Foto mostra ponto de ônibus, local do acidente, e onde fica a casa de Raquel. Nem sinal de faixa de pedestres.
Aconteceu em abril numa cidade chamada Marietta, na Geórgia, EUA. Raquel, uma mãe solteira negra, trabalhadora e estudante universitária, iria celebrar seu aniversário de 30 anos no dia seguinte. Levou seus três filhos, de 9, 4, e 3 anos, para comer pizza e comprar comida num shopping. Perderam o ônibus de volta, o que fez com que se atrasassem uma hora. Quando chegaram perto de casa, já era noite. Desceram no ponto de ônibus de sempre. Para atravessar a avenida, só havia uma faixa de pedestres a meio quilômetro de distância. Raquel fez o que todos os outros passageiros que desceram do ônibus com ela fizeram: foi até a metade da avenida e esperou os carros cessarem. O filho de 4 anos, que estava carregando um saquinho com água e um peixe dentro, soltou a mão de Raquel e foi atrás de uma menina. Um carro o atropelou e matou. O motorista não parou para socorrê-lo. Mais tarde, esse motorista admitiu ter bebido e tomado analgésicos. Ele era quase cego de um olho e já havia sido condenado duas vezes por atropelamento sem prestar ajuda. A pena por mais este atropelamento? Seis meses de prisão em regime aberto.
Mas alguém precisava ser punido, e este alguém foi Raquel. Sim, a mãe. Ela foi condenada a três anos de cadeia por ter atravessado fora da faixa e, assim, indiretamente matado seu próprio filho. O júri que a condenou, além de ser composto unicamente por homens brancos, nunca tinha andado de transporte público na vida.
Pode parecer absurdo, mas, na ocasião, a maior parte das pessoas, blogosfera americana inclusa, apoiou a decisão, e não teve empatia nenhuma por Raquel. Nem por ela nem por uma outra mãe condenada em 2010 pelo mesmo crime (cruzar em lugar proibido, assim perdendo sua filhinha). Só aos poucos é que as pessoas começaram a perceber a injustiça. O movimento Transportation for America, que luta para que humanos, e não carros, sejam valorizados, aponta que Marietta, a cidade onde ocorreu o acidente, é o decimo lugar metropolitano mais perigoso para pedestres nos EUA –- Orlando, Flórida, onde fica a Disney World, é o número um. Parece que zonas residenciais, como os subúrbios, muitas vezes são mais perigosos que as avenidas centrais de uma cidade. Nas ruas dos subúrbios, os carros correm mais e não pensam que vai haver pedestres. Talvez a mudança de opinião do público, que mais tarde organizou um abaixo-assinado com mais de 140 mil assinaturas em defesa de Raquel, ocorreu porque muita gente se pôs no lugar dela (e a pressão fez com que a sentença fosse invalidada). Pra atravessar na faixa de pedestres mais próxima, ela teria que andar meio quilômetro com seus três filhos pequenos, à noite, e segurando várias sacolas. Chegando lá, teria que cruzar a rua (e desde quando uma faixa de pedestres detém um motorista alcoolizado?), e voltar outro meio quilômetro com seus três filhos pequenos, à noite, carregando sacolas. Quantas pessoas nessa situação (aliás, pode tirar os três filhos e as sacolas) andariam um quilômetro para atravessar na faixa?
Faz algum sentido ter um ponto de ônibus que para diante de um local residencial, e nenhuma faixa próxima para que as pessoas possam ir pro outro lado da rua? É incrível, mas recebemos lavagem cerebral pra amar o carro acima de todas as coisas. Esse amor é tão incondicional que só vemos as vantagens do carro, raramente suas inúmeras desvantagens. Por exemplo, nos EUA, entre 2000 e 2009, 47,700 pedestres foram mortos. Isso equivale a um acidente aéreo com um avião grande cheio de passageiros por mês. Nos dez anos levantados, 690 mil pedestres foram atingidos, não mortos, por carros –- o que representa um carro ou caminhão batendo num pedestre a cada sete minutos. A gente fica chocada e triste com acidentes aéreos que fazem vítimas, né? Mas não costuma dar a mínima pra pedestres atropelados. Por que não? Não são pessoas também? Não damos bola por pura ideologia. Essa é a cultura do automóvel. Já está plantado no nosso cérebro que algumas pessoas valem mais que as outras. Pessoas que têm carro merecem ter a rua só pra elas, porque são mais importantes que esses pé rapados que caminham ou pegam ônibus. A cultura do automóvel nos ensina que não dá pra viver sem carro, que todo mundo que quer “vencer na vida” tem que ter um carro, que transporte público é coisa de pobre. Pros homens, a cultura do automóvel é ainda mais perniciosa. Carros estão diretamente ligados a sua potência sexual. Eles aprendem que sem carro não são ninguém. Que sem carro não vão conseguir "pegar" mulheres. Que todas as mulheres são maria-gasolina.
E praticamente todas as cidades são construídas em cima dessa ideologia, como se fossem dedicadas ao totem-carro. Elas são pensadas para ter um trânsito rápido, onde os motoristas podem dirigir sem parar em inconvenientes sinais e faixas. Isso obviamente tem prioridade sobre um trânsito seguro, em que pessoas sem carro possam ir de um lado pra outro da rua sem serem atropeladas.
Quase todo mundo aceita sem pestanejar que tenhamos muito mais ruas que calçadas, e que mesmo as calçadas sejam feitas para os carros, com todos os declives para que carros possam entrar e sair de suas garagens. Acatamos numa boa o fato das cidades serem dos carros, não das pessoas. Porque só isso explica como um ponto de ônibus possa ficar a meio quilômetro (nas duas direções) de um conjunto de casas residenciais. Vivemos num sistema que não está preocupado em melhorar as condições de vida de quem anda a pé, mas de abrir mais e mais rodovias pra carros e punir quem cruza o seu caminho. E quando precisamos culpar alguém pelas dezenas de vítimas feitas a cada mês, criminalizamos a própria vítima, o pedestre, ou sua mãe. Nunca a cultura do automóvel.
Um dos slogans das pessoas que querem mudanças, que se opõem ao pensamento único do capitalismo, é que um outro mundo é possível. Vendo casos como este da Raquel, eu digo que um novo mundo é mais que possível –- é necessário. E urgente.
Mas alguém precisava ser punido, e este alguém foi Raquel. Sim, a mãe. Ela foi condenada a três anos de cadeia por ter atravessado fora da faixa e, assim, indiretamente matado seu próprio filho. O júri que a condenou, além de ser composto unicamente por homens brancos, nunca tinha andado de transporte público na vida.
Pode parecer absurdo, mas, na ocasião, a maior parte das pessoas, blogosfera americana inclusa, apoiou a decisão, e não teve empatia nenhuma por Raquel. Nem por ela nem por uma outra mãe condenada em 2010 pelo mesmo crime (cruzar em lugar proibido, assim perdendo sua filhinha). Só aos poucos é que as pessoas começaram a perceber a injustiça. O movimento Transportation for America, que luta para que humanos, e não carros, sejam valorizados, aponta que Marietta, a cidade onde ocorreu o acidente, é o decimo lugar metropolitano mais perigoso para pedestres nos EUA –- Orlando, Flórida, onde fica a Disney World, é o número um. Parece que zonas residenciais, como os subúrbios, muitas vezes são mais perigosos que as avenidas centrais de uma cidade. Nas ruas dos subúrbios, os carros correm mais e não pensam que vai haver pedestres. Talvez a mudança de opinião do público, que mais tarde organizou um abaixo-assinado com mais de 140 mil assinaturas em defesa de Raquel, ocorreu porque muita gente se pôs no lugar dela (e a pressão fez com que a sentença fosse invalidada). Pra atravessar na faixa de pedestres mais próxima, ela teria que andar meio quilômetro com seus três filhos pequenos, à noite, e segurando várias sacolas. Chegando lá, teria que cruzar a rua (e desde quando uma faixa de pedestres detém um motorista alcoolizado?), e voltar outro meio quilômetro com seus três filhos pequenos, à noite, carregando sacolas. Quantas pessoas nessa situação (aliás, pode tirar os três filhos e as sacolas) andariam um quilômetro para atravessar na faixa?
Faz algum sentido ter um ponto de ônibus que para diante de um local residencial, e nenhuma faixa próxima para que as pessoas possam ir pro outro lado da rua? É incrível, mas recebemos lavagem cerebral pra amar o carro acima de todas as coisas. Esse amor é tão incondicional que só vemos as vantagens do carro, raramente suas inúmeras desvantagens. Por exemplo, nos EUA, entre 2000 e 2009, 47,700 pedestres foram mortos. Isso equivale a um acidente aéreo com um avião grande cheio de passageiros por mês. Nos dez anos levantados, 690 mil pedestres foram atingidos, não mortos, por carros –- o que representa um carro ou caminhão batendo num pedestre a cada sete minutos. A gente fica chocada e triste com acidentes aéreos que fazem vítimas, né? Mas não costuma dar a mínima pra pedestres atropelados. Por que não? Não são pessoas também? Não damos bola por pura ideologia. Essa é a cultura do automóvel. Já está plantado no nosso cérebro que algumas pessoas valem mais que as outras. Pessoas que têm carro merecem ter a rua só pra elas, porque são mais importantes que esses pé rapados que caminham ou pegam ônibus. A cultura do automóvel nos ensina que não dá pra viver sem carro, que todo mundo que quer “vencer na vida” tem que ter um carro, que transporte público é coisa de pobre. Pros homens, a cultura do automóvel é ainda mais perniciosa. Carros estão diretamente ligados a sua potência sexual. Eles aprendem que sem carro não são ninguém. Que sem carro não vão conseguir "pegar" mulheres. Que todas as mulheres são maria-gasolina.
E praticamente todas as cidades são construídas em cima dessa ideologia, como se fossem dedicadas ao totem-carro. Elas são pensadas para ter um trânsito rápido, onde os motoristas podem dirigir sem parar em inconvenientes sinais e faixas. Isso obviamente tem prioridade sobre um trânsito seguro, em que pessoas sem carro possam ir de um lado pra outro da rua sem serem atropeladas.
Quase todo mundo aceita sem pestanejar que tenhamos muito mais ruas que calçadas, e que mesmo as calçadas sejam feitas para os carros, com todos os declives para que carros possam entrar e sair de suas garagens. Acatamos numa boa o fato das cidades serem dos carros, não das pessoas. Porque só isso explica como um ponto de ônibus possa ficar a meio quilômetro (nas duas direções) de um conjunto de casas residenciais. Vivemos num sistema que não está preocupado em melhorar as condições de vida de quem anda a pé, mas de abrir mais e mais rodovias pra carros e punir quem cruza o seu caminho. E quando precisamos culpar alguém pelas dezenas de vítimas feitas a cada mês, criminalizamos a própria vítima, o pedestre, ou sua mãe. Nunca a cultura do automóvel.
Um dos slogans das pessoas que querem mudanças, que se opõem ao pensamento único do capitalismo, é que um outro mundo é possível. Vendo casos como este da Raquel, eu digo que um novo mundo é mais que possível –- é necessário. E urgente.
159 comentários:
nossa, mas essa sentença condenando a mãe foi muito mais do que insensível, foi cruel!
Aqui no Brasil, felizmente, quando, por exemplo, um pai mata um filho em algum acidente que até poderia ser evitado (atropelando-o na garagem, por exemplo), embora seja caracterizada a culpa do pai, JAMAIS ele seria condenado, pois nosso sistema leva em conta que o SOFRIMENTO que esse pai vai passar com a perda do filho já é punição mais que suficiente. E eu concordo demais com isso.
Aqui no Brasil, essa mulher não teria sido condenada. Ela errou? Errou. Soltou da mão do filho. Eu fico apreensiva quando vejo na calçada um adulto acompanhando uma criança penquena sem segurar a mão, ou deixando a criança andar do lado mais próximo da pista, na calçada. Mas junto com ela errou o motorista embriadado e praticamente cego. Errou o poder público que não pensou no conforto do pedestre. Por que justo a mãe - e somente ela - deveria ser punida se tantos contribuiram para o erro? Justo ela, cujo sofrimento é maior do que décadas na prisão.
Nem tem o que comentar, né? A cultura do carro está nos colocando no centro de uma tragédia e as pessoa fingem que não veem.
Só acrescentando q no brasil, qq transporte público é considerado coisa de pobre e, por isso, foi negligenciado durante décadas. Trem, metro, onibus são coisas q a classe média alta brasileira só experimenta quando vai à Europa.
Aqui a gente tem que andar de carro, quem não tem carro é pé rapado que não merece ser transportado dignamente.
agora, até avião virou transporte público de pobre, causando indignação dos privilegiados por verem, de uma hora para outra, os outrora recantos de ricos aeroportos, invadidos pela gentalha.
Cultura do carro + cultura do privilégio = uma merda!
nossa, agora que a aiaiai falou eu me dei conta mesmo de que as pessoas andam achando ruim tanta gente feia (leia-se pobre) nos aeroportos.
Outro dia uma amiga minha falou "ahh, antes no aeroporto a gente só via aqueles bebês lindos, de revista, com roupinhas lindas", e agora o que vemos são bebês na minha opinião igualmente lindo, mas que não tem olhos azuis e roupinhas de grife. Fiquei indignada com ela :/
Sobre o homem dar o carro pra mulher quando bebe, nesse ponto tenho sorte: meu namorado me passa o carro numa boa. eu deixo ele em casa e no outro dia devolvo o carro. tranquilo :)
Que horror. O que vale a nossa vida?
Não quero ter carro, não tenho planos de tirar carteira. Viro-me muito bem de bike, ônibus, metrô e a pé. Moro em Smapa, essa megalópole caótica. Aqui carro vende mais que banana, o trânsito é infernal. Mas quem não quer carro (e teria condição de comprar) é visto como alienígena. "COMO Q VC NÃO QUER CARRO???" Sei lá, pra que poluir mais o meio ambiente e colocar mais uma máquina aí nas ruas pra ficar parada 2h no congestionamento?
Fora td oq vc relatou nesse excelente post, vem ainda o fato de q não paramos de vender e comprar carros, mas e os transportes públicos? Cada vez mais decaídos, mal conservados e com uma frota muito inferior a qual seria necessária pra transportar decentemente a população. Acho isso um absurdo, tenho carro porque preciso, já q o sistema público é inviável no Brasil. Se fosse um pouco melhor, preferia mil vezes andar de ônibus!
E o descaso com os sem-carro tb não é só com pedestres, mas também com ciclistas, qntos casos de atropelamentos de quem tá usando bike como meio de transporte ocorrem?
Ótimo post!
Minha nossa!:O
Não, Lola, sério que isso aconteceu? Como um júri que está ali pra fazer justiça, faz uma injustiça dessas? Afinal de contas, o papel deles é esse? Condenar um inocente? Condenar uma mãe que perdeu um filho por causa de um estúpido que, esse sim, violou as leis e o bom senso? Indignada, chocada e triste, muito triste. :(
ah, gente, só pra complementar o que falei no primeiro post:
O exemplo mais usado para caracterizar a não condenação de um pai que mata o filho culposamente é o parágrafo 5º do art. 121 (§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária).
É o que teria sido aplicado a essa mãe no brasil. Não haveria processo, nem antecedentes, nem crime, na verdade.
Aqui no Brasil é muito comum que as cidades cresçam às margens de rodovias mais rápido do que se estruturam meios para travessia da via.
Nesses lugares, vemos aquela triste coleção de cruzes no canteiro central ou na margem da estrada.
