Tem uma peça chamada Gorda em cartaz no Rio que eu gostaria muito de assistir. O texto é do cineasta americano Neil Labute, que volta e meia faz filmes polêmicos como Na Companhia dos Homens, Enfermeira Betty, e seu mais recente (e não muito bom) O Vizinho. Sua primeira obra, Na Companhia dos Homens (1997), ainda hoje é um modelo de cinema independente, sobre dois executivos que decidem, só de sacanagem, seduzir e brincar com os sentimentos de uma mulher surda. O filme é cruel, e uma bolada de gente o considera misógino, mas eu não. Pra mim, ele é misantropo, contra os homens, as corporações, o espírito competitivo que é a chave de tantas “amizades” entre marmanjos. Não contra a moça surda, de jeito nenhum. Eu gosto pacas de Na Companhia e nem sabia que era uma adaptação do Labute de uma peça que ele próprio escreveu. Aliás, nem sabia que o Labute era dramaturgo. Faz sentido, porque seus diálogos são sempre marcantes.
Essa peça em cartaz no Rio, que no original chama-se Fat Pig e vem sendo encenada em vários países, tem um tema bem universal nesses tempos de obsessão pelo padrão único de beleza: o preconceito contra as gordas. Fala de um rapaz que se apaixona por uma bibliotecária bem acima do seu peso ideal. A moça se aceita como ela é e não tem vergonha do seu corpo, mas os amigos do rapaz não o deixam em paz por ele namorar a base mais baixa da pirâmide social, uma gorda, eca! Pra quem é gorda e bem resolvida, como eu e tantas leitoras, chega a ser engraçado ouvir algo assim. Porque quem cresceu gorda ouviu milhares de vezes que nenhum homem vai nos querer assim. As almas mais gentis ainda dizem: “Você tem o rosto tão bonito, só falta emagrecer”. E tudo isso, toda essa opressão, é pro nosso próprio bem, lógico, pra que a gente saiba que está gorda e tome uma atitude. Pô, obrigada! Se ninguém falasse, eu jamais notaria que estou gorda! E se discriminar as pessoas as fizesse mudar, não haveria gordos no mundo. E nem baixinhos, nem velhos, nem gays, nem negros, nem mulheres, nem portadores de deficiência física (a lista é longa). Mas o que é engraçado é que, mesmo ouvindo que vamos morrer sozinhas (e cedo, estamos com um pé na cova, é só uma questão de tempo), a maior parte de nós tem namorado ou marido (ou namorada, mas como minhas amigas lésbicas me contam que lésbica tem muito menos preconceito contra gordas que os homens héteros, vamos falar dos machinhos). Ué, mas não nos avisaram que ninguém em sã consciência vai se aproximar de nós, até porque gordura deve ser contagiosa? E aí a gente encontra uma pessoa legal (ou mais de uma, já que estudos mostram que gordas fazem mais sexo que magras. O quê? Como pode ser?! Mentiram pra gente?), que gosta da gente como a gente é, que de repente até gosta de mulheres cheinhas, ou que simplesmente vê outras qualidades mais importantes na gente do que aparência física.
Os carinhas que odeiam gordas não se dão por vencidos: correm pra sacanear os homens que têm esse fetiche, essa tara por gordas (incrível é que sentir atração sexual por esqueletos ambulantes como os que a gente vê nas passarelas não é fetiche, é normal). Não se sabe bem por que alguns rapazes odeiam tanto as gordas. É por que uma mulher não deveria ousar ter um formato de corpo que não os excita, já que nossa função na vida é unicamente causar ereções em metade da humanidade? Ou é porque insultar gordas é um tipo de male bonding, um jeito de criar laços afetivos com outros machos preconceituosos? Se eles não fossem pra cadeia por racismo, ainda estariam xingando negros. Mas ninguém jamais foi preso por insultar uma gorda, então tudo tranquilo, vamos continuar a trollagem.
Outro dia li por alto um post no blog de um escrotossauro que dizia que toda mulher é chata, e que eles, homens machões, só ficam com elas porque são guiados pelo pênis. Mas que é justamente por isso que toda gorda é mais chata ainda: como ela não atrai o trollzinho sexualmente, ele não precisa perder tempo com ela. Pode destratá-la sem dó. Aí, no twitter de outro humanista, o sujeito dizia que toda gorda tem que se ferrar (não com essas palavras), e que gorda merece morrer. Por quê? Ele não diz, mas seu interlocutor dá uma dica: “Eu nunca vou comer uma gorda, não encontrei meu pinto no lixo”. Ahá! Então esse ódio às gordas é porque o pintinho do cara não subiu? E a culpa é nossa, claro, de quem mais!
Evidentemente que esses rapazes não são apenas gordofóbicos, mas também racistas, misóginos, homofóbicos (e, por coincidência, de direita). Ainda não largaram o jardim de infância, quando se divertiam chamando o coleguinha que ousava usar óculos de “quatro olhos”, ou sei lá que tipo de bullying se usa hoje em dia. E lógico que esses tipinhos são mais populares na internet que os blogs e twitters que lutam contra os precoceitos. Porque os reaças martelam lugares-comuns, e muita gente não quer pensar. Quer apenas um tapinha nas costas dizendo que seus pensamentos preconceituosos continuam aceitos, apesar dessa asquerosa onda do politicamente correto, argh, que prega que a gente deveria ser respeitoso com os outros e pensar um tiquinho antes de falar besteira.
Então. Eu li no blog da Marina que ela foi ver a peça, Gorda, e gostou. Mas que ficou chocada ao perceber como o público ria na hora em que um personagem beijava ou xingava a gorda. O que pra muita gente seria dramático, pra parte dos espectadores era motivo de riso, de identificação. Bom, isso não é novidade. Rir às vezes funciona como válvula de escape (quem não pegou gente rindo nervosamente em Brokeback Mountain levante a mão). E às vezes funciona como forma pra uma comunidade se unir: nós todos rimos porque detestamos gordas, ha ha. Mas fica a esperança que, mais tarde, voltando pra casa, longe da matilha e da claque, esse espectador individual se pegue pensando em quem é o verdadeiro idiota da peça: a mulher gorda, que vive a sua vida sem atrapalhar ninguém? O carinha, que cogita deixar de amar quem ama porque a pressão dos amigos fala mais alto? Ou os amigos do carinha, que não têm vida pessoal, se divertem ofendendo os outros e funcionam como patrulheiros da normalidade?
Quem mora no Rio, por favor, vá ver a peça e me conte. Tem o blog da peça aqui também, com uma pergunta sugestiva: “Quanto pesa o amor?”. Tem peso? Tem preço?
