O Leitor é erótico, bonito, comovente em algumas partes. Gostei bastante. Mas, por algum motivo que não consigo explicar, não é um filme que marca. Pelo menos não pra mim. É sobre amor à literatura, à escrita, à leitura. Sobre arrependimento. Sobre responsabilidade e vergonha. É sobre o holocausto também, mas um pouco menos. Não é seu tema central. Bom, são quase uns três filmes em um: na primeira parte, que se passa na Alemanha em 1958, uma mulher de 36 anos, Hanna (a sempre esplêndida Kate Winslet), tem um caso com um menino de 15, Michael (David Kross). Na segunda, oito anos mais tarde, Michael, agora um aluno de Direito, assiste a um julgamento onde reencontra Hanna, que está sendo acusada por ter sido guarda num campo de concentração. Na terceira, um Michael já adulto (Ralph Fiennes) mantém um relacionamento à distância com Hanna. Mais não posso contar pra não estragar nenhuma surpresa. Mas pra mim a virada do filme é inesperada. A gente até suspeita, só que não leva adiante essa suspeita.
O filme mostra que um menino de quinze anos vai ficar doidão de amor por uma mulher adulta, mas também indica um cenário ruim. Apesar de não haver abuso sexual, o personagem fica marcado. Michael não consegue se envolver de verdade com nenhuma mulher depois de Hanna. Quando, no final, ele decide finalmente contar sobre seu passado a alguém, sua postura é quase a de quem narra um abuso. E, ao confessar que Hanna causou estragos piores na vida de outras pessoas que na dele, ele está admitindo o estrago na sua vida.
Não dá pra dizer que uma relação dessas é a mesma coisa pra meninos e meninas. Não porque a sexualidade seja tão diferente: meninas de quinze anos têm tanta vontade de transar quanto meninos. Mas há um contexto de dominação, de quem manda em quem na sociedade. Eu acho machista supor que, se um homem de 36 transa com uma menina de 15, é abuso, e que se uma mulher de 36 transa com um menino de 15, é a realização de um sonho pro garoto, o paraíso, a maturidade sexual, uma experiência fabulosa (porque o negócio é sempre avaliado pela ótica do homem). Deve haver histórias não-traumáticas de adolescentes se envolvendo com pessoas bem mais velhas. Depende de cada um, há casos e casos - mas não, não defendo que pessoas de 36 vão pra cama com meninos ou meninas de 15 em nenhuma hipótese. Tem gente demais no mundo pras pessoas de 36 namorarem sem precisar recorrer a adolescentes. Ao mesmo tempo, não se pode fingir que não existe um contexto, e que esses dois amantes de idades e personalidades tão díspares não façam parte de um mundo em que homens mandam e mulheres obedecem. Isso de O Último Tango em Paris (e, em certa instância, de O Porteiro da Noite) de dois amantes pensarem que estão se isolando - não, não me diga seu nome, só passa a manteiga - é muito bonito, mas cedo ou tarde a realidade entra pela janela.
Mesmo nesse relacionamento entre Hanna e Robert, há outros desequilíbros, além da idade. Ela que manda sempre, mas há também uma hierarquia social. Ela não precisa conhecer a família dele pra saber que ele vêm de uma classe muito superior. Ela vê pelas roupas, pela educação. Ela se acha feia por causa de seu passado, mas também por sua falta de instrução. E isso das pessoas com baixa instrução incorporarem essa vergonha e frustração é uma coisa bastante universal. Hanna tem mais vergonha por causa disso (não posso dizer o que é, você terá que ver o filme), que pela sua participação como guarda nazista. Mas adorei a reação dela à leitura de O Amante de Lady Chatterley. Ela diz para Michael sobre o livro de D. W. Lawrence: “Isso é errado, é sujo” (que era a reação de muita gente na época - o livro foi banido - e, claro, de muita gente em relação ao próprio Leitor, que alguns consideram pornográfico e pedófilo), e em seguida pede para que ele continue lendo. É irônico como pedófilos tantas vezes são conservadores (Humbert em Lolita, por exemplo).