Acho que nossos números podem ser até piores que os da nação do automóvel.
No caso relatado, impressiona a "necessidade" de se condenar a mãe assim como a composição do júri.
isso se algém a considerasse como agente... pq pra mim tá muito claro que o principal - senão único - agente causador foi o motorista.
olha, não vou sair por aí condenando quem pretende ou tem carro.
primeiro que somos bombardeados por uma indústria de publicidade fortíssima e que quase ninguém está imune, nem a galera aqui do blog que - em posts sobre plástica ou beleza -a dmitiram que sim, se sentem pressionadas.
segundo que moro em cuiabá. e aqui é mais quente que quente. além disso é uma cidade antiga, cheia de declives e claro, trasporte público miserável. seria impossível eu chegar cheirosinha no serviço saindo no sol forte daqui (forte desde as sete da manhã).
mas tenho consciencia: dirijo com atenção, não bebo, respeito pedestre, saio mais cedo.
Muitos comentaristas da FSP bateriam palmas para a punição dessa mãe, infelizmente nosso país gosta de validar injustiças cometidas nos EUA.
É chocante saber que teve de haver um movimento para que ela fosse solta, parece óbvio pra mim que o culpado é o motorista, não consigo enteder diferente, simplesmente não vai.
A doença do carro é um problema, já ví gente comprometendo a renda familiar para poder se exibir, muito triste.
Agora kd Julian, morde e cai, Flavio Madruguinha e cia ltda para dizer que a justiça já é imparcial, que estes juízes não condenaram essa mãe somente pq ela é MULHER e NEGRA que tb pesou contra ela o fato de ser mãe solteira, que para esses mascus, ser mãe solteira é pecado, onde não há macho não há estrutura?
E Mariana
Não importa, se o menino conseguiu se soltar da mãe isso não é um erro dela, isso é diminuir a culpa do motorista e transferir para a mãe. Ninguem "solta" a mão do filho por relaxo, crianças quando querem são dificeis de se manterem perto.
EU JA VI uma menina ser atropelada e morta, estava com a mãe atrevessando a rua normalmente na faixa, quando a pequena viu a avó do outro lado da rua, correu para abraçá-la e foi acertada por um onibus.
Não acho que a mãe "errou" a criança que se soltou, quando elas querem elas conseguem.
Infelizmente empatia é coisa rara. Cada vez mais se encontra pessoas com problemas e que se dopam de remédios deixando se sentir qualquer coisa. Tristeza, felicidade ou até a tal empatia.
A segunda parte triste da história toda é que um argumento levantado é verdadeiro, por mais cruel que pareça: da capacidade sexual ter ligação direta ao carro dos meninos. Eu não tenho carro e sou considerado um castrado pelos meus semelhantes. Para piorar, realmente existem mulheres (e são maioria) que se dobram para a simbologia carro/homem. Isso tudo digo de experiência própria em algumas cidades em que vivi.
E isso me deixa absolutamente chateado. Afinal, a força social invisível me induz a possuir um carro, sem necessidade, para que eu seja um espécime de sucesso.
lola, essa sua colocação sobre as cidades serem feitas para os carros me lembrou desse projeto aqui: http://cidadesparapessoas.com.br/
moro em joão pessoa-pb e aqui o trânsito piorou MUITO de uns cinco anos pra cá. a facilidade de comprar um carro ou uma moto, especialmente as de baixa cilindrada, incharam as ruas rapidamente. obras super recentes de ampliação de avenidas já se mostram insuficientes e os projetos sempre são de abrir mais caminhos, nunca de repensar essa lógica de transporte. fora que, com mais gente investida pelo poder do volante, os acidentes são muito mais comuns - e a impunidade, nem se fala, né.
Niemi,
no caso dessa mae, que estava com três crianças pequenas, eu até concordo que se uma escapar não tenha sido culpa dela.
Mas quantas e quantas vezes vejo mães ou pais ou qualquer adulto andando despreocupadamente com uma criança de 4,5 anos nas calçadas... eu no carro vendo isso tenho vontade de descer e fazer o adulto segurar a mão da criança e colocar a pequena pra andar do lado de DENTRO da calçada.
Me desculpe, mas o dia que eu não conseguir segurar uma criança - mesmo birrenta, se jogando no chão - eu vou estar com sérios problemas de saúde.
Mesmo sendo difícil, eu até largaria o manhoso no meio do supermercado, olhando de longe ele se jogar no chão, MAS SÓ POR QUE SEI QUE ALI NÃO PASSA CARRO.
Jamais faria isso no meio da rua, e a criança faça o drama que quiser.
Ninguém aqui (acredito eu) vai condenar quem tem carro. Na verdade, quem tem carro é maioria, tem seus direitos e privilégios. Não vai ser num blog que vocês vão se sentir perseguidxs.
Mas é foda pq não dá pra todo mundo ter carro. É impossível numa cidade grande. Um dia vai chegar o caos de verdade.
O transporte público de sp deixa MUITO a desejar, mas eu chego bem antes em casa do quem vai de carro.
E eu sei que não é fácil resistir à cultura do carro, mas eu to sobrevivendo.
A sentença foi correta. A mãe foi imprudente. Um adulto que leva uma criança sem bóia para a piscina e este se afoga, é condenado. O mesmo vale para esse caso. Ela foi relapsa.
"Me desculpe, mas o dia que eu não conseguir segurar uma criança - mesmo birrenta, se jogando no chão - eu vou estar com sérios problemas de saúde."
Parabéns pela sua eficiência, pq a minha mãe (mesmo sendo qse paranoica e segurando com muita força a mão da gente) não conseguiu me segurar uma vez. Eu me soltei e fui correndo pra rua pegar um chinelo q eu tinha deixado cair. Não aconteceu nada, mas minha mãe qse morreu do coração. Ela não é nada fraca, sempre foi atenciosa e muito preocupada, mas FALHOU. Acontece com a maioria dos seres humanos.
é vdd, escarlete, todos estamos sujeitos a falhar. mas como vc msm disse, foi um caso isolado. sua mãe não te deixava solta e vc corria. o que vejo por aí são adultos nem ao menos segurando a mão da criança, que pode correr pra rua a hora que quiser.
não me conformo com isso.
Mariana
Me desculpa mas nem torneiro mecânico tem uma eficiência na mão que nem a sua! Quanta saúde hein...
Crianças quando querem se soltam sim, vc pode ser a mãe mais atenciosa do mundo, que não vai adiantar, ela se solta nem que seja na base da mordida, ou então vc machucando a criança.
Se há adultos relapsos (e há mesmo, aos montes) não dá para usar essas pessoas como parametro para este caso, o fato de haver sei lá gente de mal com a vida não dá pra inferir que todo mundo é infeliz né?
Pedestres tem responsabilidades, como MOTORISTAS também tem.
Pq quando uma tragédia acontece é só no pedestre que se foca "as falhas"?
É a mesma lógica desses infelizes ai que vem pra dizer que qualquer que seja o caso a culpa é sempre da mulher.
É sempre mais fácil culpar a parte desprivilegiada, né. Difícil é usar esses casos para repensarmos nosso modo de vida. Muito melhor é usar o transporte público no dia-a-dia, precisamos cobrar mais.
E essa coisa de carro na calçada onde moro é regra, além das calçadas em péssimo estado, do entulho, mesas de bar. O que mais prolifera por aqui é estacionamento e nem assim dá conta. O governo pouco se interessa por isso, as pessoas só reclamam, mas a maioria quando tem carro faz a mesma coisa, por causa dessa sensação de poder.
Outra, a maioria das faixas de pedestre na área mais movimentada da cidade, vem carros de 3 sentidos. Quando 2 sinais fecham, um ainda está aberto, ou seja, sempre está passando carro. Quase todos vão para o meio da avenida pois ali dá um espaço maior entre os carros e é mais seguro. Cortesia da atual administração que quis desafogar o trânsito e só piorou a vida da maioria que anda a pé.
Olha, quem tem filho não vai carregar no colo ou segurar na mão dele o tempo TODO, isso simplesmente não acontece, sempre tem uma hora que a gente solta um pouco. É claro que apesar disso tem pessoas irresponsáveis e desatentas, em lugares perigosos o cuidado deve ser maior. Por outro lado ter medo quando saímos na rua com uma criança só evidencia o quanto nossas cidades são mal projetadas e o tanto de desrespeito que enfrentamos.
Um exemplo bem absurdo mas que ilustra bem:
Quando há essas reportagens em que o motorista atropela as pessoas que estão paradas no ponto esperando a condução, sempre falam:
1 - O ponto está mal localizado (claro, se não existisse seria melhor ainda)
2 - O que essas pessoas faziam ali a aquela hora? (pq né, trabalhar e estudar ninguem faz isso)
3 - Pq eles não desviaram do carro? (pq segundo os mascus vivemos na matrix e podemos desviar de TUDO - basta mentalizar)
Niemi,
acho que vc n leu meus comentários entao.
nunca usei pessoas relapsas como parâmetro para a mãe. ela não foi desatenciosa e a sentença foi injusta e cruel.
e mesmo que ela tenha incorrido para que a criança fosse atropelada, ainda sim sua condenação seria absurda, visto que o sofrimento que ela vai passar já vale como punição, pelo menos no brasil.
E ainda que ele tiveese culpa - não tem - seria no máximo culpada junto com o motorista, o poder público. e seria absurdo condenar só um.
Quanto a minha força: ainda que eu tenha que segurar com força, melhor isso que atropelamento. ;)
Absurdo sem tamanho.
E é incrivel fazer uma comparação.
Se a Raquel tivesse sido vitima de algum tipo de violencia, principalmente sexual, um monte de pessoas, principalmente homens, estariam arrumando desculpas e atenuantes para o crime, no geral dizendo que o "atacante" foi provocado, que isso e aquilo.
Mas na hora de condenar uma mulher que ja está sofrendo absurdamente, tudo esse preciosimo é deixado de lado.
Já se cobra uma "resposta exemplar" contra o ato, ja se xinga a ré de tudo quanto é nome.
E é claro, ouse dizer que um juri composto de 12 pessoas que nada tem em comum com a moça não pode ser realmente justo...pronto, vão se ofender com essa desconfiança da justiça.
tragico.
Eu fico transtornada com essa cultura do automóvel. Eu moro em São Paulo e faço tudo de ônibus/metrô/trem/próprias pernas (adoraria andar de bicicleta mas tenho medo, graças a essa cultura). Meu namorado brinca que quando um monte de pedestres conseguem fazer um monte de carros parar para a travessia é como uma luta de formigas contra gafanhotos. Eu me sinto assim mesmo, pequena como uma formiga. Ontem no Estadão saiu uma matéria sobre a nova etapa da educação de trânsito, para ensinar os pedestres a somente usarem a faixa. Sempre que dá eu uso a faixa. Mas convenhamos que em muuuuitos casos isso é inviável. O tempo disponível para a travessia é muuuuito menor que o tempo para os carros passarem. Tem muitos locais que eu, que sou jovem, tenho que apressar o passo para conseguir completar a travessia antes do semáforo fechar para mim. Imagine os idosos, pessoas com dificuldades de locomoção, pessoas com crianças, gestantes... A cidade não é feita para elas. É feita para máquinas que trazem mais mal do que bem. Eu sou de uma família totalmente influenciada pela cultura do carro e que adora perpetuá-la. Não aceitam que eu não queira dirigir. Eu não tenho vontade, e juro mesmo que prefiro pegar o onibus/metrô lotado de todo dia a me alienar dentro do pequeno reino sob quatro rodas e vidros fechados. Tô cansada de ouvir pessoas dizendo que andariam de transporte público se as condições fossem melhores. Eu duvido muito, porque quem compra carro compra um discurso, o discurso do status, e não vai abrir mão disso. E continua achando que quem recusa esse discurso é menos importante.
O link da matéria do Estadão:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,cet-quer-educar-pedestres-na-2-fase-de-programa-contra-atropelamentos-,789572,0.htm
Os absurdos que vi/ouvi nos últimos tempos:
-Muita gente reclama que as leis de trânsito do Brasil beneficiam muito o pedestre (é, já ouvi isso!).
-Tem gente que defende que 60km/hr é pouca velocidade.
-Bem na esquina do meu trabaho tem um cruzamento de 4 ruas e nenhum semáforo de pedestre, claro que um senhor de aparência muito distinta, num Honda Civic acelerou o carro pra cima de mim, enquanto eu atravessava na faixa.
-Pedestre que se foda, a rua é para os carros.
Um caso triste: Alguns anos atrás, um rapaz alcoolizado atropelou uma mãe e 4 crianças menore de 10 anos, que estavam indo para a igreja. Elas atravessavam na faixa de pedestres e com o farol fechado pra ele. Todas as crianças estavam de mãos dadas, e o menor estava no colo da mãe. As imagens foram captadas pelas câmeras do semáforo. Isso aconteceu em São Caetano do Sul (ABC Paulista). O rapaz estava particpiando de um racha com outros 2 carrros, em pleno domingo è tarde numa avenida onde só tem restaurantes e bares, ou seja, mega movimentada. Não aconteceu nada com ele por ser amigo do filho do prefeito, e o caso caiu no esquecimento.
Eu acredito que tem espaço para todos, não tenho carro e não pretendo ter. Me viro bem de ônibus, trem e metrô.
Carro é arma, sim. Quando mau utilizado pode machucar, matar. Qual a dificuldade de enteder?
Quanto a segurar uma criança... quando a gente pisca, acontece alguma coisa. Criança não tem noção do perigo. Ontem mesmo, vi um pai segurando a mão da filha de uns 4 anos, que se assustou com o espirro de um chafariz e se jogou na rua na hora que um caminhão passou. Foi por um triz, e o pai estava segurando a mão dela.
lola, todos os dias eu tenho que atravessar a estrada do coco - ba099 que fica na região metropolitana de salvador.
me parece bastante com esse local do atropelamento nos EUA.
essa estrada do coco é rodeada por condomínios de luxo e de classe média alta, ou seja, todo mundo tem carro. pra que semáforo e faixa de pedestres né?
Não sei nem o que comentar do caso da Raquel. Chega a ser bizarro. Não sei se sou ingênua ou otimista, mas pelo menos acredito que a justiça no Brasil ainda não chegou a esse ponto de decadência e distorção. A nossa justiça tem suas falhas, mas isso aí é podridão demais.
A questão do carro, é bem complicada mesmo. Me irrito muito com essa cultura. Na minha família, acabamos nos vendo obrigados a comprar um carro depois que nos mudamos para uma área menos central da cidade (Passo Fundo - RS). O sistema de transporte coletivo de Passo Fundo é pré-histórico, não tem integração, não tem corredor de ônibus, não acompanha direito o ritmo do desenvolvimento da cidade, e ainda por cima a passagem é cara - cidade do interior com preço próximo a de capital. Já foram feitos estudos para otimizar o sistema, projetos lindos já foram montados por pesquisadores da área de urbanismo, gestão, etc... Mas ninguém tira do papel. Como fui morar em um bairro mal atendido pela rede de ônibus (até se tem duas linhas... mas as duas fazem um percurso bem semelhante, só vão para um lado da cidade, e o outro nada...), meus pais decidiram comprar um carro. Que quebra galhos, mas que pesa no bolso. Particularmente, quando tiver a minha casa não faço questão de ter carro. Mas tenho medo de ter que depender o resto da vida de transporte coletivo de qualidade ruim, negligenciado...