Essa peça em cartaz no Rio, que no original chama-se Fat Pig e vem sendo encenada em vários países, tem um tema bem universal nesses tempos de obsessão pelo padrão único de beleza: o preconceito contra as gordas. Fala de um rapaz que se apaixona por uma bibliotecária bem acima do seu peso ideal. A moça se aceita como ela é e não tem vergonha do seu corpo, mas os amigos do rapaz não o deixam em paz por ele namorar a base mais baixa da pirâmide social, uma gorda, eca! Pra quem é gorda e bem resolvida, como eu e tantas leitoras, chega a ser engraçado ouvir algo assim. Porque quem cresceu gorda ouviu milhares de vezes que nenhum homem vai nos querer assim. As almas mais gentis ainda dizem: “Você tem o rosto tão bonito, só falta emagrecer”. E tudo isso, toda essa opressão, é pro nosso próprio bem, lógico, pra que a gente saiba que está gorda e tome uma atitude. Pô, obrigada! Se ninguém falasse, eu jamais notaria que estou gorda! E se discriminar as pessoas as fizesse mudar, não haveria gordos no mundo. E nem baixinhos, nem velhos, nem gays, nem negros, nem mulheres, nem portadores de deficiência física (a lista é longa). Mas o que é engraçado é que, mesmo ouvindo que vamos morrer sozinhas (e cedo, estamos com um pé na cova, é só uma questão de tempo), a maior parte de nós tem namorado ou marido (ou namorada, mas como minhas amigas lésbicas me contam que lésbica tem muito menos preconceito contra gordas que os homens héteros, vamos falar dos machinhos). Ué, mas não nos avisaram que ninguém em sã consciência vai se aproximar de nós, até porque gordura deve ser contagiosa? E aí a gente encontra uma pessoa legal (ou mais de uma, já que estudos mostram que gordas fazem mais sexo que magras. O quê? Como pode ser?! Mentiram pra gente?), que gosta da gente como a gente é, que de repente até gosta de mulheres cheinhas, ou que simplesmente vê outras qualidades mais importantes na gente do que aparência física.
Os carinhas que odeiam gordas não se dão por vencidos: correm pra sacanear os homens que têm esse fetiche, essa tara por gordas (incrível é que sentir atração sexual por esqueletos ambulantes como os que a gente vê nas passarelas não é fetiche, é normal). Não se sabe bem por que alguns rapazes odeiam tanto as gordas. É por que uma mulher não deveria ousar ter um formato de corpo que não os excita, já que nossa função na vida é unicamente causar ereções em metade da humanidade? Ou é porque insultar gordas é um tipo de male bonding, um jeito de criar laços afetivos com outros machos preconceituosos? Se eles não fossem pra cadeia por racismo, ainda estariam xingando negros. Mas ninguém jamais foi preso por insultar uma gorda, então tudo tranquilo, vamos continuar a trollagem.
Outro dia li por alto um post no blog de um escrotossauro que dizia que toda mulher é chata, e que eles, homens machões, só ficam com elas porque são guiados pelo pênis. Mas que é justamente por isso que toda gorda é mais chata ainda: como ela não atrai o trollzinho sexualmente, ele não precisa perder tempo com ela. Pode destratá-la sem dó. Aí, no twitter de outro humanista, o sujeito dizia que toda gorda tem que se ferrar (não com essas palavras), e que gorda merece morrer. Por quê? Ele não diz, mas seu interlocutor dá uma dica: “Eu nunca vou comer uma gorda, não encontrei meu pinto no lixo”. Ahá! Então esse ódio às gordas é porque o pintinho do cara não subiu? E a culpa é nossa, claro, de quem mais!
Evidentemente que esses rapazes não são apenas gordofóbicos, mas também racistas, misóginos, homofóbicos (e, por coincidência, de direita). Ainda não largaram o jardim de infância, quando se divertiam chamando o coleguinha que ousava usar óculos de “quatro olhos”, ou sei lá que tipo de bullying se usa hoje em dia. E lógico que esses tipinhos são mais populares na internet que os blogs e twitters que lutam contra os precoceitos. Porque os reaças martelam lugares-comuns, e muita gente não quer pensar. Quer apenas um tapinha nas costas dizendo que seus pensamentos preconceituosos continuam aceitos, apesar dessa asquerosa onda do politicamente correto, argh, que prega que a gente deveria ser respeitoso com os outros e pensar um tiquinho antes de falar besteira.
Então. Eu li no blog da Marina que ela foi ver a peça, Gorda, e gostou. Mas que ficou chocada ao perceber como o público ria na hora em que um personagem beijava ou xingava a gorda. O que pra muita gente seria dramático, pra parte dos espectadores era motivo de riso, de identificação. Bom, isso não é novidade. Rir às vezes funciona como válvula de escape (quem não pegou gente rindo nervosamente em Brokeback Mountain levante a mão). E às vezes funciona como forma pra uma comunidade se unir: nós todos rimos porque detestamos gordas, ha ha. Mas fica a esperança que, mais tarde, voltando pra casa, longe da matilha e da claque, esse espectador individual se pegue pensando em quem é o verdadeiro idiota da peça: a mulher gorda, que vive a sua vida sem atrapalhar ninguém? O carinha, que cogita deixar de amar quem ama porque a pressão dos amigos fala mais alto? Ou os amigos do carinha, que não têm vida pessoal, se divertem ofendendo os outros e funcionam como patrulheiros da normalidade?
Quem mora no Rio, por favor, vá ver a peça e me conte. Tem o blog da peça aqui também, com uma pergunta sugestiva: “Quanto pesa o amor?”. Tem peso? Tem preço?
45 comentários:
Oi, Lola.
Eu sempre fui muito magra, até que alguns anos atrás engordei alguns quilinhos, finalmente, mas muita gente que conhecia o meu antes e depois falou que estava melhor antes - 'magérrima', inclusive minha mãe...
Estranho pensarem assim quando até algumas décadas atrás ser 'cheinha' era ser bonita e magras eram 'feinhas'.
Eu acho que as pessoas são bonitas quando se acham bonitas e quando possui atitude e otimismo, ou seja, é mais pelo que se propõe do que pela aparência.
Tentarei ver a peça e, se conseguir, te conto.
Como a Éris, sei bem o que é ter a mãe falando o tempo todo "engordo em? nao vai emagrece" e tal...
atualmente estou acima do peso mas ODEIOOO, é algo que nao me faz bem (joelho e tal) e nao me sinto bem, suando, e nao tendo roupas que sirvam direito, pessoalmente não gosto mas tb nao gosto do padrao esqueletica...
na real fui magra por toda minha adolescencia e nao sabia, olho minhas fotos de 15, 16 anos magra e com a mao na barriga pra tapar ou algo assim... é um saco nao ter percebido (e acho q é culpa da minha mae sim heh - risada envergonhada) mas enfim, agora tento voltar ao meu peso ideal (no padrao NORMAL de pessoa :P)
bjos!
