sábado, 24 de maio de 2008

A TRUTA TÁ LÁ FORA

Não é todo mundo que vai entender, então explico: o título acima refere-se ao famoso slogan do Arquivo X, “the truth is out there” (“a verdade está lá fora”). Cadastrei-me num site de notícias conservadoras. Como já recebo, inteiramente grátis, algumas publicações da direita cristã, quis ver a perspectiva de uma direita não necessariamente religiosa. Mas é difícil. Elas parecem gêmeas siamesas. Uma porta-voz dos conservadores é a jornalista Ann Coulter, que criou furor uns meses atrás quando disse que apoiaria a Hillary Clinton, ao invés do republicano John McCain. Agora deve ter se retratado, ou se calado, já que as chances da Hillary no momento são bastante irrisórias. Ann é autora de, entre outros, If Democrats Had Any Brains, They'd Be Republicans (Se Democratas Fossem Inteligentes, Seriam Republicanos). Não sei se o livro anda bem das pernas nas livrarias, já que posso adquiri-lo de graça através do site.

Outra oferta que me chegou foi “uma economia de 28 dólares”: é só pedir, que eles me mandam o livro The Truth about Muhammad: Founder of the World's Most Intolerant Religion (A Verdade sobre Maomé: Fundador da Religião mais Intolerante do Mundo). Minha dúvida é: será que os muçulmanos são mais intolerantes do que muitos cristãos americanos, que se pudessem transformar a América numa teocracia, como o Irã, executariam gays, adúlteros, e mulheres que cometem aborto, entre outros “criminosos”? O que eu gosto é como a vida é simples pra esse pessoal. É tudo branco e preto (até literalmente, porque são racistas pra chuchu), certo e errado, o bem contra o mal. Eles não têm papas na língua pra usar a palavra “verdade”. Como a gente sabe, a verdade é uma só. O resto é mentira. Não existem várias versões e opiniões, apenas verdades. Ou seja, o modo que os muçulmanos vêem Maomé só pode ser uma grande mentira. Veja só como começa o email que recebi: “Caro amigo conservador [fiquei nauseada já na introdução], a verdade é geralmente muito simples, mas, como tenho certeza que você vai concordar, encontrá-la na grande mídia [da qual a Fox News não faz parte, obviamente] é praticamente impossível. Mas eu tenho a cura”, e recomenda o tal livro. Que maravilha, poder ser vacinada contra as mentiras.

O curioso é que fundamentalistas cristãos e islâmicos têm muito em comum. E muitos dos cristãos americanos sabem disso. Uma das revistas religiosas que recebi diz que é horrível como a América está exportando sexo e valores de vida errados pro resto do mundo, e é por isso que o Islã quer acabar com ela, “e quem pode culpá-los?”, pergunta a revista. Realmente, quem?, se os EUA têm uma longa tradição de terroristas cristãos? Foram eles que bombardearam o edifício em Oklahoma em 1995, matando 168 pessoas. A revista explica direitinho que Jesus está pra voltar em breve e que, quando isso acontecer, os fiéis governarão ao lado dele na Terra. E não será uma democracia, já que isso de democracia não tá com nada, segundo a revista. Deus não é democrático. Nos tempos maravilhosos do Antigo Testamento não havia democracia. Por que os EUA devem insistir num sistema que dá tão errado, sendo que há homens que conhecem a verdade e podem conduzir os pecadores à felicidade eterna? Tá certo que, antes da segunda chegada de Jesus, de acordo com as profecias bíblicas, o apocalipse virá e eliminará bilhões de pessoas. Mas o “depois” será o paraíso terrestre – para a meia dúzia de sobreviventes. Sabe como esses fundamentalistas terminam cada artigo? Com as palavras “Acelere o processo, Senhor”. Eles estão contando os dias pra que uma terceira guerra mundial exploda e o planeta seja parcialmente destruído. E se puderem dar uma ajudinha, um pontapé inicial, digamos, não se acanharão. Tudo em nome da Verdade.

