segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

MULHER, ESSE SER IRRESPONSÁVEL QUE SÓ QUER ABORTAR

Quando começa a vida?, decidem os homens. Cardeal: No momento da concepção. Juiz: No nascimento. Adolescente: Quando vc pega sua carteira de motorista.

Espero que os homens que chamem mulheres que abortam de vagabundas e irresponsáveis saibam que 1) essas mulheres não fizeram o filho sozinhas, e 2) se fosse o homem quem ficasse grávido, o aborto seria legalizado. Sério. Não há a men
or dúvida disso, porque ninguém ousaria dizer a um homem que seu corpo não é dele. A questão inteirinha do aborto é uma questão sobre o controle do corpo da mulher. Convém pintar a mulher como um ser alterado, nada confiável, fraco das ideias, que precisa ser controlado. Os reaças que são contra a legalização do aborto acreditam que, sendo contra, não existem abortos. Eles somem, pluft, num passe de mágica! Acontece que eles seguem acontecendo, sempre em número maior que em países onde o aborto é legalizado. E abortos ilegais acabam matando a mulher. Mas esse é um efeito colateral que os pró-vida até gostam, né? Pena de morte pra mulher que aborta! Pois bem, ao não legalizar o aborto, vocês assinam essa sentença.
Mas o incrível é que a direita é quem mais fala em liberdade individual, em não permitir que o Estado interfira na vida das pessoas. Eles lutaram contra a obrigatoriedade de usar cinto de segurança, lembram? Porque, se a pessoa quisesse correr o risco de não usar cinto e morrer num acidente, problema dela, não do Estado. No caso do aborto, o discurso muda. Nesse caso a mulher não existe como indivíduo. Um embrião passa a ser muito mais importante que a mulher que o sustenta e carrega. Claro, até que esse embrião nasça. Porque então os reaças que chamam mulheres de vagabundas não querem mais nada com o bebê, e muito menos com a mulher, esse ser não-confiável, que precisa ser vigiado durante toda a sua gravidez. Depois de nascer, é cada um por si. E a direita detesta todos os impostos, inclusive aqueles que constroem creches e orfanatos.
Bom, o post sobre o planeta estar chegando aos 7 bilhões de pessoas não tinha nada a ver com o aborto, mas isso não impediu que um reacinha aparecesse pra dizer que a esquerda quer legalizar o aborto para reduzir a população mundial. O que não faz o menor sentido, pois, pra reduzir a população, é muito mais vantajoso manter o aborto ilegalizado – dessa forma, morrem mãe e embrião. A Laura deixou excelentes comentários:

“Me incomoda demais esse negócio de responsabilidade no discurso anti-aborto. Muita gente vem e fala que quem aborta é vagabunda. Dizem que é adolescente irresponsável ou mulher que saiu abrindo as pernas dando por aí. Aí você mostra a pesquisa do Ministério da Saúde que fala que a maioria das mulheres que abortam tem entre 20 e 29 anos e estão em relacionamento estável. Aí o discurso muda de figura. A pessoa vem com argumentos mais comedidos, para de falar de vagabunda e irresponsável, vem falar de mais campanhas de conscientização.
O que eles não entendem é que a mulher que aborta não quer seguir com a gravidez. Ela não quer estar grávida. Nem é questão de poder ou não sustentar a criança. É não querer estar grávida. É o corpo dela. Toda pessoa tem direito de ter autonomia sobre o seu próprio corpo. Tanto faz se é vagabunda, se é prostituta, se é irresponsável ou se é mãe de família. O corpo é dela. Então tem um ser dentro dela que não é mais do que um parasita. Porque esse ser não tem vida própria, sabe? Se tirar ele do corpo hospedeiro, ele morre. Logo a vida dele não é dele, é a vida dela. Por que defender um ser que não tem vida própria? Aí vem os argumentos, que o ser sente, tem mãozinha, coração formado etc. Tem. Mesmo assim, a mulher não quer ele dentro dela. O corpo que tá sofrendo mudanças é o dela. A vida que está em jogo é a dela, a dele não pode ser porque ele não tem vida própria!
Enfim, o que eu mais detesto no argumento antiaborto é isso, de umas mulheres terem direito de escolha assegurado, se foi estupro, se é anecefalia. O resultado do estupro e da anecefalia também tem vida. Também tem mãozinha e coração. Mas o que importa no caso é que a mulher foi uma mulher 'direita'. Seguiu as regras, não foi vadia, não saiu abrindo pernas pra qualquer um. Então ela merece dispor do próprio corpo. Já as outras não. Como se alguém tivesse esse direito, de decidir até que ponto os outros têm direito. De dominar o corpo do outro, forçar a manter uma gravidez indesejada. Na verdade, a vida do feto pouco importa, o que importa é que a mulher não faça determinadas coisas. Se fizer, vai ser punida com a gravidez pela sua 'irresponsabilidade'.
A maioria das mulheres que abortaram usam métodos anticoncepcionais. E engravidaram mesmo assim. A pesquisa chega a conclusão que elas não sabiam usar o anticoncepcional direito. Porque é mais simples explicar que é complicado demais pra mulher entender que tem que engolir uma pílula por dia do que admitir que os métodos anticoncepcionais não são assim tão infalíveis como pregam. Quem não conhece uma mulher que engravidou mesmo tomando a pílula? E aonde fica a tal falta de responsabilidade nessa história?
Uma em cada cinco mulheres de até 40 anos de idade já fez aborto. Assim, podemos concluir que 20% da população feminina é irresponsável.
Quem toma a pílula do dia seguinte é irresponsável também?”

