quarta-feira, 7 de maio de 2008

O PAMONHA E O REPOLHINHO

Como estamos numa semana meio musical (lista de melhores musicais, Carpenters), não sei porquê, já que não entendo bulhufas de música, reproduzo aqui uma crônica de uns sete anos atrás. O diálogo é 100% politicamente incorreto e demonstra a minha total ignorância – com a participação especial do maridão, lógico.


DIÁLOGOS MUSICAIS


Enquanto jogávamos dominó, eu e o maridão ouvíamos um cd que ele havia
gravado da Internet. Tocou algo chamado "Diz que fui por aí" e, como meu conhecimento musical se limita a Chico Buarque e Beatles, perguntei ao maridão:

– De quem é isso daí?

– É do Zé Ketti, mas quem tá cantando é o Luiz Melodia.

– Sei. Ahn, cê me perdoa, mas esse Zé Ketti é meio obscuro, né não?

– Obscuro?! Ele é o criador de "Máscara Negra"! Obscuro! Só porque ele é negro? Racista!

– Ele é negro? Pensei que fosse gaúcho.

– Gaúcho?! Você conhece algum gaúcho chamado Zé?!

– Ué, um monte. Pensei que ele fosse parceiro do Kleiton e Kleidir.

– Isso é ridículo! Ó, por favor, não repete isso em público.

– Amor, olha, sei que você gosta dele, mas hoje esse nome soa tão conhecido como um que vi ontem na TV, Kelly Key alguma coisa. Zé Ketti, Kelly Key, dá na mesma.

– Kelly quem?

– Até gostaria de usar este nosso diálogo numa crônica, mas ninguém ia entender. Não conheço mais ninguém que conhece Zé Ketti, fora você e esse Zé Melodia.

– Zé Melodia?! Quem é, outro gaúcho? É Luiz Melodia!

Felizmente, o cd passou a tocar outra canção e pudemos mudar de assunto. Desta vez era algo menos famoso do Gonzaguinha, o que me levou a dizer:

– Eu gosto é de "Explode Coração". Já devo ter te dito isso, mas não adianta, você não grava pra mim.

– É que você não pegava micro-ônibus na época. Nunca vi música mais tocada! Não agüentava mais. Naqueles tempos eu comecei a odiar a Maria Bethânia e a entender os homens-bomba dentro dos ônibus.

Mas o momento romântico da nossa conversa veio quando o Arrigo Barnabé mais berrava do que cantava "Clara Crocodilo". Tem uma hora nessa música muito estranha e representativa do underground paulistano em que o pessoal fala "Ajuda a Clara, seu canalha", seguido de "Olha o holofote no olho / Você não passa de um repolho". Eu e o maridão nos encaramos ao mesmo tempo e exclamamos: "Repolho é legal!". Viu que sintonia? Agora ele só me chama de meu repolhinho.

10 comentários:

Anônimo disse...

Eu gosto dessas coisas sem noção hahaha. Apesar que repolho é sinistro e onde teve pamonha ?

Lembrei de um texto (agora descobri que era um poema) é do Manuel Bandeira:


"O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
− Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
− Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
− A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
− Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
− Antônia, você é engraçada! Você parece louca."

Na epoca do colegio quando entregaram isso para a gente, me acabei de rir, hoje em dia de vez em quando a Amarela é chamada de lagarta listrada.
Muito bom haha.


PS: Apareceu uma porra de RATE ? Quando eu ia selecionar ¬¬ para ser o primeiro, acho que vc tirou, ta em testando aí é ? HEHE

lola aronovich disse...

Pedrinho, não faço a menor idéia como apareceu essa p**** de rate! Não fui eu que coloquei, isso eu sei. Eu tava la no meu escri calmamente, enrolando pra variar, quando fui ver como andava o meu bloguinho e vi as estrelinhas. Felizmente consegui tirar.
O repolho eu peguei no Google Images. Já o pamonha é o maridão. Quer dizer, se eu sou o repolhinho, a pamonha só pode ser ele.
Legal esse texto do Bandeira. Mais legal ainda é vc chamar a Amarela de lagarta listrada. Ah, o amor é lindo!

