segunda-feira, 12 de maio de 2008

CRÍTICA: SPEED RACER / 45 minutos de pura tortura

- Oops, derrapei legal!


Eu não queria dizer porque odeio desmotivar alguém a ir ver um filme, mas preciso: Speed Racer consegue ser pior que seu trailer, e quem viu o trailer entende como isso é difícil. Porque o trailer pelo menos é curto, e o sofrimento do filme dura intermináveis duas horas e quinze minutos. Quero dizer, pra mim não foram tão intermináveis assim. Depois dos 45 minutos do primeiro tempo, joguei a toalha e sussurrei pro maridão: “Vamos embora, por favor, eu imploro”. E ele aceitou correndo. Já fiquei assustada ao entrar na sala e reparar em montes de criancinhas de três, cinco anos de idade. Ok, sabia que o filme era pra criança, mas pensei que fosse pra criança de 12 anos, não de cinco. As pessoas mais velhas da sessão eram eu e o maridão, e os pais das crianças que estavam lá forçados, pensando: “Se eu tivesse um cãozinho ao invés de um filho, não precisaria enfrentar essas bombas” (veja o quadrinho do Calvin embaixo). Havia até mãe aturando aquilo, em pleno dia das mães! Presentão, hein, filhinho?

No tempo que suportei ficar, eu dormi. Se bem que não é tão fácil dormir porque o negócio é barulhento. Quando eu acordava, via as caretas de todo o elenco, ouvia os diálogos artificiais, e pensava que estava no meio de um pesadelo. Um crítico americano meio que elogiou o filme pelas cores vibrantes que, segundo ele, fazem de Speed o melhor programa pra acompanhar uma acid trip desde 2001, Uma Odisséia no Espaço. Mas como não tomo LSD ou ecstasy, o efeito em mim foi um dos maiores soníferos desde o medicamento élfico de Senhor dos Anéis. Também fiquei um pouco preocupada pelas criancinhas por dois motivos: se elas já estavam deixando as poltronas e andando pelo cinema no começo da sessão, o que aconteceria após uma hora? E não tinha umas coisas meio violentinhas demais pra elas não? Tipo um carinha levar socos até sangrar, e outro ameaçá-lo jogando um pedaço de carne num aquário cheio de piranhas? E depois um outro tem que colocar o dedinho pra tapar o vazamento do aquário, e a gente vê a água se enchendo de sangue? Tá, como americano é louco, violência pode. O que não pode é o casal de namoradinhos se beijar porque beijo, sabe, lembra sexo, e tem criança no cinema, pô!

Havia também um pobre chimpanzé na tela. Parecia mais sem graça que o Emile Hirsch e a Christina Ricci juntos. Bom, acho que os fãs dos irmãos Wachowski (Matrix) deveriam prestigiar Speed. Mas tem que ser aquela espécie de fã que aceita tudo, tudo, tudo que o ídolo faz. Até uma patinada dessas.

Mãe: O empreiteiro diz que vai custar uns 200 dólares pra consertar. Pai: Ah, aquele garoto estúpido! Mãe: Bom, faz parte de criar uma criança, certo? Pai: Hmm. Mãe: Você não está arrependido de termos tido o Calvin, está? Pai: Você está? Mãe: Eu perguntei primeiro. Além disso, a decisão não foi totalmente minha. Pai: Tudo que eu sei é que ofereci pra comprarmos um cachorrinho, mas não, você disse...

11 comentários:

ilha do desenho disse...

...oi lola tudo bem!? hoje nao tem briga nao... eu vou assistir speed racer porque é quase uma obrigaçao. via os desenhos vez por outra e gosto muito de carros ... inclusive estou esperando aqui no brasil o lançamento dos Hot Wheels da serie speed que tem todos os modelos. por enquanto tem gente roubando pedindo horrores (nao viram o filme decerto e quem comprar tambem nao viu...rs)... mais como vc ja sabe para quem assiste rambo e gosta... speed racer vai ser moleza! parabens pelo post... show de escrita! entusiasta diria!!! abraço para vcs e sucesso!!!

lola aronovich disse...

Oi, querido! Que bom que hoje estamos em paz. Não há dúvida que quem tem afinidade com o desenho da TV e adora carros vai encontrar motivos pra gostar de Speed Racer. O Metacritic tá esquisitão: os críticos americanos, acho que numas 30 ou 40 críticas, dão média 36 (muito baixa, em 100) pro filme. Mas aí tem uns 100 leitores, e a média deles é 80. Então, pelo jeito, muitos espectadores estão gostando (e, pra efeitos de comparação, os críticos do metacritic deram nota 46 pro Rambo 4, e os leitores, 89!).

Vitor Ferreira disse...

Lola você é corajosa. Tem certas coisas que eu nem encaro porque já sei que é pegar em bomba. Esse daí já dava pra ver o pavio em chamas de longe.
Eu até gostei do Emile em Show de Vizinha e Clube do Imperador, que pelo menos divertem. Mas Alphadog, Na Natureza Selvagem são um tédio.

lola aronovich disse...

