No início de maio publiquei um texto da V. sobre crise de ansiedade. Hoje publicou outro. Este é mais prático. É da Ana Carla, uma brasileira que mora em Gales e que já nos contou de como o coronavírus atingiu o Reino Unido.
Vou falar da minha experiência com a ansiedade e pânico, principalmente nessa pandemia. Fui diagnosticada com ansiedade em 2017.
Mas o que é a ansiedade? É quando o medo excessivo traz prejuízos expressivos para a vida da pessoa. Sempre que o medo está presente, a ansiedade esta lá e se apresenta em sinais físicos e/ou psíquicos.
É uma preocupação exagerada que geralmente é desproporcional para a situação. Você sempre está esperando que algo ruim aconteça, seja com a saúde, dinheiro, família, trabalho ou estudo. As causas da ansiedade podem ser uma situação pós-traumática, como a morte de alguém próximo. Obviamente no caso do Brasil o atual cenário caótico político já causa muita ansiedade. O Brasil no ano de 2019 teve um número de 18 milhões de pessoas convivendo com algum transtorno de ansiedade. Você não é fraco por ser ansioso. É um transtorno mental que atinge pessoas de todas as camadas sociais.
No meu caso, em 2017 meu filho tinha um ano. Depois que ele nasceu comecei a me preocupar demais com a minha saúde e ter pensamentos de que eu poderia morrer a qualquer momento e deixá-lo. Esses pensamentos tomavam grande parte do meu dia, então comecei a ter a sensação de estar sempre nervosa, sentia dores musculares, não me concentrava nas atividades que deveria fazer, sofria uma sensação de cansaço constante, e tinha dificuldade para dormir.
Até então eu pensava que tudo era decorrente da maternidade, até que um dia em abril tive náuseas, uma dor muito forte no peito, dificuldade de respirar e com pressão alta. Corri para a emergência, onde os médicos solicitaram imediatamente um eletrocardiograma (ECG) e constataram que ao contrário do que eu pensava, eu não estava infartando, e que pelos sintomas relatados eu estava tendo uma crise de pânico, já que a preocupação extrema tomava conta de mim todos os dias.
Na ansiedade você tende a imitar os sintomas de algumas doenças e assim achar que está sofrendo de alguma enfermidade. Portanto, nessa época de coronavírus, muitas pessoas que apresentam dores nas costas e/ou no peito e dificuldade para respirar pensam logo estar contaminadas com a covid. Lembre-se que para fins de diagnóstico precisamos ter outros sintomas associados, como febre (que ocorre em 88% dos pacientes), tosse seca, fadiga extrema etc. Se você está obedecendo o distanciamento social, como todos os outros que vivem com você, e também não está apresentando nenhum outro sintoma associado, é extremamente provável que você esteja sofrendo de ansiedade.
Há algumas coisas simples que podem ajudar a sua saúde mental e bem estar durante esse tempo de incerteza. E se você estiver bem e conseguir pensar com clareza, você será capaz de cuidar de si e dos outros.
Mantenha contato com os amigos e familiares nesse período de distanciamento. Você pode fazer ligações telefônicas ou de vídeo.
É normal se preocupar, ficar com medo ou se sentir desamparada. É bom compartilhar suas preocupações com pessoas que você ama e confia. Se você não tem ninguém para conversar, procure canais de apoio online ou por telefone para conversar.
Praticar exercícios físicos tem um grande impacto em como nos sentimos. Beba bastante água e tente se exercitar regularmente. Há aplicativos na playstore ou vídeos no youtube, por exemplo, com boas rotinas de exercícios que podemos praticar em casa.
Sempre procure informações por fontes confiáveis. Evite áudios e vídeos de Whatsap, por exemplo. Considere limitar o tempo que você gasta assistindo, lendo ou escutando a cobertura de notícias sobre o vírus, incluindo as redes sociais. Você pode determinar um período específico do dia para ler as atualizações sobre a situação.
Se estamos nos sentindo preocupados, ansiosos ou para baixo, costumamos parar de fazer as coisas que nos dão prazer. Mantenha o foco nos seus hobbies favoritos. Se seus hobbies não podem ser feitos dentro de casa, tente uma adaptação ou algo novo. Tem muitos tutoriais e cursos online que podem ser uma nova possibilidade de aprendizado.
Fique focado no presente, ao invés de se preocupar com o futuro. Há técnicas de relaxamento como controle da respiração que ajudam muito, principalmente em uma crise de ansiedade ou pânico. Também pense na qualidade do sono. Uma boa noite de sono faz uma diferença enorme tanto mentalmente quanto fisicamente.
Se a ansiedade ou pânico são muito debilitantes procure um médico ou psicólogo, mesmo nessa época de pandemia os atendimentos podem ser realizados online e em algumas plataformas você pode encontrar atendimento gratuito.
Lembre que essa situação é temporária e que teremos a possibilidade de nos encontrarmos com quem amamos novamente.
4 comentários:
Lola, qual sua opinião sobre essa história toda de Sleeping Giants Brasil?
Acho uma ótima iniciativa. Vou publicar um texto sobre isso daqui a pouco.
Pra vc vítima da COVID o programa "O abraço que faltava" é uma iniciativa que leva acolhimento psicológico para familiares, responsáveis, cuidadores e amigos próximos de pacientes graves ou falecidos pela COVID 19. Recentemente ampliamos nosso atendimento para pacientes (curados ou não) da COVID 19 pois recebemos relatos de discriminação contra eles, o que aumenta a ansiedade e o medo de reinfecção. Se vc estiver em algum destes grupos ou conhece alguém que esteja e precise de atendimento psicológico, acesse a nossa página http://www.oabracoquefaltava.org e marque a sua sessão.
Vou compartilhar. Isso é fantástico! ❤️❤️
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