Quando recebi este email da M, pensei no início do blog, e de como aprendi e continuo aprendendo coisas novas todos os dias. Fiquei chocada ao descobrir que algumas leitoras já foram abusadas enquanto dormiam, em viagens de ônibus interestaduais e intermunicipais!
Não sabia que isso acontecia.
Também lembrei de um post que escrevi ao ler o excelente livro da Susan Brownmiller sobre estupro. Ela descreve como era o atendimento às vítimas em Nova York nos anos 1970, antes da criação das Delegacias da Mulher. São Paulo 2013 pelo jeito tem muito em comum com NY 1973...
Leiam o relato da M. e revoltem-se.
Decidi compartilhar essa história para que outras mulheres vejam e saibam se defender caso aconteça algo semelhante. É uma história de desrespeito das autoridades, uma história que reitera os abusos contra as mulheres.
Estudo em uma cidade diferente da cidade em que nasci, e costumo viajar de ônibus nos fins de semana para ver a família. O ônibus faz a viagem durante a madrugada, de domingo para segunda, dentro do estado de São Paulo. Nesse fim de semana específico encontrei uma colega, que chamarei de Vanessa, de escola, que vejo apenas de vez em quando nas viagens.
Quando o ônibus parou no posto de estrada, Vanessa me acordou e encontrava-se visivelmente nervosa. Perguntei o que tinha ocorrido. Ela me relatou, depois de um tempo, que estava dormindo quando acordou assustada, pois o homem que sentou do lado dela -- um homem fardado, um bombeiro! -- estava passando a mão nela, e com o pênis pra fora, se masturbando. Ela tentou gritar, mas conseguiu apenas falar baixinho pra ele sair dali. Ou seja, ninguém no ônibus ouviu ou viu qualquer coisa.
Percebi que ela estava abalada e muito envergonhada em me contar a história, e perguntei se ela preferia esperar chegarmos ao destino para fazer o boletim de ocorrência, ou se desejava fazê-lo imediatamente. Ela quis resolver tudo rápido.
Mas esse não foi nem o começo dos abusos aos quais ela foi submetida.
Informamos o motorista, que parou num posto rodoviário da Polícia Militar a cinco minutos dali. Descemos do ônibus e os PMs, visivelmente irritados por ter que resolver problemas de "mulherzinha", pediram que ela relatasse o que aconteceu. Numa sala com seis homens fardados, ela mal conseguiu falar que tinha ocorrido um abuso.
Os policiais foram buscar o bombeiro dentro do ônibus, e ao chegarem com ele no posto rodoviário, disseram o seguinte: "Agora, Vanessa, fale pra ele o que você falou pra gente" (sério mesmo? confrontar uma vítima com um agressor?). Ela não conseguiu falar nada. O bombeiro alegou que a menina acordou sozinha e pediu para que ele saísse do lado dela. Porque é super comum as pessoas mandarem as outras saírem do seu lado sem nenhum motivo!
Os PMs então resolveram encaminhar o caso para a delegacia, e fui com um deles buscar nossas malas, para que o ônibus pudesse seguir viagem com os outros passageiros.
Quando estava atravessando a rodovia, o querido policial me disse: "Ela já mudou a versão, né?" Ao que eu respondi: "É porque toda vítima consegue acusar facilmente na frente do agressor".
Quando retornei ao posto qual não foi minha surpresa constatar que Vanessa continuava na recepção, enquanto o bombeiro estava numa sala separada, com café e água, dando risada e conversando com os policiais.
Solicitei imediatamente que o caso fosse encaminhado para uma delegacia da mulher. O policial me informou que essas delegacias não ficavam abertas de madrugada. Pedi então que o caso fosse encaminhado a uma delegacia com delegada mulher, ou, pelo menos, onde houvesse policiais mulheres de plantão, para acompanhar o caso, no que fui solenemente ignorada.
Percebi que os policiais já conheciam o delegado da DP para onde encaminharam a gente, tudo para resolver o caso o mais rápido possível e se livrarem daquelas menininhas pentelhas.
Quando chegamos na delegacia, após tomar os depoimentos, o delegado, muito informado sobre os crimes do Código Penal, decidiu enquadrar o crime como uma contravenção penal de "perturbação ao sossego". Quer dizer... sério? O que o bombeiro estava fazendo no ônibus, cantando Michel Teló alto demais?
Passei a discutir com o delegado, mas como a minha amiga estava perturbada, e sabendo que quem decide como enquadrar o crime é o Ministério Público, registrei que não concordava no meu depoimento.
Terminados esses procedimentos, foram nos levar para o posto de estrada, para que pudéssemos pegar outro ônibus (da mesma empresa) para finalmente chegar ao nosso destino. Queriam colocar nós duas e o bombeiro no mesmo carro!
Finalmente perdi o controle, e falei -- na verdade gritei -- que iria denunciá-los na Corregedoria, que denunciaria no MP da Justiça Militar, que iria chamar a imprensa, que aquilo tudo era um absurdo!
Depois disso, o policial teve a cara de pau de me falar pra parar com o chilique, que eles levariam a gente em viaturas diferentes. Falei para levarem o bombeiro primeiro, que não queria que ele soubesse nosso trajeto ou qualquer outra coisa.
Saldo final: Vanessa não quer fazer nenhuma denúncia, pois não tem prova, e não quer se expor. O bombeiro foi apenas transferido de cidade após sua superior (sim, uma mulher!) saber do ocorrido.
Dei uma pesquisada e descobri que casos de abusos em ônibus intermunicipais são muito comuns, e nunca são divulgados pela mídia. Por isso escrevi para você, porque você pode começar algum tipo de divulgação e alertar as mulheres desses perigos! E também para demonstrar o descaso das autoridades com casos como esse.
Não sabia que isso acontecia.
Também lembrei de um post que escrevi ao ler o excelente livro da Susan Brownmiller sobre estupro. Ela descreve como era o atendimento às vítimas em Nova York nos anos 1970, antes da criação das Delegacias da Mulher. São Paulo 2013 pelo jeito tem muito em comum com NY 1973...
Leiam o relato da M. e revoltem-se.
Decidi compartilhar essa história para que outras mulheres vejam e saibam se defender caso aconteça algo semelhante. É uma história de desrespeito das autoridades, uma história que reitera os abusos contra as mulheres.
Estudo em uma cidade diferente da cidade em que nasci, e costumo viajar de ônibus nos fins de semana para ver a família. O ônibus faz a viagem durante a madrugada, de domingo para segunda, dentro do estado de São Paulo. Nesse fim de semana específico encontrei uma colega, que chamarei de Vanessa, de escola, que vejo apenas de vez em quando nas viagens.
Quando o ônibus parou no posto de estrada, Vanessa me acordou e encontrava-se visivelmente nervosa. Perguntei o que tinha ocorrido. Ela me relatou, depois de um tempo, que estava dormindo quando acordou assustada, pois o homem que sentou do lado dela -- um homem fardado, um bombeiro! -- estava passando a mão nela, e com o pênis pra fora, se masturbando. Ela tentou gritar, mas conseguiu apenas falar baixinho pra ele sair dali. Ou seja, ninguém no ônibus ouviu ou viu qualquer coisa.
Percebi que ela estava abalada e muito envergonhada em me contar a história, e perguntei se ela preferia esperar chegarmos ao destino para fazer o boletim de ocorrência, ou se desejava fazê-lo imediatamente. Ela quis resolver tudo rápido.
Mas esse não foi nem o começo dos abusos aos quais ela foi submetida.
Informamos o motorista, que parou num posto rodoviário da Polícia Militar a cinco minutos dali. Descemos do ônibus e os PMs, visivelmente irritados por ter que resolver problemas de "mulherzinha", pediram que ela relatasse o que aconteceu. Numa sala com seis homens fardados, ela mal conseguiu falar que tinha ocorrido um abuso.
Os policiais foram buscar o bombeiro dentro do ônibus, e ao chegarem com ele no posto rodoviário, disseram o seguinte: "Agora, Vanessa, fale pra ele o que você falou pra gente" (sério mesmo? confrontar uma vítima com um agressor?). Ela não conseguiu falar nada. O bombeiro alegou que a menina acordou sozinha e pediu para que ele saísse do lado dela. Porque é super comum as pessoas mandarem as outras saírem do seu lado sem nenhum motivo!
Os PMs então resolveram encaminhar o caso para a delegacia, e fui com um deles buscar nossas malas, para que o ônibus pudesse seguir viagem com os outros passageiros.
Quando estava atravessando a rodovia, o querido policial me disse: "Ela já mudou a versão, né?" Ao que eu respondi: "É porque toda vítima consegue acusar facilmente na frente do agressor".
Quando retornei ao posto qual não foi minha surpresa constatar que Vanessa continuava na recepção, enquanto o bombeiro estava numa sala separada, com café e água, dando risada e conversando com os policiais.
Solicitei imediatamente que o caso fosse encaminhado para uma delegacia da mulher. O policial me informou que essas delegacias não ficavam abertas de madrugada. Pedi então que o caso fosse encaminhado a uma delegacia com delegada mulher, ou, pelo menos, onde houvesse policiais mulheres de plantão, para acompanhar o caso, no que fui solenemente ignorada.
