Semana passada um caso estranho chamou muito a atenção e chegou aos Trending Topics do Twitter com a tag #SalveBelParaMeninas
Bianca, uma admiradora minha e mãe de uma menina de 13 anos, pediu para que eu escrevesse sobre o caso. Respondi que não estava acompanhando, que nem sabia do que se tratava, e pedi para que ela escrevesse. Ela escreveu, com a revisão da filha.
Agora eu sei que o caso envolve trabalho infantil, possível exploração das filhas, e outros tópicos espinhosos. Bel tinha 6 anos em 2013, quando sua família iniciou um canal no YouTube pra ela. Até hoje eram quatro canais da família com mais de 60 milhões de views. Porém, vendo o vídeo da Maíra Medeiros (recomendado pela Bianca), vi que os canais incluem títulos que estão mais para clickbaits, como "Bel é levada pela correnteza", e vídeos que mais parecem abusos, como um em que a mãe da Bel, Fran, a força a tomar uma vitamina de peixe (na época estava na moda o "Smoothie challenge").
Leia o que a Bianca tem a dizer:
Em 2015 minha filha de 8 anos começou a assistir o canal do YouTube “Bel para meninas” por recomendação das amigas da escola. A Bel, que tem a mesma idade que a minha filha, chamava a atenção pelos seus brinquedos e pelos teatrinhos que ela fazia com a mãe. Nessas historinhas, Fran (a mãe) sempre era a boazinha, e Bel, a má.
Quando comecei a ver os vídeos com a minha filha, a alertei sobre como aquela mãe era sem noção e explorava a filha para ganhar views. Nunca proibi minha filha de ver o canal. Ela entendeu o que eu estava lhe explicando e parou de assistir sozinha o "Bel para meninas".
O tempo passou e na semana passada adolescentes que cresceram assistindo o canal da Bel começaram a reclamar no Twitter de como a Bel está triste, é infantilizada, de como o conteúdo do canal é negativo, e de como ela é maltratada pela mãe. Vários vídeos começaram a circular e não resta dúvida para mim de que a Fran, que é psicóloga, parece ter problemas psicológicos, e de que a Bel não está confortável gravando os vídeos.
Um vídeo que choca é um com título "Bel sendo levada pela correnteza", em que a menina está no mar com a água até o pescoço e as ondas passam por cima da sua cabeça. Também tem vídeo dela vomitando de nojo do bacalhau com leite que teve que comer para vencer um desafio. E dela tomando sal de frutas, e de Bel sendo atirada na piscina e afogada pela mãe. Surpreende que a mãe nunca passa por essas situações, só a criança.
Um outro vídeo sugere no título que a Bel é adotada, mas era “só” uma trollagem da Fran.
Denúncias e questionamentos de que a menina é proibida de ter amigos, de sair de casa para brincar no condomínio onde moram na cidade de Maricá, RJ, de ser tornar adolescente e de ter suas próprias redes sociais chamaram a atenção do Conselho Tutelar e da Polícia Civil, assim como da mídia.
O Conselho Tutelar foi duas vezes na residência da família em menos de 24hs e a polícia abriu inquérito e está investigando o caso de forma sigilosa. Em 2016 o Ministério Público de Minas Gerais já havia recebido denúncias, mas nada aconteceu.
O Cidade Alerta da Record, apresentado por Luiz Bacci, esteve acompanhado o caso, mas desde o dia 21 de maio deixou de dar notícias sobre o desenrolar em seu programa. O que se lê no Twitter é que os pais da Bel estão ameaçando processar todos que se envolvam no caso. Na quinta-feira, Fran e seu marido Mau fizeram um vídeo para reclamar da difamação contra a família.
Hoje o YouTube retirou da sua plataforma todos os vídeos com Bel e sua mãe. O canal da Fran continua. É importante que Bel e sua irmã Nina possam ter seus diretos fundamentais respeitados. Não é por elas serem crianças que não têm direitos.
10 comentários:
Texto excelente. Também não assistia o canal e queria entender a situação.
Um absurdo o Ministério Público não ter feito nada.
Completamente errado, quem retirou os vídeos foi a própria família e não foi por questões judiciais! Eles provaram e só quem tem acesso e o próprio ministério público, e eles receberam 2 visitas em menos de 24 horas na sua residência do Conselho tutelar!
Essa Fran fica obrigando a Bel a fazer esses vídeos malucos sem graça nenhuma alguém tem que frear essa ridícula
Eu acompanhei o caso porque ficou muito tempo nos trending topics do Twitter. Caso de pais que fizeram a vida em cima da exploração da filha ainda criança, em vídeos apelativos. Há muitos canais desse tipo, esse foi só um.
Concordo com a maioria do texto, mas não acho que ter seus próprios perfis de redes sociais seja "direito" de criança. A internet já está abarrotada de pedófilos e outros perigos.
Eu vi vários canais de direita falando sobre isso deste a semana passada, mas infelizmente como tudo aqui no Brasil demora para ser levado a justiça, e ainda mais para ela tomar alguma decisão.
Ué, Lola? Pq não publicou meu comentário que fiz nessa madrugada? Só pq vc não gosta, não quer dizer que tem que censurar.
É por isso que se reproduzir não pode ser um direito. Gente como os pais dessa menina simplesmente não devia ter permissão de se reproduzir. Só faz ferrar com o psicológico dos filhos e entregar pessoas totalmente desajustadas e problemáticas.
Meu Deus ela tinha que ser presa
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