Gente absurdoooooooo! Aqui no Brasil a legislação até prevê que em determinados casos os pais sejam responsabilizados em caso de morte "acidental" de filhos, mas em casos raríssimos, além de sempre nesses casos ser levado em consideração a dor da perda, e assim seria aplicado o perdão judicial.
Além disso, total coincidência o post de hoje, pois hoje pla manhã numa conversa com a minha mãe, eu estava falando que as cidades eram projetadas para os veículos, colocando de lado os seres humanos, no caso de São Paulo por exemplo, não são poucos os elevados que acabaram ficando grudados nas janelas de apartamentos, demonstrando o total descaso para com a qualidade de vida das pessoas, isso só vem a corroborar com a idéia proposta no post de hoje.
99,9% dessas pessoas que criticaram ela por ter atravessado fora da faixa não andariam meio quilômetro até a faixa para atravessar.. sou mais motorista hoje em dia, mas já fui muito pedestre, tento entender essa parte. O problema é quando a faixa é perto ou tem uma passarela logo ali, e o povo teima em atravessar fora da faixa.
E nesse caso, pqp viu, a mulher não estava punida o suficiente com a morte do filho? Vcs acham que ela não se culpa o suficiente? Nesse ponto a lei do Brasil é bem mais justa.
Minha cidade é pequena e tem um otimo sitema de onibus.
elas passam muito proximo um do outro e não estão em condições ruins.
mesmo assim ja começam a aparecer problemas com transito e ruas lotadas com calçadas estreitas.
é algo serio mesmo.
Considero a punição concedida a mãe absolutamente desnecessária e cruel diante da morte da criança.
Considero a pena concedida ao motorista branda demais (ridícula, na verdade) diante da reincidência, habilitação vencida ou ausência de, embriaguez e condução de veículo sendo portador de deficiência visual. Conduta irresponsável e criminosa, para dizer o mínimo.
Reconheço e repudio os formatos de organização urbana dos grandes centros, que privilegiam os carros em detrimento de pedestres e ciclistas. Vivo em São Paulo há 12 anos, como pedestre e usuária de transporte público, já fui atropelada por uma moto, já caí e me machuquei ao descer de um ônibus por causa da altura do degrau em uma rua em declive e diariamente testemunho pessoas em situações de risco em vias públicas, seja por desrespeito de motoristas, seja por má sinalização, etc.
Diante disso, devo contudo dizer, que considero a decisão da mãe (da reportagem) de atravessar fora da faixa em uma via rápida, sobretudo porque estava carregando um monte de sacolas, logo, impossibilitada fisicamente de conter 3 crianças pequenas, negligente.
Muitas vezes assumimos uma conduta de risco quando estamos sozinhos, que não podemos assumir quando temos sob nossa tutela crianças que dependem de nossa atenção, senso de discernimento e proteção.
As cidades precisam ser repensadas, tendo como foco o ser humano e não as máquinas. As máquinas foram/são (re)inventadas para nos servir, para facilitar nossas vidas e não para que nos tornemos escravos delas. Nós, seres humanos, precisamos exercitar mais nossa empatia pelos semelhantes, nosso senso de coletividade, nossa responsabilidade diante do todo... Enfim, inúmeros aspectos nos quais precisamos evoluir, muito.
Masssss estamos apenas engatinhando na construção de um mundo melhor para se viver e trazer novas criaturas p/ essa realidade dura e desumana é de uma responsabilidade tamanha...
Eu fiquei sem palavras aqui. Deu vontade de chorar pela Raquel. E em seguida de fazer alguma coisa. Senti um alívio enorme quando li que a pena dela foi cancelada.
O motorista, claro, deve estar por aí matando mais alguém.
Como já foi dito, isso, felizmente, temos de bom a dizer sobre o Brasil: aqui ela não seria condenada pq a justiça levaria em conta o sofrimento dela, principalmente. Como disse a Mariana, nem se compara o erro dela - atravessar fora da faixa, que nesse caso era totalmente compreensivel - com o erro do motorista que matou o filho dela.
Aqui em Curitiba temos um transporte público MUITO bom. Lotado, as vezes com problemas, mas a cidade foi projetada para favorecer o transporte PÚBLICO, e isso, podem ter certeza, ajuda a cidade a ser muito melhor doq seria em caso contrário. Tem carro demais ainda, e motoristas mal educados, mas pelo menos o transporte público foi pensado como prioridade, e respeitando quem o utiliza. Só isso já me faz gostar mais da minha cidade.
Ahhh gente sou mãe de três...
Vou dar minha opnião sobre cuidados com crianças, e contar dois casos que ocorreram comigo:
Meu filho Pedro de 10 anos, há algum tempo soltou a minha mão para buscar um chiclete no meio da rua...e eu quase morri do coração, gritei para ele não voltar, nada aconteceu, mas poderia sim ter sido uma tragédia...
Com Tiago, o meu de 05 anos, no meio de uma conversa com a pediatra dele, deixei ele ir até meu marido que estava logo alí na frente, na calçada há uns cinco metros de mim, mas pra minha surpresa em questão de meio minuto vem uma senhora com ele pela mão me dizendo que ele tinha atravessado a rua sem olhar, eu morri de culpa, chorei horrores, pois não verifiquei se meu marido estava ainda parado no mesmo lugar, e meu filho poderia ter sido atropelado.
Até hoje essas duas situações não saem da minha cabeça, eu sempre me questiono o quanto fui relapsa, o porque não agarrei com mais força o Pedro e porque não olhei para ter certeza de que meu esposo estava mesmo alí no caso do Tiago...
O que posso dizer é que não somos perfeitas enquanto mães, pois falhas são humanas, mas a dor da perda de um filho é unanimidade, deve ser com certeza a pior dor do mundo.
Nossa, um absurdo mesmo!!!
Parabéns pelo post com uma ótima conclusão! Realmente precisamos todos de mudanças, e pra agora!
Não adianta... A culpa é sempre da vítima... Impressionante!
Essas mães feministas
deixam seus filhos morrerem a esmo e depois os culpados são os motoristas!
hunf
Pronto
Apareceu o primeiro idiota para falar merda.
O atropelador reincidente pega 6 meses de regime aberto e a mãe, duplamente vítima, 3 anos de cadeia.
Isso mostra realmente como nossa mentalidade pode ser torta, doentia.
O carro é uma arma, não importa o quanto isso tente ser disfarçado. Dirigir é colocar a vida alheia (e mesmo a própria) em risco relativamente alto. Aí o cidadão parcialmente cego, bêbado e dopado sai à rua com essa arma e "acidentalmente" mata alguém. Mas a mãe é que é relapsa. Ela é quem é a culpada. Ela é quem merece a maior condenação. Lola, tem certeza de que o motorista não foi condenado somente por ter dirigido sem condições? Eu não duvido disso.
Embora a maioria de nós brasileiros até concedamos que esse caso nos EUA foi injusto, guardamos muitas semelhanças com eles. Fico abismado como encaramos com naturalidade o fato de que uma vida igualzinha a nossa passa a valer menos a partir do momento em que a vemos do lado de fora do para-brisa. Não é a vítima que vai se matar, nós é que, dirigindo um carro, podemos matá-la. Mas de alguma forma invertemos essa lógica na nossa consciência. Dizemos na nossa maioria que é o pedestre que tem que se cuidar. E se algo der errado, a culpa, a negligência culposa, é de quem está do lado de fora do carro. Vidas estão nas nossas mãos, mas ainda achamos legítimo dizer que folgados são os pedestres, como se a verdade ou falsidade disso fosse pertinente para nossa responsabilidade enquanto usuários de uma arma.
Nem mesmo quando o motorista não tem condições de dirigir e mesmo assim o faz (deficiente, bêbado e medicado), a gente dá trégua para essa lógica. Olhem o nível da irresponsabilidade com a qual teimamos...
Enquanto isso... "montadoras vão somar um Canadá à produção anual no País em 2015" http://tinyurl.com/3htlwtk
E isso é veiculado como boa notícia. Onde vão ficar esses carros? O quanto vão poluir? Quanto das cidades vão consumir? De quantas pessoas vão deformar a mente? Quantas pessoas irão matar? A batalha entre pessoas e carros já foi decidida faz tempo.
Não acho que estamos engatinhando em direção a um mundo melhor. Estamos regredindo, e com o pé no acelerador. No lugar onde moro, pelo menos, não importa por onde se observe; é difícil encontrar um ângulo que não ateste o fracasso retumbante de São Paulo como cidade.
Um novo mundo é preciso, é necessário e urgente, e faz tempo. As pessoas não conseguem entender que o modelo de sociedade em que vivemos só é aparentemente flexível, adaptável, e etc. Capitalismo é sinônimo de crise, e só "sobrevive" cobrando um custo humano muito, muito caro. Custo que um vidro filmado torna invisível, aliás.
para Niemy Hyyrinen
Nos EUA single mother/mão solteira é a mulher que cria os filhos sem a presença do pai... seja ela viúva ou divorciada ou realmente solteira. Se essa mãe fosse casada com a presença do marido em casa, nada mudaria no julgamento.
E pra que sua provocação: "Agora kd Julian, morde e cai, Flavio Madruguinha e cia ltda"? O post já põe lenha na fogueira e não basta isso?
Eu li a matéria original, em inglês, e a redação foi um trabalho jornalístico bem feito. Sim, apontou a falha do sistema porém sem apresentar uma redação propositadamente inflamatória. Tb li os comentários ref. à matéria em inglês... alguém até mesmo citou Les Miserables/Os Miseráveis, de Victor Hugo, o que se encaixou muito bem no assunto.
E pra quem é familiarizado ler em inglês, sugiro que leia a matéria original MAIS os comentários para melhor se educar em como se expressar adequadamente, cacarejar menos sem ficar trazendo a cada e todo e qq assunto essa insistência em que 'mascus' isso e aquilo. Um assunto passa a ter maior ou menor relevância para um determinado público leitor de acordo com o vocabuário ou linguajar apresentado.
Agora me lembro de um punhado de relatos de conhecidos motoristas que, em atropelamentos (ainda bem que nenhum fatal) e quase atropelamentos, ficaram muito bravos, porque por pouco quase não se davam muito mal.
O raciocínio é esse mesmo. Alguém ali na frente pode morrer, simples assim. Mas a preocupação é como o motorista vai sair limpo daquilo. Do ponto de vista da "evolução" das sociedades, os EUA realmente parecem estar mais avançados do que nós, já que o motorista lá nem deve precisar se preocupar com isso...
"Já está plantado no nosso cérebro que algumas pessoas valem mais que as outras".
Exatamente... e depois estranham porque sinto nojo simplesmente em sair na rua. Ora, basta por os pés para fora para ver esse tipo de coisa atirada contra nossa cara...
Lá nos EUA eu nem imagino qual é a lei. Aqui no Brasil, o artigo 69 do Código de Trânsito Brasileiro diz que, se a faixa de pedestres estiver a uma distância superior a 50 metros, a passagem do pedestre é livre em qualquer lugar da via. Portanto, aqui, a Raquel não estaria fazendo nada de errado ao atravessar a via "fora da faixa". Infelizmente, ninguém conhece essa lei.
LisAna
Nossa, desculpa ae se eu fico "cacarejando" nos coments, me passa por e-mail a sua cartilha de como:
"comentar com relevância para um determinado público leitor de acordo com o vocabuário ou linguajar apresentado."
Pq eu não tenho a fineze que vc tem e tão pouco o bom senso que seu ser iluminado carrega.
É muito coisa de mente estreita desculpa, ficar querendo policiar dessa forma, vc já disse coisas bem piores querendo delimitar como uma outra mulher pode ou não se comportar.
Não gosta dos meus comentários? que pena, pule eles quando vc ver meu nome, simples assim.
Passar bem
A menos que o carro invada a calçada em geral a culpa é do pedestre mesmo. Basta ver as manifestações para a colocação de passarelas. Elas são colocadas, as vias são cercadas para obrigar as pessoas a usarem as passarelas e o que acontece? Logo estão as grades arrebentadas e os pedestres continuam atravessando as pistas, mesmo as de alta velocidade, ao lado ou embaixo das passarelas, sob diversas justificativas: "é longe da minha casa, perde muito tempo, cansa subir a passarela, vou perder a hora..." O que o pedestre quer? uma faixa ou passarela exclusiva para cada residência? Não é assim que funciona. Também a faixa tem que ter uma distância do ponto, se não os outros motoristas atrás do ônibus não vêem quem está atravessando, há um cálculo para isso. Só lamento pela mãe que perdeu o filho, mas se tinha faixa (a 500 metros de onde ela estava) e ela não usou nada vai ser imputado ao motorista mesmo e sim a ela que não exerceu a vigilãncia adequada sobre o filho e, ainda, atravessou fora da faixa.
Mariana : concordo plenamente com vc , os pais tem sim de serem responsáveis ao saírem com seus filhos , tomar cuidado com os pequenos é o mínimo que se espera .
Já cansei de ver crianças , quase bebês andando em beiradas de calçadas , em qualquer momento correm para rua , e isso poderia sim tranquilamente ser evitado tb .
Não tiro a responsabilidade dos motoristas , ao dirigir temos de ter muita atenção na rua e até nas calçadas .
Adorei esse post! Todos os dias passo raiva na rua por ser pedestre.
Em São Paulo, teoricamente, está tendo a campanha de Respeito ao Pedestre. Mas ela é completamente falha. Os ônibus andam com faixinhas de "Dou preferência à vida", mas só param na faixa se tiver um fiscal de trânsito pra ver se eles estão cumprindo a lei direitinho.
Eu chego a demorar cinco minutos pra conseguir atravessar a rua NA ENTRADA DA UNIVERSIDADE porque os carros e ônibus não tem a decência de parar, e não existe semáforo para pedestres ali, somente a faixa. Acho absurdo na entrada da maior universidade do Brasil não ter semáforo para pedestres. Canso de mandar reclamações para o órgão responsável pelo trânsito aqui, e nada se faz. Se eu parar pra contar o número de vezes em que eu quase sou atropelada por mês, atravessando na faixa dentro da universidade, o mundo vai ficar chocado.
Niemi, não tão querendo te deixar trolar os trolls?
para Niemy Hyyrinen
Leia meus comentários TRÊS vezes antes de responder pra ter certeza que vc faz boa Interpretação de Texto... e sempre, ao escrever algo que vc queira que tenha relevância e seriedade, deixe seus sentimentos e complexos de lado. Qdo tratamos de assunto sério, textos irônicos e/ou sarcásticos denotam ineficiência na boa redação... bem poucos o sabem fazer com a maestria de um Voltaire.
Bruno
Pois é, agora tenho fiscal particular para me dizer o que posso ou não falar. Que chiqueeee
sou ryyyyyyyyca, tenho uma personal mala.
LisAna
Não tenho a "elegancia" de um Voltaire nem a "paciência" de um Jô, muito menos um saco de um Kid Bengala.
Não enche, não gosta dos meus comentários, pula.
Não vou virar uma feminista cheirosinha "educadinha" só pq maltrato seus olhos com minha ogrisse.
Acostume-se e pare de me atacar, kd sua "relevancia para leitores seletos?" respeite o tópico, eu tava comentando sobre ele até agora.
As pessoas pra poderem dirigir precisam de licença especial, aulas, laudos psicológicos e etc. Pra andar só precisam ter nascido. Pra mim fica claro de quem é a prioridade.
Bem, sobre esse caso eu posso comentar como insider. Morei em Atlanta durante três anos (Marietta é uma das cidades da região metropolitana), e é um absurdo o desrespeito ao transporte público por lá.
