Mostrando postagens com marcador erin brokovich. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador erin brokovich. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 29 de novembro de 2000

CRÍTICA: ERIN BROKOVICH / Talento em fórmula

Se você olhar bem, verá que Julia Roberts nem é tão bonita assim. Mas um milagre acontece quando ela sorri: seu rosto se ilumina e ela se torna deslumbrante. Então, veículo que se preze para a Julia inclui várias oportunidades para que ela nos desarme com seu sorriso. Em “Erin Brokovich, Uma Mulher de Talento”, que entra em cartaz no Estado hoje, não é diferente. Aqui ela pode mostrar todos os seus dentes.

O filme mostra como, na Terra das Oportunidades, uma jovem que sustenta três filhos sozinha, desempregada e pobre, pode exigir um cargo numa firma de advocacia e, enquanto arruma os arquivos, garimpar um caso que lhe renderá a maior indenização individual da história americana. Essa fábula aconteceu de verdade, com variações, e a própria Erin versão carne e osso aparece em uma ponta como garçonete.

Nada será fácil na saga de Erin, mas sabemos que ela alcançará seus objetivos. É a típica fórmula que faz com que o espectador deixe a sessão sentido-se bem, acreditando na grandeza humana. E na força da grana, já que a personagem fala em dinheiro de cinco em cinco minutos.

Julia está bem, desfila inúmeros modelitos, todos com decotes generosos, como se a Linda Mulher reencarnasse em alguém mais brega. Ela pode até conseguir uma indicação para o Oscar, se a Academia lembrar-se dela no fim do ano (o que é difícil). Se for nomeada, será por uma cena: aquela em que ela está dirigindo e seu namorado lhe informa, via telefone celular, que sua filhinha falou a primeira palavra. E não foi “Hollywood”, foi “bola”.

Erin tem sérios problemas com o namorado super gentil, que não quer dividi-la com o trabalho. Ele vive pedindo para que ela abandone o caso. Pensei que iria chegar um ponto em que Erin lhe dissesse, “Calma aí, meu, minha história ainda vai virar um filme com a Julia Roberts”. E este talvez seja o maior problema: a gente nunca, nem por um segundo sequer, se esquece que o filme é com, de, e para Julia. Ela merece. Mas, e nós?