PS, adorei teu posto sobre o Obama ter ganho o nobel =D hehe
Oi lola, acho que essa peça deve ser bacana...e tb acho um absurdo essa ditadura de beleza, especialmente pq é só em relação às mulheres. mais uma coisa pra nos oprimir.
mas...tem um outro lado. acho que vou causar um pouco de polêmica, mas sinto que mesmo assim meu input pode acrescentar nesse debate. acho que estar muito acima do peso, além de não ser saudável mesmo, é extremamente desconfortável e atrapalha a vida da pessoa, seja homem ou mulher. estar mto acima do peso mtas vezes tem a ver com carencia, comer mto e compulsivamente é uma das muitas formas de compensar a falta que sentimos de afeto, atenção...e é preciso buscar força dentro da gente mesmo e não na comida, ou nas compras ou na bebida...em algo exeterno, enfim.
acredito que gordinhos podem estar de bem com seu corpo, bem resolvidos, sem duvida. mas até certo ponto. ser gordo, acima do limite do saudável - como saudável não me refiro apenas a taxas e numeros, mas ao fato de a pessoa não ter limite algum por conta do sobrepeso - não pode ser ok, sinceramente não acredito em quem se diz bem resolvido nessa situação.
estou fazendo uma dieta pra perder 6kg. perdi 5kg e estou me sentindo otima. assumo que me sinto melhor e mais feliz assim, e nem estava gorda a ponto de ter alguma limitação. acho que devemos estar atentos tb, ao criticar a ditadura da magreza, pra não estar lançando pra debaixo do tapete questões pessoais que tb deveriam ser levadas em conta.
é isso.
beijo
Renata
Lola,
Recentemente uma blogueira me convidou para estreiar um blog novo só de entrevistas com outras blogueiras e blogueiro. Topei e como fazia tempo que estava para postar umas fotos minhas eu achei boa ideia mandar para ilustrar o artigo. Mandei, o post ficou muito bom, o blog estreiou bem e tava tudo lindo. Eis que então eu recebo um comentário em meu blog dizendo mais ou menos assim: "Não é que eu tenha me decepcionado mas te imaginava de outro jeito, não sabia que era obesa. Afinal você escreve tão bem, parece ser tão inteligente e esclarecida..."
Fiquei boba com isso! Ser gorda é ser burra? Ou feia? E isso veio de uma mulher! Essa opressão é terrível e injusta. Comigo óbviamente não cola pois sei muito bem quem eu sou e o quanto me custou para chegar ao que sou hoje como mulher, mas imagina uma menina sendo bombardeada todo o tempo por essa forma de preconceito? Eu costumo dizer que sou a prova muito viva de que tudo o que falam para as gordas é tolice. Sou casada,sou amada, tenho ótima saúde, pressão ok, sou bonita, sou inteligente, sou feliz demais. Besta é quem deixa passar a chance de conhecer uma pessoa por causa do que diz a balança.
Beijos.
Essa coisa de rir em momentos dramáticos anda me irritando muito. Tenho vontade de puxar briga no cinema toda vez que isso acontece. Em sessões de filmes mainstream eu posso entender que as pessoas "não entendam" o contexto de uma citação gay, de um beijo entre velhos, de alguma outra citação dramática de uma minoria que incomoda. Mas numa sessão gay? Fui ver alguns filmes gays no Festival do Rio e fiquei pasma com a platéia - majoritariamente gay - rindo de coisas dramáticas e que não tinham graça nenhuma.
Sobre a peça, eu não sei se vou ver, não tenho hábito de ir ao teatro e mal consigo ver tudo que quero no cinema, então é provável que eu não vá assistir. Mas está sendo uma delícia ver a Fabiana Karla em tudo quanto é capa de revista. É um respiro no meio de tanta magreza.
Eu adoro seu blog, mas acho que essa coisa de dividir o mundo entre seres de "esquerda" e de "direita", especialmente quando a definição desses conceitos é tão ampla e complexa, é um pouco chata.
Eu não me considero de forma nenhuma uma pessoa "de esquerda". E nem por isso me considero também uma conservadora, no sentido de ser contra aborto ou casamento entre homossexuais, por exemplo. Muito pelo contrário.
Enfim, sobre ser gorda, o que me irrita é que muitas vezes as pessoas ligam a gordura ao desleixo. E isso não é verdade. Há muitas pessoas que comem normalmente e simplesmente não emagrecem, enquanto há pessoas que comem mais que pedreiro na hora do almoço e continuam magras. Acho que cada um tem mais ou menos "a sua estrutura".
Eu não posso dizer que como pouco. Como bem, gosto de comer, gosto de cozinhar e foi bem difícil diminuir a "culpa" que comer uma coisa boa me dava. Estou ainda aprendendo a aceitar que nunca vou ser magra e pronto. E que isso não me faz feia ou burra, só "cheinha". E que exercícios físicos também não devem ser uma obrigação para emagrecer, mas sim atividades divertidas que fazem bem para minha saúde.
Claro que há abusos. Quem chega a pesar 150, 200 quilos tem um problema de saúde. Isso não pode ser tomado como uma situação cômica, óbvio. Mas a pessoa que chega nesse nível precisa ter noção que está doente.
Mas acredito que seu post não está abordando problemas hormonais ou disfunções psicológicas, sim a questão da perseguição contra quem está alguns quilos acima do peso, mesmo que isso não atrapalhe a vida da pessoal. O que me parece interessante no espetáculo é exatamente essa coisa da opinião do "outro".
Enfim, manifestações artísticas como essa servem para abrir a cabeça das pessoas. Espero que funcione pelo menos para os rapazes que gostam das mais cheinhas, mas têm vergonha de assumir isso.
Olá, Lola.
Nossa como tudo é tão machista,... ninguém se refere que ... espero que algumas mulheres não tenham preconceitos em pegar um gordinho., e certamente têm. A bruxa da história ,( pô!!!! ) Será sempre nós!?!?!?
beijos...
Oi Lola, achei legal ter comentado isso das "amigas lésbicas me contam que lésbica tem muito menos preconceito contra gordas que os homens héteros, vamos falar dos machinhos". Não é lésbica que tem menos preconceito com mulher gorda. É que mulheres tem menos preconceito com gordos em geral. O padrão de estética é bem mais imposto as mulheres. Logo, os homens não aceitam as gordas, rejeitam, debocham na noite e etc.
Eu tinha uma amiga muito gorda na adolescencia e toda a vez q a gente saia, era um constrangimento só. Pq os caras faziam isso com ela. Mas entres os homens gays, nossa, há muito disso. São as mulheres que aceitam, homens e mulheres, gordos. Eu imagino q qdo ela se relaciona com um igual, ela consiga entender mais. Esse lance fica ca cabeça dos homens mesmo, do padrão, de quem eles vão "comer". e etc. As mulheres tendem a ver inúmeras caracteristicas alem do corpo.
Os homens desde pequenos separam meninas (caso heteros) em comiveis ou não. E as gordas, são as não comiveis. Vc não ve isso no universo feminino. As vezes elas nao querem um burro, um bobo, um sei la o que. Mas tão somente por ser gordo ou gorda, realmente nunca vi.
Mulher magra faz menos sexo que mulher gorda pq elas se consideram tanto a última bolacha do pacote que para elas é um favor que elas fazem de transar com os caras.
Eu tenho implicância com meu corpo, não nego, adoraria ser esquelética e cabeçuda. Mas é porque eu não me sinto bem vendo um pneu escapando da calça. Coisa minha, da minha cabeça.