Fiquei um ano sem carro lá, e honestamente, se não fosse por alguns poucos amigos piedosos que me davam carona, minha vida teria sido um inferno. Me sentia por vezes vivendo numa cadeia, isolada.
Pra ir pra faculdade eu tinha que esperar horas baixo sol (e Atlanta no verão é in-su-por-tá-vel, pela umidade), e se perdia um ônibus, estava lascada e com certeza chegaria atrasada na aula.
Gente, na primeira casa em que morei eu não conseguia nem ir no mercado caminhando! Lembro bem que logo que me mudei, resolvi fazer umas compras, e o mercado ficava a, vamos dizer, umas três quadras de casa (porque lá não existiam quadras, são esses centros comerciais gigantes e disformes). O problema é que simplesmente não existia calçada pra chegar até lá!!
Lembro perfeitamente de na volta, depois de ter me metido entre carros e mato na ida, as pessoas ficarem me olhando, com todas aquelas sacolas, e fazendo cara de "o que essa louca está fazendo aí?". Algumas me ofereciam ajuda, perguntavam se eu estava perdida - aposto que só porque sou branca e de olhos claros, senão provavelmente achariam que eu roubei aquelas coisas de algum lugar.
Tem uma história que representa bem a mentalidade da região com relação a transporte público: quando estavam decidindo onde colocariam as estações de trem, uma das sugestões óbvias foi criar uma parada perto da universidade onde eu estudo, que recebe uma quantidade grande de estudantes todos os dias. O problema é que o bairro onde essa universidade está localizada é de nível socio-econômico extremamente alto. Só se veem mansões por lá. E os moradores simplesmente se negaram a aceitar uma estação de trem nas imediações, porque, claro, facilitaria a entrada a indivíduos "não-qualificados" ao seu mundinho de conto-de-fadas.
Agora a universidade tem duas linhas de ônibus que servem a região, e ainda descobri que estão considerando fechar uma. Vejam bem, são mais de 13000 estudantes, mais professores e funcionários que tem de chegar à universidade todos os dias. E sua única opção de transporte público são duas linhas de ônibus que estão sempre atrasadas. A universidade até tenta fazer a parte dela, financiando shuttles na região, mas o trânsito por ali é insuportável.
E isso que Atlanta é a cidade das olimpíadas, onde um super projeto de reestruturação urbana foi posto em prática para atender a necessidade dos turistas em 1996. Claro que tudo isso ficou no passado.
Nem consigo imaginar a dor dessa mãe, vítima desse sistema egoísta que permeia as políticas públicas nos Estados Unidos, ao ter de escutar que é responsável pela morte de seu filho.
QUE COISA MAIS HORRENDA!!!!!!!
Foi muito injusto,muito mesmo!Cruél!
Mas Lola, acho que um erro não justifica o outro. Ela tbm foi errada ao atravessar fora da faixa. Não justifica a pena que sofreu e nem, nem o motorista que não prestou socorro, mas ela tbm deveria pensar que afinal, estava com 3 crianças pequenas e que algum poderia se soltar e acontecer isso.
Cm diz minha mãe "Prefiro perder um minuto na vida do que a vida em um minuto!"
Foi irresponsabilidade dela tbm, não dá pra negar.
Rachel, vc foi falando de não ter calçada, eu lembrei de Brasília, vc falou de não deixarem construir o trem, eu lembrei de Higienópolis...
Aqui em Brasília essa questão do transporte público é séria demais. Não tem calçada em Brasília!!! Pra quem precisa de ônibus, como eu, a coisa é feia. Mas como Brasília foi uma cidade programada pra não ter pobre(mas tem), ninguém liga....
Rachel,
se bem me lembro, o sistema de transportes das olimpíadas era caótico, com atraso de provas, atletas perdidos. Os jornalistas falavam disso na cobertura.
Até porque os jogos só foram em Atlanta por ser a sede de um dos grandes patrocinadores do evento.
Dayane.. faixa de pedestre não impede ninguém de ser atropelado, não...
Se ela tivesse atravessado na faixa, e possivelmente juntinhos, nesse caso, os 4 teriam sido atropelados, a culpa seria de quem, então??
Aqui em Brasília a faixa de pedestre funciona mal e porcamente... Aí, tiveram a brilhante ideia de "educar o pedestre". Antes de atravessa na faixa, pare e faça um sinal com a mão, pra avisar que vai atravessar... Pra sua segurança.
Sabe o que isso significa? TODOS OS MOTORISTAS agora, acham que é sinal é obrigatório, mas não é... E quando eles matam uns e outros na faixa, falam que a culpa é do pedestre pois ele não deu sinal... ou QUASE atropelam pq acham que não é obrigado a parar se o pedestre não der sinal!!! Mas é sim!! Aliás, eu não dirijo, tenho pânico, sou pedestre em todos os sentidos, mas até eu sei que em vista de uma faixa de pedestre o certo é reduzir... A gente tem direito de ir e vir, e ele não pode ser condicionado por causa dos carros. Ou quem não tem carro e anda a pé ter que "ficar esperto" pra não virar pasta na pista. Como eu disse mais a cima, eu não preciso de habilitação pra andar no mundo, mas quem dirige precisa sim de licença!! A prioridade é nossa. Sempre e incondicionalmente.
"Tô cansada de ouvir pessoas dizendo que andariam de transporte público se as condições fossem melhores. Eu duvido muito, porque quem compra carro compra um discurso, o discurso do status, e não vai abrir mão disso. E continua achando que quem recusa esse discurso é menos importante." não é bem assim, tem mita gente que tem carro e usa o transporte público quando este é mais conveniente. eu, por exemplo.
Maria Luiza,
Sei que não é garantia. Tem gente que é atropelado na calçada!Tem gente que é atropelada até dentro de um estabelecimento e a prioridade, com certeza, é do pedestre. A faixa tbm não é garantia. Eu mesma estou falando, mas não atravesso sempre na faixa. Mas enfim, continuo achando que a mãe tbm poderia ter sido mais prudente.Acho que td mundo errou nessa história. Claro que a sentença foi totalmente descabida e terrível, mas ela tbm não agiu certo. Bem, é o que penso.
Se eu tivesse filhos, todo cuidado seria pouco pra mim.
Oi Bruno
Imagino que seja verdade mesmo, porque se o sistema não dá conta hoje, imagina com a quantidade de turistas e atletas da época.
De qualquer forma, fizeram sim uma super reforma e instalaram o sistema Marta, com trens e ônibus integrados. Não quero nem pensar como era a situação antes das olimpíadas...
LisAnaHD...
Me responde uma coisa, e textos ácidos te passam o quê???
Outra, o que você quis dizer com: "Sim, apontou a falha do sistema porém sem apresentar uma redação propositadamente inflamatória."
Eu não sei você, que tem feito questão de se intitular tão superior, mas a meu ver, uma mulher, brasileira de classe média, mãe, que não fala inglês fluente e não faz a mínima questão de conhecer Nova York, entendo que no geral a legislação Americana tem arraigada em sua essência mais preconceito e distorção social do que a nossa (Brasileira), por exemplo, diante disso, e por isso mesmo possibilita ao judiciário sentenciar absurdos, como o caso citado.
O Judiciário Brasileiro de fato não é o exemplo da perfeição, mas a nossa legislação, ainda que não seja de conhecimento de todos, em muitos aspectos está entre as melhores do mundo.
Por fim o que chama a atenção no texto da Lola é a relevância que a sociedade no mundo todo tem dado aos veículos automotores, verdadeiras armas, e estes estão acima de qualquer cidadão, pois morrer atropelado não é privilégio de pobre.
Portanto, não considerei o texto da Lola inflamatório, considerei sensato e sensível.
Sobre faixa de pedestres
Muito se fala nelas, como se o pedestre só tivesse direito a ser respeitado sobre elas.
Mas a grande verdade é que as faixas espalhadas pelas vias são poucas e mal localizadas, cansei de ver faixa pegando bem a curva, no final, mesmo que o motorista queira, fica dificil ver alguem atravessando é sempre uma surpresa.
Por esse motivo as vezes msm com a faixa lá a disposição é mais seguro atrevessar um pouco antes para ver os carros que estão entrando na rua, o que fazer?
É preciso refazer a estrutura de sinalização e adequa-la as necessidades dos pedestres e educar os motoristas, ou nunca chegaremos lá.
verdade,Niemi...Faixas de pedestre em lugares absurdos, mal sinalizadas e mal iluminadas...
E é verdade, tratam o pedestre como se ele tivesse que ser respeitado somente na faixa...
Enfim, é muito desrespeito.
Relicário...
1. O que é texto ácido? Quais são as características de um texto ácido? Pergunto porque não sei.
2. Qto à comparação entre o texto do post e o do jornal eletrônico americano foi que o jornalista americano relatou um fato sem acrescentar sua opinião pessoal trazendo feminismo e afins embolando um assunto com outro assunto.
3. Eu não me intitulo superior, como você me acusa. Você se sente inferior ao ler meus comentários? Por quê? Provavelmente esse sentimento de superioridade X inferioridade tenha a ver com idiossincrasia http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiossincrasia
A propósito, Alfred Adler, médico e psiquiatra austríaco, foi quem cunhou o termo "complexo de inferioridade" em oposição a Freud.
hahaha Escola TrêsVezes de Boas Maneiras para Meninas Levadas Aprenderem Com Maestria Interpretação de Texto. É bilíngue? Quem cacarejar vai ajoelhar no milho.
Chato que pseudo-erudição não suplanta preconceito nem tosquice.
Aos que acreditam que a mãe errou por não ter atravessado na faixa, é bom lembrar que as opções que ela tinha eram atravessar fora da faixa ou andar meio quilometro, em um lugar que talvez fosse perigoso, no meio da noite. Ou seja, talvez as duas opções fossem igualmente perigosas.
Liana
Seu texto está muito vulgar, favor reescrevê-lo e encaminhar para avaliação da Doutora LisAna HD.
PS: Pq todo mundo que deseja se mostrar fodão em um assunto linka a wikipédia?
Ah fodão não pode...desculpa ae LisAna!
LisAnaHD
Em que momento eu disse que me sentia inferior à vc??? Não tenho apretensão de ser melhor do que ninguém, e com certeza baixa auto estima não é meu problema. No seu caso, eu já tenho minhas dúvidas, pois é você que insiste em tentar comprovar sua superioridade nos seus comentários. Sempre se vangloriando de seu belo vocabulário e menosprezando os outros comentaristas.
Vc deixa claro que se sente superior quando diz que:
"E pra quem é familiarizado ler em inglês, sugiro que leia a matéria original MAIS os comentários para melhor se educar em como se expressar adequadamente, ..."
E quando diz que:
"Leia meus comentários TRÊS vezes antes de responder pra ter certeza que vc faz boa Interpretação de Texto... e sempre, ao escrever algo que vc queira que tenha relevância e seriedade, deixe seus sentimentos e complexos de lado. Qdo tratamos de assunto sério, textos irônicos e/ou sarcásticos denotam ineficiência na boa redação... bem poucos o sabem fazer com a maestria de um Voltaire."
Oras, se vc não sabe qual a definição para quem se "sente superior" ao a outro, procure na WIKIPÉDIA...como vc já sugeriu.
Ahh e texto com "tom ácido" é uma expressão que utilizamos no meio jurídico para definir textos, petições, sentenças e despachos judiciais "grosseiros", um tanto soberbos como os seus, desproporcionais ou não adequados.
LisAna, dá uma olhadinha na parte superior direita do blog, por obséquio.
É muita falha de interpretação vir aqui reclamar de "embolar assuntos" quando o BLOG é FEMINISTA e a autora já deixou claro que aqui é espaço para emitir OPINIÃO dela. Bem, vindo de alguém que acha que a culpa da violência de homens é da mãe, nem me admira.
alem de perder o filho, ser condenada pela morte dele quando ele foi atropelado por um bebado!! isso é mais q absurdo!! q mundo eh esse, mto cruel!
Liana
Eu não disse que a culpa da violência masculina é da mãe. Eu disse que esses homens foram criados por mães (ou por alguma outra mulher). Foi uma observação pra trazer reflexão à maneira como homens e mulheres se tratam na defesa de seus direitos.
Relicário http://www.dicio.com.br/idiossincrasia/
Concordo com quem disse que crianças conseguem soltar a mão de um adulto quando querem. Ninguém vai andar segurando o pulso da criança com força e machucando o tempo todo. Isso vc até faz quando percebe que a criança está tentando se soltar. Mas as vezes a criança está muito calma e de repente se solta e sai correndo tão rápido que não dá tempo de segurar de novo.
Um amigo da minha irmã já atropelou uma menina de três anos na faixa de segurança. A mãe atravessou na faixa, com sinal fechado. Assim que ela chegou a calçada o sinal abriu, e a menina soltou a mão dela e voltou para a rua para pegar um brinquedo que tinha deixado cair. Assim que o sinal abriu o amigo da minha irmã andou com o carro e atingiu a menina. Tudo aconteceu muito rápido. Nesse caso, não foi culpa nem da mãe nem do motorista.
Acho que o melhor seria pegar a criança no colo para atravessar a rua enquanto ela ainda for muito pequena, mas ninguém pensa nisso.
E quando vc está com mais de uma criança isso se torna impossível.
Sou arquiteta e urbanista e considero que há SIM uma tentativa das universidades e escolas de arquitetura em modificar esse padrão de pensamento.
Nas cidades turísticas - e não turísticas - européias percebe-se claramente que o centro histórico é do pedestre... Carro não entra!
Infelizmente toda mudança leva tempo, mas já temos casos aqui em BH que as ruas deram lugar às calçadas.
Claro que ainda existem os ignorantes que vão fazer de tudo para entrar com seu carro na calçadas.
Mas é assim, de grão em grão, a galinha enche o papo. Vamos começar por nós mesmos, dividindo carona, deixando o carro em casa e indo a pé, de ônibus, de metrô.
:)
Excelente post sobre algo que me preocupa muito, muito, muito.
Inclusive acabei de postar uma experiência pessoal sobre o assunto, já que minha mãe foi atropelada recentemente. Fiquei indignada, estou indignada e gostaria muito de poder fazer alguma coisa concreta para que o assunto trânsito começasse a fazer parte da preocupação dos brasileiros...
Comecei escrevendo um post:
http://multiplicado-por-dois.blogspot.com/2011/10/minha-mae-foi-atropelada.html
Um abraço,
Karen
Mas fato é que faixa de pedestre, sinal de pedestre, não deixa ninguém seguro!
Tenho filha e posso dizer como alguém que vive isso todo dia!
Sim, filho a gente segura pelo pulso, porque assim é mais fácil dele não se soltar.
Mas e ai? TRES? Quem tem 3 mãos aí levanta a mão!
E outra, lá perto de casa tem um sinal de pedestre que eu já fui quase atropelada enquanto atravessava com o sinal verde (para mim, claro). Ou seja, além de atravessar na faixa, tem que ter muita atenção MESMO!
E, claro, educação no trãnsito, seja de pedestres e motoristas. Direção defensiva, atenção ao trânsito, isso tudo falta no brasileiro.
"Sim, filho a gente segura pelo pulso, porque assim é mais fácil dele não se soltar.
Mas e ai? TRES? Quem tem 3 mãos aí levanta a mão!"
Acho que a única coisa que faltou rolar por aqui foi culparem a mulher por ela ter três filhos. Porque sabe, né, a gente não devia ter mais filhos do que pode segurar de uma vez.