O Leitor é também sobre como as novas gerações enxergam o holocausto, mas seu apelo é mais geral. A parte que se refere mais ao massacre dos judeus vem de um interessante discurso de uma sobrevivente, que diz que quem quiser saber mais sobre o holocausto deve ir ao teatro ver a catarse, não a um campo de concentração. Isso não é turismo, segundo ela, nem universidade: “Não se aprende nada num campo”. Mas mesmo a parte moral do filme transcende a Segunda Guerra. Parece que oito mil pessoas trabalharam nos campos de concentração. Se já é difícil pra população alemã dizer que não sabia o que se passava lá dentro, pros alemães que trabalhavam lá, então, é meio impossível. Mas eles estavam cumprindo ordens. Devem ser punidos? É como numa guerra, qualquer uma, em que soldados cometem todo tipo de barbaridades. Mais tarde, todos eles devem ser presos ou apenas seus generais? Por que não abolir logo as guerras e o exército?
Este é o terceiro filme do Stephen Daldry, e o terceiro em que ele é indicado ao Oscar (os outros foram os muito bons Billy Elliot e As Horas). Mas é também um pouco de uruca que dois de seus produtores, Sydney Pollack e Anthony Minghella, tenham morrido, né? O drama era pra ter sido estrelado pela Nicole Kidman, que engravidou e teve de desistir, e a personagem caiu como uma luva nas mãos da Kate. Não dá nem pra imaginar outra atriz no papel. Pra começar, uma esrela mais “hollywoodiana” dificilmente permitiria as cenas de nudez e sexo. E vamos ser honestos: se não fosse a Kate, O Leitor teria sido indicado a oito Oscars? Isso posto, pra mim é um escândalo que a Kate tenha levado o Globo de Ouro por atriz coadjuvante (pô, coadjuvante é o Ralph Fiennes, que não está grande coisa!). Ainda bem que o Oscar corrigiu essa injustiça. Só que tenho que ser franca: não sei como é a Hanna no livro de Bernhard Schlink, que inspirou o filme. Mas é provável que ela não seja uma mulher tão bonita quanto a Kate. Ok, claro, existem pessoas belas que não têm amigos, vivem sós, não têm família nem nada, assim como existem pessoas belas que se acham horríveis. Mas já é o segundo filme em que a personagem da Kate não é pra ser fisicamente bonita (o outro é Pecados Íntimos). E sou só eu que olho pra Kate e acho complicado não pensar na palavra linda? Por mim, eu indicaria a Kate por Foi Apenas um Sonho. Mas aí teriam que indicar o Leo também.
E por falar em convenções de Hollywood, é bem chato ver um monte de alemão falando inglês fluente. No entanto, se não fosse assim, não veríamos a Kate, porque ela não fala alemão. Aliás, sequer veríamos o filme, ou tem muito filme alemão que chega ao Brasil? Outra queixa minha é quanto à maquiagem, bastante ruim. A Kate tem que fazer uma mulher de 35, 43, 55, e 60 e poucos (parei de calcular). Ela “envelhecida” está com pouco mais que peruca branca e umas ruguinhas. Numa das cenas, dá pra ver que o Ralph é mais velho que ela na vida real (e o Ralph parece mais jovem em 1995 que em 77). Sorry, gente: depois que encheram a Cate Blanchett de látex pra fazer uma velhinha, vão ter que envelhecer todas as atrizes desse jeito. Se bem que eu sou mais a Kate que a Cate em qualquer dia da semana.
UPDATE: Discutindo o assunto do relacionamento de uma pessoa de 36 anos com uma de 15, o maridão e eu chegamos a algumas conclusões. Primeiro o maridão estava bastante hostil, me acusando de ser preconceituosa, mas ele finalmente admitiu que, quando a gente é adolescente, até pequenas diferenças de idade fazem uma grande diferença. Ele, por exemplo, lembrou de seu irmão, que tem quatro anos a mais que ele. Hoje esses quatro anos não tem a menor importância, mas, quando o maridão tinha 10 e seu irmão 14, o desequilíbrio era gritante. Imagine adicionar sexo à receita, pra ver como o assunto fica explosivo. Nossa conclusão foi mais ou menos que, se tívessemos um filho ou uma filha de 15 anos, não gostaríamos nem um pouco que ele/a se envolvesse com uma pessoa muito mais velha. Mas que, quando nós tínhamos 15 anos, não gostávamos que ninguém se metesse nas nossas vidas.
