Você não precisa de uma crítica de cinema altamente especializada como eu pra suspeitar que "Navio Fantasma" é uma casa mal-assombrada em alto mar, né? Esse tipo de filme é feito às dúzias pra passar nos EUA em outubro, quando os adolescentes festejam o Halloween. A trama é meio confusa, mas ela não é fundamental nesse caso. Dá pra imaginar como os realizadores fazem esses terrorzinhos. "Oba! Pensei numa cena em que pessoas são cortadas ao meio. E tem outra em que uma piscina se enche de sangue. E aquela de praxe onde os atores comem coisas nojentas. Ah, e um dos barcos explode, claro. Agora vamos pensar numa história pra encaixar todas essas cenas, gente!". O que eu entendi da trama é que uma equipe de aventureiros descobre um navio desaparecido há 40 anos e decide ficar com o ouro encontrado lá. Tolinhos! Aí um monte de gente mata outro monte de gente, até que sobra uma só pessoa, que também é um Gasparzinho. No fim, uma carrada de alminhas é liberada, só que elas parecem girinos.
O início até que é legal, embora me fizesse lembrar de "Resident Evil". Tem um baile bem chique no convés, vários casais dançam, e uma corda corta todo mundo pela metade. A cena funciona: passei a ver meu varal com outros olhos. Depois disso, o estilo do filme segue um certo padrão. Por exemplo, moça vasculha o quarto de uma fantasminha. Música suave. De repente, um susto em câmera lenta. Moça grita. Público boceja. E tem aquela lógica de filme de terror. Um cara fita um carrão parado e exclama: "Olha só, eu amo carros! Vamos lá ver!". A moça receosa replica: "Não, a gente tem que sair daqui já! Agora mesmo! Rápido! Opa! Tem alguma coisa se mexendo atrás daquele caixote. Vamos conferir!".
O problema de "Navio à Deriva" não é ter atores fracos ou história bobinha. É simplesmente não assustar. Filme de terror que não assusta é como comédia que não faz rir. E sou só eu que não considera os plufts uma séria ameaça à civilização? Pô, esses penadinhos não conseguem sequer segurar um facão. Vão machucar quem?
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