Assista o trailer aqui, mas atenção! Há dois erros nas legendas: competitiva no lugar de repetitiva, e “Julia Child era Julia Child” ao invés do contrário que é dito, “Julia Child não foi sempre Julia Child”. E também, "I have thoughts" ficaria melhor traduzido como "eu tenho ideias", não "pensamentos".
Tá, e quem foi Julia Child, afinal? Se você não é americano, não tem como saber. Eu só ouvi falar nela agora, por ocasião do filme. Mas, em 1962, ela publicou um super livro de receitas, adaptando pratos franceses para os padrões americanos. E, durante mais de dez anos, teve um show muito popular na TV americana. Aí eu li uma matéria sobre ela na Vanity Fair, e vi alguns vídeos no YouTube, e fiquei bem encantada (Julia me ganhou de vez neste vídeo com o David Letterman. Já velhinha, ela teve que improvisar, porque nada no estúdio funcionava. David pergunta, “Você já fez algum prato que não deu certo?”, e Julia responde: “Claro, montes de vezes”. David então quer saber o que ela faz quando isso acontece, e ela responde, singelamente, com a maior inocência, “Eu dou pro meu marido”. Ha ha, me identifiquei!). Primeiro que Julia era uma negação na cozinha, até frequentar uma escola de gastronomia em Paris (o que proporciona esperança a mim e outras que não levam jeito pra coisa – ah, detalhe, tem que ter recebido uma herança da mãe pra poder pagar a tal escola). Depois que ela viveu uma linda história de amor com o maridão. Eles se conheceram durante a Segunda Guerra, quando ambos trabalhavam para o sistema de inteligência americano, precursor da CIA. Mais tarde, se casaram e foram transferidos pra Paris, onde Julia se apaixonou pelo que comia nos restaurantes, e tratou de aprender a fazer igual. Ela conta que passava a manhã na escola, e ia pra casa no almoço pra fazer amor com o marido. Pois é, não tem como negar: comer, apetite, saciar-se, causar água na boca, se aplicam tanto a comida quanto à sexo. Duas das melhores coisas da vida, e que a sociedade, em tantos sentidos, regula para as mulheres. Mulher não pode transar à vontade com quantos parceiros quiser, ou o pessoal tem um arsenal de nomes para xingá-la. E mulher só pode comer saladinha, porque todo o resto engorda. Seria ótimo nos livrarmos dessas amarras, e ter a liberdade que os homens têm, na cama e na mesa.
Julia viveu outra época, uma em que a sexualidade feminina era restrita mas, em compensação, não havia toda uma obsessão para ter a forma física de uma pré-adolescente. Já no final dos anos 60, com a Revolução Sexual e a emancipação feminina, é que o padrão de beleza tornou-se completamente irreal (Twiggy surgiu naquela época, pra quem acredita em coincidências). Mas é só folhear um livro culinário de 30 ou 40 anos atrás pra ver como vivíamos uma outra era: há receitas que pedem duas dúzias de ovos! Algo impensável hoje, quando medimos o valor calórico de cada colherzinha de manteiga. Naqueles tempos acho que as calorias (e a celulite) ainda nem haviam sido inventadas!
Mas o filme é também sobre um outro livro, e esse tem muito a ver com quem tem blog. É sobre Julie, uma moça com um emprego ingrato que decidiu escrever um blog onde, durante um ano, testou todas as receitas da bíblia da Julia Child. Deu tão certo que o blog virou livro, e o livro virou filme de Hollywood. Deve ser o primeiro roteiro na história baseado num blog.
Claro que vou ver Julie & Julia! Pra começar, vejo qualquer coisa da Meryl Streep. Pra quem, como ela, já fez tudo que é sotaque, imitar a Julia falando parece bico. Tá igualzinha. E Amy Adams (que já trabalhou muito bem com Meryl em Dúvida) tá uma gracinha. O filme soa como uma celebração dos prazeres da vida. Bom, ao menos dos prazeres gastronômicos. Pena que tiveram que incluir uma referência a protagonista jovenzinha reclamando de estar engordando. Dá pra cozinhar com liberdade se a gente se preocupa com a balança? Que eu lembre, ninguém em A Festa de Babette dizia “Estou engordando!” (se bem que eu não gosto de nada que Babette prepara). Compare com a Julia dos anos 50 falando pro marido que ela está crescendo a olhos vistos. Humor vs pavor, essa é a diferença.