18 comentários:

lola aronovich disse...

Tá, agora, pelo meu computador, é quase uma da tarde. Eu postei o texto às 9, e quem viu sabe que praticamente não havia espaçamento entre as linhas. O único jeito foi deletar aquele post e fazer outro, com espaçamento 1,5, no Word. Isso foi o que eu escrevi às 9:

"AHHHHH! Juro que tô tentando mudar o tipo de letra, mas o blogger não deixa. Não sei o que aconteceu. Eu fiz o que faço sempre - escrevi o texto no Word, na mesma letra e fonte de sempre (Trebuchet 11), e quando fui colar no post, mudou tudo. Isso acontece direto. O que não é tão comum é o blogger juntar as linhas, como fez desta vez. E não tem negociação!"

Se algum de vcs também tem esses problemas com o Blogger, please help!

Lolla disse...

olha, pra resumir eu detesto religiões. acho que são um ópio desnecessário, que trazem mais mal do que bem e que não deveriam existir. mas... ok que o passado do cristianismo fede de tão sujo, mas pelo menos hoje a gente sabe que eles não vão nos jurar de morte se fizermos uma piadinha a respeito, que não vão apedrejar adúlteras (podem ter vontade, mas não farão isso), não vão sair por aí explodindo aviões e matando milhares de pessoas em nome de Deus. outro dia li um artigo que dizia que os esquerdos sempre pegam leve com os muçulmanos, porque eles são marrons e pobres e oprimidos. o que você acha dessa teoria? eu acho que muitas vezes a oposição ao cristianismo (da qual eu compartilho, diga-se) vem associada a (ou mesmo pilotado por) uma antipatia pela direita, pela américa, pelo capitalismo, colonialismo, etc.

pra mim, são farinha do mesmo saco. ambos absurdamente intolerantes. mas os muçulmanos tendem a chegar às vias de fato, enquanto que os católicos mantém um pouco da hipocrisia do perdão e do altruísmo fake. se eu tivesse que escolher entre cristãos e muçulmanos para extirpar da face da terra, ficaria fácil com os segundos.

Lolla disse...

ah, e não tô tendo problema nenhum ao ler seus posts, Lola. Tudo normal no meu monitor. :)

lola aronovich disse...

Lollinha, que bom te ter de volta! Eu não desejo abolir religiões nem nada, mas quero ser respeitada como atéia que sou. É precoceito totalmente infundado achar que ateus não têm valores, não têm sentimentos, e não têm temor a nada. Eu, o maridão, e muitos outros ateus que conheço são pessoas éticas. Só não acreditam em Deus (que, aqui nos EUA, andam escrevendo com minúscula. Bíblia tb). Respeito quem se sente bem tendo uma religião. Eu me sinto muito bem NÃO tendo uma religião. Sinto-me livre, e esse sentimento é importante pra mim.
Ateus são minoria (menos na Europa), só uns 10% da população mundial. Pessoas com alguma religião são a ampla maioria. E a imensa maioria das pessoas religiosas, de qualquer religião, evidentemente não é fanática, violenta, ou terrorista. Acho que é gente boa que vive sem incomodar os outros. Mas os EUA têm uma direita cristã forte, que representa 25% da população americana. É muita gente, e logo no país mais poderoso do mundo. E essa gente se interfere bastante em política e quer que a América vire uma teocracia cristã, sem separação entre Estado e religião. Isso é um perigo imenso.
Pode ser que os esquerdistas poupem mais o islamismo, mas há razões pra isso. Primeiro que eles/nós (eu me incluo nessa) somos odiados pela direita cristã, que nos ataca com tanta vontade quanto ataca os muçulmanos. Segundo que conhecemos muito mais o cristianismo, que é a religião oficial do Ocidente, que o islamismo. É preferível atacar o que a gente conhece. E também tem o lado da esquerda tentar respeitar outras culturas, ser anti-imperialista, não querer impor suas vontades em outros povos. É nisso que eu balanço. Não tenho respeito por culturas que oprimem as mulheres, por exemplo. Acho que essas culturas deveriam mudar, sim.
E isso não se refere apenas ao Islã, claro. Os born-again Christians aqui dos EUA são iguaizinhos aos muçulmanos mais fanáticos. Não tem muita diferença no que eles querem pro mundo, ou em como eles vêem as mulheres. Se dependesse só desses 25% de americanos fanáticos (que promovem terrorismo sim! Ou matar médico e bombardear clínica de aborto não é terrorismo? Ou a explosão do prédio em Oklahoma não foi terrorismo?), e dos muçulmanos mais extremados (que são uma minoria), a gente estaria numa Cruzada religiosa entre Ocidente e Oriente faz tempo. Outra coisa que ambos têm em comum: querem regredir no tempo. Acham que o mundo era melhor dois mil anos atrás.