[e essas pessoas deveriam ser castradas. mas daí é opinião pessoal e é feio falar. *IRONIA*]
Arlequina,
Acho que vc interpretou errado. Qdo ela fala sobre o tre três filhos, PENSO que se referiu ao fato de ser difícil estar de olho nas 3 crianças, segurara as tres pelo pulso por não possuir três mãos, não o fato de ter três filhos.
Foi o que interpretei.
lola, felizmente, esse pensamento de mudanca nao é mais só sonho: comeca a se tornar realidade
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/935607-irritar-motoristas-faz-parte-da-politica-urbana-em-boa-parte-da-europa.shtml
Sentença realmente muito injusta. Felizmente foi revista. Eu tenho carro, mas percebo que no futuro vou deixar de ter, a não ser que eu me mude pra uma cidade menor do que Fortaleza. Muitas vezes deixo de sair em certos horários porque sei que a dificuldade de encontrar estacionamento vai ser grande. Ou seja, quem acaba ditando meus horários de sair de casa é o meu automóvel. E afora que as despesas com a manutenção de um carro são enormes. Mas, atualmente, eu não poderia deixar de ter um. Cuido dos meus pais idosos; além deles, o carro é necessário aqui em casa pra transportar nossos 3 cachorros, um deles uma pastor-alemão, e dois gatos. Eles vão ao veterinário com regularidade, pra vacinação e banho e tosa (os cachorros). Morro de medo de minha mãe pegar ônibus. O transporte público só poderá ser considerado bom quando até mesmo os idosos puderem utilizá-lo com tranquilidade. É uma exigência, principalmente numa sociedade que está envelhecendo a passos largos como a brasileira. Mesmo com tanta gente morrendo atropelada, os carros estão cada vez mais potentes. Ainda reclamam dos pôneis malditos. E dos carros 1.0, que tem por volta de 70 cavalos.
OFF total: show ao vivo do Coldplay no YouTube
LisAnaHD,
Eu discordo de você em praticamente tudo que escreveu. A moça foi julgada daquela forma por que era negra, mãe sozinha e ainda nova. Na cabeça dos homens brancos americanos ela já é uma irresponsável por que arranjou filho cedo, e três ainda por cima, e não conseguiu segurar o homem. Eu acompanhei o caso, e assinei a petição para que ela fosse solta, e os comentários que se lia eram:
Olha só, três filhos e sem pai. Aposto que são um de cada pai. Ou, irresponsável sai com três crianças sem o pai? Etc etc. Se ela fosse casada, ela teria um homem do lado dela e não seria julgada tão violentamente, afinalhumor só é honesta se tiver um homem d lado, né? Se fosse branca teria tambem mais empatia (mesmo se fosse tipo "white trash") e se voce branca e casada ai mesmo é que teria a empatia de todos e não teria sido julgada assim. Achar que a discriminação e racismo nos EUA não existe na justiça é brincadeira, né?
Cada coisa que a gente lê,,,
Que história absurda e injusta.
Nunca tive carro e sempre sofri com o modo como o pedestre é desrespeitado. Hoje moro no Canada, numa cidade que tem o sistema de transporte público super eficiente e todos os carros param na faixa, e há faixa em todas as ruas, em lugares movimentados tem uma em cada esquina, junto com o semáforo, e outra no meio da rua sem semáforo, e todos os carros param se alguem for atravessar.
Uma coisa interessante, no Brasil eu sempre vi mães e pais de mãos dadas com os filhos. Aqui é raro. A partir de uns 3 anos as crianças vão andando do lado dos pais sem dar as mãos. E quando andam de bicicleta, com uns 5 anos, eles andam na sua própria bicicleta e os pais na bicicleta ao lado, dividindo espaço na rua com os carros. Talvez essa paranóia de quase esmagar a mão da criança na rua seja fruto dessa cultura do automóvel. PS: Se eu tiver um filho no Brasil tb vou ficar paranóica, não critico quem fica morrendo de medo de largar o filho, infelizmente é uma necessidade. Mas não acho justo culpar as mães por soltarem da mão do filho por 1 min.
Obrigada por esse post Lola!! Adoro seu blog!
lisana minha querida,
a citação do voltaire e dos miseráveis foi invalidada depois do link do wikipedia. e não adianta que não colou colocar o link do dicionário DEPOIS de receber críticas. mas o mais genial foi sugerir a leitura de COMENTÁRIOS de um site jornalístico para quem quer "se educar e aprender a se expressar melhor", HAHAHAHAHAHAHAHAHA, gata, você é hilária. sabe quem você tá me lembrando? a grande filósofa Yara Baumgart! vou ser boazinha e colocar o link aqui pra você (eu poderia ser má e ficar aqui rindo da minha piada sem você ter a menor idea de com quem estava sendo comparada): http://veja.abril.com.br/201004/entrevista.html
É engraçado ver quando alguém de fora chega com opinião divergente das seguidoras fundamentalistas deste blog !!!!
apanha mais que cachorro sem dono ...
Também acho que vc esta coberta de razão Lola, as cidades não foram pensadas para as pessoas, avenidas largas podem facilitar o trânsito, mas matam pedestres aos montes, sem contar que uma boa parcela se não a maioria deve ter inspirado aquele desenho da Disney do Pateta motorista, ao pegarem no volante viram bestas assassinas, ha bem pouco tempo estava andando na rua, e ao atravessar vi um carro vindo na minha direção, mas rapidamente se calcula a velocidade em que ele estava e julguei que dava para atravessar, sem fazer com o motorista tivesse que brecar, mas pra minha surpresa ele acelerou muito o carro, e sabe se la por qual motivo parecia estar resolvido a passar por cima, pude sentir o ventinho na minha roupa do carro passando a toda velocidade, fiquei embasbacada em ver tanto desrespeito, mas não tenho motivos pra pensar que seja só comigo que aquele infeliz se diverte fazendo isso, e talvez nos que ele já tenha matado e sem punição alguma, porque pelo que vemos aqui, mata-se aos montes e nada acontece.
apanhar?que é isso meu jovem, eu quero agradecer a presença de lisana nesse blog. cada comentário dela me faz rir como se não houvesse amanhã. fato realmente destacável porque os assuntos expostos nos posts desse blog geralmente não são o que eu chamaria de engraçado. e a única coisa que discordei dela até o presente momento foi: eu busco formas BEM diferentes para aprender a me expressar. ah sim, e voltaire me dá tédio, sorry Yara, ops, Lisana.
Roxy Carmichael, rolei de rir com essa Yara. O "não me deixe parecer fútil nesta entrevista" fechou com chave de ouro.
Roxy Carmichael
oops... eu não sabia que www.wikipedia.org em português não é levada a sério... se bem que minha primeira opção é sempre em inglês e depois espanhol ou francês e vez ou outra em italiano, mas inglês sem dúvida alguma é a primeira opção... escolhi em português por consideração ao idioma do blog... e obrigada pelo link que vc me enviou mas eu não leio a revista VEJA há mais de 15 anos... e se fosse ler hoje seria pra fazer revisão de texto... e agora ria mais um pouco... rs....
"Os Miseráveis" veio à tona nos comentários do blog americano, qdo uma pessoa indignada com o ocorrido comparou a injustiça sofrida pela mãe como algo similiar a alguma injustiça social apresentada por Victor Hugo.
Comentários fúteis como os seus não fazem boa imagem da mulher feminista...
As pessoas não entendem que carteira de motorista não é um direito do cidadão, é uma concessão do Estado e que para recebê-la é necessário estar habilitado e em condições de dirigir.
Mas as pessoas acreditam que o carro é uma melhor companhia do que seres humanos e que ele deve ser elevado ao status de coisa mais importante da vida, gerando situações humilhantes como essa.
Abraço!
Veja bem como você sempre pode aprender algo novo de onde você menos espera: agora você já sabe, wikipedia não é levado à sério em português. E em nenhum outro idioma do mundo. Mas não precisa se sentir péssima por isso não. O escritor Michel Houellebecq também já admitiu ter plagiado o site. Assim até que não fica tão ruim pro seu lado né? Ter cometido a mesma gafe que o Houellebecq? Veja você como hoje estou muito benévola. De nada pelo link que te enviei, mas se você não percebeu, a reportagem é de 2004. Uma das mais clássicas da revista. E diferentemente de você, sim eu leio a Veja como um interessante exercício de como não se deve fazer jornalismo. Sou jornalista. E no momento estou terminando minha tese em estudos de gênero. O que me garante um arcabouço teórico bem amplo para que eu não precise dar a mínima para o que uma aprendiz de Yara Baumgart (HAHAHAHAHAHAHAHAHA) pensa sobre a minha "imagem". Apenas uma informação para que você conheça melhor a sua interlocutora, assim você pensa um pouco melhor antes de cometer as gafes (citar wikipedia) que vem cometendo por aqui.
Vejo a galera generalizando essa situação para o mundo. Não é bem assim, pelo menos não na Europa onde as cruzadas contra o carro já se iniciaram faz tempo. O foco por aqui é tornar as cidades inimigas do carros.
Semáforos que ficam eternamente fechados, não construção de estacionamentos, dificultando ao máximo a vida de quem está sobre quatro rodas. A ideia é que as pessoas percebam que o sistema público de transporte, a caminhada e a bicicleta são muito mais amigáveis e saudáveis.
Infelizmente essa é uma ideia que não se espalhou mundo afora, especialmente no Brasil onde carro virou um símbolo de poder e status. E os motoristas viajam por aí com a ilusão de que são deuses sobre rodas, acima da lei, acima do respeito, acima da velocidade...
O problema não está na carcaça metálica de quatro rodas, está é na cabeça egoísta do ser podre que acha que um motor de 4 cavalos lhe isenta de toda e qualquer responsabilidade.
Essa é a decadência...
essa LisAnaHD tá falando sério ou tá de brincadeira?
0_O
Essa de que nos Estados Unidos não se dá a mínima para os pedestres, não é bem assim não.
Eu moro atualmente nos EUA, no Arizona, aqui eu vejo bastante respeito pelos pedestres. Fiz minha carteira de motorista aqui recentemente (ha uns dois ou três meses) e no manual que eu estudei, sempre se enfatiza que o pesdestre TEM PRIORIDADE em todas as vias.
Estudo na universidade aqui, e os alunos atravessam a rua praticamente sem olhar, de tanto que é a segurança que eles sentem. A velocidade máxima permitida nas vias próximas a universidade varia entre 20 a 30 MPH.
Os ônibus aqui são muito bons, nunca vi um ônibus lotado. E tem até bagageiro para bicicleta. Você pode andar um trecho do seu percurso na bicicleta e outro no ônibus, pois sua bicicleta é levado no ônibus. Além de que tem ciclovias por todo lado.
As calçadas aqui são amplas, com bastante espaço para os pedestres.
Todos os pontos de ônibus tem lugares para sentar.
Eu moro num lugar bem distante do centro. Na esquina do meu condomínio tem um ponto de ônibus.
Mas como é uma área que tem pouca procura por ônibus (quase todo mundo tem carro sim, afinal carro aqui é barato pra caramba!!), só tem uma linha de ônibus que passa aqui, que te leva para o centro da cidade. Mas no site (na iternt), você tem acesso a todos os horários dos ônibus, tudo bem organizadinho. E os horários são respeitados, se vc consultar o site, não corre o risco de ficar mofando na parada.
Como o próprio nome diz, Estados Unidos da América, cada estado tem várias regras, leis diferentes, e estruturas das cidades também diferentes. Portanto não se pode generalizar.
Acredito que esse problema exposto por Lola é um problema mundial. A situação do trânsito no mundo inteiro está cada vez mais complicada devido ao alto número de carros nas ruas.
No Brasil ainda temos o problema das vias que não tem a manutenção adequada, são repletas de buracos (falo por Recife, que era onde eu morava até recentemente), e de que a fiscalização é precária.
Uma amiga minha que mora aqui nos EUA foi multada porque andava a 5 milhas por hora acima da velocidade permitida. "Do nada" apareceu um carro da polícia e a parou por excesso de velocidade.
No Brasil é até difícil você ver nas ruas das cidades, placas indicando a velocidade permitida ali. Geralmente tem nas estradas ou apenas nas grandes avenidas. Aqui na cidade que eu moro nos EUA, até em ruas minúsculas, e ruas sem saída, tem placas indicando a velocidade permitida.
Claro que nada disso anula o absurdo da história que a Lola contou.
Só estou contando minha experiência porque acho que generalizações são complicadas.
É verdade José, aqui uma interessante reportagem sobre a política adotada em alguns países europeus:http://www1.folha.uol.com.br/mundo/935607-irritar-motoristas-faz-parte-da-politica-urbana-em-boa-parte-da-europa.shtml
Vale lembrar que no Brasil (diferentemente da Europa), o sistema de transportes públicos é bastante precário, fato esse que considero relevante ao se analisar a mentalidade do brasileiro que opta pelo carro e como o Brasil precisa melhorar nesse aspecto para que as políticas como as que vimos na reportagem citada, possam ser implementadas por aqui.
Sim Roxy, infelizmente o Brasil te desencoraja e enfrentar um transporte público e ao invés de tentarem mudar isso preferem alargar avenidas. É bem triste, mesmo que os inúmeros casos de atropelamento não existissem já seria triste.
Carros ocupam muito espaço, geram poluição, não só fumaça como também poluição sonora e algumas regiões que poderiam ser belas áreas verdes dentro de uma cidade acabam cedendo espaço ao concreto e ao asfalto das avenidas.
Se Michel Houellebecq plagiou a Wikipedia foi porque ele encontrou bom material.
http://en.wikipedia.org/wiki/Houellebecq
Eu desconhecia esse escritor francês. Obrigada pela referência. Mais um pra minha lista a ser lido.
Adorei seu comentário, Rachel! (agora vi no Twitter que é a Rachel doutoranda morando em Buenos Aires). Mostra muito bem como funciona a mentalidade americana de sempre priorizar o carro. Pois é, em Detroit também tinha muito lugar sem calçada, lugar que só dava pra chegar de carro... O pedestre é o último na cadeia humana.
Thiaguinho querido, é indignante mesmo. Obrigada pelo excelente comentário (tuitei). O Thiago escreveu um guest post maravilhoso que eu publiquei em 4 partes sobre a cultura do automóvel. Todos os 4 estão linkados no post de hj.
LisAnaHD, não havia UMA matéria sobre o assunto. Havia várias. Acho que linko umas três no post, mas li outras pra me inteirar melhor sobre o assunto. E sim, eu tomo posição. Sempre, ou quase sempre, pelo menos quando tenho opinião formada sobre o assunto. E sou irônica. E, pra mim, me chamar de inflamatória é um grande elogio. Porque eu quero justamente inflamar.
Achei que vc usou a Niemy pra me criticar indiretamente. Deixa a Niemy em paz, pô! Os trolls a odeiam, o que quer dizer que ela deve estar sendo muito eficaz nas suas colocações...
Ah, agora que vi seu outro comentário... Não sou jornalista, não creio em imparcialidade, e deixo claro que este blog não é (nem poderia ser) neutro e imparcial. Os textos linkados que vc cita como modelos de imparcialidade também não o são. Eles tomam uma posição – bem clara, por sinal.
Ah, vc achou que eu joguei feminismo no texto? Onde exatamente? (tô com preguiça de reler o que escrevi). Mas sabe, eu sou feminista, vc deve ter notado. O que penso e escrevo vai sempre ter esse viés feminista. E de esquerda. Pena que nem todo brasileiro fala inglês, senão poderia deixar de ler esses blogs ridículos escritos no Brasil e ler só os dos países ricos.