Eu me lembrei de um outro diferencial relevante envolvido nesses relacionamentos, que é a questão financeira. Um/a adolescente de 15 raramente tem renda própria, não vive só, depende dos pais. Como a vasta maioria dos casos desse tipo consiste de homens de 36 se envolvendo com meninas de 15, e como ainda vivemos numa sociedade em que se espera que, num encontro, o homem arque com as despesas, não dá pra pensar que a questão financeira não exista. Chega um ponto em que ela passa a ser dominante na relação.
O filme mostra que um menino de quinze anos vai ficar doidão de amor por uma mulher adulta, mas também indica um cenário ruim. Apesar de não haver abuso sexual, o personagem fica marcado. Michael não consegue se envolver de verdade com nenhuma mulher depois de Hanna. Quando, no final, ele decide finalmente contar sobre seu passado a alguém, sua postura é quase a de quem narra um abuso. E, ao confessar que Hanna causou estragos piores na vida de outras pessoas que na dele, ele está admitindo o estrago na sua vida.
Não dá pra dizer que uma relação dessas é a mesma coisa pra meninos e meninas. Não porque a sexualidade seja tão diferente: meninas de quinze anos têm tanta vontade de transar quanto meninos. Mas há um contexto de dominação, de quem manda em quem na sociedade. Eu acho machista supor que, se um homem de 36 transa com uma menina de 15, é abuso, e que se uma mulher de 36 transa com um menino de 15, é a realização de um sonho pro garoto, o paraíso, a maturidade sexual, uma experiência fabulosa (porque o negócio é sempre avaliado pela ótica do homem). Deve haver histórias não-traumáticas de adolescentes se envolvendo com pessoas bem mais velhas. Depende de cada um, há casos e casos - mas não, não defendo que pessoas de 36 vão pra cama com meninos ou meninas de 15 em nenhuma hipótese. Tem gente demais no mundo pras pessoas de 36 namorarem sem precisar recorrer a adolescentes. Ao mesmo tempo, não se pode fingir que não existe um contexto, e que esses dois amantes de idades e personalidades tão díspares não façam parte de um mundo em que homens mandam e mulheres obedecem. Isso de O Último Tango em Paris (e, em certa instância, de O Porteiro da Noite) de dois amantes pensarem que estão se isolando - não, não me diga seu nome, só passa a manteiga - é muito bonito, mas cedo ou tarde a realidade entra pela janela.
Mesmo nesse relacionamento entre Hanna e Robert, há outros desequilíbros, além da idade. Ela que manda sempre, mas há também uma hierarquia social. Ela não precisa conhecer a família dele pra saber que ele vêm de uma classe muito superior. Ela vê pelas roupas, pela educação. Ela se acha feia por causa de seu passado, mas também por sua falta de instrução. E isso das pessoas com baixa instrução incorporarem essa vergonha e frustração é uma coisa bastante universal. Hanna tem mais vergonha por causa disso (não posso dizer o que é, você terá que ver o filme), que pela sua participação como guarda nazista. Mas adorei a reação dela à leitura de O Amante de Lady Chatterley. Ela diz para Michael sobre o livro de D. W. Lawrence: “Isso é errado, é sujo” (que era a reação de muita gente na época - o livro foi banido - e, claro, de muita gente em relação ao próprio Leitor, que alguns consideram pornográfico e pedófilo), e em seguida pede para que ele continue lendo. É irônico como pedófilos tantas vezes são conservadores (Humbert em Lolita, por exemplo).
O Leitor é também sobre como as novas gerações enxergam o holocausto, mas seu apelo é mais geral. A parte que se refere mais ao massacre dos judeus vem de um interessante discurso de uma sobrevivente, que diz que quem quiser saber mais sobre o holocausto deve ir ao teatro ver a catarse, não a um campo de concentração. Isso não é turismo, segundo ela, nem universidade: “Não se aprende nada num campo”. Mas mesmo a parte moral do filme transcende a Segunda Guerra. Parece que oito mil pessoas trabalharam nos campos de concentração. Se já é difícil pra população alemã dizer que não sabia o que se passava lá dentro, pros alemães que trabalhavam lá, então, é meio impossível. Mas eles estavam cumprindo ordens. Devem ser punidos? É como numa guerra, qualquer uma, em que soldados cometem todo tipo de barbaridades. Mais tarde, todos eles devem ser presos ou apenas seus generais? Por que não abolir logo as guerras e o exército?