lu disse...

nada a ver com cinema, mas.... quero ler seu post sobre pornografia! ;)

Hugo Fernando disse...

Lola Minha Filha Muito Prazer sou Hugo.
Achei seu blog pelo link do Pensar enlouquece. Li seus comentários sobre o Indiana. Depois li como você quase foi linchada, depois li sobre como as pessoas acham seu blog no google (várias partes) por fim li a coluna "A truta tá lá fora". Pois bem, você ganhou um leitor, gostei do seu blog, e ele esta no meu bookmark. Concordo com o que você disse em várias colunas, concordo com o que você disse em boa parte deste post.
Tenho noção de que, via de regra, radicalismo é ruim, seja ele de esquerda ou de direita, porém sou engenheiro e funciono bem melhor quando penso de forma binária, ou seja, sim e não, preto ou branco, porém isso funciona no meu trabalho, e infelizmente o mundo humano é composto por tons de cinza. Tratar com o comportamente humano é a pior desgraça que pode existir. Quando, além do fator humano, ainda é colocado a religião mais política nesta equação, você consegue fácil a receita do pandemônio. Com estes trÊs fatores qualquer pessoa consegue juntar argumentos para convercer os outros a fazerem besteira. Neste momento é onde entra o discernimento de cada um, porém, como em sua maioria, o ser humano se comporta como gado, é mais fácil seguir o berrante do que pensar por si só, se tem louco neste mundo, pode ter certeza que vai existir muito mais gente para bater palma para ele dançar, desta forma surgem as pessoas radicais e seus seguidores.
Vou comentar várias coisas no seu blog, e já aviso, sou meio que um paradoxo, pois, como já disse, acho radicalísmo ruim, porém gostaria que o comportamento humano fosse mais binário! Vai entender. Outro ponto, como bom engenheiro que sou, sei resolver equações integrais, diferências que é uma beleza, mas isto atrofiou o meu cérebro e meu português é uma bela de uma porcaria, com isso ignore os vários erros que cometi e vou cometer em meus futuros comentários. Beijo para você, se cuide e agora vou voltar a ler outros posts.

Lolla disse...

então, no meu mundo perfeito hipotético não existiriam religiões porque, infelizmente, enquanto elas existirem, sempre existirão também os radicais extremistas. caso de cortar o mal pela raiz. e no fim das contas, o bem estar e consolo que a maioria das pessoas tira de suas religiões poderia ser conseguido através de caridade e trabalho voluntário, canalizando energia em prol de necessitados ao invés de ficar pagando dízimo para que o pastor construa mais igrejas faraônicas ou ficar rezando apontado pra meca trezentas vezes por dia ao invés de fazer algo de útil pela humanidade.