Percebi que os policiais já conheciam o delegado da DP para onde encaminharam a gente, tudo para resolver o caso o mais rápido possível e se livrarem daquelas menininhas pentelhas.
Quando chegamos na delegacia, após tomar os depoimentos, o delegado, muito informado sobre os crimes do Código Penal, decidiu enquadrar o crime como uma contravenção penal de "perturbação ao sossego". Quer dizer... sério? O que o bombeiro estava fazendo no ônibus, cantando Michel Teló alto demais?
Passei a discutir com o delegado, mas como a minha amiga estava perturbada, e sabendo que quem decide como enquadrar o crime é o Ministério Público, registrei que não concordava no meu depoimento.
Terminados esses procedimentos, foram nos levar para o posto de estrada, para que pudéssemos pegar outro ônibus (da mesma empresa) para finalmente chegar ao nosso destino. Queriam colocar nós duas e o bombeiro no mesmo carro!
Finalmente perdi o controle, e falei -- na verdade gritei -- que iria denunciá-los na Corregedoria, que denunciaria no MP da Justiça Militar, que iria chamar a imprensa, que aquilo tudo era um absurdo!
Depois disso, o policial teve a cara de pau de me falar pra parar com o chilique, que eles levariam a gente em viaturas diferentes. Falei para levarem o bombeiro primeiro, que não queria que ele soubesse nosso trajeto ou qualquer outra coisa.
Saldo final: Vanessa não quer fazer nenhuma denúncia, pois não tem prova, e não quer se expor. O bombeiro foi apenas transferido de cidade após sua superior (sim, uma mulher!) saber do ocorrido.
Dei uma pesquisada e descobri que casos de abusos em ônibus intermunicipais são muito comuns, e nunca são divulgados pela mídia. Por isso escrevi para você, porque você pode começar algum tipo de divulgação e alertar as mulheres desses perigos! E também para demonstrar o descaso das autoridades com casos como esse.
92 comentários:
É difícil encontrar homens policiais que tenham consciência e compreendam a fragilidade da mulher nessa situação de abuso. Quando eu precisei ir à delegacia denunciar uma agressão física, um policial insistia comigo para ir até uma delegacia da mulher, insistiu muito. Mas eu chorava e dizia que precisava terminar logo com isso.
Então veio o policial que ia fazer o boletim de ocorrência pra mim, ele fez pouco caso e nem escreveu o nome de quem havia me batido.
Como eu estava extremamente envergonhada e querendo sair de lá para tomar um banho e chorar na cama, saí de lá com o BO daquele jeito mesmo. Enfim, não deu em nada, mas eu também não tinha alguém que me apoiasse, ainda mais naquele ambiente hostil onde só tinha homens. Se talvez tivesse ido até uma delegacia da mulher as coisas teriam um rumo diferente.
Lola, estudei fora 5 anos e sempre peguei ônibus cuja viagem durava 6 horas. Normalmente ia a noite porque não gostava de passar o dia num ônibus e perder tempo. Nunca me aconteceu nada, mas eu sempre fiquei muito esperta com homens que sentavam do meu lado, e muitas vezes policiais sentaram ao meu lado (nem por isso confiei mais neles...). Sempre levei coberta e me encolhia para o lado oposto da pessoa...enfim, estratégias que são rídiculas diante do absurdo que acontece por aí....
O mesmo aconteceu com a moça que foi estuprada numa van no Rio de Janeiro... Ficou horas esperando pelo atendimento e exame de corpo de delito na Delegacia da Mulher/Instituto Médico Legal em vão, pois só foram dar a devida atenção ao caso e prender os criminosos após o crime ter acontecido novamente (desta vez com uma AMERICANA). Absurdo!!! Aliás, esse assunto merece um post, Lola.
Durante quatro anos fiz faculdade numa cidade diferente da minha, pegava ônibus intermunicipal de segunda a sexta feira, sempre no mesmo horário, 5h30min.
Como acordava muito cedo, sempre ia dormindo nos bancos do fundo.
Passei por três situações constrangedoras nesses quatro anos.
A primeira foi acordar no meio da viagem e ver um PM se masturbando no banco ao lado do meu, me observando dormir.
A segunda foi flagrar um outro passageiro me fotografando.
A terceira foi quando um passageiro que viajava comigo todos os dias, sentou ao meu lado e começou a roçar a perna dele na minha.
Em nenhuma das vezes tive qualquer reação, por medo, por vergonha de ter que encontrar as demais pessoas com quem eu viajava, enfim.
Não reagi e nunca conversei sobre isso com ninguém. E também tenho a triste certeza de que se houvesse relatado o ocorrido ao motorista ou ao fiscal, nada seria feito, como no caso acima.
Terrível Lola. O que mais me irrita é que não há PUNIÇÃO! Me deixa louca, fula da vida ler os casos publicados aqui e juntar com os outros tantos que eu já conheci perto de mim.
Somos tratadas como objetos sexuais em tudo, e depois que acontece este tipo de coisa as pessas ainda naturalizam, banalizam.
ÓDIO DAS AUTORIDADES QUE NADA FAZEM!
Já me aconteceu, e numa viagem curta, de cerca de duas horas.
Eu também morava numa cidade e trabalhava em outra mas, como era relativamente perto, ia para a casa dos meus pais todos os dias.
Como eu sempre acordava cedíssimo para ir para a aula, acabava cochilando no ônibus, tanto na ida quanto na volta. Um dia, voltando para casa, dei uma "meia acordada" e senti algo na minha perna. despertei e vi que o cara do meu lado tava me apertando, subindo a mão pela minha coxa.
fiquei com muito, muito nojo, mas na época era nova e bem boboca, e acredita que eu não fiz nada? quer dizer, eu olhei pra cara dele, tirei a perna e me encolhi pro lado. (só não dormi mais, evidentemente). mas não passei disso. na verdade, eu fiquei foi morrendo de vergonha.
quando me lembro desse episódio hoje fico com muita raiva de mim mesma por não ter tomado nenhuma atitude...
ah, em viagens nos ônibus urbanos, com quase todo mundo acordado, as situações de abuso também são mais que comuns, né. muito absurdo.
Que horror! Policiais completamente despreparados. Vergonhoso!
Ainda bem que a V. teve o apoio da determinada M.
Quem tem que ter vergonha na cara é o babaca do agressor.
Não me xinguem não, mas no lugar da Vanessa, já prevendo toda a dor de cabeça, exposição e falta de provas, eu deixaria pra lá. Até porque duvido que a vida desse desgraçado tenha mudado uma vírgula depois da denúncia.
acho imprescindível q mulheres, desde crianças, aprendam a REAGIR a este tipo de situação. não tem pq nunca dizer nada. a vergonha é de quem comete a agressão. é com ele q deve estar o constrangimento.
veja bem, entendo perfeitamente o motivo pelo qual as mulheres se calam. é sempre aquela história, ouvida desde muito crianças, de ficar comportadinha, falar baixinho, ficar quietinha e ser simpática.
mas, em situações assim, a mulher DEVE fazer barulho. e deve fazê-lo com convicção, de cabeça erguida e de forma firme e contundente. é isso q precisa ser ensinado às nossas meninas. enqto o agressor tiver, do lado dele, o constrangimento e a vergonha da vítima, os abusos não vão parar. o agressor conta com isso. por isso o bombeiro foi confraternizar com quem deveria proteger a população. tá td do lado e contra a vítima.
mulheres não devem aceitar a violência. jamais.
Moro em São Paulo com minha mãe, porém todos os parentes moram em outras cidades, e desde os 16 anos viajei sozinha em ônibus intermunicipais.
Lembro até hoje um conselho que uma tia minha me deu: "Moça quando viaja sozinha deve sempre comprar poltrona no corredor e o mais perto possível da entrada do ônibus, nunca ficar sozinha no fundo". E completou o conselho dizendo que uma vez durante uma viagem um homem se masturbou do lado dela, ela com medo de perturbar os outros e com vergonha passou o resto da viagem encolhida fingindo que estava dormindo.
Hoje percebo que novamente, educam a mulher para ter medo e perder a liberdade, e não o homem a respeitar.
Bom, eu comento aqui de vez em quando e já mencionei que nunca sofri abuso. Mentira. Há cerca de 2 semanas eu me lembrei de uma situação pela qual passei quando era adolescente e percebi que já sofri sim abuso sexual.
Eu tinha mais ou menos 16 anos. Estudava num colégio que ficava perto de um shopping com muitas salas de cinema. Apesar de ter muitos amigos, gostava de fazer várias coisas sozinha (ainda gosto) e resolvi ver o filme Vanilla Sky no cinema do shopping após a aula e tomar um café, passar numa livraria, coisas assim.