Concordo com tudo, mas acrescento que o preconceito não é só com o peso da mulher, é com tudo da mulher. Claro que o terror à gorda é um dos mais absurdos, mas vejamos:
o cabelo não pode ser branco ou grisalho;
a bunda não pode ser pequena;
o peito tem que ser de tal tamanho, dependendo da época e da moda (kkk);
mulher que usa óculos é sempre "intelectual", nunca pegável;
as roupas tem que estar na moda;
a perna tem que estar depilada, como de resto quase tudo;
etc, etc, etc.
Como vc mesma sempre diz, mulher é enfeite, então tem que ser um enfeite bonito, senão, coitadinha.
E o mais estranho é que o mundo está ai para provar o contrário. É só olhar em qq direção que vc verá mulheres totalmente fora do padrão vivendo muito felizes, casadas ou não; e o contrário também é verdade, mulheres que se consideram modelo de beleza totalmente infelizes.
Para nós que temos consciência disso, tudo parece simples. Mas para a maioria, principalmente os adolescentes, essa massificação do padrão é dolorosa. Daí os meninas parando de comer para conseguirem chegar ao "modelo" de beleza; entupindo os salões para esticarem e pintarem os cabelos (tem q ser liso e louro); fazendo cirurgias plásticas antes mesmo dos 18 anos.
Quem já viu um pai chorando porque a filha estava quase morta de fome, sabe do que eu estou falando.
Falei muito já, mas só para finalizar: o pior de tudo isso é que nos anos 70/80 a gente achava que isso já tinha acabado. Por isso a geração que hoje tem mais de 35 anos fica assustada com o retrocesso. Imagine se simone Beauvoir voltasse...ela não ia acreditar no tanto que andamos (ou corremos) para o passado!
Oi Lolinha,
Adorei o post, estava esses dias mesmo lendo sobre essa questão da gordura, como até em livros supostamente feministas encontramos mensagens contraditórias do tipo "Ei, gorda, ame seu corpo do jeito que ele é" e logo em seguida uma enxurrada de dicas para levar uma vida mais "saudável" (leia-se magra). lendo mais sobre o assunto encontrei muitas fontes que apontavam na direção contrária, que até um limite aceitável a saúde não está tão diretamente ligada à gordura, principalmente se já existem os tais "hábitos saudáveis" e a pessoa ainda é gorda por razões genéticas. E vejo que a gordofobia é imensa, absurda, e ao contrário do que já pensei um dia existem muitas gordas que podem ser mais saudáveis que eu, sendo magra. Senti um pouco do preconceito quando engordei alguns quilos, coisa estúpida, mas já tiveram a cara de pau de me chamar a atenção pra emagrecer. Acho que você vai curtir esse vídeo, mostra uma moça gorda falando sobre aceitar seu corpo e de como a cultura oprime os gordos, linda e divertida ela> http://www.youtube.com/watch?v=yUTJQIBI1oA&feature=player_embedded
Beijão
Eu li sobre essa versão feita aqui no Rio. Li e concordo com o que a atriz falou, que existe mais preconceito com gordas do que com negros. Tem gente que não soube interpretar o que ela disse e achou errado. Acho que num lugar como o Rio existe muito preconceito não só contra gordos mas também contra pessoas muito magras. Acho um absurdo alguém achar que por trás do teu corpo tem sempre alguma histórinha. Muita gente condena uma pessoa gorda achando que a pessoa é gorda pq não tem vergonha, e muita gente acha que todo pessoa muito magra tem anorexia ou algum outro distúrbio alimentar do tipo. Infelizmente o saudável pra alguns é parecer com uma boneca: magra, bunduda e com peitão. Bem, eu acho que nem uma boneca seria assim,haha...Bom, vou ver se consigo ver a peça pq eu moro um pouco longe do Centro do Rio. Quem sabe ela não passe por Niterói? Vou procurar saber mais sobre a peça.
Bj;*
Oi Lola,
De uma olhadinha nesta materia:
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/scotland/article6845224.ece
Lola, tem um documentário, acho que você até falou dele já, o "Killing Us Softly", que fala da imagem da mulher na publicidade (tem no youtube!). Num trecho a narradora consegue resumir tudo: "estão diminuindo as mulheres por tamanho" ("they're cutting girls down by size"). Fiquei encucada com isso e acho que parte do ódio com a gorda vem daí. A mulher mais gorda é maior, é uma mulher que é mais forte, ocupa mais espaço que o homem, e que se pensarmos de uma forma mais primitiva não se sentiria intimidada pelo tamanho dele. Isso explicaria esse movimento de décadas de mulheres cada vez menores, com roupas que dificultem cada vez mais os movimentos, cada vez mais fracas.
É uma forma de dominação, usar o argumento estético pra que você tenha o outro mais fraco, extenuado de academias e exercícios e muitas vezes sem a alimentação que precisa.
Quem perde com a gordofobia são, única e exclusivamente, os gordofóbicos.
Eles que se danem pra lá
Estava gostando do post, até ler sua opinião sobre modelos de passarelas ñ é nada de gentil chamar alguem de 'esqueleto ambulante' sei disso pq sempre fui mt magra (magra de ruim, pq como mt bem, bem d+, diga-se de passagem)e odiava ser chamada de Olivia Palito e afins, ñ gosto de discriminação. nenhuma discriminação, nem contra negros, nem contra gays, nem contra gordos e nem contra magros...bjs.
Ótimo texto, Lola.
Veja que absurdo o que ouvi meus colegas de faculdade falando há uns dois anos, sobre uma colega gorda: "a pessoa que deixa ela sair de casa todo dia deveria apanhar! Pq a gente não é obrigado, né?".
E o pior é que a menina é bonita, olhos azuis e tudo mais, só é um pouco acima do peso... já os idiotas são, digamos assim, feios pra caramba. Mas eles podem, são homens, né?
Aqui, li este texto e me lembrei de vc, dá uma olhada: http://homomento.wordpress.com/2009/10/20/homofobia-como-punicao/
Li o texto, li os comentários e me reconheci totalmente neles.
Sofri muito na infância e na adolescência. Agora, na fase adulta, os comentários pejorativos só me pegam mesmo naquela fase down, tipo TPM... rs É realmente importante ter consciência de quem somos e não dar aos outros o poder de nos magoar.
Quando li o comentário da ELaine, lembrei de situação semelhante que ocorreu comigo quando era adolescente. Estava viajando num ônibus e um garoto começou a conversar comigo e com meus irmãos. Eu não tinha qualquer outra intenção em relação a ele, mas quando me levantei para ir ao banheiro (minhas pernas estavam cobertas por uma manta) e ele viu que eu era gorda - "Ah, você é gorda.", como num passe de mágica o menino deixou de falar comigo, voltou à poltrona dele e não trocamos mais palavra.
Interessante isso. A pessoa era legal até o momento em que você percebeu a compleição física dela. Dali em diante, passa a ser um pária que não é merecedor de qualquer palavra.
Meu maridinho é demais, não?