quanto a comparar o islã com o cristianismo, eu acho que os segundos cometem o que chamamos de "precise bombing". seus ataques (BEM mais raros, vamos combinar) são isolados e direcionados aos seus alvos. os islamistas se amarram num scattergun approach, explodindo toda e qualquer pessoa "infiel" e pertencente a nações percebidas como "inimigas". nunca ouvi falar de um cristão amarrando bombas ao próprio corpo e explodindo metrôs, ônibus e mcdonalds cheios de crianças pequenas demais pra saber o que é Deus. nem sequestrando aviões, arremesando-o contra prédios e matando pais e mães de família, muitos religiosos e, veja só, talvez até mesmo alguns muçulmanos. quantitativamente, e em tempos modernos, o islamismo tem causado mais guerras, vítimas civis e headlines sangrentas do que o cristianismo.

de resto, acho que extremismo é perigoso e danoso em qualquer caso. cristãos. muçulmanos. direita. esquerda. eu conviveria numa boa com eles, mas a verdade é que eles não querem conviver numa boa com ninguém. então, para poupar o saco mundial, os três primeiros casos eu jogaria num forno crematório tranquilamente. já os de extrema esquerda eu deixaria em paz porque, além de inofensivos, eles tendem a ser engraçados (o problema é se eles se meterem a transformar o planeta todo em china ou cuba).

lola aronovich disse...

Lu, vou postar meu texto sobre pornografia amanhã. Só tenho que ver se cabe num post só.

Tio Hugo com visão de raio X, bem-vindo! Que bom que vc chegou aqui. Olha, sobre binários e tal, eu sou adepta do "live and let live", sabe, "vive e deixe viver". Se alguém quiser ser fanático religioso e passar a vida estudando a bíblia ou o alcorão, seja feliz. Mas, de preferência, não tente converter os outros. Pode falar com as pessoas sobre suas crenças, claro - sou totalmente a favor da liberdade de expressão. Mas, sei lá, ficar batendo na porta da casa das pessoas pra levar a palavra de Deus é um pouquinho invasivo. Ouvir música super alta que invada o espaço alheio é péssimo. Querer manter ou mudar leis públicas para que elas sigam os seus valores religiosos não se faz. Considerar que qualquer um que não acredite no mesmo que vc acredita é inferior e deve ser punido não é legal.
Mas enfim, Hugo, pode comentar à vontade, analisando binários inclusive. E seu português não parece tão tenebroso como vc falou. Apareça sempre!

lola aronovich disse...