Eu estava com a blusa do colégio e carregava uma mochila. Me sentei em uma poltrona no meio do cinema, sem ninguém ao meu lado. As luzes se apagaram e o filme estava começando quando um homem se sentou ao meu lado. Eu não gostei muito quando ele se sentou ao meu lado, mesmo porque muitas poltronas estavam livres no cinema, mas também não achei que tinha nada demais, afinal as pessoas têm o direito de se sentar onde quiserem. Eu estava muito entretida com o filme mas comecei a sentir alguma coisa esbarrando na minha perna. Deduzi que era a perna do homem ao lado, que devia estar se ajeitando e não falei nada. Conforme o filme seguiu em frente aquela sensação se repetia em alguns momentos e eu comecei a achar estranho, comecei a ficar bem incomodada mas até então só achava que o cara era espaçoso. Aí teve um momento em que ele começou a gemer baixinho. Eu entendi tudo nessa hora. Ele não estava com o pênis pra fora, mas estava se esfregando por cima da calça e eu demorei muito tempo pra perceber. Mesmo quando percebi, tive dificuldade para aceitar que aquilo pudesse estar acontecendo. Eu me levantei, sentei numa poltrona mais para o lado e coloquei a minha mochila na poltrona em que estivera sentada até então (a mochila ficou na poltyrona entre entre nós dois). Resultado: o cara levantou e começou a descer correndo a escada que separa as fileiras de poltronas para sair do cinema. Por mais que eu soubesse o que estava acontecendo, foi só nesse momento que realmente acreditei em mim mesma (eu tive uma imensa dificuldade para aceitar o fato de que isso estava acontecendo e de que uma pessoa era realmente capaz de agir assim).
A minha reação foi meio impulsiva: eu me levantei, peguei minha mochila e desci as escadas correndo atrás do cara. Cheguei do lado de fora do cinema e ele estava indo em direção às escadas rolantes. Eu o segui, mas ele correu pelos corredores e desapareceu. Eu nunca vi o rosto dele, mas pelo tipo físico ele parecia ter uns 40 anos. Eu não cogitei chamar um dos seguranças do shopping ou a polícia, eu não contei pra ninguém, eu não entendi direito o que fazer com aquela experiência e eu me culpei muito por não ter percebido logo desde o início. Era como se eu tivesse "deixado".
Nunca consegui terminar de ver o filme Vanilla Sky até mais ou menos uns 15 dias atrás. E foi aí que, relembrando todo esse episódio, eu consegui dar nome ao que aconteceu.
Infelizmente eu já tinha ficado sabendo de casos assim. Sempre evito viajar à noite, e mesmo durante o dia, se é um homem sentado ao meu lado, fico alerta.
Quanto à conduta dos policiais, sem comentários. São esses os "oficiais" que deveriam nos proteger.
Cada vez fico mais sem esperança, Lola.
Já passei por uma situação parecida. Uma vez, um tarado tentou se masturbar perto de mim em um desses ônibus. Denunciei, e os policiais ficaram enrolando, de forma muito semelhante aos idiotas nesse depoimento. Mas liguei para o meu namorado, e foi só ele chegar, que os policiais mudaram de tom: deram muito mais atenção a minha parte no caso e até convidaram meu namorado (p*** da vida no momento) para um cafezinho (aparentemente, eles achavam que era mais importante acalmá-lo do que a vítima!). Só para ver o quanto mulheres são desrespeitadas nesse ambiente.
Sempre viajo de ônibus também.
A empresa Brasil Sul recentemente criou o "espaço mulher". São 6 poltronas que só são vendidas para mulher.
Na época conversei com meu namorado. fiquei em dúvida sobre a iniciativa. Por um lado é legal, pq mesmo que não ocorra abuso, a gente sempre se sente mais a vontade com uma mulher ao lado.
Mas por outro lado, é o tipo de medida que ensina as mulheres a se proteger, e não os homens a nos respeitar.
Mas no fim considerei o positivo o saldo da iniciativa.
"Não me xinguem não, mas no lugar da Vanessa, já prevendo toda a dor de cabeça, exposição e falta de provas, eu deixaria pra lá. Até porque duvido que a vida desse desgraçado tenha mudado uma vírgula depois da denúncia. -- anon 11:40"
DENUNCIEM SIM!!!!!!!!
Quanto mais denúncias, mais importância darão a esse tipo de ocorrência. Mais visibilidade esse tipo de caso irá ganhar.
Uma dica? GRITEM BEM ALTO!! >>SOCORRO, ESTUPRADOR!!!!!<<
O constrangimento do sujeitinho vai ser tão grande, que ele vai pensar 20 vezes antes de fazer isso com outra mulher. Ou vai pensar 1000 vezes antes de fazer qualquer coisa com você, pois você terá várias testemunhas a teu favor.
A única situação que me ocorreu deste tipo, eu era muito nova. Devia ter uns 13 anos.
Estava viajando de dia para a casa de uma amiga. O cara que sentou do meu lado começou a puxar conversa. Normal. Em certo ponto, eu comecei a ficar um pouco incomodada e como o ônibus já não estava tão cheio, mudei para a poltrona do outro lado do corredor com a desculpa que queria dormir.
Os dois bancos estavam vazios e eu deitei com a cabeça virada para o corredor. E o cara começou a fazer carinho nos meus cabelos.
Acho que também me encolhi ainda mais e fiquei quietinha. Depois fiquei com muito medo dele me seguir na rodoviária.
Não chegou a ser um "abuso". Talvez um assédio? Mas eu era uma criança. (eu sempre fui bem magrinha, me desenvolvi tarde, então eu ainda era bem criança aos 13).
O que a gente precisa é de política pública e agora: precisamos de cursos para policiais homens e mulheres sobre os variados graus de agressão sexual e sobre humanização. Em geral, o policial só 'cria' humanidade quando o crime é extremamente cruel e aconteceu com uma moça acima de qualquer 'suspeita'. O caso da americana estuprada é emblemático: ela é americana, não consideradas pelos brasileiros tão 'vadias' como as brasileiras; estava em uma van, se deslocando, não estava em nenhuma festa e não tinha bebido; estava com o namorado, que a viu ser estuprada. Os policiais que se chocaram com o caso chocaram-se porque se colocaram no lugar do namorado, identificaram-se com ele. Fosse só a moça e talvez tivessem pena, mas com um pé atrás. Agora, diante do relato e do choro do namorado, do homem, não houve dúvida. Leiam as reportagens, as declarações dos policiais...
E quanto a reagir, precisamos aprender, sim. Reagir de uma forma a passar vergonha no cara, a fazer as pessoas se idenficarem com a gente. E, também, reagir com violência: precisamos aprender isso urgentemente (no sentido de demonstrar raiva, mais que tristeza ou decepção).
Namorei à distância por 3 anos e sempre fazia viagens interestaduais à noite que duravam mais ou menos 7 hrs, pra economizar tempo. Fora o medo de assaltos, nós mulheres ainda temos que nos preocupar com abusos que podem ocorrer. Sempre era uma tensão saber quem iria viajar ao meu lado. Nunca fui abusada, mas sempre ficava tensa e atenta.
Gente sempre que ocorrer algo ilegal envolvendo policiais SEMPRE SEMPRE vão a corregedoria tb. Vá até o palácio da polícia da cidade ou região e abra um processo administrativo lá. A punição administrativa quase sempre vem, e mesmo que vc não resolva levar até a justiça o policial fica prejudicado. Muitas vezes pode ser até demitido. A corregedoria não costuma ser condescendente com nenhuma atitude, e via das dúvidas costuma punir. Eu sei pq tenho na família muitos policiais militares e delegados também. Mesmo que a atitude não seja somente infração disciplinar, mas crime, vale a pena abrir processo administrativo contra o agressor. Na verdade mesmo que o processo administrativo não dê em nada o policial já é prejudicado.
Alice
Sempre achei que o fato de ser homem me protegeria de abusos, estudo e trabalho em uma cidade diferente da minha, e quando estou cansado demais pego um ônibus em vez de ir de trem. Em uma dessas viagens, to dormia, um homem de uns 20 anos começou a passar a mão em mim, abrir minha calça e me abusar ali mesmo. Fiquei completamente sem reação, não conseguia me mexer ou falar algo até ele terminar o que estava fazendo.
.
Já aconteceu comigo, moro em uma cidade e trabalho em outra, certa vez enquanto fazia o trajeto de volta, um homem sentou do meu lado e com o braço escondido embaixo de uma blusa que ele colocou no colo, começou a passar a mão em mim, foi terrível, pois no começo eu não conseguia discernir se ele estava ou não fazendo aquilo de propósito e fiquei com medo de falar algo e ninguém acreditar em mim. O fato é que até hoje me arrependo de não ter feito nada, fiquei paralisada, sem ação.
Por isso que é bom andar armada, qualquer coisa é facada no olho.
O agressor tava tomando café, batendo papo e rindo com esses policiais. É porque deve ter rolado uma identificação entre eles..
Mas cultura de estupro nem existe, né?
Já tive que gritar com um homem pra ele sair do meu lado. ele não chegou a me tocar mas falou obscenidades e me intimidou. A sorte foi q na hora fiquei enfurecida, e levantei e fiz um escândalo, gritando o suficiente pra afastar quem tentasse me acalmar.
E sim, é comum. Moro em outra cidade, visito meus pais de fim de semana e já vi acontecer algumas vezes.
