"Jogo dos Espíritos de Porco" é o seu terror padrão, com a diferença do sotaque britânico, da garotada dirigir do lado errado do carro, e de ser mais liberal em relação às drogas. O resto é o de sempre: jovens amigos são assassinados brutalmente um por um. Começa com um pedacinho de horror no Marrocos, a la "Exorcista", com o único intuito de, mais tarde na projeção, alguém poder fazer uma piadinha do tipo "Nós sempre teremos Marrocos". Ahn, os produtores realmente acreditam que o público de "Espíritos" já ouviu falar de "Casablanca"? Uns camaradas estão numa boate e, por diversão, decidem se comunicar com os mortos através de um ouija board. Não sei como se traduz isso. Cientificamente falando, é a tal brincadeira do copo. Os amigos ficam em volta de uma mesa, com pedacinhos de papel, com um copo no meio. Todos precisam manter um dedo em cima do copo, e o copo se mexerá. Aqui veio o primeiro grande susto da platéia – gente, as unhas dos caras estavam imundas! Uníssono do público: "Argh! Ui! Blarg! Como é que pode?! Égua!". Aprenda a lição: quando for participar de uma sessão ouija, passe no manicure antes.
Parece que a cambada aciona um espírito ruim de nome "Djinn", um demônio do fogo. E como se liquida um demônio do fogo? Tacando fogo nele, ué. Óbvio. Mas isso só vai rolar após múltiplos assassinatos. Eu ficava me lembrando da Meryl Streep gritando "o djingo pegou meu bebê!". Porém, o público estava mais empenhado em morrer de rir com os microfones que teimavam em aparecer nos enquadramentos. De fato, há uma enorme concentração de microfones por metro quadrado. Surgia um e os espectadores apontavam: "Olha o microfone lá!". Não creio que tenha sido sem querer. Os microfones são aparentes demais. Acho que os realizadores de "Espíritos" notaram que o filminho era fraco, e pensaram: "Vamos distribuir uns microfones por aí, pro público se divertir com alguma coisa". Funcionou, não funcionou?
Outra distração simpática foi um ator com olhos arregaladíssimos e orelhas de abano. Não ponho minha mão no fogo, mas acho que era o Lukas Haas! Como assim, ficou na mesma? Sabe o menininho de "A Testemunha", ótimo filme de 85 com o Harrison Ford? O Lukas cresceu pra virar coadjuvante em terrorzinho! E esses filmes são todos iguais. É impressionante. O pessoal entende que não pode se separar, ou morrerá. Segue-se este diálogo: Bobão 1: "Vamos ficar juntos, hein?". Bobão 2: "Claro. Sempre juntos. Você tem um isqueiro?". Bobão 1: "Lá na cozinha". Bobão 2: "Já volto". Que são suas famosas últimas palavras, certo? A mensagem é que fumar traz riscos à saúde.
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