Lolla, respondi parte do seu comentário no do Hugo, sobre minha filosofia live and let live de vida.
Acho que religiões vão sempre existir porque a maior parte das pessoas precisa de respostas pras questões que não entende. Sabe, o velho "De onde viemos? Pra onde vamos? Qual o sentido da vida?". Eu acho que se vc deixa uma criança numa ilha deserta ela vai rapidinho idolatrar alguma coisa (o Sol, o mar, um ser superior, Chico Buarque). E se vc tiver mais de uma criança, ambas vão acreditar e fundar um culto a isso que idolatram. E isso, por si só, não faz mal a ninguém. Até ajuda. O que acho perigoso é quando, nessa ilha hipotética, alguém não dá tanto valor ao Sol e prefere idolatrar a Lua, e o pessoal do culto ao Sol decide converter o carinha que idolatra a Lua. E se não convertê-lo, acha que tem direito de matá-lo. Se o culto ao Sol ainda por cima tem uma escritura sagrada que considera a palavra divina do Sol, e interpreta essa escritura literalmente e acha que aquelas leis devem ser seguidas por todos, bom, aí é Houston, we have a problem.
Esse é o meu maior receio com as religiões em geral. Elas são excludentes. Todas, ou quase todas, se consideram o povo escolhido. E quem não tá dentro tá fora, tá errado e pagará por isso, agora ou depois. Quer dizer, eu não me preocupo muito se alguém diz que arderei no fogo do inferno por ser atéia, porque não acredito nisso. Pode dizer. Mas querer que eu seja punida na Terra passa a ser um pouco demais.
Não sei até que ponto os ataques de terroristas cristãos são mais raros que os de terroristas muçulmanos. Se vc considerar que o Bush, que é cristão, acha que Deus falou com ele pra invadir o Iraque... O atentado ao Oklahoma Building em 95 matou 168 pessoas, a maior parte mulheres e crianças. Até os atentados de 11 de Setembro, foi o maior atentado terrorista em solo americano. E foi cometido por cristãos em resposta ao que aconteceu em Waco, Texas, uma seita cristã que tinha se isolado em sua propriedade, com montes de armas. O FBI e a polícia americana agiram desastrosamente nesse episódio, o que resultou na morte de quase todo mundo na seita. Horrível. Mas isso de Waco gera outras dúvidas. Liberdade religiosa, certo, tá prevista na constituição e deve ser obedecida, mas e se essa religião põe em risco a vida de crianças da seita? Até que ponto o Estado tem direito de interferir?
Como sou adepta da liberdade de expressão, eu deixaria em paz todos os extremistas. Quem quiser ser fanático religioso, racista, xenofóbico, machista, homofóbico, anti-semita etc etc etc, por mim, pode ser, desde que fique somente no campo do discurso. Logicamente que acho que o mundo seria melhor sem eles, mas acho que eles devem ter o direito de existir.
Mas Lolla, olha só como as palavras não têm nada de neutras. O islamismo "tem causado" mais guerras? Depende. Se vc acha que a guerra do Iraque "foi causada" pelos iraquianos, não pelos americanos, sim. Mas vc sabe que, desde a 2a Guerra Mundial, não se passou um só ano sem que os EUA invadissem ou entrassem em guerra contra alguma nação do mundo? E eles não são muçulmanos...

Lolla disse...

sim, eu sei que religiões vão sempre existir (infelizmente). por isso o meu comentário é hipotético e se passa no meu mundo "ideal" onde todos seríamos como eu e você (nossa, como eu sou modesta, haha), não precisando de consolo/direção vindos de divindade alguma e em paz com a idéia da própria finitude.

e, novamente, era hipotética a idéia de exterminar os malas sem alça extremistas. vou reforçar o conceito porque talvez não tenha ficado claro. não tô planejando nem aguardando nenhuma "final solution" não, fique tranquila, haha - nem mesmo contra a escória. mas não custa nada sonhar e planejar milimetricamente o meu eldorado pessoal. :)

esse papo de o bush ter usado a religião para justificar o passeio no iraque é risível. nem dá pra gente levar a sério e computar isso como ponto contra o cristianismo. se os EUA tivesse a maioria da população budista, bushinho ia ser budista jogar a culpa no próprio buda, e por aí vai. ele escolheu "GOD" porque "GOD" tá bem na foto aí na américa.

sim, os EUA não são muçulmanos. mas as guerras que eles promovem não são religiosas, right? de resto, ficaremos aguardando o cômputo geral de mortes civis geradas pelo cristianismo X islã nos tempos modernos para "tirar a teima", haha. porque a política externa agressiva estadunidense tem bem menos a ver com religião do que com ganância pelo poder. já os islamistas...

Liris Tribuzzi disse...

Ok, nada a ver com o tópico, mas uma noite passada eu sonhei que estava vendo um documentário sobre o que a direita cristã pensava sobre piercings. No meio do sonho eu acordei (ainda sonhando) e pensei comigo mesma dentro do sonho: depois eu pergunto isso pra Lola, ela deve saber.

Leo disse...