Muito nojento saber que você pode ser, nada mais, nada menos, um 'objetinho de distração' desses canalhas durante uma viagem de ônibus cansativa. É a sensação que tenho...
Sobre a americana que foi estuprada...o terceiro verme já foi preso, bem próximo a minha residência.
Pelo que percebi, parece que empatia e solidariedade só surgem quando a vítima é estrangeira...Segundo li em algumas reportagens, parece que já fizeram, pelo menos, seis vítimas E A POLÍCIA FOI OMISSA!!!
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/04/estupro-e-roubo-em-van-chocam-ate-mesmo-policiais-experientes-no-rio.html
http://g1.globo.com/videos/rio-de-janeiro/rjtv-1edicao/t/edicoes/v/preso-o-terceiro-acusado-de-estuprar-turista-estrangeira-dentro-de-van/2493616/
O sr. Sérgio Cabral não gostaria que a imagem da cidade fosse manchada, logo a polícia agiu com presteza...Parece que a Chefe de Polícia Civil exonerou a delegada daqui de Niterói (que atuou no caso da nossa compatrita e pouco fez e também no caso do padre pedófilo) e a perita do IML.
Nojo disso tudo!!
isso eh muuuuuuuuuita certeza de Impunidade..muita mesmo..
não devemos nos calar, nunca..
jamais....
sempre denunciar sempre..e desafiar sempre as autoridades que não nos respeitar...colocar a boca nomundo..sair gritando..dar um de loca...tuuudovale pra ver esses criminosos nas cadeias...
e Renato..fiquei chocada com seu comentario..isso é um absurdooO...
da proxima vez reajaa...ninguem pode sair impuni ao fazer algo assim...
Até quando teremos nossas dignidades agredidas?
Trasportes coletivos exclusivos para mulheres já !
Eu viajo sempre em ônibus intermunicipais e sei o como é estressante sentar ao lado de um cara e ficar horas de olho para ver se ele não vai tentar nada. Essa situação é terrível. Felizmente nunca aconteceu nada nas viagens intermunicipais, mas num ônibus municipal aqui da cidade de São Paulo um cara começou a se masturbar ao meu lado, eu estava distraída olhando pela janela e quando senti que ele estava mexendo o braço de maneira estranha olhei para ele e vi, assim que ele percebeu que eu vi ele levantou e saltou do ônibus (era na Av. Paulista e estava tudo congestionado por causa de uma manifestação) eu olhei pela janela para procurar um policial e não achei, quando vi o trocador estava rindo! Ele viu tudo e não fez nada! Eu então desci do ônibus e procurei o tarado, mas ele sumiu no meio da multidão. Na hora dá tanta raiva que a gente fica sem muita condição de pensar no que fazer, eu devia ter falado com a polícia, denunciado o trocador também e tentado achar o tarado com o auxílio das autoridades, mas simplesmente desci e fui procurar o safado sozinha.
Mas para mim já deu. Não serei mais vítima, vou tirar um porte de arma e já ando com meu spray de pimenta. Se há homens bestializados eu tenho o direito de defender minha integridade e minha vida. Isso nunca mais vai acontecer comigo e o safado vai sair impune.
Eu vivo com medo disso. Quando viajo de ônibus eu NUNCA desligo a luz q fica no teto sabe? E raramente consigo dormir. É um inferno. Ultimamente eu to me sentindo tão mal com medo dessas coisas que só me sinto realmente tranquila quando saio com o namorado e isso é uma bela porcaria ¬¬
você devia era ter ido brigar com o cobrador, fazer o maior escândalo!
Que absurdo!!
Já peguei ônibus muitas vezes, para outra cidade, e isso nunca me aconteceu (felizmente).Eu tento nunca dormir, pois tenho medo e sempre sento no corredor, nunca na janela.
Acho um absurdo ter que me preocupar dessa maneira em uma simples viajem de ônibus, mas infelizmente do jeito que andam as coisas acabamos usando qualquer estratégia (boba)para nos proteger.
Pelo visto,pra ser considerada uma vítima,nesse tipo de situação,vc tem que ser estrangeira e/ou estar acompanhada do seu dono.
Posso estar enganada, mas aposto se ela tivesse reagido com um soco violento nos "bagos" dele, os policias ficariam mais do que satisfeitos de registrar um BO de lesão corporal contra ELA...
Eu já trabalhei em escritório que advocacia que atendia muitas empresas de ônibus, e direto elas eram condenadas a pagar indenização para esse tipo de vítima. As empresas são condenadas porque como se trata de relação de consumo, mesmo que elas não tenham culpa, são responsáveis por esse tipo de dano. O importante é punir a pessoa, mas o prejuízo das empresas faz com que elas orientem melhor seus funcionários para atender esse tipo de problema. Posso garantir que as vítimas que conseguiram alguma coisa foram as que fizeram uma "cena" na mesma hora.
Lola, isso está cada vez mais comum realmente! Ou pelo menos cada vez mais mulheres estão denunciando... Ou a mídia está divulgando mais... O último caso na mídia sobre o estupro da turista na van que saiu de Copacabana no RJ "chocou" o mundo. Lamentável, muito triste...
Moçada, na moral, bancar a pombinha assustada não vai resolver. Tem que rodar a pomba-gira, gritar, fazer escândalo, bater fotos, dar um surto mesmo. Vitimimimização só ajuda estupradores como esse bombeiro do capeta aí.
" Aí teve um momento em que ele começou a gemer baixinho. Eu entendi tudo nessa hora. Ele não estava com o pênis pra fora, mas estava se esfregando por cima da calça e eu demorei muito tempo pra perceber. Mesmo quando percebi, tive dificuldade para aceitar que aquilo pudesse estar acontecendo."
Aconteceu algo bem parecido comigo no Cinemark do Shopping Tatuapé, faz tempo isso. Comecei a bater fotos do cara no cinema e gritar pra todo mundo "VAI, NÃO QUER SE MOSTRAR?", ele saiu correndo feito doido hahahahahaha!
Gente a menina QUIS gritar. Mas se imagina na situação dela. Dormindo quando acorda com um maníaco mexendo nela!
Ela me falou que tentou gritar, mas a voz não saiu...
Tentem não julgar, ela já foi MUITO corajosa de levantar e denunciar na hora, e depois ainda teve que enfrentar o desprezo de quem deveria estar defendendo ela...
M.
Olha, desculpa mas como você mesmo falou, "Vanessa não quer fazer nenhuma denúncia, pois não tem prova".
Isto é, ela sabe o que aconteceu, você também (porque acredita nela), mas ponha-se no lugar dos PMs, ou melhor, do juiz: que prova vocês têm? Você acha que algum sistema penal do mundo vai punir alguém só porque uma pessoa (a vítima) diz que foi molestada por fulano? E se ele simplesmente negar?
Quando leio isso, penso a pessoa de muita sorte que sou. Quando saio na rua, a última das minhas preocupações é estupro - assalto vem na frente. Violência em geral. Nas viagens (e viajo em linhas intermunicipais e estaduais com frequência) nunca me aconteceu nada. Da única vez que aconteceu algo (e acho que nem foi abuso, o cara só era folgado mesmo), o safanão que dei bastou pra resolver. E sim, já fui abusada. Três vezes (uma só muito recentemente interpretei como abuso sexual e talvez escreverei sobre algum dia). Dentro de quatro paredes.
O que realmente me horrorizou foi o dos caras que levavam turistas em vans no rio de janeiro e estupravam. Olha eu falo pros meus amigos estrangeiros nao virem ao Brasil. Eu mesma se nao morasse aqui jamais viria visitar.
O outro dia recebi no meu facebook um abaixo assinado por melhores condições nas cadeias. Fala serio, o cara estupra e ainda quer condições humanas na cadeia? Eu quero mais que esses caras vão a uma cadeia super lotada cheia de DST e sejam bem estuprados comendo do chão e e tendo o pior tratamento possível.
Direitos humanos? Pras vitimas sim, nao pra esses maluqueiros orangotangos. Nossa eu desejo com toda a minha alma que esses caras sejam reiteradamente estuprados e morram queimados vivos bem lentamente.
Pena de morte pra esses caras com certeza, tolerância zero, foi assim que a cidade de NY ficou menos Violenta
Também ja passei por isso lola, era novinha, tinha ums 18 anos, era um onibus de linha normal, não consegui ter nenhuma reação! Alias ja passe por isso várias vezes, de andar na rua e levar tapa na bunda, sério isso ja aconteceu comigo umas 4 vezes, a primeira eu tinha 15 anos, o susto foi tão grande que cheguei a cair e ralei odo meu joelho.