Este é o terceiro filme do Stephen Daldry, e o terceiro em que ele é indicado ao Oscar (os outros foram os muito bons Billy Elliot e As Horas). Mas é também um pouco de uruca que dois de seus produtores, Sydney Pollack e Anthony Minghella, tenham morrido, né? O drama era pra ter sido estrelado pela Nicole Kidman, que engravidou e teve de desistir, e a personagem caiu como uma luva nas mãos da Kate. Não dá nem pra imaginar outra atriz no papel. Pra começar, uma esrela mais “hollywoodiana” dificilmente permitiria as cenas de nudez e sexo. E vamos ser honestos: se não fosse a Kate, O Leitor teria sido indicado a oito Oscars? Isso posto, pra mim é um escândalo que a Kate tenha levado o Globo de Ouro por atriz coadjuvante (pô, coadjuvante é o Ralph Fiennes, que não está grande coisa!). Ainda bem que o Oscar corrigiu essa injustiça. Só que tenho que ser franca: não sei como é a Hanna no livro de Bernhard Schlink, que inspirou o filme. Mas é provável que ela não seja uma mulher tão bonita quanto a Kate. Ok, claro, existem pessoas belas que não têm amigos, vivem sós, não têm família nem nada, assim como existem pessoas belas que se acham horríveis. Mas já é o segundo filme em que a personagem da Kate não é pra ser fisicamente bonita (o outro é Pecados Íntimos). E sou só eu que olho pra Kate e acho complicado não pensar na palavra linda? Por mim, eu indicaria a Kate por Foi Apenas um Sonho. Mas aí teriam que indicar o Leo também.
E por falar em convenções de Hollywood, é bem chato ver um monte de alemão falando inglês fluente. No entanto, se não fosse assim, não veríamos a Kate, porque ela não fala alemão. Aliás, sequer veríamos o filme, ou tem muito filme alemão que chega ao Brasil? Outra queixa minha é quanto à maquiagem, bastante ruim. A Kate tem que fazer uma mulher de 35, 43, 55, e 60 e poucos (parei de calcular). Ela “envelhecida” está com pouco mais que peruca branca e umas ruguinhas. Numa das cenas, dá pra ver que o Ralph é mais velho que ela na vida real (e o Ralph parece mais jovem em 1995 que em 77). Sorry, gente: depois que encheram a Cate Blanchett de látex pra fazer uma velhinha, vão ter que envelhecer todas as atrizes desse jeito. Se bem que eu sou mais a Kate que a Cate em qualquer dia da semana.
UPDATE: Discutindo o assunto do relacionamento de uma pessoa de 36 anos com uma de 15, o maridão e eu chegamos a algumas conclusões. Primeiro o maridão estava bastante hostil, me acusando de ser preconceituosa, mas ele finalmente admitiu que, quando a gente é adolescente, até pequenas diferenças de idade fazem uma grande diferença. Ele, por exemplo, lembrou de seu irmão, que tem quatro anos a mais que ele. Hoje esses quatro anos não tem a menor importância, mas, quando o maridão tinha 10 e seu irmão 14, o desequilíbrio era gritante. Imagine adicionar sexo à receita, pra ver como o assunto fica explosivo. Nossa conclusão foi mais ou menos que, se tívessemos um filho ou uma filha de 15 anos, não gostaríamos nem um pouco que ele/a se envolvesse com uma pessoa muito mais velha. Mas que, quando nós tínhamos 15 anos, não gostávamos que ninguém se metesse nas nossas vidas.
Eu me lembrei de um outro diferencial relevante envolvido nesses relacionamentos, que é a questão financeira. Um/a adolescente de 15 raramente tem renda própria, não vive só, depende dos pais. Como a vasta maioria dos casos desse tipo consiste de homens de 36 se envolvendo com meninas de 15, e como ainda vivemos numa sociedade em que se espera que, num encontro, o homem arque com as despesas, não dá pra pensar que a questão financeira não exista. Chega um ponto em que ela passa a ser dominante na relação.