"Quem perde com a gordofobia são, única e exclusivamente, os gordofóbicos.
Eles que se danem pra lá"
Estou no progranma para cirurgia de redução do estômago há alguns meses e posso operar há qualquer momento. Tomei essa decisão (muito difícil) por problemas de saúde, mesmo. O gordo tem ou terá problemas.Um obeso mórbido ou super obeso, obviamente. Eu achava que não tinha nada até descobrir uma gastrite e complicações na vesícula. Nada que um magro não tenha, hehe.
O mais legal nesse processo, entretanto, tem sido o apoio de Giovanni. Ao perguntar se ele ainda vai gostar de mim se eu ficar pelancuda, ou se os ossos do meu quadril causarem dor no quadril dele na hora do "vamuvê" ele me disse que nada disso importa porque ele ME ama. Dá licensa, mas quantas magras tem essa tranquilidade? Heheh
P.S.:Quanto a dor no quadril, ele disse que bota uma almofada.
É realmente muito triste. Qnd fui assistir a peça "O monólogo da vagina" tinha uns imbecis, e por "coincidência", homens tentando cantar a atriz que aparecia vistida de dominatrix lésbica. Foi ridículo. Eu passei por n traumas a minha adolescencia toda por ser baixinha, gordinha e peituda. Minha mãe olhava pra mim como se eu fosse um ogro. Queria pq queria me operar. Pelo menos diminuir os seios. Era um inferno. Eu arrumana namorados e paqueras. Não tinha problema com isso, mas a minha mãe não entendia e algumas vezes insinuava que os garotos que eu namorava deveriam estar somente se aproveitando de mim, pois não tinha nada além da buceta pra oferecer. É duro. Tem gente que quer moldar os outro a marretada. Eu emagreci, mas acho que foi por causa da transição da adolescencia para a vida adulta, mas até hj não me enquadro nos padrões. Muita gente, eu percebo, e ainda tem gente q tem a indelicadeza de falar, se incomoda comigo. "Como pode ser baixinha desse jeito e não usar salto? Eca! E esse cabelo enrolado todo volumoso! E esse jeito de se vestir com roupas confortáveis!" Mas hoje eu dia eu tenho pena desses bitolados escravisados e superficiais seguidores do efêmero.
Lola, acho muito interessante o seu modo de pensar e de expor sobre esse pessoal que tem preconceito contra pessoas gordas. Eu particularmente não tenho nenhum, pelo contrario, minhas namoradas nunca foram magérrimas como eu, já namorei meninas gordas, e nunca reclamei nem me incomodei, gostava delas por quem elas era e não por quanto elas pesavam. Eu defendo minhas amigas delas mesmas, quando elas próprias ficam se martirizando por estarem fora no padrão, eu sinceramente, só sou magra por uma questão de genética e metabolismo, já fui até no médico, porque eu como que nem um dragão, e não consigo engordar.
Me senti ofendida com a parte dos esqueletos ambulantes. HAHAHAH... Eu não sou magra porque eu quero, nem pra fazer parte do padrão, e há muito preconceito com pessoas magras também. Ouço varias piadinhas sem graça por dia, porque é melhor ouvir do que ser surda. Coisas do tipo: *Ta ventando: - Segura a Babi se não ela vai voar. '¬¬ e por ai vai.
Eu também queria ver a peça... =[
Vamos para o Rio, Lola?
hahaha...
:***
Lola, me identifiquei com coisa demais desse post e com os comentários do pessoal também.
Não me lembro se já comentei por aqui, mas de uns anos pra cá eu engordei. O suficiente pra perder algumas calças, mas nada que me classificasse como "gorducha".
Aí o engraçado é que todo mundo se sente no direito de dar pitaco. E o que acho mais escroto é que sempre disfarçam como preocupação com a saúde. Na última vez que minha mãe comentou algo que eu "deveria emagrecer", perguntei o porque e ela apenas respondeu q era pra eu ficar mais bonita e usar as roupas que eu quisesse...
Esse pessoal podia ao menos ser sincero e dizer: é pra eu te achar mais bonita, ponto. Que aí era só dar a resposta certa. Mas sempre disfarçam com essas idéias de que "é pro seu bem", aff...
Eris, também acho que beleza está relacionada à atitude, à auto-confiança. Vá ver a peça sim, e me conte!
Pois é, Gabixi, nesse negócio de peso, muitas vezes as mães são as maiores vilãs... Mas isso porque as mães são mulheres como quaisquer outras, então sofrem com a ditadura da beleza. E torturam as filhas, tornam-se as maiores patrulheiras delas. Isso que vc diz de ser magra quando jovem e achar que se está gorda é a coisa mais comum! Todo mundo parece que passa por isso. Aí a gente olha as fotos de quando era jovem e pensa: putz, de onde que eu tirei que estava gorda?!
Renata, depende muito de pessoa pra pessoa. É preconceito olhar pra alguém fora do peso e pensar (ou dizer): essa pessoa é doente! Como sabe? Tem muito gordo perfeitamente saudável, que se exercita, que come direito, e ainda assim é gordo... e é saudável. Assim como tem muito magro que não faz exercício nem é saudável, certo? Não é todo gordo que come demais, compulsivamente, como vc diz. Todo mundo conhece uma pessoa magérrima que come um monte e nunca engorda. Mas parece que ninguém conhece uma pessoa gorda que come super pouquinho e não emagrece...
Elaine, é incrível essa situação que vc conta. Mas é tão frequente! Ser gorda está associado a desleixo moral. Somos gordas e também preguiçosas, não esforçadas, burras, carentes, etc etc. É absurdo como as pessoas olham pra aparência de alguém e já fazem todo um juízo da sua personalidade. Mas é como vc diz: tem muita gorda amada, saudável e feliz.
Ale, isso de rir no lugar errado acontece em sessões gays tb? É chato, e mais raro de acontecer em cinema de arte, mas acontece. Ah, se puder, veja a peça. Eu nem sei quem é essa atriz direito (é de Zorra Total, né? Programa que abomino), mas fico feliz que ela esteja aparecendo positivamente na mídia.
Carol, eu já disse várias vezes em posts que acho esquisito que a direita não se assuma como tal. E que não conheço muita gente de esquerda que diga “esse negócio de direita e esquerda não existe mais”. As pessoas de esquerda têm orgulho de serem de esquerda. Já as de direita... Mas dá pra ser de direita politicamente e “liberal” nos costumes (ser a favor da legalização do aborto, casamento homossexual etc). Nos EUA é mais raro de acontecer do que aqui. Já as pessoas de esquerda não conseguem ser conservadoras nos costumes. Pode até acontecer, mas é raríssimo. Essas pessoas que eu citei no post como sendo de direita não odeiam só as gordas, como tb os gays, negros, pobres... e o PT, claro.
O resto que vc diz, eu concordo. Menos a parte de que quem pesa 150, 200 quilos “precisa ter noção que está doente”. Eu não conheço ninguém nesse peso que não saiba disso e não faça tudo pra emagrecer. Essas pessoas têm muita noção! Não precisam ser lembradas por pessoas cruéis que estão gordas, né?