Acho que fui desnecessariamente rude no comentário, mas ainda assim me sinto uma pessoa de muita sorte lendo os relatos de vocês. E é isso mesmo: gritar, espernear, reagir, fazer cena. Só assim pra ter a mínima chance de ser ouvida, infelizmente =/
Oi Lola, tudo bem? eu acompanho o seu blog e gostaria muito que você desse sua opinião sobre o caso da menina Julia Gabriele, acho que tem tudo a ver com o blog. Obrigado .. ^^
Sobre a atitude dos policiais, no dia das mulheres estava conversando com um policial que trabalha dentro da escola onde eu trabalho (escola complicada de Brasília) e estava falando sobre o terror que é a condição da mulher hoje no Brasil. Num dado momento ele fala "sabe por que mulher é estuprada? Porque ela provoca. Eu trabalhei com estupradores, eles disseram isso". Sim, meus amigos, um policial que acredita que a vítima tem culpa. Na hora, em choque, não tive o espírito de perguntar se ele já havia conversado com pedófilos (eles dão o mesmo motivo para justificar os atos deles).
É essa a gente que deve nos proteger, ou seja, melhor ficarmos atentas para nossa segurança e de outras.
Guilherme, sério que vc acha que o problema é esse?
Isso justifica os PMs ficarem tomando cafezinho e rindo com o suspeito (melhor assim pra vc, né?) de assédio? De constrangerem a vítima? De desacreditarem o depoimento dela? De quererem que ela deponha na frente do acusado? De quererem fazer ela ser transportada no mesmo carro que ele?
Não. Isso tudo é falta de preparo, de competência e sobretudo resultado dessa cultura de estupro.
Aí eu vou ver os depoimentos dos policias no caso da estrangeira estuprada na van e leio que eles ficaram cho-ca-dos com a história. Como se outras mulheres não tivessem ido contar os mesmos casos ou parecidos com esse e terem sido de-sa-cre-di-ta-das e os casos não terem sido devidamente in-ves-ti-ga-dos e os criminosos pre-sos.
Carolina, e ele acreditou nos estupradores... Deve tomar cafezinho com bolo e tudo com eles na cadeia. E depois quando são soltos leva pra conhecer a família.
'Pelo visto,pra ser considerada uma vítima,nesse tipo de situação,vc tem que ser estrangeira e/ou estar acompanhada do seu dono.' [2]
Exatamente. E também acho que vitimização não ajuda nada, como dizem os mascus (rsrsrs), que pessoa boazinha não é respeitada.
Nunca me aconteceu, mas eu com certeza faria uma baixaria se ocorresse. Se eu tiver em um ônibus e tiver outros lugares vazios e sentar um homem do meu lado, eu levanto e sento em outro, nem me importando com o que vão pensar, melhor parecer louca do que ser estuprada.
Uns monstros... O bombeiro, os policiais...
A atitude dos policiais me revolta demais.Sério,gente,eu não consigo entender o pq deles não acreditarem na moça,o pq de o tratamento recebido pelas tantas vítimas de abuso sexual ser sempre esse.É um absurdo!Fico puta de raiva sempre que leio uma coisa dessas:/
E agora lendo esse relato,lembrei de uma situação que eu nem tinha dado importancia.Não aconteceu em um ônibus,aconteceu no colégio que eu estudei a vida inteira,desde a 5ª série.Quando eu tinha uns treze anos,estava na fila da cantina,quando um garoto mais velho,do primeiro ou segundo ano,que estava atrás de mim na fila,começou a pressionar a regiao genital na minha bunda,na hora,fiquei incomodada mas achei que teria sido acidentalmente,devido a cantina esta lotada e a galera ficar empurrando,mas depois ele continuou e ficava cochichando e rindo com o amigo que estava do lado,e eu com muito nojo,desisti de esperar minha vez e fui embora.
Na época,eu não tinha idéia nem de que isso era abuso.Eu tinha 13 anos,nunca tinha nem visto um pênis na vida,imagina o meu desespero,sentindo um ser esfregado nas minhas costas,mas ainda assim não contei a ninguém,minha mãe,se eu contasse,com certeza iria querer tomar alguma providencia,e eu,com medo e vergonha preferi ficar calada:/
Gente, pelo amor de deus, quanta história horrível. Pelo visto a maioria das pessoas tem uma história assim pra contar.
Eu fico tentando me lembrar de alguma, mas acho que nunca passei por nada parecido.
Eu acho que minha reação seria gritar, matar se eu pudesse, mas eu entendo a não-reação. Deve ser paralisante mesmo. :(
Guilherme,
De fato, fica a palavra de um contra a palavra de outro. Mas a vítima deve levar o caso até o fim, mesmo que não dê em nada, porque um cara como esse nunca faz isso uma vez só. No futuro, quando ele aprontar de novo, o histórico dele deporá contra ele.
Já aconteceu comigo também.
Fui fazer faculdade em outra cidade ainda adolescente, aos 17 anos. Viajava 6 horas para visitar minha família e um dia acordei e notei o cara sentado ao meu lado com o dedo no meu "cofrinho". Quando ele percebeu que eu acordei, ele fingiu que estava dormindo, tirou o dedo e ficou tudo por isso mesmo. :(
André, mesmo que o cara tenha 5 condenações por estupro no passado, se não encontrarem provas para ESTE estupro, ele não vai pra cadeia. Histórico não condena ninguém na justiça. "In dubia, pro reo".
E me impressiona a falta de espelho de muitas pessoas que escrevem aqui. Todo mundo critica a cultura de estupro como atraso cultural (o que ela é), mas na hora de condenar o estuprador, o que mais pedem é linchamento, cadeias horríveis, pena de morte, essas coisas supercivilizadas.
Aí alguém acusa alguém, a turba condena, lincha o cara, e depois se não era nada disso faz o que?! Pede desculpa? Vejam o caso da escola base.
Esse tipo de comentário me enoja, e são a prova final de que vocês são tão bárbaros como as pessoas que condenam.
Achei o tópico oportuno para relatar uma coisa que NÃO aconteceu comigo. Antes de contar o causo, vem ao caso que eu tenho fobia social devido ao constante assédio verbal que sofro por causa de minha aparência, de modo que, para evitar múltiplas humilhações em um mesmo dia, cultivei o hábito de tornar minha presença em público, que só ocorre quando é terminantemente necessário, tão discreta quanto possível.
Pois bem. Em um fim de tarde de meados de 2005, eu estava aguardando meu latão em um terminal rodoviário quando parou esse outro ônibus para deixar e receber passageiros - aquela operação de apenas alguns segundos. O ônibus era daqueles com poltronas grandes e altas, como as que aparecem no topo desse post, não estava lotado e a maioria das janelas estavam embaçadas pelo frio.
Ao lançar o olhar para o mesmo casualmente, notei o seguinte movimento em uma janela que parecia ter sido recentemente limpa: uma menina de uns 12 anos apoiava uma das mãos contra o vidro, com um semblante desesperado e choroso, enquanto um homem de uns 50 anos pressionava seu corpo contra o dela e a apalpava. Nos segundos que levei para olhar, perceber o que estava acontecendo e decidir se convinha correr o risco de berrar e chamar atenção para mim em vão, o ônibus arrancou novamente e partiu.
Uma jovem acuada demais para reagir ao seu abuso por causa do constrangimento imposto às vítimas de estupro e assédio sexual e outra jovem acuada demais para ajudar essa vítima por causa do constrangimento às desviantes do padrão de beleza. Mais um dia no patriarcado.
off topic
http://caras.uol.com.br/especial/fashion/post/top-model-cameron-russell-victorias-secret-sente-culpa-por-imagem-perfeita#image3
Tem uma página no facebook especialmente feita para as mulheres contarem seus casos de assédio.
A iniciativa visa tirar da invisibilidade os casos de assédio diário que as mulheres sofrem. No início a página relatava somente cantadas de rua, mas agora engloba todo tipo situação de assédio.
Mais que recomendo!
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Página no facebook:
Cantada de rua - conte o seu caso
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Guilherme,
Só em seriados americanos que a justiça é perfeitinha assim, num juri popular o passado condena sim. Concordo que linchamento é ruim, mas o caso da escola Base é bem diferente do relato, pois os supostos abusadores tiveram tratamento, por parte das autoridades, totalmente opostos nos dois casos.
é triste perceber que casos assim são cada vez mais frequentes. eu costumava viajar de goiânia à belo horizonte ao menos duas vezes ao ano, uma vez estava no ônibus com meus pais e minha mãe resolveu se sentar ao lado do meu pai, pra eu poder ficar no banco da frente com mais espaço pra movimentar minhas pernas, pois era a primeira fileira. ao meu lado, um rapaz com seus 20 e poucos anos, eu tinha 16. pra quem não sabe, são 14 horas de viagem. 14 horas com esse rapaz me encoxando, colocando a mão por dentro da minha calça, passando a mão na minha vagina e se masturbando. e eu com medo de falar algo, com medo dos meus pais acharem que a culpa era minha. o máximo que fiz foi trocar de lugar com minha mãe por algumas horas, mas ela quis se sentar ao lado do meu pai de novo, e eu não consegui dormir o resto da viagem por medo dele me tocar novamente.
infelizmente a gente através da leitura de casos semelhantes, descobre que aquilo que aconteceu conosco tem nome. um nome feio como estupro, abuso sexual. através das histórias alheias, a gente relembra coisas que nosso cérebro resolveu esconder de nós, pra aliviar a dor. mas a dor está lá, sempre está. meus sentimentos pra todas as vítimas de estupro e assédio que um dia descobrem que sofreram com isso.
e aliás lola, te enviei um email há algumas semanas falando sobre isso, sobre como é descobrir muitos anos depois que você sofreu um estupro. estilo 'the perks of being a wallflower', em que charlie só descobre anos depois que aquilo que ele sentia tinha nome. e eu ontem, ao assistir o filme, também descobri.