Para Nietzsche a verdade era um ponto de vista, né? Várias pessoas podem deter verdades diferentes sem necessariamente se contradizerem.
Quando aprendi isso, mudei bastante minha percepção do mundo. E principalmente tomei um certo asco toda vez que ouço alguém usando a palavra verdade indiscriminadamente.
Os extremos são sempre prejudiciais, né? Respeito as pessoas que têm uma religião e são felizes vivendo sob seus ensinamentos. De uma certa forma as invejo. Gostaria de acreditar em algo profundamente. Que isso me fizesse sentir menos vazio, parte de algo maior. Mas infelizmente sou um cético que não encontra conforto em religião nenhuma.
Agora, se você acredita muito em algo, por favor, não queira me converter.

lola aronovich disse...

Lolla, sim, entendi que vc tava falando hipoteticamente e que não tá tramando um complô internacional com as suas duas gatinhas pra acabar com todas as religiões.
Não é bem que o Bush usa a fé dele pra justificar a invasão do Iraque. Mas ele repete várias vezes que é uma missão. Ele não perguntou pro pai dele o que ele achava, perguntou a Deus. E nisso o Bush é sincero. Ele faz parte da direita cristã faz tempo. Ele, como muitos born-again Christians, crêem que estão numa cruzada contra os infiéis muçulmanos.
As guerras que os EUA promovem não são necessariamente religiosas. São pra atender interesses estratégicos de poder dos EUA. Mas eu acho perigosíssimo ter no poder um líder da direita cristã, que acha que a bomba atômica foi um presente de Deus pros EUA. E que acha que eles são o povo escolhido. Eu tenho muito mais medo do fanatismo religioso no país mais poderoso do mundo (e, dizem, da história do mundo) que num paisinho como o Irã.
E eu tô cada vez mais convicta que, em algum ponto da MINHA vida, os EUA vão atacar a Europa - por motivos religiosos. Americanos estão loucos pra umas novas cruzadas. Parece loucura, but mark my words.

lola aronovich disse...

Liris, vc tem confiança demais na minha sabedoria! Até parece que sou uma expert em direita crista... Mas é uma boa pergunta a sua: o que eles acham de piercings? (e de tatuagens). Posso imaginar que eles são radicalmente contra, mas não sei baseado em qual escritura da bíblia. Se alguém souber a resposta, fiquei curiosa tb.

Sei o que vc quer dizer, Leo. Muitas vezes eu também quis ter o conforto espiritual que uma religião pode proporcionar. Eu já fui muito católica quando tinha 13 anos. Queria até ser freira. Depois passou. E se eu não precisei de religião nem no momento mais difícil da minha vida (quando meu amado pai morreu), certamente não vou precisar quando tá tudo bem.

Anônimo disse...

olá Lola...como vai? Essa semana tive muitos clientes americanos, em um grupo fiz amizade com um casal e perguntei sobre politica e religião. Citei seu artigo sobre o aborto e como disse que as coisa por lá funcionam. Eles são de Los Angeles, e quando mencionei a maneira obscurantista, extremista e desprezivelmente conservadora de pensar que por lá havia disseram não ser exactamente assim. Os USA não são assim, as pessoas nesses assuntos possuem mais a atitude de Who care's! - disseram.
Mas todo americano na Europa nunca trai a sua terra. E aqui eles são mal vistos, por isso muitas vezes dizem que são do canadá. É divertido ver isso acontecer porque eu consigo reconhecer o acento.
Uma vez encontrei um Juiz de whashington, à primeira vista americano arrogante tipico, que sem sequer me dar boa noite questionou como era o meu inglês. Diga-me você... disparei começando a servi-lo. Ele se tornou meu amigo a partir daí, o grupo em que estava foi o último a sair do restaurante e ficamos na conversa durante muito tempo. Sou louco de curiosidade pelos USA, sempre faço muitas perguntas sobre tudo para os turistas...e este juiz disse-me:
_ Nós Americanos nunca encontramos nossa identidade de facto. Somos um pouco de tudo o que existe por aí, no entanto, exponencialmente mais. Levamos a vida muito a sério idenpendente de ser a nossa ou a do outro.

lola aronovich disse...