Albinha, mas é muito menos, né? Quer dizer, no fundo, gordinhas podem encontrar o amor, e gordinhos tb. O que é mais raro é uma mulher magra, normal, namorar um gordinho e ter vergonha disso. Ou as amigas tirarem sarro dela pelo namorado ser gordinho. Mas tirar sarro de mulher gorda é realmente uma forma de “male bonding” pra alguns rapazes com sérios problemas mentais.
Haline, é verdade, vc tem razão. Mas é que minhas amigas lésbicas fazem grande propaganda das vantagens de ser lésbica: além da mulherada não se incomodar muito se a moça é ou não gorda, também não tem aquilo de que passou dos 40 anos, dançou. Sim, sei que os homens gays sofrem bastante pra ficar dentro do padrão de beleza. Parece que o male gaze não poupa ninguém.
Mariana, bom, tem vários motivos pra mulher gorda fazer mais sexo que as magras. Um deles pode inclusive ser a baixa auto-estima da mulher gorda. Mas o que importa nesse estudo é que, independente do que leva uma gorda a transar mais, ele desmente tudo que é falado por aí: que ninguém vai chegar perto de uma gorda, ninguém vai querer nada com ela. Se não quisesse a gorda seria virgem, certo?
Aiaiai, verdade, o preconceito é com tudo da mulher. Mas dentro desse universo, o pior é ser gorda, concorda? Não tem nada hoje em dia na aparência que pese tanto negativamente como ser gorda. E é mesmo, é só olhar em volta pra ver que isso de que se a gente está fora do padrão a gente morre sozinha é pura mentira. E sobre a ditadura da beleza, tudo indica que estamos numa situação pior que nos anos 70/80. Backlash total!
Cely, ah, obrigada por me indicar os vídeos. Eu já os tinha visto, mas foi bom revê-los. A Joy Nash é um barato, gosto muito do que ela fala nos vídeos. E ela é absolutamente linda, não acha? Deslumbrante mesmo!
Juliane, eu já falei isso tb, que preconceito contra o gordo é o único politicamente aceitável hoje em dia, mas meio que retiro o que disse. Não é bom fazer uma “olimpíada da opressão” e competir pra ver quem é mais discriminado. Todos são. Qualquer um que está fora do padrão dominante é cobrado, isso é um fato. Tomara que a peça passe aí em Niterói! Me avise se puder vê-la.
Claudia, que coisa triste e revoltante! Tirar os filhos de alguém porque a família é gorda, como é que pode?
Mary, pois é, o Killing Us Soflty é excelente. Faz um tempão que vi o doc e anotei um montão de coisas sobre ele. Preciso publicar aqui, pô! E tem isso de mulher gorda ocupar mais espaço, o que vai contra o que uma mulher deve ser (pouco espaçosa, doméstica, ocupando apenas o espaço do lar). Sem dúvida é uma forma de dominação!
Gio, é, mas as gordas também perdem. É chato ser um grupo constantemente alvejado por trolls.
Anônimo, e também Bárbara, vcs têm razão. Eu não devia ter escrito “esqueletos ambulantes”. Pensei nisso quando escrevi, mas, como estava me referindo as modelos das passarelas, deixei assim. Mas estou errada. Sei que as mulheres magras também são alvo de inúmeros insultos, e que muita gente associa magreza extrema com doenças como anorexia e bulimia. E o preconceito é o mesmo: tanto faz olhar pra uma gorda e pensar que ela está doente, com o pé na cova, e olhar pra uma magra e pensar que ela é anoréxica. Ainda assim, a magreza (ao menos a das passarelas) é o padrão de beleza desejável para muitas mulheres, enquanto que a gordura, não. Mas tenho amigas muito magras e elas me contam que são constantemente cobradas pelos pais e amigos. E olha que elas não são tão magras quanto as modelos!
Tfbrunhara, que horror, olha a crueldade! Então uma mulher gorda não deve sair de casa?! Tem que usar burca ou deixar de existir? Eu gostaria de falar com esses rapazes e saber exatamente o que eles querem. Obrigada pelo texto. Lindo usar homofobia como punição! Humpf.
Larissa, pois é, quando a gente é jovem é muito mais vulnerável. É que a gente se preocupa demais com o que pensam da gente. Mas, na vida adulta, somos independentes, fortes, não dependemos da opinião dos outros, então os insultos pesam muito menos. Triste isso que vc narrou, do garoto se levantar e ir embora. Mas pensa só: e se não fosse contigo? Imagine que ele estivesse falando com vc e uma outra garota, gorda, e aí quando ela se levanta ele vai embora, porque vê que ela é gorda. Mas continua te paquerando. Vc aceitaria um ser humano desses? A pessoa que discrimina SEMPRE é infinitamente pior que a pessoa discriminada. Eu fico pasma com as pessoas que perguntam: “Vc aceitaria ter um filho homossexual?”. Ué, o que eu não aceitaria, o que me mataria de vergonha, seria ter um filho homofóbico, isso sim!
Cris, seu maridinho é um fofo, mas sou suspeita pra falar. Ele é um dos meus comentaristas mais antigos e inteligentes. Mas sério que vc vai fazer cirurgia pra reduzir o estômago? Espero que tudo corra bem, mas eu tinha a impressão que vc era gordinha, não obesa mórbida, e essas cirurgias são pra pessoas com IMC acima de 40, não? Quer dizer, nem sei qual o seu IMC, mas... Enfim, boa sorte! E isso que vc falou é totalmente verdadeiro! Adoro como as pessoas assumem que só gordo tem diabetes, só gordo tem colesterol alto, só gordo morre... Tipo, da última vez que eu chequei, todo mundo morria, sabe? Até Matusalem!
Drix, ah, eu também passei a minha vida toda querendo reduzir os seios. Até uns dois anos atrás, eu tinha essa ideia fixa. Só não ia em frente porque 1) é caro, 2) tem que ficar em repouso absoluto, com alguém te dando banho e te limpando o bumbum, durante um mês, e 3) é uma cirurgia, e tem riscos, e eu nunca me perdoaria se eu morresse por uma cirurgia puramente estética. Agora, isso das pessoas se incomodarem por eu não usar salto ou por usar roupas confortáveis eu não costumo notar, não. Vai ver que as pessoas se incomodam comigo por causa disso tb, e eu que não noto!
Barbara querida, então, leia o que escrevi pro Anônimo. Ah, e obrigada por confirmar o que minhas amigas lésbicas me contam! Então, vcs fazem uma propaganda imensa de como é bom ser lésbica! Pô, se eu não gostasse tanto de homem, estaria aí, viu? Quanto a ir ao Rio, não vai dar... Não agora! Quem sabe a peça viaja pelo país? Seria legal. E obrigada pelo interesse em ler todas as minhas críticas antigas! São mais de 600, já vou avisando!