29 comentários:
O q tem de errado em relacionamento de um cara de 36 anos com outra pessoa de 15 anos??? isso é preconceito seu..
acho chic e fino alem de ser elegante. Quando eu envelhecer, eu so vou procurar gente abaixo dos 21 anos... de preferencia abaixo dos 18.
Com todo o respeito, mas o comentário acima é lamentável...
Bom, eu gostei muito do filme, e quando eu vi, eu interpretei mais o Ralph como protagonista e ela como coadjuvante. Até porque não deixa de ser ele contando a história da mulher mais importante da sua vida, e ela é quem sempre surge na vida dele, e não o contrário. Eu sinceramente acho que ela deveria ter sido indicada aos dois Oscar e levar os dois. Mas eu gostei muito da performance da Anne também (já tem pra baixar também se você quiser conferir). E a Kate era a principal escolha para o filme, mas não podia por estar rodando Apenas um Sonho. Nicole assumiu, gravou algumas cenas e teve que deixar o projeto por causa da gravidez. Nesse meio tempo a Kate já estava livre pra rodar e aceitou o projeto.
E entre as duas Kates, eu fico na dúvida. Amo as duas. Mas a Blanchett ganhou o Oscar pelo filme errado. O Oscar tem dessas...
Oi Lola!
Que a tua tese renda muitooooo essa semana, que a inspiração te "pegue de jeito". Adorei os últimos post, me causaram uma mistura de sentimentos: revolta com alguns comentáristas no post sobre feminismo, risadas nos passáros referidos (pode rir, mas quando passou a primeira vez eu assisti e ameiii), e vontade de ver o filme no post de hj (mais UM pra minha Lolalist de indicações). Será que só de vez em quando vc não poderia dizer algo que me fizesse desistir de ver algum filme? Brincadeirinha, adoro os teus comentários, hehe.
E falando em comentários, precisei trocar de pc para poder comentar aqui, pois no outro dava uma mensagem de página não segura e por isso bloqueava quando eu tentava comentar. Talvez o problema seja no meu pc, mas se mais comentaristas "sumirem" talvez haja problemas no provedor mesmo.
Vou continuar te espionando nos próximos dias, mas sem comentar muito... a minha filha menor sofreu um acidentezinho e está manhosaaaa, pedindo ainda mais atenção do que o usual. Ela já está bem, mas até tirar os pontos ainda vai passar parte do dia no meu colo.
Bjsss
Taia
Poxa, cheguei aqui esperando o Santiago e nada dele???
Eu não acho correto o conceito de se namorar uma pessoa tão mais jovem do que nós. Considerando que no caso do filme tem se aí uma vida inteira de diferença entre os dois e mais um pouco, não tem como dar certo sem que uma das partes (ou as duas, sabe-se lá) mas, no caso, Michael, saia ileso. Não dá.
Não digo que seja impossível, a grande maioria das historias de amor (sic) com estes abismos de idade terminam mal, né, D. Suzana Vieira?
Paixão é outra coisa, é rápida, fugaz, mas relacionamento duradouro, com amor, cumplicidade, sexo, amizade, fidelidade e tudo aquilo que se espera de um relacionamento, acho que não dá, não...
Lola, adorei o texto.
Bjs
Gostei da sua crítica. Acho que me identifiquei com ela. Também achei "O leitor" um ótimo filme, mas ao mesmo tempo, falta algo.
Gotei muito da cena em que no seminário, um dos alunos se diz decepcionado com o circo criado e com os bodes expiatórios.
Achei que o filme levanta uma série de questões interessantes, mas ele é um bocado aberto. Ao mesmo tempo que acho que ele não poderia ser diferente, acho que esperava um pouco mais de conclusões, sabe?
Mas enfim. Adorei! E a Kate é linda sim! Fantástica e sensacional!
Realmente Lola, commecei a ler mas não continuei,,, porque voce escreve contando tudo...perde a graça, a curiosidade de quem quer ve-lo.ate parece que voce quer que a gente veja o filme com seus olhos.
