniventes com o roubo?