Eu viajo bastante e graças ao cosmos nunca me aconteceu nada parecido, talvez porque raramente durmo durante a viagem. Mas sempre fico atenta, porque a gente nunca sabe quem pode sentar do nosso lado. O pior que me aconteceu foi um bêbado sentado do meu lado dormiu e ficava caindo pro meu lado.
Não é de se espantar que essas coisas aconteçam nos ônibus, pois tarados são oportunistas. Pense no cenário, ônibus noturno, um monte de gente dormindo, escuro. Prato cheio pra tarados de plantão.
Mas em meio a tantos relatos nojentos de abuso, vou contar que uma vez me aconteceu uma coisa no mínimo curiosa e fiquei contente de ver que existem exceções.
O ônibus que pego todo final de semana geralmente vai um tanto vazio e sempre sobram lugares. A gente compra passagem com poltrona marcada, mas quando o ônibus está saindo e eu sei que ninguém mais vai entrar, às vezes eu mudo de lugar porque tem poltronas que eu gosto mais (sempre gosto de sentar do lado esquerdo e mais na frente)
Dia desses eu resolvi mudar de lugar um minuto antes de sair e em cima do laço um homem subiu no ônibus e a poltrona dele era justamente aquela na qual eu tinha sentado (da janela ainda). Ele sentou do meu lado e disse que eu não precisava sair. Eu notei que ele tava meio esbaforido, provavelmente porque correu pra não perder o ônibus. Ele comeu um lanche - ou melhor, engoliu - e se levantou, dizendo que iria se sentar em outro lugar pra que eu ficasse mais à vontade. Então ele sentou-se em outra poltrona.
Achei interessante ver um homem que compreende a apreensão de uma moça viajar sentada ao lado de um homem estranho - mais velho, inclusive - sem se sentir "ofendido" ou "agredido". Era um homem de uns 40 anos, um jeito meio bruto, meio capiau. Ainda assim, agiu com respeito e teve a sensibilidade de perceber que aquela situação era desconfortável pra mim.
Guilherme, pelo visto vc é incapaz de sentir empatia pela vitima, e eh justamente posturas como a sua que perpetuam essa cultura, se vc não consegue ver o erro dos policiais é uma pena, se vc ignora nuances das leis, é tbm uma pena, mas se for pra criticar uma vitima de abuso e desculpar policias asquerosos por favor, seria bom pro resto do mundo que vc não dividisse esse tipo de pensamento...
Tirando alguns casos geralmente nos movimento sociais quase ninguém quer de fato linchar um criminoso...
É só raiva sendo expressada, sabe o que é um desabafo?...e acredito que se (como vc eh homem) sua filha fosse estuprada, abusada, violentada vc não seria complacente com o abusador nem ia pedir uma pena leve pra ele...então não chame a revolta dessas pessoas de hipocrisia, afinal vc não está na pele delas...
Aprenda a se colocar no lugar das pessoas, garanto que vc vai ver as situações com outros olhos...se o que essa garota passou não te revolta, não te da vontade de dizer que esse bombeiro deveria ser punido severamente, algo está muito errado nos seus julgamentos...
e Guilherme, se uma vitima chega pra denunciar um abuso sexual e se ela não tem provas mas o criminoso tem historico isso da respaldopara que a delegacia leve o caso a diante...
enfim..cada caso eh um caso
Eu nunca passei por isso, mas minha irmã uma vez no ônibus, indo pra goiânia, um babaca do lado dela começou a pôr a mão na perna.
Ela deu um soco na barriga dele, gritou, mas ninguém fez nada.
O bom foi que o imbecil não mexeu com ela o resto da noite, mas ela não conseguiu mais dormir.
Em nenhum momento vi o Guilherme condenando a vítima. Ao contrário, ele me pareceu bastante ponderado e colocou questões importantes que circulam o mundo penal e que não podem simplesmente serem ignoradas. POR FAVOR NÃO ESTOU DEFENDENDO/DESCULPANDO/JUSTIFICANDO o estuprador, apenas acho que não dá pra ser simplista e dizer: grite, faça um escândalo, prenda sempre que houver uma denúncia.
As situações são mais complexas que isso. Quer gritar, mas não consegue. Poderia constranger o estuprador fazendo um escândalo, mas isso também é constrangedor para si mesmo. E prisões sem qualquer prova ou flagrante é um retrocesso. Acho a denúncia válida e achei os policiais despreparados sim. E acho isso lamentável, terrível. Mas também acho triste entrar na lógica do 'olho por olho,dente por dente'; 'estuprem, matem o estuprador'.
Enquanto as autoridades q supostamente deveriam nos defender continuarem agindo dessa forma, fica muito dificil incentivar as vitimas a denunciarem.
Penso q autoridades policiais e do judiciario deveriam responder criminalmente quando não cumprem seu papel.
http://www.youtube.com/watch?v=V3lNigm93nQ
Ao sabor das correntes,
De fato, tem comentaristas bastante radicais, mas o relato diz que os PMs não tiveram uma atuação isenta. Caberia à PM acolher a vítima, mesmo que suposta, o que não implica em linchar o suposto criminoso. O que a PM fez foi exatamente o contrário. E note que o caso nem chegou à Justiça. Foi esse o ponto principal das críticas ao comentário do Guilherme.
Ao sabor das corretes..
ele poderia ter defendido a vitima, mas defendeu os policiais..se isso não expressar é falta de empatia e não sei o nome que posso dar a essa postura...não por nada, mas é o que vemos aqui no blog todos os dias..mulheres que tbm foram violentadas comentando, desabafando, e homens e ate mulheres sem um pingo de empatia que procuram pontos para discordar das vitimas...
Isso é muito comum. Às vezes é só um comentário inconveniente, do tipo "Nossa, que bom viajar ao lado de uma moça tão bonita". Ou uma abordagem mais direta "Você namora? Está viajando sozinha?". Uma vez acordei no ônibus inter estadual e um cara desconhecido estava tirando fotos minhas com o celular... Em um ônibus de linha dentro da cidade, um cara encostou em mim por trás com o pênis muito ereto. Uma senhora que estava próximo, gritava "Motorista, tem tarado no ônibus, vai atacar as moças". Uma amiga já teve que pedir para mudar de lugar no ônibus inter municipal, pois sempre que ela acordava, o cara que ia ao lado estava com a mão na perna dela...
Sim, André, concordo inteiramente contigo.
Sim, André, concordo inteiramente contigo.
Só não queria correr o risco de viver numa 'the life of David Gale'.
Revolta, é isso que sinto. Revolta da ação desse maníaco e mais ainda da atuação nenhum pouco profissional desses colegas. No meio policial é assim que nos referimos aos outros policiais, sejam da mesma corporação ou não, e me dá um pouco de raiva ter que me referir assim aos policiais descritos no texto, como colegas.
O relato me deu muito o que pensar. Trabalho num trecho de uma das várias BRs desse Brasil e fiquei imaginando o que eu faria se acontecesse comigo. Se eu estivesse de plantão e uma moça abalada acusasse um bombeiro de abuso. Em flagrante não poderia prender. Em contrapartida leio sempre o seu blog e sei que dificilmente uma desconhecida acusaria falsamente alguém nessas condições. Se eu conduzisse ambos à delegacia e não desse em nada ficaria com medo de ser representado na corregedoria depois por ele. Se não conduzisse à delegacia também teria medo de ser representado por ela. Se eu não fizesse nada ficaria com a consciência pesada. Acho que acabaria levando os dois. Mas de uma coisa tenho certeza: não ficaria de camaradagem com o acusado e tentaria tratar a ambas as partes da maneira mais profissional possível. Mas que seria uma situaçãozinha espinhosa, isso seria.
Por fim, também fiquei com uma pontinha de tristeza ao ver um carro da corporação em que trabalho ilustrando o texto em que nenhum dos envolvidos pertence a ela. Mas é isso mesmo, polícia é polícia.
Grato pelo espaço.
André, lamento informar mas estupro não vai a júri popular.
Idealista chata:
O estuprador, seja de quem for, de minha filha ou não, deve ser submetido ao processo legal adequado de acordo com as leis do país, que, com todas as falhas, ainda é mais uma democracia do que uma tirania.
Agora, se eu achar que o "estuprador da minha filha" não recebeu uma punição adequada, etc, se eu achar que ele tem que morrer, EU MESMO é quem devo matá-lo, pois as leis não preveem pena de morte para estupradores.
Você pode querer a pena que for para o crime que for, mas o Estado existe para monopolizar a violência e aplicá-la de acordo com o sistema legal vigente, não para executar vinganças pessoais. Justiça não é vingança.