Como escrever uma crítica de filme/livro sem contar a história? "Fulana se envolve com cricrano e a confusão começa quando beltrano entra na festa" é praticamente uma sinopse de sessão da tarde.
E a Lola faz mais que uma crítica, ela faz uma análise, geralmente sob o ponto de vista feminista.
Opinião pessoal: eu não me incomodo em saber o final de um filme, até porque muitos são adaptados de livros que já li, sem contar que rever um filme que se gosta é sempre bom, mesmo já tendo decorado parte das falas.
Gostei do seu texto e concordo com suas conclusões sobre machismo. É muito comum encontrar "homens" que justificam relacionamentos com essa diferença de idade alegando que "com 15 anos eu adoraria estar nessa situação".
Esqueci de dizer que também fiquei meio frustrado com o fato de ser uma história alemã, com atores alemães (pelo menos o Michael jovem e a filha da vítima do holocausto sei que são) falando inglês.
Porque não fazer o filme alemão então? Americano preguiçoso não gosta de legenda...
Uma pena! Mas pelo menos graças a isso pudemos ver a Kate brilhar..
Pedofilia...? Obviamente não estamos falando aqui daquela gente doente e criminosa que expõe fotos de bebês ou de médicos que dopam meninos para abusar deles. Deixe-me ver, um mulher adulta deitando com um rapazola de 15 anos. Caramba. Eles não querem outra coisa, estão no ápice da masturbação diária, aos quinze. Bom, como uma vez escreveu o Paulo Francis, analisando o caso Michael Jackson. 'Waaall. muitos adolescentes se sentiriam frustrados se não se realizassem sexualmente com pessoas mais velhas'.
Passei toda a adolescência vendo amigas da minha idade se atirando (porque queriam) nos braços de homens beeem mais velhos, sem nutrir grandes desejos pelos garotos da mesma idade e geração, a seu ver imaturos. Nenhuma delas se fazia (em relação a seus parceiros) de vítima, estavam satisfeitas e contentes. Hoje todo (a)adolescente que faça algo parecido é mera vítima de pedófilo, um criminoso doente? Isso faz com que eu sinta os anos doerem nos ossos.
Pois o que dizer da geração de meus avós? Minha avó (paterna) casou-se aos treze com meu avô, um homem feito. Teve 15 filhos dele e nem todos vingaram. Era louca de pedra pelo marido, homem bonitão como um deus, tanto que na viuvez precoce e por toda vida o idolatrou. E olha que ele praticava adultério habitualmente, como quem vai a praia. Mas o casamento deles, é o que quero dizer, não escandalizava ninguém, nem era tido como pedofilia porque não era um caso isolado, era praticamente regra. Mocinhas casavam com homens mais velhos e hoje isso é considerado apenas 'abuso'. O inverso, rapazola casar com mulher feita, a meu ver, é que constituiria escândalo (como até hoje ainda o é, pra muita gente) por puro machismo.
Por falar no romance Lolita, que eu saiba, a menina se revela tão ou mais corrupta que o pedófilo, o que é uma das supremas ironias do livro.
Lola, me pergunto até quando essa cultura da vitimização vai permear todos os embates culturais da atualidade... é tão restritivo.
Platão, no Banquete, já nos mostrava o assédio incessante daquele rapazinho lindo de doer, Alcebíades se não me engano, reclamando por passar cantadas em Sócrates e o grande filósofo não dar a mínima, para frustração total do rapaz.
Eu sabia que até vc postar a crítica eu ia perder o ardor e ficar com preguiça de dizer o que eu senti...
Mas fica aqui o meu comentário: gostei muito do seu texto, e não acho que você conta tudo, aliás, você conta bem pouco.
Nossa, nem consigo imaginar O Leitor sem a Kate. E nem Foi Apenas um Sonho. Acho que eu não teria simpatizado tanto se fosse a Nicole Kidman.
Agora, cá entre nós, queria eu falar inglês bem como aqueles alemães...
Espero que a Kate vença o Oscar.
Hoje eu tenho 36 e confesso que não sinto a menor atração por meninos de 15. Mas quando tinha 15, era louca por homens de 36.
Não, eu não me incomodaria se um filho meu adolescente se envolvesse com alguém bem mais velho. Acho intensa a importância da diferença de idade, mas também acho que faz parte da vida. E que não dá pra proteger os filhos da vida.