Cerize, perfeito seu comentário! Pois é, muito se falou nesta faixa de comentários sobre a necessidade de segurar bem os filhos ao atravessar a rua, mesmo na faixa. E aí vc vem e diz que no Canadá, onde existem faixas e semáferos em todo lugar, e onde os motoristas respeitam pedestres, lá os pais NÃO ANDAM DE MÃOS DADAS COM OS FILHOS. Pra mim, parece que esses dois fatos estão conectados. Se a gente vivesse num mundo que não prioriza o carro, ou pelo menos que entende que pedestres devem SEMPRE ser respeitados, a gente ficaria tão paranóica com isso de segurar a criança? É ridículo viver num mundo em que tenhamos que ter tanto cuidado com uma criança a pé, mesmo na faixa de pedestres, porque a criança e sua mãe é que precisam ter cuidado com os carros – E NÃO VICE VERSA!
Ai, coitadinho, né, Bike? Vc apanha aqui não por ser troll, mas por discordar de mim... Ha ha, troll nunca assume que é troll. Assuma-se, rapaz. E aqui ninguém bate em cachorro, com ou sem dono. Incrível como todo o linguajar de um troll é violento! E pô, Bike, se o pessoal seguisse a sugestão da Lis e fosse ler até os comentários de sites americanos, quem iria ler vc? Aliás, sugestão: por que vc não passa a escrever (em inglês) em blogs e sites americanos? Lá sim o pessoal é bem educado! E pelo menos UMA leitora vc vai ter. A Lis. E todo mundo fica contente.
Ontem eu parei um carro para três pedestres atravessarem na faixa e um idiota bateu em mim por trás. Eu olhei no retrovisor antes de parar, ele estava a uma boa distância e eu estava bem devagar (em torno de 20km/h). Absoluta falta de atenção e desgosto pelos pedestres por parte dele! E isso em Natal, uma cidade onde ainda se respeita, ainda que cada vez menos, as faixas de pedestres :(
Não consigo pensar em uma punição que exclua o motorista. Se havia bebido e ingerido analgésicos ( me corrijam se estiver errada, mas os analgésicos norte-americanos são bem mais potentes que os nossos, certo? mais foooda?)
Então o fulano atropelou, matou e não socorreu? e não foi punido?
Acho que esse ponto é quase indiscutível.
Apesar de concordar com a argumentação do carro como fetiche e da exclusão de uma política mais eficiente para a segurança dos pedestres, isso não me exime de observar que a mãe foi negligente.
Foda, sei que é foda. Mas atravessar a tal rodovia - no escuro - com três crianças é, no mínimo, negligência.
Esse(a) culto(ura) ao(do) carro resulta, em enorme parte, da baixíssima qualidade do transporte público em todo o Brasil. O que adianta dizermos que não queremos andar de carro se os busões lotados que chegam de 30 em 30 minutos (ou mais) nos testam os limites dessa convicção de não querer um carro próprio?
Eu mesmo penso em ter um carro próprio no futuro não porque é cool ter um carro, muito menos porque vou "pegar mulé" tendo posse de um, mas sim porque esse transporte público infernal me obriga a ter um carro.
É inconveniente demais ter que depender de ônibus lotados e demorados, não contar (aqui no Recife) com uma rede de metrô de subsolo (estar no litoral não é desculpa, vide Nova York, que fica bem perto do oceano mas tem um dos maiores metrôs do planeta), ter como metrô de superfície uma mera substituição elétrica das antigas linhas ferroviárias (perder o trem que nos levava ao interior e a outros estados foi uma trágica perda pro transporte de passageiros em Pernambuco) e saber que, de 2014 até 2020, apenas 4% de todo o orçamento estadual pra transportes será investido em transporte coletivo (segundo vi no Diario de Pernambuco no ano passado).
Em outras palavras, comprar e usar um carro próprio virou fato social (definição de Durkheim) aqui e talvez em todas as grandes cidades do Brasil. Como simpatizante do ambientalismo, eu não queria ter um carro - queria sim contar com um transporte público decente, rápio, eficiente e multimodal. Mas a falta desse transporte coletivo desejado me obriga a querer ter um carro.
Somos eu e mais milhares de pessoas sendo forçados a esse desejo, realizando-o e superlotando o sistema viário urbano brasileiro, levando-o às beiras do colapso.
Não entendendo o porquê de serem assim ariscas qdo se dão com alguma opinião diferente.
E me entristece ainda mais saber que, se for depender desse governinho corporativista e dessa mídia de direita patrocinada pela indústria automotiva e petrolífera, vamos continuar na merda por várias décadas mais. Afinal, investir em transporte coletivo e incentivar o uso de bicicletas vai diretamente contra os intere$$es dessa corja.
bem, aqui vai algo pro agrado de gregos e troianos, gregas e troianas... é LINDÍSSIMO
http://www.youtube.com/watch?v=JpbyM8k7e2Q
Lola, não sei se vc conhece, mas há um blog muito legal sobre isso http://cidadesparapessoas.com.br/
Aqui mesmo, em Fortaleza, podemos ver as diferenças. Aquele sinal da 13 de maio, ao lado da Reitoria, por exemplo, leva 3 minutos para abrir para o pedestre passar e 3 segundos para fechar. Mas agora eu fui atingida por outro fato horrendo: um colégio particular daqui teve acesso a 9 questões do ENEM, você viu isso?
Moro em Brasília. E de todas as cidades brasileiras nas quais já estive, me parece a mais centrada em carros. Já foi construída para carros, é tudo feito para carros. Não há calçadas, não há locais onde passear a pé e ver pessoas, as avenidas são largas e para altas velocidades, tudo é muito distante, e como em todas as cidades brasileiras nas quais já estive, o sistema de transporte público é uma bela porcaria. Pra piorar um pouco, as cidades ao redor da capital cresceram muito, grande parte dos moradores dessas cidades trabalha/estuda na capital e, obviamente, não há um sistema de transporte público eficiente para atender as necessidades dessas pessoas e a capital também não estava preparada para a quantidade a mais de carros que surgiram por conta disso. Resultado: estamos assistindo ao surgimento do caos. Nem comparo com São Paulo, porque Brasília só tem 60 anos – tenho medo de como estará daqui a alguns anos se já está decadente assim com a pouca idade.
Tenho carro. Gosto? Não. Não gosto de dirigir, nem de procurar estacionamento, nem de ter gastos e preocupações com carro. Porém, numa cidade onde qualquer coisa fica muito distante e o transporte público é uma bela bosta, ter um carro se faz necessário... E eu estaria fudida se não tivesse, pois passo o dia de um lado pro outro, não fico o dia todo no mesmo lugar.
Aqui, pelo que vi Brasil afora, considero que faixas de pedestres são razoavelmente respeitadas e existem em grande quantidade. No plano piloto, acho até excessivas – há diversos locais com faixas a menos de 50 metros umas das outras. E o que acontece? Os pedestres continuam atravessando fora das faixas, fora dos semáforos. Quando estou a pé eu me dou ao trabalho de caminhar até a faixa... e chamo os brasilienses de “aleijadinhos” porque, sinceramente, atravessar a 10 metros de uma faixa, como vejo acontecer todo dia, é coisa de gente preguiçosa demais.
O brasileiro em geral, tanto pedestres quanto motoristas, não respeita porra nenhuma. Pedestres e motoristas têm responsabilidades, direitos e deveres. Mas por aqui é fácil colocar a culpa em um ou em outro, sem perceber que todos são responsáveis pela vida em comum, pelo bom andamento do trânsito. Não há noção de civilidade e de respeito ao próximo no Brasil. Portanto, acho que não cabem comparações com países europeus, por exemplo. Aqui é cada um por si e foda-se o resto – inclusive até o governo age dessa forma, negligenciando transporte público e estrutura viária. Me pergunto onde enfiam o $ do IPVA, ou, no caso de uma cidade lotada de radares de trânsito como Brasília, o $ das multas... devem enfiar no próprio rabo né...
Ericab:
Também acho que generalizações são complicadas. Cada lugar nos EUA é bem diferente um do outro, cada estado tem leis diferentes... não dá pra generalizar em matéria de como é a estrutura, nem de como é a legislação. Já estive nos EUA algumas vezes como turista, e já estive também como estudante para ficar mais tempo... e na cidade onde estudei/morei, o transporte público é muito bom, com metrô e linhas de ônibus integrados e em grande quantidade, e os espaços para andar a pé são bem amplos e em grande quantidade. O engraçado é que se trata da cidade mais parecida com Brasília que já estive (no traçado e na estrutura espacial apenas, de as coisas serem longe, os espaços serem amplos, as avenidas serem largas, ter setor pra isso e aquilo, prédios públicos localizados ao longo da mesma via... porque de resto, nada a ver com Brasília). Estou falando da capital dos EUA – Washington DC. Sabe qual a falta que carro me fez lá? NENHUMA. Nem quando estive mais tempo estudando, muito menos quando estive a turismo. Ou seja, a desculpa de que Brasília foi projetada para carros não é desculpa para que o governo continue negligenciando transporte público e a construção de espaços públicos para que as pessoas possam caminhas (calçada por aqui é item da imaginação coletiva né... Vai ali caminhar na esplanada da roubalheira...rs...)
Muito legal o site que Augustto indicou.
Brasília é um fracasso arquitetônico. A megalomania de JK, assessorado por outros não menos do que ele, deu na construção de uma capital que não inspira turismo. Alguém já viu algum outro país cuja capital não inspira turismo?
JK poderia se inspirado em Curitiba e ter servido muito melhor o povo brasileiro.
Curitiba - "O sistema de transporte público de Curitiba é habitualmente lembrado por seus terminais de passageiros interligados por canaletas exclusivas para ônibus biarticulados e complementados com o "ligeirinho" e alimentadores diferenciados por cores. Esse modelo tem inspirado experiências similares em cidades de outros países, como Los Angeles e Nova Iorque, onde houve, na década de 1990, a instalação experimental de uma linha de "ligeirinho", ligando a prefeitura ao World Trade Center."
"The system, used by 85% of Curitiba's population, is the source of inspiration for the TransMilenio in Bogotá, Colombia; Metrovia in Guayaquil, Ecuador; Transmetro in Guatemala City, Guatemala; as well as the Orange Line of Los Angeles, U.S. State of California, and for a future transportation system in Panama City, Panama, Cebu City, Philippines and the latest, Kuala Lumpur, Malaysia."
fonte: Wikipedia
Gente, é off-topic, mas achei importante mostrar.
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/10/noticias/cbn_vitoria/reportagem/1004881-domesticas-so-entram-pelos-fundos-em-condominio-de-luxo-da-praia-do-canto-e-decisao-gera-polemica.html
Pois é, estão segregando as empregadas domésticas em (mais) um condomínio de luxo. mais discriminação contra mulheres negras e pobres, em sua maioria.
será que outra pessoa que vá a trabalho para o prédio, digamos... se houver uma reforma no apartamento de alguém, e o morador contrata um arquiteto. branco. homem. será que ele entra e sai pela garagem também? ou só quem faz a comida e limpa a sujeira das pessoas que ali residem merece tratamento inferior? ¬¬
Sobre o post da Lola e os comentários...
Não há a menor dúvida de que a punição desse motorista é risível. O cara atropela, mata... pra piorar era meio cego e tinha ingerido analgésicos e álcool... E a punição é essa aí? Dá vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo... Um indivíduo desse é um assassino, simples assim. E agiu com agravantes: sob efeito de substâncias. E deveria ser punido como tal. O que ele fez é a mesmíssima coisa que pegar uma arma sob efeito de álcool e atirar em alguém – só que a arma era o carro.
A punição da mãe? Exagerada, no mínimo muito exagerada. Porém, não podemos retirar sua responsabilidade por estar atravessando a noite num lugar impróprio para a travessia de pedestres, acompanhada de crianças – negligência sim. Por outro lado, o local apropriado para atravessar estava a uma distância inaceitável do ponto de ônibus. Neste caso, a responsabilidade é dividida entre a mãe e o Estado que não fez sua parte... e isso torna mais exagerada ainda a punição que essa mãe recebeu. Me parece muito com “retirar a culpa do governo e dos outros cidadãos” e jogá-la num bode expiatório.
Agora...
Pessoal que tá criticando o judiciário dos EUA e falando bem do nosso sistema... Pelo amor dos Deuses né! Menos! É óbvio que o sistema americano tem defeitos... mas compará-lo com o brasileiro é piada né?
Nossa legislação está entre as melhores do mundo? Concordo. Pena que só existe como obra de ficção, no papel né... Ou para aqueles que podem pagar um bom advogado. Nossa justiça não funciona, é lenta, ineficiente... e os coitados que são condenados vão parar em prisões onde nenhum ser humano deveria ir parar, nem o pior criminoso (este ainda é um ser humano e merece ser tratado como tal).
Lisana, tô aqui novamente para lembrá-la de não cometer gafes. lembrando que gafes são gafes sejam elas em português, espanhol, inglês, francês ou italiano (você não fala alemão não?tá precisando voltar pra escolinha de línguas então, afinal você poderá ler bons filósofos no original, as más línguas dizem inclusive que só se pode filosofar em alemão ou grego, claro que isso não sou eu que tô dizendo e sim, o heidegger, em todo o caso já te falei que esse negócio de wikipedia não tem muita credibilidade). primeira gafe: não confunda arquitetura com urbanismo. falar mal da arquitetura do niemeyer denuncia em neon o seu critério duvidoso. o itamaraty é um dos edifícios mais lindos do país, bem como a catedral, e o palácio do planalto em seu interior é primoroso. o que você pode criticar e acredito que é disso que a rê tá falando, é o projeto urbanístico (de autoria do lucio costa). há de se levar em consideração duas coisas: o contexto histórico em que foi produzido esse projeto urbanístico (sob a influência do modernismo arquitetônico) e outro fator importante é entender como a ditadura não permitiu que parte das políticas culturais pensadas para cidade fossem implementadas. ainda no final dos anos 60, vale lembrar que 200 professores foram presos na universidade de brasília. rê, eu morei muitos anos em brasília e achei a sua crítica bastante coerente. a cidade foi pensada para os carros, justamente no momento do boom da indústria automobilística (que dizem as más linguas financiou e influenciou o projeto). no fim das contas, o modernismo se mostrou um projeto falido. a cidade em sua ânsia de ser funcional no fim das contas, não é tão funcional assim e ainda por cima, é uma lástima que o belo espaço público não seja ocupado pela população. em brasília não há muito lugar para o acaso, justamente para mim o grande charme das grandes urbes.
vai aí para a lisana: http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304186404576388170304044508.html
e para a rê um dos textos mais viscerais e uma das percepções mais acertadas sobre brasília (acredito que você já conhece): http://claricelispector.blogspot.com/2009/05/brasilia.html
beijo e boa noite
Como moradora de Brasília, eu odeio o Niemeyer e o Lucio Costa. :p Até me agrado de ver certos prédios monumentais, mas, gente, o paisagismo da cidade é péssimo. Brasília já foi projetada com base no preceito de que, no futuro (nosso presente), todo mundo teria carro. Logo, prioridade pro asfalto, e quem liga se a padaria fica longe da sua casa? Vai de carro, ué. Mas, pra piorar a situação do pedestre, Brasília também não tem sombra! Quem comete a quase barbárie de andar na rua tem de fazê-lo debaixo do sol, graças à exigência de Niemeyer do vasto espaço aberto, sem árvores nem toldos que comprometessem a visão de seus monumentos. Praça, aqui, é simplesmente um chão de concreto a céu aberto. Calçada, pra quê? Os que não usam carro que se virem! E não é mole, com um transporte coletivo tão capenga como o daqui... Aliás, taí uma coisa que eu amo em São Paulo: o metrô. Podem reclamar que é feio, lotado, perigoso, mas eu sou fascinada por ele. Ele ME LEVA A LUGARES! Adoro o metrô, adoro as estações do metrô, principalmente aquelas que têm pinturas e poemas nas paredes, fico realmente deslumbrada. Tanta gente indo a tantos lugares... Se for pra não usar carro, nem me importo de viajar esmagada entre pessoas.