Julie & Julia estreia no Brasil em meados de outubro. Nota 4 (em 5) pro trailer.
12 comentários:
Eu vi o trailer no cinema, tb. Estou doida para assistir. E depois, vou ler o livro... Há outros tantos na frente, que decidi não me precipitar. :)
Também me interessei pelo filme quando vi o trailer no cinema, parece um ótimo filme, bem leve. E o livro parece ser muito bom, recebi um mini-livro na cultura e gostei bastante do pouco que li.
Abraços
Eu adorei o filme mas queria que tivesse tido mais Julia Child/Meryl Streep simplesmente porque adoro as duas!!!
O livro da Julie Powell eh muito melhor do que a parte da historia dela que incluiram no roteiro. Ela eh muito mais engracada!! E quem quiser ainda pode ler o blog dela (Julie/Julia Project) que eh bem legal.
O livro da Julia Child (My Life in France) eh uma delicia, mas eu sou suspeita porque me apaixonei por essa mulher desde a primeira vez que a vi na TV ha anos.
Nao sei se o filme vai ter o mesmo impacto no publico brasileiro porque muita gente nao a conhece, mas a Meryl Streep eh tao maravilhosa que talvez nem faca diferenca. Aqui, eu observei o publico e quando a Julia aparecia na tela todo mundo abria um sorriso. Ela tinha mesmo esse efeito: deixava voce de bem com a vida.
Atencao: nao va ao cinema de estomago vazio pra ver esse filme!!! E se programe pra ir a um bom restaurante logo apos assiti-lo. Eu garanto que voce vai querer comer algo delicioso!!!
Quando vi o trailer no cine fiquei com muita vontade de assistir. Adoro a Meryl e nao perco esse filme por nada.
Lola, preciso dizer que estou louca pra ver o filme? :D
Eu li o blog da Julie algumas vezes, há um tempão, muito antes de eu ter o meu, e confesso que o achava meio sem graça - a idéia dela era ótima, mas o blog em si era morno.
Veria até "Malhação" se fosse com a Meryl, e já li elogios rasgados à atuação do Stanley Tucci, também.
Ah, Julia Child cursou a Cordon Bleu, que é mesmo caríssima - eu, um dia, vou fazer o curso de confeitaria lá, me aguarde! :)
Beijo!
ué, eu assiti Julia e Julia há uns 20 anos, com Kathleen Turner...
Me interessei,vou ver se vejo o filme também =]
Lola, vê essa notícia:
http://atribunadigital.globo.com/bn_conteudo.asp?cod=433524&opr=81
Menor de 11 anos vítima de estupro será encaminhada a aborto legal.
Carpinteiro de 61 anos é acusado de estuprar duas meninas de 11 anos.
Ai, que ódio! "Foi uma tentação".
Eu vi o cartaz ontem, quando fui assistir Anticristo. :]
Também assisto qualquer coisa com a Meryl Streep. *-*
Ela é foda! :D
Eu vi o livro hoje também, mas não parei pra análisar. Mas acho que vou ver sim. ^^
Quanto ao Anticristo, eu estou pensando no que escrever sobre ele... a verdade é que eu queria ler o que você diria sobre ele. HAHAHA... a verdade é que eu me choco fácil com cenas fortes... achei a fotografia do filme e os efeitos fantásticos... mas não sei se por falta de conhecimento sobre o que envolve o 'Anticristo'... eu consegui entender o filme... mas era meio cansativo... e chocante... é um terror sem 'sustos', o que muito me agradou... mas os momentos de tensão... eram terriveis. No começo eu achei o filme meio machista... depois fiquei confusa. Pois mostra a mulher como o ser sensivel, e o homem como o fodão, racional que não chora... nem com a morte do filho... mas o filme caminha para um lado negro não só da mulher, mas do ser humano... enfim... vou tentar escrever melhor depois no meu blog, mas eu gostaria de ler a sua concepção sobre ele. ^^
Beijão, Lola! :]
Meu tio está em Joinville... acho que ele já deve estar voltando, mas ele passou a semana toda lá.
:]
parece ser uma comédia romântica melosa, mas pela Meryl Streep já vale o ingresso^^
Eu ja vi Lola! Morra de inveja! Ahahaha
E adorei. Ja postei um texto sobre no meu blog. Acho que talvez seja o maior que eu ja escrevi.
Tu me deixou curioso para assitir o filme e obrigado pelas informações.
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