216 comentários:

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Unknown disse...

Sou contra o ato do aborto por questões filosóficas -- mas totalmente a favor de uma lei que permita a uma mulher decidir quando e como abortar.

Como diz o button numa imagem do post: "Contra o aborto? Não faça um". E que cada um conviva com as conseqüências de suas escolhas.

-Daniel Bezerra

Anônimo disse...
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Rafaela Ventura disse...

Pra mim o aborto é simplesmente uma questão de direitos individual. Cada um tem que poder fazer o que quiser com seu corpo. Se você é contra, não faça. Eu pessoalmente não faria. Mas essa sou eu, exercendo meu direito individual de fazer o que eu quiser. Simples assim.

Anônimo disse...

a cada post que leio seu, por um lado sinto que sou um homem que não faço parte desse grupo que você descreve muito bem.

no seu blog, pode ser pelo fato de não ler direito, mas fica com cara de que todos os homens sao uns brutamontes que só querem sanear, pisotear e humilhar as mulheres.

mais é importante um blog como o seu pois faz nos lebramos como nao samos unicos nesse mundo

Alice disse...

Sou uma pessoa de esquerda e, sim, sou contra o aborto.

É fácil chamar o feto de parasita, por ele ainda não estar totalmente formado e não conseguir viver fora da mãe. Mas ele é sim um outro individuo, uma outra vida que está sendo ceifada para garantir os direitos de quem aborta sobre o seu próprio corpo.

Certa vez numa matéria americana sobre abortos, li o seguinte comentário: A causa número 1 de gravidez é o sexo. Simples assim.
Não que a gente queira estar grávida toda vez que transa. Só não dá pra desligar uma coisa da outra. Se está na chuva é para se molhar. É um risco, uma conseqüência que infelizmente nós mulheres precisamos lidar quando começamos nossa vida sexual.

Vamos acusar a quem? Um Deus? A natureza que foi injusta nos dando um útero? É muito difícil julgar, é até feio, primariamente o que um homem faria caso ele engravidasse.
Afinal, se fossem eles a parir, o jogo todo se inverteria, e talvez fossem eles "lutando" pelo direito sobre seus corpos.

Enfim, nada do que eu disser aqui muda alguma coisa. É só um pequeno desabafo de uma mulher que não consegue se considerar feminista por não concordar em lutar por esse direito. Por não achar que direito sobre o corpo tem haver com aborto. Afinal, abortar é tirar a vida de outro corpo dentro do seu. Direito ao corpo é direito a esterilização.

Anônimo disse...

Perfeito! Qualquer um pode ser contra qualquer coisa, mas se não interfere na sua vida diretamente, só diz respeito ao outro, você não pode ser contra! Você só pode ser contra o que diz respeito a você!

PWSantos_2009 disse...

Vivo distante dessa realidade que um dia também foi a minha.
Vico num país que é no papel e na prática laico. Ou seja, todas essas questões que envolvem valores relgiosos são deixadas para cada indivíduo decidir por si. Aqui o governo não é perfeito como em qualquer outro país, mas vejo que está um passo adiante de alguns países. Aborto é uma escolha pessoal assim como ter um filho é uma escolha pessoal; não existe lei dizendo que as pessoas têm que engravidar e ter filhos como não deveria haver uma lei dizendo que o aborto é crime;
Quantos homems imploram as namoradas para tirar? Quantos namorados enganam as namoradas com promessas caso elas abortem e depois de feito o aborto se mandam? Eu conheço ambos os casos infelizmente.
Quantas vidas não foram desperdiçadas com uma gravidez na puberdade.
Oprah mesmo disse que quando o bebê que ela teve na adolecência dela faleceu ela recebeu uma segunda chance na vida, hoje temos Oprah uma líder e inspiração para várias mulhers e homens.
A vida já é dura para um indivíduo que vou planejado, esperado e almejado, imagine para um que veio sub circunstâncias como as de hoje somadas ao total desprepado emocional e/ou financeiro de seus progenitores?
Cada um sabe de si.

Anônimo disse...

Seguindo essa lógica:

Se você é contra o assassinato, não assassine ninguém.

Se é contra o roubo, não roube ninguém.

Se é contra o estupro, não estupre ninguém.

E pronto, pra que criminalizar, ne gente?

O roubo, o assassinato e muitos crimes são tão socialmente construídos quanto a questão do aborto (que nada mais é que um assassinato de incapaz).

A liberdade de uma pessoa começa quando acaba a da outra. E o aborto fere a liberdade do individuo em formação. Ele não foi feito sozinho, surgiu na sua barriga como uma praga vinda do espaço.

Por isso o aborto pode ser feito em caso de estupro. Pois a liberdade individual dela foi violada. Mesmo sendo contra, por ter uma vida em jogo, acredito que nesse caso SIM é uma escolha. Afinal, a mulher não pode escolher antes, se queria fazer sexo ou não.

Unknown disse...

concondo inteiramente com Rafaela. Mesmo sendo mulher e sabendo que o desejo da maternidade é inata à nós, não gostaria de carregar o "mau fruto" de uma violência comigo. Não que a criança em si fosse uma desgraça, já que como ser inocente, não tem consciencia de nada em sua volta. Sou a favor SIM do aborto, contanto que seja feito de modo consciente e transparente.

Thiago Pinheiro disse...

Sou favorável a discriminação do aborto. Qualquer política pública de saúde deveria pemitir a interrupção voluntária da gravidez. Quando se oberva o quadro nacional é impossível não se sensibilizar com as condições que milhares de mulheres se submetem ao praticar o aborto clandestinamente. No entanto, o discurso de que se trata apenas da determinação da mulher sobre o seu corpo, menosprezando qualquer interpretação filosófica ou mesmo religiosa sobre a vida é fundamentalista. Comparar um embrião a um parasita indigno.