Vitor, se eu fosse corajosa eu teria ficado até o fim da sessão! E sem dormir!
Puxa, nem sabia que o Emile tava em Show de Vizinha e nesse tal de Imperador. Não que eu tenha visto esses filmes, mas vi o trailer de Show dezenas de vezes. Não tem o que dizer, Vitor: ele chamou a atenção com Alphadog (que ainda não vi), e entrou pra lista de astros com Into the Wild mesmo. Que é bem bom, vc não gosta? Assista ao filme sem sono, que tem algumas coisas bonitas. Não é nenhuma Brastemp, mas... melhor que Show de Vizinha deve ser! E muito melhor que Speed...

Liris Tribuzzi disse...

Eu ia ver no domingo passado, mas a preguiça falou mais alto. Até via os desenhos antes de ir pra escola num tempo passado, mas não era o meu preferido, achava dramático demais ('Oh Speed...!', 'O que você não sabe é que o ******* é o seu irmão que fugiu de casa/ se perdeu/ sumido').
Também não sou fã de Matrix, só gosto do primeiro. É overdose de efeitos especiais demais pra mim.

Vitor Ferreira disse...

Eu achei Alphadog muito fraco. Só se salva a Sharon Stone, e o Emile é muito franzino pra convencer no papel de delinqüente altamente perigoso que o filme vende. É como se colocassem o Woody Allen pra substituir o James Marsden em 27 dresses. Já o Into The Wild eu achei monótono, longo demais, além de achar muita revolta por pouca coisa.
Os outros dois que eu citei são fracos, mas pelo menos são divertidos. Clube do Imperador é com o Kevin Kline, e é sobre um filho de político meio revoltado que começa a mudar graças à influência de um dedicado professor. História mais batida do mundo, mas dá pra passar o tempo.

Unknown disse...

Pois é, Lolets,
Eu e o Mau estamos levando bolacha até agora pelos nossos comentários em áudio ( veja/ouça: http://www.youtube.com/watch?v=GJKch2n_1Po )
e olha que eu até tentei elogiar...

bjs

PS Alguém conseguiu ver os 3 milhões que a Petrobras investiu no filme? tem um carro verde e amarelo lá LUBRAX - PETROBRAS. Lance o concurso onde está a PETROBRAS-Wally.

lola aronovich disse...

Li, pessoalmente, eu jamais iria ao cinema so pra ver Speed Racer (depois de ver aquele trailer, pelo menos). Mas como aqui o cinema fica muito longe de casa, sempre aproveitamos pra ver dois filmes (so pagando um). Entao achei que seria um programa duplo interessante, Iron Man e Speed. Ledo engano... Sou muito fa de Matrix. Mas so do primeiro.

lola aronovich disse...

Vitor, Alphadog eh com a Sharon Stone? Eu nem sabia! Eh, so pelo comercial do filme que vi na TV ja achei o Emile franzino demais pro papel. Mas nao sei, ate fiquei com vontade de ver (se bem que se quando tinha gratis na TV eu nao vi, agora fica mais dificil). Concordo plenamente com isso que vc fala sobre Into the Wild - a parte da revolta, nao da monotonia. Muita gente tem traumas de infancia muito maiores, ne? Mas o protagonista tinha serios problems psicologicos - ninguem queima dinheiro e vai congelar no Alasca a toa!

lola aronovich disse...

Muca, quando eu voltar pra casa eu escuto. Aqui no meu escri nao tem audio ou video. Ainda bem, porque se eu ja enrolo tanto sem, imagina com... Mas levando bolacha de quem? Dos fas do filme? Pra mim eh incrivel descobrir que um filme desses TEM fas.
Nao vi carro da Petrobras nenhum. Mas tb, eu so vi 45 minutos de filme, e dormi em boa parte. So que eh tudo muito rapido e colorido pra ver o logotipo de qualquer carro. Realmente nao parece ter sido dinheiro bem investido. Aha! Mas e a propaganda subliminar, hein, hein? Qualquer propaganda naquele filme so pode ser subliminar...

Fabio Burch Salvador disse...

Ai Lola...
assisti a essa ECA! em casa, em DVD (nem lembro se baixei ou comprei), e só o fiz por consideração ao desenho animado que eu tanto amava e também porque adoro carros, como já se pôde notar pelos meus ataques de antigomobilismo aqui nos comentários do blog.

E olha que eu até não achei o filme ruim. Só que não pude escrever uma crítica dele no meu blog, porque não tinha condições de digitar uma palavra sequer eu final do filme.

Ah, a razão de eu ter gostado do filme é que não lembro dele. Assisti bebendo caipirinha de vodka, e ficando progressivamente bêbado.

Tá certo que nunca escrevi um texto para jornal impresso algum que eu não tenha escrito sem pelo menos um golinho de álcool no sangue, mas... tava demais.

Pelo menos, consegui chegar ao final desta magnifica obra!