Mas voltando a Brasília, ela tem dois pontos positivos: como já foi planejada pra ser uma cidade dos carros, não há tanto (ênfase no "tanto") problema com estacionamento. Aqui não existe isso de carro sair do estacionamento subterrâneo na calçada, coisa que me apavora em SP. Sempre me esqueço que, quando estou lá, tenho que prestar atenção em carros invadindo meu espaço (é como me sinto, invadida). Outro ponto bom de Brasília é que as faixas de pedestres são muitas e não precisam ser legitimadas por semáforos. Basta a faixa e o pedestre pra atravessá-la, que os carros, ao menos a maioria, param. Um pouco de civilização não faz mal a ninguém.
Já quanto ao turismo, Brasília tem recebido cada vez mais turistas nos últimos anos... Se tem um tipo de transporte coletivo que tenho visto funcionar, são os ônibus de turismo... ;) Bom, mas eu trabalho na Esplanada.
Elisa,
Brasília não tem problema de estacionamento? E os carros parados no Eixo Monumental pq não tem estacionamento (na Esplanada)? E os coitados moradores de quadras que têm bares - como não há estacionamento nas comerciais, as quadras são invadidas e ficam inviáveis? E ir num Setor Comercial ou Hospitalar conseguir um estacionamento?
De resto, concordo com tudo que disse. E também odeio o Lucio Costa e o Niemeyer... e não fosse por estudo-trabalho, já teria saído daqui há tempos! Isso aqui é uma Barra da Tijuca gigante, um Alphaville gigante - um enorme bairro feito para carros sem espaços públicos de convivência social.
As Yaras salvaram minha madrugada! Vou ter 3 horas de sono mais felizes. Obrigada =D
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Quanto à mãe condenada: por isso que eu não desisto de sustentar que atropelamento cometido por gente bêbada/drogada/sonolenta?sem óculos no volante é DOLOSO.
Não me venham com xurumelas.
Carro é uma coisa muito perigosa, muito pesada em alta velocidade, tem que ter muita habilidade pra saber pilotar, e se o indivíduo se coloca no volante em mau estado ele está dando um FODA-SE pra quem quer que esteja na via pública.
Carteira da habilitação, o próprio nome diz, não é um direito inalienável do cidadão. É uma concessão que o Estado faz pro cidadão capaz. DO MESMO JEITO QUE PORTE DE ARMA. E se o cidadão não está em condições de portar arma, anda armado mesmo assim, e machuca alguém, a gente teria coragem de dizer que é mera negligência???
Negligência não é uma coisa que cabe no trânsito.
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E eu estou PASMA com os EUA.
Sabia que lá tem QUATRO MIL leis federais (sem contar as estaduais), muitas delas redigidas em termos vagos (tipo "privar o públivo do direito a serviços honestos") e as pessoas vão presas assim, sem mais nem menos?
Li aqui: http://www.economist.com/node/16636027
Como eu amo o Brasil nessas horas.
vai aí os links na íntegra para minhas queridas conterrâneas brasilienses. lembrando que eu não tenho carteira de motorista, sempre me recusei a dirigir e como essa resistencia tornou a minha vida na cidade impossível, eu decidi ir para um lugar onde eu pudesse andar a pé, de ônibus, de trem, de metrô (lotado não, prefiro caminhar 30 quadras, o que pra mim não é problema já que adoro caminhar). mas enfim, torço por brasília, que um dia ela consiga reverter essa idéia tão equivocada de privilegiar os carros em detrimento dos pedestres. e brasília, se eu puder te ajudar, pode contar comigo.
http://online.wsj.com/article/
SB1000142405270230418640
4576388170304044508.html
e esse: http://claricelispector.blogspot.com/2009/05/brasilia.html
Comentar aqui me inspirou a fazer uma declaração de amor a Brasília:
http://lifeisdrag.blogspot.com/2011/10/declaracao-de-amor-capital.html
Ai, não falem mal do Brasil, não agora.
Primeiro, que é como algum/a comentarista disse: há disposição no Código de Trânsito dispensando o pedestre de usar a faixa caso ela fique longe (50m).
Segundo: fosse aqui, essa mãe não pegava pena NENHUMA, ainda que ela tivesse ralmente sido negligente (o que a meu ver é bem questionável).
Art. 121, § 5º, do Código Penal - "Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária "
A mãe já teria sido "punida" com a morte do filho. Então, embora condenada pelo homicídio culposo, não teria que pagar pena nenhuma.
Agora, novamente. NUNCA VI isso de condenar a mãe, é uma ABERRAÇÃO, não tem sequer APARÊNCIA de negligência.
Esse dispositivo que citei acima é usado, por exemplo, quando pai/mãe esquece o bebê dentro do carro no estacionamento. Aí é negligência. Agora, a criança sair correndo e o bêbado atropelar não tem absoltamente NADA a ver com a mãe, no nosso país.
Primeira vez em 2011 que eu gosto do nosso Código Penal, hehe.
Roxy,
valeu os links. E se não fosse estudo-trabalho, tb iria AGORA para um lugar onde eu pudesse andar a pé, de ônibus, de trem, de metrô...
Rê Ayla,
Li o seu texto e posso dizer que compartilhamos as mesmas impressões sobre Brasília. Uma anedota: da primeira vez que fui ao centro do Rio (minha primeira experiência com cidade grande -- não considero Brasília cidade grande, e sim um aglomerado de cidadezinhas, como você bem observou), fui eu que fiz a pergunta: "nossa, as pessoas aqui andam tanto assim na rua?" Pra mim, foi uma revelação: eu vinha de um lugar que não gostava de pedestres.
Sobre os problemas de estacionamento em Brasília, por isso mesmo fiz questão de atentar pra ênfase no "tanto": não acho que aqui tenhamos tanto problema de estacionamento quanto num Rio ou numa São Paulo, por exemplo. Estou pensando especificamente naqueles estacionamentos malucos em que os carros saem no meio da calçada (obs: se existissem desses por aqui, iam sair em que calçada mesmo?...), naquelas maquininhas que você tem que colocar dinheiro pra ficar estacionado (ainda existe isso, né?), nos estacionamentos particulares que cobram uma fortuna (aqui é quase metade de uma fortuna)... Aqui em BSB não acho que a situação tenha atingido essa gravidade. Ainda, é claro. Problemas, tem, sim, e eles tem aumentado. O trânsito, que sempre teve fama de ser fluido (me lembro quando só pegava congestionamento na EPIA à 6 da tarde...), está ficando cada vez pior.
comment on BSB
Critics of Brasília's grand scale have characterized it as a modernist platonic fantasy about the future:
"Nothing dates faster than people's fantasies about the future. This is what you get when perfectly decent, intelligent, and talented men start thinking in terms of space rather than place; and single rather than multiple meanings. It's what you get when you design for political aspirations rather than real human needs. You get miles of jerry-built platonic nowhere infested with volkswagens. This, one may fervently hope, is the last experiment of its kind. The utopian buck stops here." — Robert Hughes, The Shock of the New, Episode 4: Trouble in Utopia
source: Wikipedia
Basicamente, eu naõ acho que ela tenha errado em soltar a mão da criança, primeiro por que ela não deveria ter essa neurose em cima da segurança da criança, mas PRECISA ter por estar numa sociedade baseada no carro.
O problema do descaso com pedestres não se refere aos "malvados motorista que atropelam". Não é um amontoado de casos individuais. É uma questão social e, portanto, é de total certeza que os EUA e o Brasil, por exemplo, são países que desrespeitam o pedestre em favor daquilo que faz a economia girar, a industria automobilística.
Porra, o motorista estava bêbado! Precisa falar mais alguma coisa?!
Só pra constar, nem li os comentários: eu tenho uma teoria; a de que vivemos numa ditadura do petróleo... claro, é uma exageiro, mas a um jeito de afirmar essa insensatez, essa força impensada que os carros exerssem no nosso cotidiano. Eu não tenho carro, há muitos anos, mas vou ter que comprar um, por pura necessidade. Isso me aborrece...
Eu detesto essa "cultura do carro" mas detesto ainda mais ter q esperar ônibus na chuva, no frio e no vento, não poder me deslocar antes ou depois de determinado horário por não ter condução, sair da balada as 5hrs e só chegar em casa as 8hrs... adoraria não precisar de um carro, mas ao menos pra mim é um mal necessário
Lola :
Algumas pesoas têm enormes dificuldades em aceitar opiniões divergentes ou desfavoráveis .
São pessoas que não aceitam críticas em hipótese alguma , isto devido a excesso de sensibilidade ( coisa que acredito não ser o seu caso ) , ou então a algum problema ligado a complexos de inferioridade ou superioridade ( em seu caso acredito que possa ser o de superioridade ).
Digo isso por saber que você é uma pessoa inteligente , estudada e muito antenada com o mundo !
Aquela frase :
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las." (acho que de Voltaire ) . é bem o que penso , e você que se diz uma pessoa de esquerda com ideais de igualdade , acaba por não seguir em seu próprio blog .
Tenho certeza de que você não é bobinha ! o que torna este seu autoritarismo mais preocupante !
Não acredito que desta forma grosseira e imperativa como tenta conduzir suas idéias venha a trazer no futuro resultados positivos . Pode até ter meia dúzia de seguidoras , que se você mandar fazer a coisa mais sem noção deste mundo elas prontamente a obedecem , mas isso é fruto de alguma hipnose braba , você realmente é muito inteligente e sabe como fazer ... ( HITLER tb era ).
Pode ficar tranquila que não vou mais acessar seu blog , obedecendo a sua vontade e ordem .
Reflita Lola Reflita .
"os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres".
Código de Trânsito Brasileiro - Art. 29, § 2º
Crianças são seres encantadores e curiosos que adoram correr. Seu atropelamento é culpa da cultura do carro, não da mãe ou do pai. Nesse sentido, o nosso código de trânsito é muito moderno e em linha com o melhor do pensamento urbanista.
Da mesma forma que a vítima de um estupro ou de um assalto não é "culpada" do crime por estar andando por aí.
R.I.P Bike
"mais um guerreiro da real falecido em combate ideológico com a militância da sociedade bucetista"
Mil guerreiros da Real morrerão mas outros mil virão para mostrar a verdade.
Arnoldo 27/10/2011
Vou deixar seu comentário 100% inútil, Bike, apenas porque nele vc promete que não vai mais acessar o blog. Espero que cumpra sua promessa, mas realmente duvido. Todo troll sai batendo os pés (isso só depois de ser sistematicamente deletado, claro), gritando que não volta nunca mais a essa droga de blog, e não sai do lugar. Continua passando horas do seu dia não muito produtivo por aqui -- vide Oliveira. Se tem uma coisa que todo troll tem em comum, bom, além em 99% das vezes ser homem, hétero, reaça, ignorante e escrever muito mal, é que ele não se assume como troll. Pensa que vir aqui deixar dezenas de comentários cretinos, quase sempre apenas me xingando ou xingando minhas leitoras, não é trollagem. É só uma "opinião discordante", que eu, por ser autoritária, passei a excluir. Durante anos eu não excluí um só comentário sequer, mas agora cansei. O que ganha uma caixa de comentários com idiotas que só vem aqui pra chamar a atenção (são carentinhos) e tumultuar qualquer tentativa de debate inteligente? Seus últimos comentários, Bike, todos deletados, não passavam de fazer trocadilho entre Lola e Tola. Vc quer fingir que deixava comentários inteligentes que acrescentavam alguma coisa? Ué, tá cheio de comentário seu em outros posts, e o nível é sempre o mesmo. Não tenho mais paciência pra troll. Este blog tem as melhores comentaristas que conheço, os melhores debates. E debates acontecem porque há ideias discordantes. Mas me xingar e xingar leitoras não tem nada de discordante. É coisa que o pessoal faz na quarta série. Algumas pessoas amadurecem, evoluem, crescem. Outras não. É o caso dos trolls, presos eternamente ao seu jardim de infância, que não tem nada de paradisíaco.
( HITLER tb era )
Lei de Goldwin sempre se provando valida...
A "Cultura do Carro" gera alguns atropelamentos, a "Cultura da Rua" gera milhares de assaltos, latrocínios, estupros e outras pragas sociais. Eu sou um fã do modelo americano de suburbio, o sprawl e de tudo que vem junto com ele, inclusive a sacralização do automóvel, considero este modelo de vida o mais avançado e civilizado possível para uma sociedade, e o menos vulnerável a degenerações.
Eu ando sem tempo pra nada – mas sobre isso, eu queria falar.
Eu gosto de carros. Na verdade, gosto de máquinas. Peço que não me julguem por isso por favor. Gosto de ver trens em movimento, especialmente marias-fumaça. Gosto de ver carros velozes. Gosto de ver aviões e sempre peço pra sentar na janela, pra ver as asas e turbinas sobre as nuvens. Na verdade, isso me influenciou a seguir a carreira de desenhista: eu gostava de desenhar naves espaciais e robôs gigantes, e daí pra desenhar foi um passo. É uma coisa meio mágica para mim. Na minha estante, há em frente aos livros três transformers, vários hot wheels e um avião lancaster da segunda guerra (de onde vocês acham que veio esse apelido, hein?).
Para surpresa geral, eu não dirijo.
Claro, ainda quero ter um triciclo hotsnake como sonho de consumo (realmente amo triciclos), mas a verdade é que eu não preciso dirigir. Eu moro perto do Norte Shopping aqui no Rio de Janeiro. De ônibus, eu chego em menos de dez minutos para o centro comercial do bairro, a Dias da Cruz. Andando pouquinha coisa mais do que um quarteirão, eu chego ao shopping que fica na Suburbana. Se preciso resolver negócios no centro da cidade, eu simplesmente pego um ônibus ou taxi, desço na estação do metrô de Maria da Graça e ando para outros cantos da cidade. Eu ia para a zona oeste também, mas após a morte de minha avó – meu eixo que justificava esse lado da viagem – perdi as razões para ir, mas embora falte um metrô, ir de ônibus a realengo não é esse pesadelo. O triciclo para mim é mais um prazer que um dia quero ter quando puder comprar, porque se pensarmos do ponto de vista da necessidade, não preciso dele – então eu vou tocando minha vida, obrigado.
Depois desse enorme nariz de cera, acho que eu posso colocar meu ponto.
Eu tenho a sorte de morar em um lugar estrategicamente localizado no Rio de Janeiro. Quando falo isso não quer dizer que eu seja cheio da grana ou que more num bairro hiper-"bacana", simplesmente eu moro em um ponto aonde eu tenho acesso aonde quero ir. Outro fato que conta – e que descobri ao viajar para outros estados – é que há uma cultura tipicamente carioca da auto-suficiência: tudo é perto. Não há "padarias do bairro" porque uma mesma rua pode ter três, quatro padarias – e ao lado delas, teremos uma farmácia, um armarinho, um boteco e uma mercearia, com uma banca de jornais logo em frente a essa padaria. É um padrão. Pulverizadamente, é algo próximo a cultura japonesa do Kombini, as lojinhas de conveniência aonde os japoneses compram tudo, tudo MESMO, e que se encontram em qualquer ruela por lá. Você não precisa se despencar. Você desce a rua, volta e acabou.