Lis disse...

Ceifar uma vida em potencial... Se fosse só no aborto que isso acontecesse, eu até concordaria, mas eu vejo muitas vidas já completamente formadas serem destruídas por ações ou omissões do Estado. Defender a proibição do aborto não é bem ser pró-vida, e sim pró-nascimento - porque depois desse momento, como a Lola bem disse, já nào importa mais o que se faz da mulher ou da criança.

O pessoal que é contra já esteve em uma situação com o risco concreto de engravidar? Já descobriu tarde de mais que a pílula não funciona quando você toma antibióticos, por exemplo? Porque eu já vi relatos de clínicas de aborto no EUA que já viram entrar por suas portas as ativistas religiosas que ficavam protestando na frente da clínica e dizendo que aborto era uma abominação - porque quando acontece com /elas/ é diferente, a vida /delas/ não pode ser estragada por um bebê a essa altura.

Abortar é sempre uma escolha difícil e dolorida, e mesmo feito de forma segura, pode ter consequências emocionais - mas por que tornar essa escolha difícil e sofrida ainda pior, ao tirar as opções que elas teriam pelas vias legais?

Porque, querendo ou não, entendendo ou não, as mulheres vão estar em situações nas quais o aborto é a única solução que elas vão ver como viável. Por acaso alguém imagina que elas não vão ter todas as dúvidas, todas as angústias? Que é uma decisão fácil e automática, que nós temos que proibir porque as mulheres, esses seres frios, só querem mesmo é se ver livres de "parasitas"?

Estamos falando aqui de sofrimento e de escolhas difíceis. Da relação da mulher com o seu próprio corpo, de sentimentos, do que acontecerá no resto de sua vida...

Um terreno complexo de mais para a Lei e sua espada de ferro, colocar no código penal uma decisão que é da mulher e seu próprio corpo.

Paola disse...

Acho tão fácil ser contra o aborto!
Acho tão fácil não assumir a Paternidade.
Tenho visto, por conta do meu trabalho, muitas MENINAS cheias de filhos sem ter o que comer, sem ter ajuda de nenhum tipo.nenhum tipo de apoio às mulheres, ninguém escllarece nada, existe sim, e a campanha contra o aborto é uma campanha para a manutenção da pobreza! Se os pobres se fortalecerem e perceberem que ter poucos filhos significa gastar menos dinheiro, quem vai sustentar as mordomias dos ricos? Quem vai limpar os vidros, varrer as ruas?
A campanha contra o aborto só tem um fim, a manutencão desse estado de coisas, e não me venham com esse papo da igreja sobre vida, eu acho muito mais criminoso deixar crianças viverem na miséria, no lixo.
Quem mora em São PAulo e anda pelo centro já viu as crianças vagando pelo centroo, consumindo crack? O que é mais humano? Dar educação e opção à mulher, responsabilizar o homem, assim ninguém precisaria falar em aborto.
Que a igreja pense num outro jeito, pois essa história de sexo só depois do casamento Não está funbcionando.
Aliás.. já perceberam que a palavra proletariado vem da palavra PROLE? Na Grécia antiga, eram os filhos do proletariado que "alimentava" o exército de soldados, não a aristocracia!
Paola

Lanika disse...

Eu estou grávida de 8 meses e engravidei depois de 12 anos tomando pílula todos os dias. Passei dois meses tomando pílula sem saber que estava grávida. Eu estava preparada para criar meu filho adolescente e essa gravidez virou minha vida de cabeça para baixo. Conversei muito com meu parceiro e decidimos manter. EU poderia ter optado por não manter, a escolha final, que não foi fácil, foi minha. Ele me apoiaria qualquer que tivesse sido minha decisão e olha que isso afeta diretamente a vida dos DOIS.

Descobri que existem MUITOS casos como o meu, de mulheres em relacionamentos estáveis usando métodos anticoncepcionais que engravidam. Irresponsabilidade? Onde? Só se for da máquina que dosa a quantidade de hormônios da pílula que falhou.

Eu tenho duas amigas que fizeram abortos. Uma que é mãe solteira cujo pai não assumiu o filho, que só tem condições de cuidar dele e quando o outro cara que a engravidou também não assumiu o bebê, optou por abortar e não se arrepende. Está feliz com o filho que ela tem condições de criar independente dos pais, estes sim, irresponsáveis.

A outra tem problemas sérios de saúde e teoricamente não poderia engravidar, mas aconteceu e ela morreria se levasse a gravidez adiante.

Existem tantas causas para uma mulher precisar abortar quanto existem mulheres.

Quem gosta de julgar e botar todo mundo na mesma sacolinha provavelmente não sabe que a mãe, a irmã, a tia, a mulher do amigo tenham sido obrigadas a fazer um aborto (mulher NENHUMA no mundo passa por um aborto sem sofrer horrores) e escondem isso dessa pessoa porque ela é intolerante, ou porque têm vergonha, ou porque é um segredo.

Anônimo disse...

concordo com o texto Lola., por ser médica evito abrir um post direto no meu blog falando sobre isso. mas sou a favor da legalização sim.

Giulianna Santos disse...

