Fui assistir a "Bicho de Sete Cabeças" em Curitiba e gostei muito do filme, mas confesso que não sei o que escrever sobre ele. Não sei porque não me parece possível que um pai interne seu filho em um manicômio por ele (o filho, não o pai) fumar maconha, nem que um hospital psiquiátrico, que supostamente deve tratar de seus doentes, aplique choques elétricos nas pessoas para "recuperá-las". É difícil acreditar que isso ocorra hoje em dia, mas vá lá, eu acredito em qualquer coisa.
"Bicho", que sabe-se lá por que cargas d'água não passará em Joinville, traz uma interpretação reveladora de Rodrigo Santoro (quem diria: o galã é ator de verdade!), ótima música do Arnaldo Antunes desconstruída pelo Abujamra, direção segura de Lais Bodanzky, e o melhor som que eu já ouvi num filme nacional (deu pra entender cada palavra), mas a supra-premiada produção não é a obra-prima que andam falando por aí. Mesmo assim, é a espécie que merece ser vista por excursões escolares de adolescentes, para depois ser amplamente debatida. Vários tópicos pertinentes: maconha vicia?; o que fazer com usuários de drogas?; a falta de diálogo entre pais e filhos; pichadores merecem ir presos?; drogas lícitas versus ilícitas; pra que serve um hospício?; quem é louco?, etc, etc.
Agora, eu não gostei de "Bicho" porque é um "bom filme brasileiro"; gostei porque é um bom filme, ponto. Tem gente que acha que os críticos devem elogiar todas as produções nacionais, para incentivar o público. Tem espectador que não vê um filme nacional há décadas e diz detestar, porque o último que viu era uma pornochanchada dos anos 70. Tem também o crítico jabazento que só se sente à vontade para desmoronar um filme quando ele é nacional - pouca gente vê, então seus leitores não vão odiá-lo por isso. Bom, eu realmente espero não me encaixar em nenhuma dessas categorias. Não tenho absolutamente nenhum preconceito contra o cinema brasileiro e torço para que mais gente vá prestigiá-lo. Mas exaltar um filme só porque ele é falado em português é como, sei lá, recompensar um cãozinho com um biscoito porque ele (o cão, não o biscoito) latiu.
Assim como existem filmes americanos, europeus e iranianos ótimos, medianos e péssimos (não que eu já tenha visto um iraniano ruim, mas só assisti a cinco produções do Irã na minha vida), há películas brasileiras fabulosas - casos de "Cronicamente Inviável" e "Central do Brasil", pra ficar nas mais recentes -, bem legais (este "Bicho" e "Eu Tu Eles"), meio franzinas ("A Partilha", por exemplo), e espantosamente medonhas ("Tolerância"). Ou seja, dá pra todos os gostos. Pra acabar num clichê: comentar um filme nacional não pode ser nenhum bicho de sete cabeças, né?
Agora, eu não gostei de "Bicho" porque é um "bom filme brasileiro"; gostei porque é um bom filme, ponto. Tem gente que acha que os críticos devem elogiar todas as produções nacionais, para incentivar o público. Tem espectador que não vê um filme nacional há décadas e diz detestar, porque o último que viu era uma pornochanchada dos anos 70. Tem também o crítico jabazento que só se sente à vontade para desmoronar um filme quando ele é nacional - pouca gente vê, então seus leitores não vão odiá-lo por isso. Bom, eu realmente espero não me encaixar em nenhuma dessas categorias. Não tenho absolutamente nenhum preconceito contra o cinema brasileiro e torço para que mais gente vá prestigiá-lo. Mas exaltar um filme só porque ele é falado em português é como, sei lá, recompensar um cãozinho com um biscoito porque ele (o cão, não o biscoito) latiu.
Assim como existem filmes americanos, europeus e iranianos ótimos, medianos e péssimos (não que eu já tenha visto um iraniano ruim, mas só assisti a cinco produções do Irã na minha vida), há películas brasileiras fabulosas - casos de "Cronicamente Inviável" e "Central do Brasil", pra ficar nas mais recentes -, bem legais (este "Bicho" e "Eu Tu Eles"), meio franzinas ("A Partilha", por exemplo), e espantosamente medonhas ("Tolerância"). Ou seja, dá pra todos os gostos. Pra acabar num clichê: comentar um filme nacional não pode ser nenhum bicho de sete cabeças, né?
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