Eu gosto da rua. Ela é o centro criativo, o lugar aonde as coisas acontecem, aonde as pessoas se encontram mesmo por acaso. Meu irmão já namorou uma vizinha. Eu mesmo conheci uma amiga na internet – uma desenhista, como eu – nos falamos por semanas e para nossa surpresa, descobri que morávamos na mesma rua, a poucos metros de casa um do outro. Tem um carrinho de churrasco na esquina da frente da rua que dá pro meu prédio aonde as pessoas se amontoam, e acabam conversando e se conhecem de frequentar o lugar.
Mas a verdade é que para certos urbanistas e arquitetos, a rua é o demônio e deve ser destruída.
Eu credito a mentalidade que essa gente plantou como a verdadeira artífice do caos. Le Corbusier foi quem disse que "a rua deve ser destruída"; Niemeyer, que na verdade é mero macaco de imitação do corbusier e foi eleito por gênio (se eu falo mal dele, me chamam de antinacionalista pra baixo, mas eu juro que picava ao chão tudo que esse homem, Lúcio Costa – aquele que articulou a derrubada do edifício monroe aliado a setores da ditadura – e essa gangue construíram na vida), segue isso e criou uma cidade onde é inviável viver sem carro. E aí eu aponto culpados sim: foi essa gente que forçou a exigência do carro.
(continua)
O Marshall Berman dedica um capítulo inteiro de seu Tudo que é Sólido Desmancha no Ar a Nova York e é bem esclarecedor o capítulo a respeito de Robert Moses, prefeito da cidade e responsável pela zona que ela se tornaria nas décadas seguintes (acho que o sonho do César Maia era ser esse cara). Cito um trecho:
"As Primeiras Rodovias de Moses em Long Island representam uma tentativa moderna de recriar aquilo que o narrador de Fitzgerald, na última página do romance, descreveu como 'a antiga ilha que ali florescera antes, aos olhos de marinheiros holandeses – um seio fresco, verde, do novo mundo'. Mas moses tornou tal seio acessível apenas através da mediação de outro símbolo tão caro a Gatsby: o sinal verde. Suas alamedas somente podiam ser experimentadas de automóvel: as passagens de nível foram propositalmente construídas numa altura que obrigava os ônibus a abandoná-las, de modo que o trânsito público não pudesse trazer as massas da cidade à praia. Ttratava-se de um jardim distintivamente tecnopastoral, aberto só àqueles que possuíam as últimas máquinas modernas – vale lembrar que essa era a época do Modelo T – e de uma forma singularmente privatizada de espaço público. Moses utilizou o desenho físico como um biombo social, afastando todos os que não produziam rodas próprias. Moses, que nunca aprendeu a dirigir, estava se transformando no homem de Detroit em Nova York. Para a grande maioria dos nova-iorquinos, no entanto, seu verde e novo mundo nada mais oferecia além de um sinal amarelo."
É chato para meu orgulho como um brasileiro ter que elogiar um americano e pichar um compatriota, mas não posso compactuar com quem é daninho: consta que Frank Lloyd Wright percebeu os danos que essa cultura pós corbusieriana (temos que creditar o pontapé inicial dessa mentalidade a ele em 1929, quando decretou que "precisamos matar a rua". Brasília é o cúmulo dessa visão: não é uma cidade, é um experimento social, aonde cada um tem seu lugar para ficar, nada se mistura e tudo é afastado; do ponto de vista do humanismo, Brasília não é uma cidade, é uma ofensa. E lá, você só pode andar de carro.
Na verdade eu tenho uma teoria de que a Ditadura Militar durou o que durou em boa parte por conta da capital ser em Brasília, e não, digamos, no Rio de Janeiro; é um celeiro para uma cultura do "não preciso me preocupar com o resto do país", porque mesmo lá você está no seu canto, ficando isolado de outros segmentos sociais se você quiser. O povo não interessa porque ele não está lá, não é acessível, e a cidade apenas acentua essa sensação. Você se sente blindado pela ausência *virtual* de ameaças no horizonte. E o virtual é tão poderoso quanto o real. Berman novamente acerta o ponto:
(continua)
Na verdade eu tenho uma teoria de que a Ditadura Militar durou o que durou em boa parte por conta da capital ser em Brasília, e não, digamos, no Rio de Janeiro; é um celeiro para uma cultura do "não preciso me preocupar com o resto do país", porque mesmo lá você está no seu canto, ficando isolado de outros segmentos sociais se você quiser. O povo não interessa porque ele não está lá, não é acessível, e a cidade apenas acentua essa sensação. Você se sente blindado pela ausência *virtual* de ameaças no horizonte. E o virtual é tão poderoso quanto o real. Berman novamente acerta o ponto:
"Tese, tese defendida pela população urbana a partir de 1789, ao longo de todo o século XIX e nos grandes levantes revolucionários do final da Primeira Guerra: as ruas pertencem ao povo. Antítese, e eis a grande contribuição de Le Corbusier: nada de ruas, nada de povo." >
Não a toa, Niemeyer até agora escreve para os jornais pedindo a reabilitação de... Stálin. Ou seja, a arquitetura dessa gente é a arquitetura das ditaduras; não faz diferença se de esquerda ou de direita. A arquitetura de Niemeyer criou o celeiro e o habitat para o modus operandi da ditadura militar de 1964 – e para a prosperidade total de uma cultura da impunidade da nossa política, das UDNs, PFLs e DEMs da vida. Brasília não pode ser a capital de uma democracia que se queira uma democracia.)
(continua)
Mas voltemos a Wright. Consta que no final da vida ele surgiu com planos para desafogar os grandes centros urbanos com uma nova proposta chamada Broadacre city, onde cada família americana teria direito a pelo menos um acre, em núcleos auto-suficientes. Há alguns esboços desse projeto AQUI. No meu entender é mais interessante do que qualquer uma das monstruosidades que Niemeyer perpetrou em vida. Porque a arquitetura/urbanismo de Niemeyer, de Corbusier e de toda essa gangue são a arquitetura e urbanismo do desprezo ao ser humano, dos elefantes brancos, dos monumentos feitos ao ego de quem a produz. Não há preocupação com quem vive. A ideia da Broadacre City é pioneira ao pensar um urbanismo voltado ao bem-estar e facilidades das pessoas comuns. Obviamente não foi para a frente – primeiro porque Wright morreu em 1959, e por outro lado: acham que isso realmente interessaria aos executivos da indústria automobilística de Detroit?
Tive que viajar a trabalho para São Paulo por esses dias. A rua ainda existe com força em São Paulo, mas é uma cidade mais contaminada por esse tipo de visão do que o Rio. Ainda há rua e metrô, mas você também precisa do carro. Dá para viver a pé nessa cidade – mas não dá para viver plenamente a pé, a menos que você adote um modo muito bicho-grilo de se viver. É a única cidade em que conheci, e viajei bastante o país para dizer isso, em que você pode encontrar ruas entupidas de tráfego às onze e meia da noite de um domingo. Sim, estive num hotel na Augusta e mesmo de noite há muita gente circulando; isso é bom. Mas urbanamente, São Paulo não é uma cidade para pedestres.
João Pessoa na Paraíba é um contraponto bacana – na verdade, fico meio pisado por todos falarem de Curitiba mas ninguém falar de Jampa (como seus habitantes conhecem a cidade).
Ela é uma cidade limpa e ordenada, e que não desvaloriza o pedestre. Seu clima é quente, mas não é abafado; como eles são o ponto mais oriental do continente americano – leia-se, depois dele só tem o oceano atlântico e ilhas – eles se beneficiam de um vento constante que só peca pela maresia que afeta aparelhos eletrônicos e papéis. Para evitar que isso desgaste os prédios, eles são todos ladrilhados, da cabeça aos pés – e eles usam alguns padrões coloridos interessantes no processo. O resultado é que todos eles parecem, de longe, com capas plastificadas de livros ao sol, ou bloquinhos de lego. Mas é uma visão agradável; como eles querem preservar o vento que cobre a cidade, há uma lei – pelo que me foi passado – exigindo um tanto de espaço entre um prédio e outro, pra não prejudicar a circulação de ar. As ruas da orla não tem sinais; se você pisar na faixa de pedestre e estender a mão, o carro para, além de ter internet wi-fi. Pensei que isso fosse exclusivo da área central, mas quando fui visitar um amigo em um bairro afastado (e simples) de subúrbio, percebi que mesmo lá as ruas são limpas. Eu gostei muito da cidade, sem brincadeira.
Por outro lado, João Pessoa é uma cidade bem menor do que São Paulo, e por isso com certeza é mais fácil de ser gerenciada. Em Recife, eu já vi alguns dos problemas dos grandes centros em escala bem maior. E já é difícil lidar com engarrafamentos por lá. Eu mesmo peguei um feio. Não acredito que essa cidade cedo ou tarde consiga escapar de uma mega-reforma urbana – que só vai mudar as coisas pra pior. Faz parte das dores do parto, e acredito seriamente que Recife esteja destinada a ser grande, ao lado do Rio e São Paulo. Mas acho que já que isso vai acontecer um dia (tenho certeza que vai), seria uma boa fazer uma faxina nas ideias e crescer de uma forma que funcione.
Eu tenho horror à Barra da Tijuca aqui no Rio. Ela é justamente a síntese do pensamento Corbusieriano; o não à rua, a cidade-rodovia, o isolamento; é o resultado concreto desse tipo de postura – garotos que crescem protegidos, assustados e sem limites, socialmente isolados e enxergando quem está fora de sua ilha como "o outro".
(continua)
São esses que saem fazendo barbaridades sem culpa, e se considerando impunes (repara como há relação entre sensação de impunidade e ambiente urbano de separação social, como em Brasília?); lá é justamente o terreno de condominios fechados e shoppings centers em longas rodovias que exigem o carro. Não me parece ser a toa que, por mais que o resto do Rio urre, muitos de seus habitantes tomaram como símbolo de orgulho local a Estátua da Liberdade do New York City Center – a Barra é o seu país, e esse país não é o Brasil (duvida? tente falar mal daquela tralha para os habitantes da Barra. Já passei por essa experiência).
Não dá para dizer que o espaço urbano não tem influência sobre quem vive nele. Na verdade ele é definidor – você se molda nele como referência, porque ele é quem estabelece seus limites; e para tentar fechar esse verdadeiro testamento eu vou dizer: quem tem que estabelecer uma mudança são urbanistas. Temos que ter arquitetos saindo das faculdades querendo derrubar Brasília e construir uma cidade de verdade no lugar. Temos que ter gente que queira profanar o túmulo de LeCorbusier e cuspir na cara de Oscar Niemeyer. Temos que pensar uma nova arquitetura e um novo urbanismo, feitos para o ser humano. E que ajude, sim, a formar seres humanos mais equilibrados em sua relação com as pessoas e o mundo. Se o ambiente não for propício, as pessoas dificilmente serão assim.
E enquanto isso não acontecer, continuaremos tendo rodovias com passarelas muito distantes umas das outras, sem calçadas, esperando só o próximo atropelamento.
acabou, finalmente!
Ah, sim, só pra completar. Os dois pedaços que removi simplesmente eram os dois ultimos blocos desse texto. É que eu havia esquecido de uma parte no meio; tinha um pedaço que ficava sem sentido. E desculpem a empolgação ao escrever. :)
O troll aí que postou que cidades de carros são mais seguras que cidades de pessoas está desatualizado em cerca de 50 anos, que é a idade da obra Morte e Vida nas Grandes Cidades, da genial Jane Jacobs.
Nem me fala desse livro, imaginar que Robert Moses foi deixado de lado por conta dessa palhaçada me dá vontade de chorar. Ainda bem que a força do mercado e da vontade das pessoas continua garantindo a permanência da suburbanização em todo o mundo, se dependesse desses urbanistas moderinhos, morariamos todos em favelas, que tem uma cultura muito mais vibrante e favorável ao pedestre.
Amei o texto Lola. A questão dessa veneração do deus-automovel é algo que me incomoda a tempo, a ponto de as vezes eu ser intolerante com motoristas. Não tenho carro e não sinto vontade de tê-los, grande parte das pessoas quando entram em automoveis tornam-se monstros destruidores de vida que pouco se importão com o humanoide idiota que entra a sua frente, e infelizmente a sociedade venere esse tipo de comportamento, acha lindo, acha maravilhoso dar um carro para um playboy matar garis, ou matar crianças. Eu fico puta com isso.
Moro em Goiânia e cada vez que estou andando pelas ruas passo raiva com motoristas, porque ninguém usa seta, ninguém para na faixa e ninguém ta nem ae para o pedestre, realmente as ruas estão se tornando dos carros e acho que temos que reverter isso. RECLAIM THE STREETS
Alexandre Lancaster,
vc conseguiu dizer TUDO sobre essa maquete aqui... pq essa capitalsó funciona como maquete, na vida real é uma desgraça.
E vc mora no Rio... a parte do Rio q não suporto é a Barra... pq será?...
E olha o Brasil aderindo e botano a culpa por atropelamentos no pedestre: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/10/sao-paulo-lanca-nova-campanha-para-reduzir-numero-de-atropelamentos.html
"Alvo são pedestres que se acham os donos da rua, atravessam de qualquer maneira, sem fazer sinal, como se os motoristas tivessem a obrigação de adivinhar a intenção deles ao se aproximarem da faixa."
Bom, Rê Ayla, eu considero a Barra da Tijuca o não-Rio de Janeiro...
Aqui na minha cidade, onde moro há dois anos, já presenciei dois atropelamentos. Um foi na calçada do meu prédio. Um menino estava esperando o sinal fechar, então um motorista fez um retorno proibido, foi atingido por outro carro, subiu a calçada e o atropelou. Putz, nem acreditei!
O outro foi próximo a um shopping. Lá tinha faixa de pedestre e semáforo, mas o último foi desativado e a faixa se tornou inútil. O pior é que a prefeitura decidiu construir uma passarela, mas foi impedida na Justiça pelos moradores da área. Eles alegam que a passarela vai desvalorizar os prédios próximos. O pedestre que vá para o inferno, lógico!
Alexandre Lancaster,
Sou sua fã! Nem vamos falar da Barra, né?
Eu também odeio aquela arquitetura de Brasília. A cidade não tem árvores, sombra, gente! Só tem carros rodando pra todos os lados e com os vidros fechados! Pra comprar um aspirina é necessário pegar o carro e se deslocar quilômetros até onde ficam as farmácias. Claro, tio Niemeyer organizou tudinho. Casa aqui, comércio lá, bem longe. Aff!
Na campanha por arquitetos rebeldes e profanos. =D
Francisca,
Infelizmente as faculdades de arquitetura estão povoadas de professores imbuídos dessa mentalidade corbusieriana-niemeyeresca. E é normal que os alunos se dobrem até para poder se formar. Falta isso, um anti-niemeyer que se torne a face de uma nova geração.
Gente que coisa mais absurda é esse mundo mesmo.
Acho que pior ainda do que este sistema carrocêntrico, é a visão de que andar a pé ou usar transporte coletivo é pra "pobre", ou seja, pra quem não tem condições de adquirir um automóvel. É justamente essa visão que sustenta esses absurdos.
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