Anônimo disse...

Menina, adoro os teus textos!!
Tu pode dizer que não entende de música, mas entende de como fazer um texto delicioso. Poir isso, perdoada, heheh.
Vou te incluir no meu Blogroll.
Tens Twitter?

Abração!

Renata disse...

Oi Lola,
já ia colocar o seu link lá, tava pensando nisso fazia mais de uma semana, só que eu fico me enrolando pra fazer essas coisas.. eu sou meio preguiçosa mesmo... tenho alguns outros blogs q pensei em colocar junto com o seu, numa categoria diferente... eu sou enrolona mesmo...
e nao precisa se sentir na obrigacao de colocar o meu link nao. hauahauahua eu provavelmente nao vou atualizar mais q duas vezes por semana tao cedo... [mencionei q sou meio enrolona?]
ja tinha lido tb seu comentario, to respondendo ele agorinha na real...
um abraço,
Renata.

Lilian disse...

Lola, e se os zumbis não chegarem? Pau na máquina, do jeito q vc tem facilidade para escrever, a tese sai sim. Qual é o tema? Diga uma coisa, qual é tua Universidade no Brasil? Vc dá aulas tb?
abço
Lilian

lola aronovich disse...

Oi, Cler, obrigada, vc é muito gentil. Não, não tenho Twitter. Na realidade mal sei o que é isso. O Alexandre explicou no blog dele, mas ainda assim não me animei. Tem limite de caracteres no Twitter, não tem? Consegue me imaginar escrevendo mensagens curtas? Então... Mas, por favor, me inclua no seu blogroll sim, e apareça sempre. Prazer em te conhecer!

lola aronovich disse...

Oi, Rê, respondi o seu comentário lá no teu blog. Ó, vou cobrar dois posts por semana, viu?
Lilian, pois é. Facilidade pra escrever besteira, e em português, eu até tenho. Mas não tá tão fácil escrever seriamente em inglês... Minha tese é toda em inglês, porque curso doutorado em Literatura em Língua Inglesa na UFSC, e a UFSC deve ser a única no Brasil que tem esse curso todo em inglês. As aulas são em inglês, tudo que é escrito é em inglês... Bom, pra falar a verdade nunca tive grandes dificuldades pra escrever em inglês, mas agora tô tendo algumas. Devo ser a única pessoa na Terra que acha que o inglês PIORA quando se mora por um tempo num país de língua inglesa. O tema da minha tese é "violence and the uncanny in five productions of Macbeth". Analiso uma montagem britânica, duas brasileiras, e dois filmes, incluindo o do Polanski, que adoro. Mas é isso aí, pau na máquina!
E vc, qual a sua universidade e o seu tema?

Anônimo disse...

Que p---- de amor Lolinha hahaha, eu não chamei ela nessa intenção de lagarta (OH admiração) foi no sentido de bicho monstruoso mesmo... Lagarta listrada.

Eu gostei da ideia do rate para cada texto, apesar que talvez com isso diminuissem os comentarios mas pelo menos vc teria uma avaliação dos seus textos pelos que não comentam já que para "ratear" um clique só.

lola aronovich disse...

Nem vem, Pedrinho, ninguém inventa um apelido carinhoso de "lagarta listrada" pra uma amiga em vão... Love... Soft as an easy chair... Love... fresh as the morning air... (na adolescência, eu e uma amiga cantávamos essa musiquinha pra outra quando uma achava que a outra tava interessada em algum menino, embora negasse até a morte).
Ai, não, esse sistema de avaliar os posts não me atrai mesmo! Seria péssimo pra minha auto-estima. E menos gente escreveria comentários. Pode tirando o cavalinho da chuva.
E qual apelido romântico a lagarta listrada te dá, se é que vc pode revelar isso neste espaço familiar?

Rô Rezende disse...

HUhasuha... adoro 'Diz que fui por ai'. Mas conheço na voz de Fernanda Takai,cantando Nara Leão - que rolo. E também nunca ouvi falar de Zé Ketti. rsrs...