O grande problema da questão do aborto é que se confunde "Ser a favor da legalização do aborto" com "Ser a favor do aborto".
Ninguém aqui é pró-aborto, ou "contra a vida". Ninguém aqui vai aconselhar uma amiga ou parente a realizar um aborto.
Sendo a favor ou contra, os abortos acontecem no país. Milhares de abortos, com milhares de mulheres ficando doentes e morrendo todos os anos.
Vamos fechar os olhos para isso, e continuar afirmando que é errado e não deve ser feito?
Ou vamos dar apoio e condições para que essas mulheres, quem sabe, até desistam da ideia de abortar?
Proibir não está funcionando. O Estado gasta milhões por ano internando essas mulheres por complicações de saúde. Que tal evitar esse gasto prevenindo e dando condições decentes?
Chega de hipocrisia.

Unknown disse...

Excelente post, Lola!

Sou a favor da descriminalização do aborto com algumas restrições. Acho que ele deve ser legalizado, desde que por vontade da gestante até a 12 semana de gravidez ou em qualquer momento a partir do diagnóstico de anencefalia.

Defendo esta posição pois acho que a lei deve ser coerente. E se a lei considera uma pessoa cujo cérebro parou morta e por isso permite e até estimula a doação de órgãos que ainda estão funcionando, essa mesma lei não pode considerar vivo um embrião que ainda não tem sistema nervoso desenvolvido (o que só acontece lá pela 12ª semana em um feto saudável, nunca com um anencéfalo, certo?).

Aí se a pessoa acha ou não que a vida começa na concepção ou se acha errado é uma questão pessoal e ninguém tem direito de meter o bedelho, decide se vai continuar com a gestação ou não a mulher e mais ng.

Acho mesmo que esta proibição do aborto seja mais um meio de ceifar o direito da mulher de decidir o que fazer, não só com o próprio corpo, mas com a própria vida, do que qualquer outra coisa.

Anyway, este é o meu ponto de vista. Acho que a lei deve ser coerente. Se uma pessoa com cérebro morto está morta, então um feto sem cérebro não está vivo, logo a mulher deve ter o direto de escolher se permite que a vida se desenvolva dentro dela ou não.

Agora a lei pode tomar outro rumo e proibir o transplante de órgãos. Basta considerar que o índivíduo só morre quendo toda a atividade de seu corpo pára. É só escolher o rumo, minha gente..

Quanto a esta questão do homem ser contra ou a favor, me desculpem moços do mundo, mas acho que homem não tem que dar pitaco nessa história. Acho válido que a mulher procure saber a opinião do namorado/marido/ficante/fuckbuddies/etc.. Se ela assim desejar, mas a deicsão cabe sempre à ela! Afinal é a mulher quem fica grávida, quem dá a luz e quem cria, no final das contas. Até porque é socialmente aceitável que o homem só pague uma pensãozinha mixa de 12% do seu salário e veja a crinaça a cada 15 dias. Já para a mulher cabe a obrigação de educar, ser chata, e mudar a sua vida inteira em função do filho.

Unknown disse...

Quem diz que legalizar o aborto é o mesmo que legalizar assassinato comete um tremendo declive escorregadio. Há razões médicas e biológicas que determinam que a vida do feto não é uma vida "humana" até determinado ponto da gravidez.

De resto, conforme a gravidez avança as questões morais se tornam bem complicadas, sim e não acho correto desprezá-las sob a rubrica do direito da mulher ao corpo.

Mesmo assim considero fundamental que o aborto seja legalizado e mais fundamental ainda que a sociedade brasileira discuta esse problema racionalmente, em vez de fingir que ele não existe.

-Daniel Bezerra

Unknown disse...

Carol disse:

"Afinal é a mulher quem fica grávida, quem dá a luz e quem cria, no final das contas. Até porque é socialmente aceitável que o homem só pague uma pensãozinha mixa de 12% do seu salário e veja a crinaça a cada 15 dias. Já para a mulher cabe a obrigação de educar, ser chata, e mudar a sua vida inteira em função do filho."

Desculpe-me, mas eu acho que se um marido/ namorado/ amigo colorido/ fuckbuddy quiser assumir o filho é um assunto um pouco mais complexo do que definir que a decisão é somente da mulher. Sim, eu estou dolorosamente ciente que homem é um bicho safado e que promete mundos e fundos e depois some do mapa. Mas eu ficaria profundamente ferido se uma mulher abortasse um filho meu que eu estivesse disposto a criar *sozinho* sem a presença dela.

Vivian S. disse...

Quanto esta questão patética da "responsabilidade", convido aos senhores a lerem a bula de uma pílula anticoncepcional. 99% de eficácia, é o que diz. Os índicies da camisinha são iguais ou parecidos. Do DIU a mesma coisa. E tantos outros métodos. Nenhum deles é 100% eficaz.
Além do mais, relato aqui um breve caso de uma grande amiga: seu namoro já não estava às mil maravilhas. Sua menstruação atrasou. Ela chorava de medo e fomos as duas ao hospital fazer o exame de sangue para comprovar o que já era mais do que óbvio. Na sala de espera ela só me dizia "como vai ser? eu não sou formada, não falo inglês, não tenho nem um estágio". Veja onde vai a cabeça de uma pessoa cuja única alternativa, segundo o Estado, é ter a criança., independente se depois de ter ela vai mimá-lo num berço de ouro, ou jogá-lo num lixão. Ela era muito inocente, pensava "meu deus, como vou criar um filho sem saber falar inglês? Ninguém vai me dar um emprego sem saber falar inglês. Vou morrer de fome e a criança também". Quando saiu o resultado positivo e ela ligou pro namorado avisando, ele se disse em choque e pediu para desligar. Alguns minutos depois ela ligou e as pessoas que atenderam disseram que ele estava tomando banho. Ele não foi à casa dela. Só foi vê-la no dia seguinte. Você vê: ela esperando um filho dele e ele tomando banho, sem se importar em dar uma palavra de apoio.
O que quero dizer com isso tudo é que o aborto legalizado pouparia não só a saúde física de várias mulheres, como também a saúde mental. Somos ensinadas a sentir culta, a nos martirizar a vida inteira caso tomemos uma decisão dessas. Fomos criminosas fazendo um aborto. Fomos anti-vida. Quem consegue lidar com isso o resto da vida e manter-se são? Muito fácil falar sem viver, minha gente.