Gabriela, é um saco isso do pessoal ficar comentando, né? Um inferno. E é sempre essa hipocrisia de que a preocupação é inteirinha com a saúde, não com a aparência. Não cola, gente! Troquem o disco! Pelo menos os trolls são mais sinceros: eles odeiam as gordas pela aparência mesmo. Mas também não querem o nosso bem. Querem mais é que a gente morra. O sentimento é recíproco.
COmo nem toda pessoa muito magra é anorexica ou faz dieta ou é um "esqueleto ambulante" porque quer.
Não podemos generalizar pra nenhum lado, Lola. O que quis dizer é que, olhando individualmente, há questões pessoais que devem ser levadas em conta, e às vezes a pessoa estar muito acima do peso médio tem relação com alguma questão importante que não deveria ser desprezada. É diferente de querer ser magro apenas pra estar dentro do padrão ou para agradar outra pessoa.
Lola,
Concordo 100% sobre o que vc diz sobre o preconceito contra gordo/as. Eh logico que existem pessoas gordinhas e saudaveis e felizes, e que uma pessoa pode ser bonita sendo um tanto mais cheinha (ou um tanto mais magrinha, ou baixinha, ou com cabelo crespo).
Mas a questao da saude publica eh um problemao aqui na Inglaterra. Comida saudavel eh cara e dah trabalho para fazer. Existem familias inteiras que vivem a base de salgadinhos de pacote, comida pronta e refrigerante, e acabam passando esses pessimos habitos para os filhos.
Nao estou falando de gente gordinha, nem de diversidade (como citei no primeiro paragrafo). Estou falando em obesidade morbida. Nunca ouvi falar em alguem que tenha 150 ou 180 quilos que nao coma MUITO (deve existir uma ou outra por ai, mas nao eh a maioria).
O que eu quero dizer eh que existem sim as pessoas que sao obesas por desleixo, por terem preguica de comer direito, por comerem tudo que dah na telha, por nao fazerem exercicio. Nao sao todas, mas existem. Assim como existem pessoas magras que passam o dia sem comer nada para encher a cara de bebida a noite, e que tambem tem montes de problemas de saude.
Para falar a verdade, me perdi no comentario, mas eu queria dizer que as coisas nao sao assim tao preto e branco. E que, logicamente, se uma pessoa quer viver a base de chocolate e coca cola, eh direito dela. Mas a partir do momento que ela tem filhos e alimenta as criancas no Mac Donalds todo dia, fazendo com que elas se tornem obesas sem escolher, isso jah eh irresponsabilidade, ne nao?
Não é mulher gorda.
Pessoa gorda, homem ou mulher é nojento. Só isso. Não é culpa de nenhum dos dois.
Oliveira, o ponto eh justamente esse: voce acha nojento, eh direito seu. Mas voce nao tem o direito de encher o saco deles.
Se os gordos e gordas estao felizes, e os conjuges dos gordos e gordas tambem, isso nao eh problema seu. Eh uma questao de deixar cada um com seu cada um, e nao ficar se metendo ou condenando os gordos e gordas.
Voce nao eh obrigado/a a transar com gordo/as se nao quiser. Simples, ne?
fugindo um pouco do assunto do post, o que achou da nova propaganda da havaianas? http://www.youtube.com/watch?v=0z2FYvSnc40
fiquei chocada, como eles querem vender chinelo pra gente (mulheres), nos colocando no chinelo mesmo? (trocadilho infame hehe) fazia tempo que eu não passava por aqui! beijão!
Oi Lola,
eu relutei em comentar, porque não sei direito como explicar meu sentimento em relação ao assunto da forma como você expôs. Primeiro, eu sou magra e me acho bonita. E meu peso oscila em ±4kg de tempos em tempos. E me acho mais bonita quando eu estou mais magra. Comecei a fazer musculação, porque estava engordando de novo e estou adorando. Mesmo. Nunca pensei que fosse gostar de ir a uma academia. É claro que eu me achar mais bonita quando eu estou mais magra é consequência do padrão estético vigente, eu sei disso. Bom, junto com os exercícios para trocar massa gorda por músculos, tem também o alongamento. E, Lola, eu me sinto tão melhor fazendo o alongamento! E a cada semana que eu consigo esticar mais as pernas, os braços,... eu me sinto melhor e mais feliz por isso. Antes eu não tinha fôlego para nada e sentia dores por ficar o tempo todo sentada em frente ao computador (agora minha vida mu-dou! - parece propaganda da Polishop...).
Situada a minha opinião sobre mim mesma, eu não consigo deixar de propagandear os benefícios que eu sinto... Então acho que nem todas as pessoas que dizem pensar na sua saúde e no seu bem estar estão tentando disfarçar uma intolerância aos gordos e gordas.
No meu mundo ideal as pessoas não seriam discriminadas por ser gordas, mas também não existiriam tantos carros por aí e tantas outras condições que favorecem o aumento do número de obesos na população.
Eu não endosso o comportamento de trolls que maltratam mulheres por elas serem gordas, de forma alguma. Mas também não incentivo ninguém a manter um peso acima do saudável, assim como não incentivo ninguém a fumar ou beber até cair.
Beijão!
Lola
Eu me considero de direita politicamente, mesmo que não no extremo. Sou a favor de menos burocracia e menos impostos, mas não acho ruim a idéia, geralmente tomada como de esquerda (apesar de ser utilitarista na sua origem, o que não indica direita nem esquerda) de renda mínima.
E me considero "libertarian" no que diz respeito a costumes. Acho um absurdo que o estado determine com quem a gente pode casar ou não (homem ou mulher), por exemplo.
Mas quanto a essa coisa de esquerda ser mais "libertarian", pelo menos no Brasil (não sei falar em outros países, em especial nos que já foram comunistas), não sei até que ponto é verdade, considerando que uma grande vertente da própria igreja católica está ligada à esquerda, tanto na teoria (teologia da libertação), quanto na prática (pastoral da terra).
E convenhamos, a igreja católica pode ser tudo, menos "libertarian".
Acho que o assunto já meio que morreu, mas li os comentários da Sabrina e da Bárbara láááá embaixo e fiquei com vontade de falar um pouco mais.
Acho que o que mais incomoda (falo por mim, claro) é a patrulha. Patrulha essa que vem disfarçada de "preocupação com a saúde". O fato é que tem gente que critica o gordo muito antes de saber como é a vida dele, se ele faz exercício e se tem alimentação legal (uma coisa interessante é q dentro das artes marciais, por exemplo, não existe obsessão por corpo magro - acho que isso é mais ocidental mesmo- existe uma busca pela melhora no alongamento, fortalecimento da musculatura, aprimoramento dos golpes, etc).
Que olha o gordo comendo uma paçoquinha e já imagina que deve ser a última de umas dez, e que ele come aquela quantidade todo dia. Que olha o gordo como se tivesse um carimbo de "vai morrer mais cedo" na testa dele.
Lembro quando saíram umas matérias falando que a gordura do corpo mais perigosa de todas é justamente aquela pochetinha da barriga, mesmo q a pessoa não seja enorme de gorda... eu juro que aquilo me soou como perseguição, como empurrão pra todo mundo ficar magro.