Ah, Cavaca, Califórnia é diferente, né? Não conta. O nojentão do Bill O'Reilly, conservador, disse que gostaria que São Francisco não fizesse parte dos EUA. Los Angeles é parecida. Toda a Califórnia é. E ainda assim eles elegeram o Reagan pra governador, que foi o que deu impulso pra ele ser presidente. Há certos oásis nos EUA: essa costa oeste que inclui California, Oregon (principalmente Portland), e Washington (o estado; principalmente Seattle), já ouvi que partes do Arizona e do Novo México são legais tb, e parte da costa leste (Nova York, Boston, até Washington DC). Até no Texas há um oásis, que parece ser Austin. Os EUA são muito grandes, tem 300 milhões de pessoas, não dá pra pensar que todas pensam igual. Existem muitos "liberais", que os conservadores odeiam com todas as forças. Mas é um país que adora o Reagan e reelegeu o Bush. O anti-americanismo explodiu no mundo quando os EUA invadiram o Iraque. Eles não entendem como alguém pode não gostar deles, um império tão bonzinho. Mas é engraçado que alguns americanos se digam canadenses. Não consigo imaginar isso. Americano é muito patriota, orgulhoso. Mas, claro, a gente pode ser contra a política do país, e o que o país representa, mas não tem nada que tratar mal americano. Em geral americano é boa gente, gentil, educado, até simpático. Inclusive o Sul dos EUA, que é mais conservador ainda, é conhecido pelo "Southern hospitality".

Anônimo disse...

Tá bom que este post já tá aí há um tempão e o assunto já encerrou, mas é que como sou leitora nova e às vezes vou clicando em todos os link-zinhos dos posts novos (aliás, minha produtividade no tabalho diminuiu depois que achei seu blog), acabei chegando neste.

Enfim, só por curiosidade, vi que sempre vc se refere ao Iran qdo fala de países fundamentalistas não só neste post mas em outros tb. Coincidentemente meu marido é iraniano, já está aqui nos EUA desde 94 e antes disso passou 2 anos na Inglaterra. A familia dele é super liberal, nunca seguiram religião nenhuma. E o povo lá tb tá se saco cheio dos aiatolás. A maioria é a favor de parar de usar o véus e prefiria como era a vida antes da revolução. Vc ve meninas na rua usando calças capri, sandálias e o véus mais parece um acessório no cabelo e é usado com muito charme. Vlaro que tem quem não aprove e ache que o bom memso é o que o governo impões. Mas é como em qq país, tem os de direita, tem os de esquerda...

O problema é que pra ser canditado a presidencia, vc tem que ser aprovado pelos mulas e se eles sabem que vc tem idéias liberais, não aprovam sua candidatua. Tb se por um milagre um liberal conseguisse se canditadar e ganhar, quem dá a útlima palavra em todas as leis são os mulas, então nada liberal nunca vai ser aprovado...

Enfim, se vc quiser ouvir mais curiosidades do ponto do vista de do lado de lá, é só me dar um toque que eu te conto o que ouço do meu marido.

Bjo

PS.: invejo (inveja boa tá!) sua capacidade de escrever com tanta frequencia no blog, sempre tem mais de 1 por dia!!! Eu tento manter um blog da minha nenem pro povo do Brasil acompanhar as gracinhas dela e as vezes só escrevo 3-4 posts por mes.

PS2: desculpa a dislexia na minah digitação. Só digito olhando pro teclado e aí já viu....

Leio Lola Leio disse...

Eu tô assustada com o que li, principalmente porque o pensamento conservador intolerante parece estar crescendo aqui no Brasil. Mas, falando sobre isso de um modo particular, de como tenho vivenciado a intolerância em minha vida, parece que o número de pessoas que usam "deus" para justificarem seus preconceitos e intolerância está cada vez maior dentro do meu círculo social, entre meus colegas de trabalho, por exemplo. Acho isso deprimente.