Carolina disse...

Quem é contra a legalização por QUALQUER motivo, por favor tente me explicar por que a maioria dos países ditos desenvolvidos legalizaram a prática em níveis "mais altos" que o Brasil.
(ver figura - o mapa com legendas - na parte à direita desse link http://pt.wikipedia.org/wiki/Legisla%C3%A7%C3%A3o_sobre_o_aborto ).

Carolina disse...

(O link não coube, segue aqui novamente http://bit.ly/ic7JBv)

Maria Cristina disse...

Depois deste instrutivo texto cheguei a uma conclusão: Sua aparência reflete exatamente a beleza de suas idéias!

Unknown disse...

Nossa, um comentário meu virou post! Amei!l

Aline disse...

Lola, Minha mãe engravidou, a 20 anos atrás, usando um Dispositivo intra uterino(DIU) que era um dos metodos anticoncepcionais mais eficases da época, o resultado está ai, minha irmã, minha mãe nunca pensou em abortar e amando minha irmã como eu amo, não gosto nem de pensar nessa possibilidade, mas mesmo que ela quisesse ela não poderia ter feito nada. Tenho uma amiga que tem uma irmã de 15/16 anos que é filha do microvilar de farinha(lembra desses casos?) nem nesses casos a mulher poderia abortar se quisesse... Aqui no Brasil é proíbido abortar mesmo se a criança tiver uma doença genética, como a sindrome de down, será que eu sou obrigada a cuidar de uma pessoas para sempre? Eu não faria um aborto hoje, mas acho importante que as mulheres tenham opção e orientação. Saibam o que é o aborto, como funciona, como é o pós e que tenham opções decentes de fazer isso. A mais de um ano li uma materia, não lembro em que revista que dizia que os médicos indicavam as suas pacientes quais remédios combinados causariam um aborto, e assim que acontecesse para irem ao hospital e pedissem para chamar por eles, pois eles preferiam correr o risco de serem penalizados do que ver suas pacientes correndo risco de vida em clinicas clandestinas. Eles não receitavam o remédio, mas diziam: "tal e tal remédio juntos causam aborto..."
Falei demais.
Bjs
Aline

Unknown disse...

Aliás, um esclarecimento:

No cara-a-cara com o médico, na hora de preencher a ficha do hospital, a decisão de abortar DEVE ser apenas da mulher grávida adulta e de mais ninguém.

Meu comentário anterior se referia mais a uma questão de postura, para discutir a questão com o pai e decidir conjuntamente. Mas isso pressupõe uma relação *saudável* e *racional*. É óbvio que nem todas as relações são assim. O homem pode simplesmente se acovardar e nem querer olhar a mulher de frente, ou simplesmente sumir, ou algo assim.

Gabriele disse...

"O que quero dizer com isso tudo é que o aborto legalizado pouparia não só a saúde física de várias mulheres, como também a saúde mental."

Complementando, não só pouparia a saúde física e mental de muitas mulheres mas também das "crianças em potencial". Pra mim, qualidade de vida muitas vezes é mais relevante do que o tal "direito à vida" que alguns defendem. Imagino como deve ser crescer em um lar que não o acolhe, que não o deseja. Ou que não tem condições financeiras mínimas de dar o básico do básico para a criança. Fora que abortos mal-feitos e mal-sucedidos podem gerar crianças com problemas de saúde terríveis.
É muito fácil demonizar o aborto quando não é você que vai passar por essa situação. Nunca passei por isso e espero nunca passar, mas sei que justamente por isso não tenho mínimo direito de julgar alguém que recorre ao aborto. Quando feito até uma certa época da gestação, acho absurdo ser comparado a assassinato.
E ainda tem os que dizem que então a pessoa que aguente a gravidez e depois "dê" a criança (como se isso fosse super simples). O mesmo tipo de gente que depois chama quem entrega o filho para ser adotado de "desalmada", "vagabunda" e tudo mais. Ou que critica os "favelados" que tem 10 filhos e passam miséria.
Também não acho que o aborto seja uma decisão e um ato banal, então justamente por isso defendo a legalização, pois essas pessoas precisam de atendimento e acompanhamento de saúde (inclusive mental). Ao invés de gastar com mulheres que estão sofrendo consequencias de um aborto mal-feito e crianças indesejadas sendo abandonadas ou espancadas, é muito melhor que o Estado invista em prevenção, estrutura e profissionais que possam tratar do assunto com a seriedade que ele merece.

Anônimo disse...

Parabéns, Lola! Parabéns!

O que mais me indigna é ver estes homens moralistas subverterem a lógica em nome de sua perspectiva que hora é machista e burra, hora é dogmática e acéfala. Enquanto isso são só as mulheres que sofrem.

Beijos

Bruno S disse...

Acho que se prendessem todo mundo que já teve algum envolvimento com aborto - grávida, médico, "curioso", amiga(o) que levou/indicou clínica, amigoa(o) que comprou remédio ou emprestou dinheiro, namorado que incnetivou - o Brasil ia ficar tal qual Itaguaí em O Alienista.