Beijo.
então que meu comentário tem spoiler. eu avisei.
no livro, a hanna é uma mulher normal. que guarda uma beleza, mas não é UAU como a kate. porque ela pode estar baranga como for, com roupa rasgada e cabelo colorido e eu continuo achando ela linda.
o michael é cheio de traumas com o pai. pra falar a verdade, o michael que narra o livro é cheio de traumas. causados pelo pai, pelo relacionamento com a hanna, com a culpa da guerra. e esse foi meu maior problema com o ralph. é que como muita gente já disse, ele fez o michael inglês demais. muito educadinho, e reservado, até dava pra ver a culpa e tal, mas eu acho poderiam ter feito um casting melhor. não estou dizendo que ele está ruim, mas foi apenas razoável.
e também senti falta de gente falando em alemão. e, creio eu, que 80% do elenco secundário era alemão. incluindo o Bruno Ganz, que você deve conhecer de Asas do Desejo ou de A Queda!. não custava ter umas cenas em alemão, ou as pessoas terem mais sotaque. ou o julgamento ser em alemão. alguma coisa assim. mas pelo menos não é como o aquele filme do tom cruise, que eu num atentado suicida me fiz assistir, em que depois de 10 minutos ele perde todo o sotaque alemão.
enfim, é um filme bom. eu gostei mais do livro, mas chorei com o filme do mesmo jeito. achei sim ela superior em o leitor. ela está ótima em revolutionary roda, mas eu acho que o dicaprio e michael shannon que acertaram de verdade naquele filme.
Lola acabei de ver o filme e adorei.. ja tah no meu blog,mas nada comparado ao seu texto.
É verdade.. se não fosse a Kate o filme não seria indicado a tantos Oscar e uma coisa: odiei o cara que faz o Michael jovem. A atuação dele não é convincente para este filme....
Pois sim, é mesmo um bom filme, mas que no final das contas, acaba cometendo um verdadeiro pecado em termos de cinema: é morno... Não é excelente, não é péssimo, é um pouco chatinho, é um pouco interessante, coloca algumas questões, tem um certo clima, mas nem se afunda em erros, nem extrapola emoções e, pra mim, isso é muito mais frustrante. É bem como você disse: são três filmes diferentes aqui e o resultado é que acabei não sentindo empatia por nenhum dos personagens. O roteiro é frio. Sem graça, até. A Kate está bela e maravilhosa, com certeza, mas não me empolguei em nenhum momento com sua personagem, nem mesmo com o final (que diferença para com a personagem de 'Apenas um sonho'!). Há alguns defeitos e bem ruins, sim: os atores: o garoto é tão fraquinho; e Fiennes, a quem admiro tanto quando está bem, aqui faz uma de suas piores interpretações,pena, pena.
Lola, conheço seu blog há pouco tempo, estou devorando todos os seus textos, admiro sobretudo seu estilo de escrita, solto, gostoso de ler, sempre muito inteligentes e embasados. Concordo com a maioria de suas opiniões e posições e fico muito à vontade pois, mesmo quando não tenho concordância, você é aberta a opiniões contrárias. E isso incentiva boa parte dos comentaristas aqui a fazer um discussão inteligente.
Bueno, eu quis aproveitar o seu post sobre cinema para me apresentar, avisar que estarei bem presente por aqui, e comentar sobre o último lance da Globo: você ficou sabendo, imagino. Eles não vão transmitir o Oscar desse ano, por causa do Carnaval. Não vão transmitir nem vão deixar ninguém transmitir, pois detem os direitos e não estão a fim que o público seja distraído da atração Maior, que é o Carnaval. Eu tenho quase certeza de você ter dito em algum post que não tinha tv a cabo. Bom, eu não tenho. Mais uma que a globo faz, para aumentar o meu tão pouco apreço por emissora...
Tbém acho a Kate lindaaa!!!
E ótima atriz!
Eu gostei do filme, mas não muito. Achei ele pouco marcante. Apenas...um bom filme. A Kate ta trimelhor num filme também muito melhor, Foi Apenas um Sonho.