No seu caso, Sabrina, eu entendo a sua satisfação com exercício (eu não curto academia, mas faço kung fu, é realmente delicioso). Só acho que podia rolar um pouco mais de tato ao alardear os benefícios do seu modo de vida, senão pode soar como um evangélico chato.
Abraços
Oi, Lola
Magreza de revista é photoshopada, (quase) todo mundo sabe. Lá ninguém tem osso aparente em lugar algum do corpo, seja nos ombros, nos quadris, nos joelhos ou no rosto. E quando não se tem rosto bonito (meu caso), não importa o quão belo corpo seu corpo seja, vai ser mal vista de qualquer forma. Afinal, não estou servindo de enfeite, logo, não sirvo pra mais nada. As modelos mais cheinhas, nas revistas, também são photoshopadas e o ideal de beleza continua preservado: sem estrias, sem celulite (que eu tenho demais), pele clara e homogênea, nariz retinho....
Eu sou magra. Magra de doer. E não me acho, não gosto ou me sinto mais feliz por isso.
Eu já fui hostilizada, inclusive publicamente, N vezes por "não ter um aspecto normal" ou "não parecer saudável". Já me perguntaram se eu era anoréxica, se eu vomitava a comida, se tinha algum problema de saúde, se tinha HIV...
Embora meu IMC seja 16, já fui a N médicos e fiz zilhões de exames. Sou perfeitamente saudável. Não importa como eu coma, para "ganhar corpo" (sic, claro, o que eu tenho não serve), obrigatoriamente terei que ficar na academia. Pra sempre.
Já fui muito pressionada por namorados - que viraram ex, claro - para engordar, engostosar, ter coxa grossa, bundão, peitão... E isso foi um saco. Já cheguei a ouvir de um idiota que eu era inteligente, que adorava conversar comigo, mas que preferia ficar com fulana, porque ela era gostosa - eu não.
Da minha família só eu sou magra. Da família TODA. Aí já viu, né?
Senti preconceito quando você falou sobre os "esqueletos ambulantes", e confesso que me senti mal na hora... por ser magra. Mas ok, já li sua resposta nos comentários =D
As vezes parece que a existência de magros no mundo é a culpada pelo preconceito contra pessoas acima do "peso ideal", quando na verdade isso é apenas desviar o foco do problema principal.
Enfim. Só um desabafo.
Haline: Eu sempre ouço e vejo o contrário (talvez por estar em outro extremo da situação. Ouço que as magrelas não são comíveis, "pois não têm carne", "não tem onde pegar".
Mariana N: Eu li sobre tal pesquisa - para meu conhecimento, mas sempre tomo cuidado com esses "métodos científicos". Não estou dizendo que magras transam mais que gordas ou o contrário, ou o diabo que seja. Mas também existem muitas "pesquisas científicas" que atestam absurdos em relação às mulheres (outro dia vi uma que dizia que as mulheres se sentem mais sexualmente atraídas por caras que aparentam ter grana. Oi? POis é. E a explicação, claro, veio lá da pré-história. Putz!
Cheguei até aqui através do blog da Marjorie e estou adorando seus posts.
Beijos e desculpe pelo comentário gigante.
Luciana, adorei seu comentário. Posso transformá-lo num guest post? Só mexeria um pouquinho. Ou, se vc quiser incrementar alguma coisa, pode mandar pra mim por email:
lolaescreva@gmail.com
É que nunca publiquei algo sob o ponto de vista das magras... E sei que vcs sofrem muito também. Obrigada!
Oi, Lola
Geralmente eu não escrevo, mas esse assunto de *peso* (oh, trocadilhos infames) me irrita demaaais.
Já vim aqui algumas vezes para lhe falar, mas sempre penso que vou terminar o post (é, resolvi escrever) em algumas horas... Só mais umas horinhas.
Resolvi admitir: vou levar séculos pra terminar hasudhaushda.
Enfim, o comentário é seu, fique a vontade para editá-lo.
E parabéns pelos textos. Me divirto horrores =D
bom, já falaram 2 pontos muito importantes que sempre passam batidos:
1) se o gordo é saudável ou não, se é nojento ou não, se é irresponsável ou não, O PROBLEMA É DELE. ninguém pediu a sua opinião, guarde pra você. ele merece tanto respeito quanto qualquer um!
respeitar o estilo de vida do outro é essencial (seja ser gordo, beber, fumar, ser promíscuo), claro, desde q o outro n entre na sua esfera
quer dizer, se vc é um bêbado e resolve dirigir, vc pode matar ou ferir alguem. a fumaça do seu cigarro em locais fechados pode afetar a asma/bronquite de alguém.
agora qual o risco de ser gordo pro resto do mundo? não é contagioso, nem pode ferir ninguém. já temos q lidar com nossos próprios grilos
acreditem, todo gordo SABE q é gordo e pelo menos alguma vez na vida se esforçou tentando deixar de se-lo! ofender alguem, falar sobre papinho de "é bom pra sua saúde" não ajuda em nada.
esse comentário da paçoca é tão verdadeiro, que putz, chega a me irritar! é você sair pra almoçar e sentir olhos te recriminando dentro de um RESTAURANTE! gente, se as pessoas estão lá pra comer, elas esperam que você faça oq???
mas tudo bem se suas amigas magras estão atacando uma lasagna ou um empadão. elas podem. e ainda ganham sobremesa.
2) essa visão de que se o gordo é desleixado com a própria aparência (e na maioria das vezes é mesmo!*), ele não presta pra mais nada. não tem um papo interessante, não é inteligente, "não serve nem pra ser meu amigo", "nao quero ele como meu empregado".
quando eu era estagiária, há 2 uns anos, tinham outras 3 meninas no lugar, magrinhas, bonitas, joviais, todas de cabelinhos lisos.
daí eu percebi q tava rolando uma discriminação velada, estavam pre-avaliando a minha capacidade pelo meu peso! passavam os trabalhos de maior responsabilidade/dificuldade pra elas, até que... OPA! descobriam q eu era melhor aluna, a única ali de faculdade pública conceituada, etc
isso pq eles só me aceitaram pq foram obrigados, já q eu tratei de procurar estágio com concurso como forma de processo seletivo (sei q teria dificuldades em entrevistas, quando a aparência conta muito mais)
*eu n gosto de academia, tipo musculação, prefiro outro tipo de exercício, mas não tenho tempo pra fazer. logo não é uma prioridade na minha vida, então não deixa de ser uma "escolha" minha ser gorda. mesmo que eu já tenha tentado N dietas e malhado, o máximo que eu consegui ser magra foi vestir 44/46 - e ainda assim era chamada de gorda e nenhum garoto queria nada comigo e todo mundo adorava dizer que eu até PODERIA ser bonita se emagrecesse)
ps. lola, desculpa se soei meio agressiva, mas é q qd eu falo sobre feminismo, as pessoas até me entendem, mas esse assunto aqui é meu calo particular.
to adorando o blog (acho q estou lendo posts desde 11 horas da noite)
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