Anônimo disse...

"O roubo, o assassinato e muitos crimes são tão socialmente construídos quanto a questão do aborto (que nada mais é que um assassinato de incapaz)."

Você chama um apanhado de células de "incapaz"?

Quer dizer que todo mundo é assassino! Pois se esfregarmos uma mão na outra já estamos perdendo ("matando") um monte de células.

Eu não acho que o aborto deva ser legalizado após 3 meses de gravidez (quando o feto já tem o cérebro formado), mas antes disso, não passa de um monte de células, e enquanto não tiver capacidade para viver sem estar conectado ao corpo da mãe não é nem um bebê, é um feto.

Pili disse...

"a pesquisa do Ministério da Saúde que fala que a maioria das mulheres que abortam tem entre 20 e 29 anos e estão em relacionamento estável."

Li que a maioria também é católica.
Certo?

Anônimo disse...

Eu abortei aos 20 anos, uma gravidez acidental. Queria muito ser mãe e foi muito difícil tomar a decisão de abortar quem viria a ser meu filhinho, mas preferi ainda assim a abortá-lo do que mantê-lo.
Ainda não estou pronta, não tenho dinheiro nem pra me cuidar, e sentir na pele a possibilidade de ser excluida e condenada pela própria família por engravidar nova é horrível. Meu namorado me acompanhou durante todo o processo e foi um amor e me apoiou e apoiaria fosse qualquer a MINHA decisão. Porque ele sabia que o peso dos milhares de julgamentos alheios e o peso da criança estariam sobre e sob o MEU corpo.
Após abortar, clandestinamente e com muito medo (ainda bem correu tudo muito tranquilamente), levei muitos meses chorando e sem conseguir receber carinhos do meu namorado, que ainda foi muito paciente e compreensivo.
Em breve faz um ano que abortei, não me arrependo. Sei que futuramente serei uma mãe muito melhor do que estaria sendo agora. E meu namorado e eu continuamos juntos nos amando e fazendo planos.

Aconteceu assim e não importa o que os anti-aborto digam, foi o melhor a ser feito. Meu corpo não é problema de vocês, muito menos minha felicidade.

Ághata disse...

Não concordo em chamar de parasita - não acho que seja uma analogia apropriada nem de longe, mas enfim.

Primeiro, vou desfazer uns enganos: 1º quem disse que as mulheres não são punidas pelo aborto de anecéfalos? Desculpe aí, mas a informação está equivocada. Aborto de anecéfalos é crime, sim! Tanto que para interromper a gravidez, é necessário entrar na justiça e fazer o pedido (com o argumento de que é uma gravidez de risco, que a vida da mãe está em risco e que, em função da anecéfalia não há vida intrauterina etc); 2º aborto em caso de estupro só é crime porque, numa sociedade patriarcal, nenhum pai ou marido quer registrar e ver um filho de estuprador como seu herdeiro. Não tem nada a ver com empatia pela mulher ou pelo fato dela não ter escolhido voluntariamente o sexo. Lembrem-se que, no âmbito penal, não era considerado estupro quando o marido forçava a esposa até uns anos atrás.

Alice, veja só, você pode até achar que um embrião é um indivíduo e uma vida. Esse, por exemplo, é o posicionamento da igreja - e a Igreja tem licença poética, não é mesmo?
Já eu acho uma grande forçada de barra afirmar que um embrião é um indivíduo e uma vida - principalmente dependendo do estágio da gravidez. Porque da concepção até o nascimento vai uma looonga estrada. E, pelo que a gente sabe, a gestação é o início, o desenvolvimento, quando a pessoa está formada, ela nasce ou está apta a nascer. (E acho que no fundo a maioria das pessoas pensa assim, ou aniversário seria o dia da concepção e não o do nascimento.)

Concluindo, não dá pra dizer que um embrião, que, fora da barriga da genitora não consegue prosseguir com o desenvolvimento, é uma vida.

Tanto é assim que as religiões só dizem que o embrião é uma vida porque é dotado de 'alma' - já mencionei a licença poética, não é mesmo?

Alguém consegue me dizer quantos casais perdem a criança durante a gestação, a enterram e colocam na lápide "José Maria Braga ou Maria José Braga - concebido(a) em 02/05/2010. Falecido(a) em 07/08/2010."?

Não vou nem entrar no mérito do direito sagrado sobre o seu corpo que todas as mulheres deveriam ter (e não é só quando falamos em aborto que essa ausência de autonomia evidencia-se).

aiaiai disse...

Perfeito o post. Sem tempo para ler todos os comentários, só vou deixar um pensamento maluco que ficou na minha cabeça enquanto lia o texto: será que se a mulher, ao se masturbar, "jogasse fora" espermas, como os homens o fazem, seria proibido por lei mulheres praticarem masturbação?

Anônimo disse...

A Aline acima não sou eu.Eu sou a anônima que mostra o nome.

Caso queiramos desenvolver uma sociedade que cultua e respeita o ser humano,devemos combater essa lei irracional e arcaica segundo a qual mulheres que abortam são assassinas,e,garantir um aborto responsável,digno,seguro para as moças que vivenciam tal realidade.

Antes de ser um caso de saúde pública,representa um direito feminino de posse;posse sobre si mesma,senhora de si.

Direito à vida?

Por que há concessão em casos de Anencefalia do feto?
Porque ele não é esperado.

Por que um óvulo fecundo pelo espermatozóide de um estuprador pode ser eliminado?
Porque não é desejado.

Percebam como a própria Constituição possui um fundamento quebradiço.
A oca opinião popular segue essa mesma descendência.