E sinceramente, é melhor viver em um mundo onde alguns culpados ficam na rua, do que em um onde um inocente apodrece na cadeira; em um onde a polícia não prende tanto quanto deveria, do que um onde a polícia prende (e por vezes, executa) arbitrariamente. Quem não entender isso, não sabe o que é civilização, o que é Estado Democrático de Direito.
De novo, Justiça é Justiça, não é vingança, não serve para executar vinganças pessoais. Se você quiser, mate o criminoso, mas não queira que o Estado suje as mãos por você.
tem uma página em ingles, criada por um rapaz indiano ,que conta casos de moças indianas ,q sofreram assédios mts parecidos com os casos relatados aqui , o nome da página é EVE Teasing Confessions
Acho que isso ja aconteceu comigo, esta fazendo uma viagem interestadual. Estava dormindo e tive a sensação quando acordei que o cara estava fazendo exatamento isso como a menina descreveu no post. Só que como estava meio tonta de sono, nunca tive certeza se foi real. Então simplismente mudei de poltrona ( o onibus estava vazio) e não consegui dormir mais nas 20 horas que ainda restava da viagem
Aos 12 anos eu estava fazendo uma viagem de um municipio do interior do Rio de Janeiro para Sao Paulo. Essa linha so tem onibus uma vez por dia, viajando por 6 horas durante a madrugada. Meus pais estavam em SP e fiz a viagem com minha avo. O onibus estava vazio, entao sentei numa poltrona oposta a da minha avo no corredor, para nos duas viajarmos na janela e esticar as pernas na cadeira vazia. Na nossa frente, um casal com duas filhas bebes resolveu fazer o mesmo: a mae sentou na minha frente com a bebe, e o pai na frente da minha avo com a filha maiorzinha. Eu estava feliz de ir na janela, e distraida olhando a vista. Nisso, o pai se estica pra me cutucar la na minha cadeira. Fez sinal para que eu fechasse minha cortina. O onibus inteiro estava dormindo, com praticamente todas as cortinas fechadas menos a minha, imaginei que a luz estivesse atrapalhando ele. Fechei um pouco a cortina, deixando uma brecha pra olhar a vista. Cinco minutos depois, ele me cutuca de novo e me da um drops de Halls. Achei estranho, mas ele estava com a filhinha dele, a esposa dele dormindo na minha frente. Peguei uma bala so por educacao, nao tinha a menor itencao de chupa-la ("nao aceite balas de estranhos" bem vivo na minha cabeca infantil) e tentei devolver o resto do drops, mas ele nao aceitou. Eu resolvi tentar dormir, estava apenas de olhos fechados, mas levantei num pulo quando senti alguem acariciando minha mao e ele sentado do meu lado. Fiquei muito assustada, e ele assustado comigo, porque deve ter pensado que eu estava dormindo ou sei la. Eu nao sabia o que fazer, minha vo estava apagada, com uma bolsa na cadeira do lado da dela. Pulei por cima dele e fui para a cadeira atras da minha vo, abri completamente as cortinas e me preparei pra gritar. Ele deve ter visto que o momento passou, e voltou pra cadeira dele. Na primeira arada, puxei minha avo e contei pra ela. Sempre tive apoio de adultos, e foi um choque ouvir minha vo dizer que eu devia ter entendido errado, que eu estava sonhando, que estava inventando. O que eu tentei fazer discretamente, atraiu a atencao do cara, que veio falar com minha vo "que eu tinha entendido tudo errado, um mal entendido". Enfim, fiz o resto da viagem acordada atras da minha vo (que nao deixou eu sentar do lado dela) assustada e envergonhada. Chegamos em SP e meus pais estavam esperando na plataforma de desembarque. Eu nem ia contar nada com vergonha. O cara veio la do meio da familia dele falar com meu pai! Provavelmente com medo de dar m*rda, contou a mesma historia de que eu tinha entendido tudo errado e enfim era uma maluca. Meu pai ficou sem entender, me pressionou no carro e eu contei. Minha mae ficou passada pq podia ter "acontecido coisa pior" e minha vo nao me defendeu. Me senti um pouco melhor depois da reacao dela, mas esse episodio, por leve que tenha sido, ficou na minha memoria. Nunca mais me senti segura ao viajar sozinha de onibus, fico muito assustada quando é um homem estranho que senta do meu lado, e nao tenho mais a mesma confianca de que, se acontecer algum problema, vou receber ajuda (minha vo foi muito util em me abrir os olhos). Depois disso ja sofri varios outros assedios em onibus, mas ja estava mais velha e tive voz e atitude pra me defender. Esse primeiro caso foi o que me marcou, porque eu ainda nao havia saido da infancia, e esse cara nojento me obrigou a crescer de uma hora pra outra, e a entender coisas que eu ainda nao estava pronta pra entender.
Engracado, pensando agora, as vezes que sofri os abusos mais descarados foram no inicio e meio da adolescencia, conforme fui crescendo eles foram parando ate quase nao acontecerem mais (tenho 28). Acho que esses caras escolhem as mulheres mais jovens por verem elas muitas vezes como "presas faceis" que nao vao reagir (alem da questao da pedofilia). Porque quando eu era novinha nao sabia mesmo como reagir, demorava pra entender o que estava acontecendo e ficava mais com vergonha que outra coisa, queria era que parasse e que ninguem visse pra nao me considerar "oferecida", achava que iam pensar que a culpa era minha que tinha dado mole pro cara. Olha a minha cabeca... Conforme cresci aprendi a me defender, mas dai os abusadores ja tinham mudado de vitima, porque eu ja nao passava mais a energia de presa fragil e timida. Por isso que eh importante ensinar as meninas desde cedo a se defenderem, a entenderem o que eh machismo e como fugir dele. Se eu nao tivesse a mentalidade machista de que a culpa do abuso eh da mulher que da mole, eu teria conseguido me defender melhor quando nova, porque nao teria vergonha de reagir.
"Quer gritar, mas não consegue. Poderia constranger o estuprador fazendo um escândalo, mas isso também é constrangedor para si mesmo"
Prefiro passar vergonha a ser estuprada. Simples assim.
Em Florianópolis, ontem, um homem que assediou uma mulher foi cercado por cobradores, e o motorista seguiu direto para a delegacia.
http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/61243-homem-e-preso-apos-assediar-mulher-dentro-de-onibus-perto-do-terminal-da-trindade.html
Lola e demais pessoas que comentam aqui. Alguém poderia escrever algumas considerações sobre como proceder nestes casos?
Recentemente soube de um caso de abuso em uma linha de ônibus para a cidade em que estou morando atualmente e fiquei com medo.
Me mudei recentemente e pensava em viajar de madrugada para ver minha mãe. São 6 horas de viagem e estou com medo de encontrar um estuprador no ônibus.
Lola e demais por favor escrevam mais sobre o assunto e como podemos agir nestes casos.
Obrigada.
Sinceramente, acho que o negocio é levar spray de pimenta junto consigo, pode ser até spray de desodorante, ao menor sinal de abuso espirre o líquido nos olhos ou no pênis do animal.
Eu daria preferencia ao de pimenta, que conseguiria fazer o maior estrago possível.
E para os defensores desses nojentos e afins, caso este imbecil viesse a disse que eu diria na maior calma: "Ué policial, vc acha eu eu iria puxar o pinto dele pra fora das calças só pra poder jogar spray de pimenta nele pra ver se dói?"
É bom a gente não esquecer que metade do problema é a educação: muitos homens são estimulados a agredir e invadir. Mas as mulheres SEMPRE são educadas para ser doces e compassivas. Eduquem suas filhas e irmãs para GRITAR, desagrade a quem desagradar!!! Um bom escândalo sem medo do que a plateia vai pensar resolveria boa parte desses abusos menos graves.
Anônimo: "Prefiro passar vergonha a ser estuprada. Simples assim."
Fico feliz que pra ti seja simples, Anônimo. Mas você deve saber que as relações e ações humanas são complexas e que, felizmente, as pessoas são diferentes.