Lola, nada a ver com o texto: vc tá por dentro do caso da cantora Rihanna, que, dizem, apanhou do namorado (também famoso?). Mais um caso de homem que agride mulher...
vc já escreveu sobre emma goldman ?
maikon k
www.vivonacidade.blogspot.com
lola, gostaria muitíssimo de um post sobre a moça que foi cruelmente atacada na Suiça- considerado um país exemplar, o país dos sonhos, o ápice da civilização ocidental.Estou mais do que indignada, estou realemnte triste.
beijos, desculpe sair do assunto do aí...
Lola! Adorei a idéia do projeto revolutionary road/Betty Friedan. Topo, sim! Mas eu ainda não terminei de ler o Mística Feminina... Mas falta pouco. Rs, vou tentar correr um pouco com a leitura então.
Como deve ser apresentado o resumo? E como é o Congresso? Me manda os detalhes por e-mail! marjorie.rm@gmail.com
a relação 15 homem 36 mulher ou 36 homem 15 mulher se com ligação afectiva é sempre educativa. Nunca duradoura.
a relação 15 homem 36 mulher ou 36 homem 15 mulher se com ligação afectiva é sempre educativa. Nunca duradoura.
Hum... você entrou na poesia do filme. É o que acho que tem de melhor. Fiz uma crítica também... mas... sob outos aspectos... Claro que é impossível não falar da Kate... Eu esperava muito mais do filme.
Quanto ao relacionamento. As coisas acontecem, marcam independente de serem abusos ou não. Talvez o mundo fosse melhor se fosse possivel se decidir conscientemente de quem nós gostamos. Mas.. teria graça? Por isso é sempre impossível prever o futuro.
Hum... você entrou na poesia do filme. É o que acho que tem de melhor. Fiz uma crítica também... mas... sob outos aspectos... Claro que é impossível não falar da Kate... Eu esperava muito mais do filme.
Quanto ao relacionamento. As coisas acontecem, marcam independente de serem abusos ou não. Talvez o mundo fosse melhor se fosse possivel se decidir conscientemente de quem nós gostamos. Mas.. teria graça? Por isso é sempre impossível prever o futuro.
NÃO PODERIA PASSAR POR AQUI E NÃO DEIXAR UM COMENTARIO!
O FILME O LEITOR, ME INTRIGOU MUITO. UMA HISTÓRIA DE AMOR TÃO BONITA NÃO PODERIA TER ACABADO DA FORMA QUE COMEÇOU!
ELE A AMAVA, MAS NÃO FEZ NADA PARA DEFENDÊ-LA...
MUITO BOM O FILME! RECOMENDO PARA QUEM AINDA NÃO O VIU.
UM ABRAÇO A TODOS!
E OBRIGADO A LOLA, POR NOS FORNECER UMA CRÍTICA TÃO PERFEITA, SOBRE O FILME!
Sobre alguns pontos, se bem me lembro o próprio autor do livro disse q queria q o filme fosse em inglês pois atingiria mais pessoas, algo assim. E sobre a Hanna ser bonita, em algumas partes do livro (q é narrado sob o ponto de vista de Michael) isso é dito sim e não só por ele.. E li q a Kate foi indicada como atriz coadjuvante para q nas premiações daquela temporada ela pudesse concorrer ao mesmo tempo como atriz principal em Foi apenas um sonho e coadj. aqui.
Eu gostei muito do filme, virou definitivamente um dos meus preferidos (só achei, apesar de ter gostado dos dois Michaels, meio difícil acreditar q são a mesma pessoa)
" O leitor" em questão , na fase adulta está apagado, disperso, frio. Discordo da opinião sobre o relacionamento de uma mulher de 36 com um jovem de 15. Pedofilia é exagero. Os dois estavam apaixonados, e isso e muitissimo comum não só naquela epoca como nos dias de hoje. O filme é fiel à realidade da epoca, em todos os sentidos. Hanna foi vitima do modo de pensar da epoca. Desenvolveu bloqueios tão grandes que foi se suicidando aos poucos. Não havia amplitude em sua vida, e o relacionamento com o jovem, que lhe deu viço, as circunstâncias destruiram. Obra-prima; Kate Winslet muito competente. Oscar merecido. Ela é a razão de ser do filme.
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