Para complicar ainda mais,é necessário o aval da Justiça nesses casos.E,majoritariamente,o processo demora e explode o tempo em que pode se abortar,pois o ato é tão satanizado em nossa cultura.

Segundo a Organização Mundial de Saúde 20 milhões dos 46 milhões de abortos realizados anualmente são feitos de modo ilegal,resultando na morte de,pelo menos,80 mil mulheres,vítimas de infecções,hemorragias,danos uterinos e efeitos tóxicos de agentes usados na indução abortiva.

Pró vida?Rá,rá,rá.

A moral social é contruída conforme as necessidades sócio-políticas.

Aristóteles o defendia,para manter a estabilidade populacional.Platão idem.

Sócrates aconselhava às parteiras que facilitassem a prática para as mulheres que assim desejassem.

A surpresa:nem sempre a Igreja inadequou a idéia;São Tomás de Aquino era bastante complacente;foi em 1869 que os católicos rejeitaram o aborto.

Pró-vida?


No século XIX sua criminalização
absorveu-se rapidamente,em especial nas classes pobres.Porquê?
Ora,precisava-se de mão de obra.

Pró-vida?

Por conta da matança desenfreada na Primeira Guerra Mundial,para compensar,o aborto foi condenado.

Pró-vida?

Após a ascensão de regimes fascistas as leis antiaborto tornaram-se draconianas.Mas qual a finalidade?A valorização do ufanismo.Criar filhos para a pátria.

Pró-vida?

As sociedades que utilizavam-se(e ainda utilizam) de tal argumento,na verdade,usam de um subterfúgio para torná-lo maldito.É uma justificativa para garantir a propriedade paterna sobre um herdeiro.

Aqui entram as religiões,pois elas incutem um temor mortal na mente das pessoas,portanto,um modo eficaz de política.

E essa questão do anticoncepcional,uma curiosidade sobre minha mãe;mas é um pouco independente do assunto,pois ela disse que não queria abortar(e é favorável);queria ter 2rebentos,mas por causa das pílulas de farinha,teve 4.

ALINE

Bia disse...

"mulher NENHUMA no mundo passa por um aborto sem sofrer horrores" (Lanika).

Vamos escolher o almoço do dia.
Virar à esquerda ou à direita? Esperar sentada ou em pé. Estou grávida, terei um filho ou não?
Simples assim.
Simples?

Once upon a time uma mulher que soube, sã, do fato do feto, simplesmente fez. E na cabeça vazia de dúvidas jamais pairou o inevitável "E se..?". E no labirinto onirico da noite jamais recordou a dor. Ela e o seu vazio, enfim, viveram felizes para sempre.

Nenhuma mulher, quando pensa na materndade, sonha acordada com o dia em que fará um aborto. E não penso apenas estupros, má formações, adolescencia, miséria. Penso na mulher média, sem grandes aquisições mas não desamparada. Penso na mulher que não ama o pai do filhe que espera, com quem terá de criar um vínculo eterno. Penso na mulher que decide sobre seu próprio corpo, muitas vezes com apoio incondicional do parceiro, a quem ama, sabendo que essa decisão tão sua talvez não fosse tão dele. Penso em quando ha vontade de levar a gestação a diante e não ha possibilidade. Em quando se espera por uma segunda chance.
Aborda-se a postura de quem opta pela interrupção da gravidez como se ela escolhesse o almoço do dia.

Como se fosse simplesmente o sim ou não.

Anônimo disse...

Que frase terrível: "O corpo é dela. Então tem um ser dentro dela que não é mais do que um parasita."
Se não tivesse lido aqui, não acreditaria que uma mulher (a tal Laura) disse essa frase (e a Lola achou excelente).
A sorte da Laura é que a mãe dela não a considerou como "um parasita", nem fez "a escolha" por matá-la.
Pensaria que o autor da frase é Josef Mengele. Ele tratava os seres humanos presos nos campos de concentração nazista como "peças descartáveis" para "experiências".
Não é o corpo dela. São os corpos (no plural). O dela e de seu filho ou filha.
Ela tem corpo formado. Como cidadã e como mulher deve ter direitos que a protejam.
Ele ainda está em formação. É justo que também tenha direitos legais, para começar o direito de nascer.
Ou um ser humano formado deveria ter mais direitos que outro ser humano, só por não ser formado?
O direito de escolha (direito de matar o descendente) é mais importante que o direito de nascer (viver)?
Não deveria o direito, numa relação mútua, proteger a parte mais fraca?
E sim, quando a vida da mãe está em risco, a lei permite o aborto, é o caso da gravidez tubária (ocorreu com uma parente minha). Trata-se de flexibilização da lei.
Quer dizer que a mulher não precisa dar sua vida para o bebê nascer, por obrigação legal, embora muitas façam isto (morrer no parto de risco).
Feto sem cérebro idem, equivale ao bebê que "nasce morto" (esta expressão é estranha, mas existe e o governo tem até estatística para registrar isto).
Neste caso não foi a mãe ou o médico que matou o bebê, ele já estava morto, dentro da mãe.
Da mesma forma, acontecem abortos acidentais. Um tombo ou um remédio com restrição para gestantes podem matar um feto.
O que a lei não permite é uma liberdade geral, em que um simples "não estou a fim de filho agora" vira motivo para abortar.
Se aborto e abandono do bebê são crimes, não é crime entregar a criança para o Juizado de Menores, que encaminha para adoção, dispositivo que ainda é muito burocrático no Brasil.
Frases assim parecem os abortistas dos EUA que se referem ao feto como "it" (isto) e não como "he" ou "she" (ele/ela) ou simplesmente "the baby" (o/a bebê).
Encaram com uma "coisa" e não como "alguém", um humano.
Para a biologia, parasita é uma espécie que se aloja em outra, prejudicando-a ao sugar-lhe nutrientes, o que configura doença. É diferente da maternidade, onde a mesma espécie hospeda seu descendente.
Gravidez não é doença. É um processo orgânico natural, que pode ter riscos.
Não é parasitismo, é uma nova vida. É o mecanismo de continuação da espécie humana.
Não é um parasita, é um feto humano, um ser vivo que não pediu para ser gerado.
Que não sabe se "papai e mamãe" o geraram de propósito ou por acidente, se pretendem criá-lo ou não.
Se os pais humanos (homem e mulher) tivessem a sensibilidade que algumas espécies irracionais têm (em dar a vida pela cria), não precisaríamos de interferência estatal nem de leis para proteger o feto.
Daniel, se a célula-ovo (1a célula) tem toda a carga genética humana, qual a razão de achar que o feto não é um organismo humano?
A tal frase da Laura é de uma frieza revoltante, ao chamar um bebê de parasita, tanto do ponto de vista científico (na biologia) quanto do social, considerando a sensibilidade que os seres humanos deveriam ter.
(assinatura OpenID falhou, vou deixar o nome)
Charles.