Lendo esse caso eu me identifico muito. A primeira vez que fui viajar de onibus sozinha, minha mae fez questão que eu pegasse um onibus executivo, "por ser mais seguro". Fazia um calor de 38 graus, e mesmo assim coloquei uma bermuda larga e uma camiseta grossa. Como a viagem era longa (cerca de 6 horas) houve uma parada ao meio dia, para um lanche. Descemos em frente a uma UNICA lanchonete, literalmente no meio da estrada. Como eu havia feito um sanduiche em casa, nao vi necessidade de entrar na lanchonete. Comecei a comer meu sanduiche ao lado do onibus, que estava trancado. Mal tinha começado a comer e um homem, de uns 40 anos, parou do meu lado. De início nao vi maldade alguma, até que vi que estava sendo encarada por ele. O homem começou a me olhar nos olhos, e eu, constrangida, caminhei uns 3 passos para o lado. O homem simplesmente caminhou junto, se aproximando cada vez mais de mim. Quando ele se posicionou encostando o braço no meu, caminhei quase correndo para o banheiro da lanchonete. Comi meu sanduiche no banheiro (sim, ECA) e quando saí, ELE ESTAVA ME ESPERANDO NA PORTA. Ainda restavam 25 minutos de espera para o onibus e eu comecei a ficar com medo. O homem sorria para mim de uma maneira estranha e encarava as minhas pernas, apesar da bermuda larga, apesar da camiseta grossa. Entrei na lanchonete e ele entrou atrás. Sentei em uma mesa e ele sentou na do lado, sempre com um olhar de riso. Tentei ligar pros meus pais, pro meu namorado, até mesmo para minha irmã, mas como estávamos no meio da estrada, o meu celular nao pegava. Saí da lanchonete e o homem saiu junto, sempre me encarando, olhando pro meu corpo. Durante os 15 minutos restantes de espera para voltar a entrar no onibus, puxei assunto com senhoras que vi serem do meesmo onibus que eu, o idiota me encarando ainda. qual minha surpresa quando fizemos fila para entrar no onibus e ele ERA UM DOS PASSAGEIROS, e estava trocando risinhos com o motorista! Eu simplesmente quis MORRER. tenho problema de bexiga, e mesmo assim aguentei mais 3 horas e meia sem fazer xixi, pois seu acento ficava proximo a entrada do banheiro. Quando chegamos na cidade,sai correndo até o taxi mais proximo. Nunca mais vi o homem, nao sei que tipo de maluco/tarado ele era, mas realmente acredito que nao aconteça somente comigo.
No ano passado fui do Rio de Janeiro para São Paulo em um ônibus executivo da empresa 1001, de madrugada. Quando vi que era um homem que ia ao meu lado,já fiquei receosa. Pois bem, não deu outra: de madrugada,acordei com ele passando a mão na minha perna. Na mesma hora agarrei violentamente a mão dele,entortando os dedos,e disse: olha essa mão!Ele deu um riso sem graça e não mexeu mais comigo,mas não pude mais dormir em paz depois dessa. Nem pude encher o cara de porrada,porque era velho,e sendo esse país como é, provavelmente eu é que seria hostilizada por agredir um "velhinho".
Isso não pode ficar assim não! Não precisa de prova para denunciar... E a própria autora do texto pode E DEVE fazer a denúncia na corregedoria! Pode ser uma denúncia anônima... mas faça!!!
No final do ano passado eu entrei num intermunicipal que partia no final da tarde pra chegar no destino de manhã. me despedi do meu namorado como sempre, dei a passagem e entrei. Por "coincidencia" o assento de um cara que embarcou logo atrás de mim era ao lado do meu. No começo da viagem ele tentou puxar papo, perguntou nome, ofereceu doce, tentou mostrar uma revista e me enxeu muito o saco. Achei que só era um cara chato, desses que dão em cima de menina que nunca vai dar bola, como que apenas pra cumprir seu papel social de babaca. nem cogitei a possibilidade de ser um tarado ou coisa assim. me enrolei no cobertor e dormi. Acordei horas depois com ele ajoelhado no chão na frente do assento dele com as duas mãos embaixo da minha coberta, pegando nas minhas pernas. Fiquei apavorada, nao distingui as palavas do que o cara falou na hora, deixei cobertor, deixei tudo lá e pulei pra outro assento longe e fiquei chorando baixinho até a primeira parada. Desci e falei pro moço da bagagem que nao queria mais seguir naquele ônibuse e que era pra tirar minha mala pq eu ia voltar pra cidade de onde tinhamos saido. Ele perguntou se alguem tinha me incomodado la dentro. Quando respondi que sim todo mundo foi consideravelmente gentil comigo. Me levaram pra salinha da empresa, me perguntaram quem era, subiram no ônibus, deram uma dura no cara, descobriram que a poltrona certa dele nao era aquela do meu lado e me pediram se eu queria chamar a polícia. No auge do meu nervosismo e estarrecimento falei que não porque fiquei com medo de ter que seguir pra delegacia com o cara ( o que provavelmente aconteceria, pelo relato do post). Pedi só pra voltar pra casa. Eles pegaram minhas coisas que deixei lá dentro quando "fugia" do cara e me botaram um onibus de volta. Cheguei e me joguei aos prantos no carro do meu namorado. No dia seguinte o pai dele falou que tinham encontrado o cara e precisavam que eu fizesse uma denúncia pra agir contra ele. Fiquei com medo da exposição, medo de perseguição, medo de ser hostilizada. Não fiz nada. Hoje, depois de ler tantos depoimentos me lembrei do fato e, analisando agora de cabeça fria o comportamento dos funcionarios da empresa de onibus, me ocorreu que eles não agiam como se estivessem lidando com algo novo. Parecia praxe.
Me arrependo muito de não ter ido atrás, denunciado, enfrentado o que fosse. Precisamos estar cientes de que esses absurdos ocorrem o tempo todo e é preciso partir pra cima disso em vez de baixar a cabeça, se não vai ficar como se aceitássemos as coisas assim. Precisamos parar de vez de passar imagem de fragilidade e tratar de defender-nos. Não tanto "proteger-nos" como ensina errado o senso comum. Defendermos, mesmo. Partir pra cima.
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2013-04-10/projeto-preve-prisao-de-policial-que-se-omite-em-caso-de-violencia-contra-mulher.html
eu sempre ficava meio chocada quando mulheres contavam que não tinham se dado conta do abuso ou não conseguiam ter reação. até que eu me vi numa situação dessas que tu acha que não foi abuso/estupro, que tu não sabe como pensar e tal. e hoje, lendo isso, me dei conta de que muitas vezes em que eu achei AI, NÃO DEVE SER NADA, O CARA É APENAS ESPAÇOSO, provavelmente era de um cara mal intencionado querendo se fazer de bobo. há muitos anos faço viagens de três ou mais horas pra fora da minha cidade e algumas vezes ocorreu de algum sujeito "se passar" no ESPAÇO. mas da última eu passei a viagem inteira com os olhos abertos, incomodada e toda torta porque o sujeito DORMINDO (ou fazendo que dormia) passou A VIAGEM TODA roçando a perna na minha. no início achei que era aquela coisa mal educada de homem que não consegue fechar a perna (e usa o saco como desculpa), mas depois de um tempo, eu vi que ele FORÇAVA a perna pro meu lado. eu ia afastando a perna e ele ia seguindo. só que não tinha mais onde me socar e o cara continuava. até que eu resolvi fingir que estava dormindo também (nessa altura o cara só podia estar fingindo!) e dei uma joelhada com o lado da perna no joelho dele e foi o que fez ele parar.
Algumas não reagem, mas eu já percebi que sou muito reativa. Já reagi a dois assaltos e um abuso sexual, todos com gritos, xingamentos e num deles quase parti pra porrada literalmente. O cara ficou tão surpreso que veio atrás de mim me ameaçando (vejam só) de fazer BO pq eu ameacei bater nele.
Falei lá: faz o BO!!
Fez foi nada, mas prefiro ir presa por soltar a porrada num infeliz desses do que ficar quieta...
Tem gente q não consegue reagir, mas eu sou justamente o contrário: reajo até qdo seria recomendável não fazê-lo (como em assalto). Rs.
Lola,
Sou leitora antiga do seu blog mas estou meio ausente, confesso. Hoje saí pulando de post para post e me deparei com esse.
Lembrei que, quando tinha 19 anos de idade eu estava em um AVIÃO com minha mãe fazendo um trajeto super comum pra gente, que moramos em uma cidade mas nascemos em outra.
Pois bem... lembro que sentei na janela e minha mãe ao meu lado. A viagem fluía normal quando de repente passei a ouvir um barulho repetitivo de corrente.
Reparei então que a cadeira da fileira da frente, localizada na minha diagonal (bem à frente da que minha mãe sentava) estava reclinada e a cadeira do lado (à minha frente) não estava. Me estiquei e vi da onde vinha o barulho: da pulseira do senhor da frente que, se masturbando, provocava aquele tilintar.
Como a cadeira dele estava reclinada e a do lado não, ele tinha uma "brecha" por onde me olhava. Lembro bem que minha perna estava apoiada na cadeira da frente, logo, um pouco suspensa.
Eu fiquei branca quando me deparei com a cena. Minha mãe estranhou e me perguntou: "Filha... você tá com medo? Vc sempre voou e nunca teve medo..."
Quase imóvel, pois estava petrificada, estiquei o pescoço e indiquei a cadeira da frente dela com os olhos. Quando ela viu o que estava acontecendo... Ela ficou muito brava!
Mas antes dela se levantar e chamar os comissários de bordo como ela intentou fazer, eu segurei no braço dela e implorei para ela não fazer nada. Eu morri de vergonha, me senti diminuída, angustiada. Ela atendeu ao meu pedido a contragosto. O cara parou...
Nossa... a sensação de medo se seguiu por algum tempo. Lembro de pedir pra ela não me deixar sozinha enquanto esperávamos a nossa bagagem na esteira e não desgrudei por nem um minuto. Morri de medo de me deparar novamente com aquele velho (ok, podia ser novo, alto, baixo, magro, gordo... mas lembro que era velho!) asqueroso.
Isso não é nada perto do que acontece por aí. Isso aconteceu há 16 anos e a sensação que tenho é que tudo piora quando leio os relatos aqui... Muito triste.
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