Oliveira disse...

Aborto é assassinato de criança e ponto final. Quem tem filho sabe disso; não está aberto a discussão de incompetentes.
Em tempo: a culpa não é só da mulher, mas dos dois pilantras em conjunto.

Fabiane disse...

Eu conheço pelo menos umas 5 mulheres que engravidaram mesmo tomando pílula certinho. Minha mãe é uma delas.

Unknown disse...

Charles, tá Wikipedia:
"Parasitas são organismos que vivem em associação com outros aos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo."
É isso que acontece numa gestação, sinto muito se te chocou.

Unknown disse...

Recomendo:
http://www.youtube.com/watch?v=XbSUP0G5_Y0

Oliveira disse...

Fabiane:

Relação sexual, antes de prazer, é uma forma de procriar. Isso quer dizer: se não quer ter uma criança, não se meta.

Maria Júlia disse...

"A culpa é dos dois pilantras". Mas que gente mais intolerante!

Comparar o aborto ao assassinato é uma estupidez. Aborta-se quando o "ser" é algo que não pensa, não sente, não faz NADA. Dizer que isso é o mesmo que assassinato é ridículo. Mostra desconhecimento da biologia, inclusive.

No mais, o instinto materno, o amor materno, não é algo natural. Se fosse natural, todos os animais teriam, e não é isso que vemos, né?

Trecho do livro "Um amor conquistado - o mito do amor materno", de Elisabeth Badinter:

“Mais precisamente, os defensores do amor materno ‘imutável quanto ao fundo’ são evidentemente os que postulam a existência de uma natureza humana que só se modifica na ‘superfície’. A cultura não passa de um epifenômeno. Aos seus olhos, a maternidade e o amor que a acompanha estariam inscritos desde toda a eternidade na natureza feminina. Desse ponto de vista, uma mulher é feita para ser mãe, e mais, uma boa mãe. Toda exceção à norma será necessariamente analisada em termos de exceções patológicas. A mãe indiferente é um desafio lançado à natureza, a a-normal por excelência.”


Durante muito tempo, as mulheres "davam" seus filhos para amas de leite, e só tinham eles de volta depois de muitos anos. Não há amor nessa relação, ele não se desenvolve, e as mães não pareceram se importar muito com isso. Além do mais, há sociedades indígenas em que a mulher tem o filho e logo volta a seus afazeres, ficando para o pai o papel que, em nossa sociedade, seria da mãe.

Maria Júlia disse...

Meu, e quem diz "ai, não quer ter filho, não transa" é ridículo, é pq ou é homem, ou tem muita sorte e não engravidou.

Camisinhas podem estourar, a pílula pode não funcionar, existem n motivos para alguém engravidar sem querer, e agora vem me dizer que quem não quer ter filho, que não transe?

Que pequenez de pensamento, cruzes.

Letícia disse...

A direita quer que o Estado deixe que eles ganhem dinheiro e gastem esse dinheiro em paz. Ponto. Liberalismo acaba aí. Os homens de direita derrubaram o seu deus pra permitir a propriedade privada, mas nunca farão o mesmo pra libertar as mulheres, pq mulher livre é prejuízo, é competição no mercado de trabalho, é redução da mão de obra (pq menos filhos nascerão), é ter que perder o tempo que seria gasto nos negócios e na farra pra "ajudar" um pouco em casa.

Sim, eu ODEIO homens de direita. Odeio a forma como eles usam "deus" pra justificar o controle das mulheres, ou o quanto é "errada" e condenável a homossexualidade, mas cagam e andam pra qq coisa qdo se trata de defender os direitos deles mesmos.

Eu sou totalmente a favor do aborto, tb. Confesso que fiquei um pouquinho chocada com a comparação do bebê a um parasita, rs... mas tb acho que essa história de amor maternal, de vocação da mulher pra mãe é uma grande bobagem construída culturalmente. Eu não tenho vocação alguma pra mãe e duvido que algum dia vá ter. O mais engraçado é que, quando falo isso, percebo que quase faço sirenes dispararem: não duvido que alguém a quem eu tenha contado isso tenha ido fazer uma prece por mim, do tipo "perdoa essa menina, ela não sabe o que faz". Sei, sim. Gosto de crianças, gosto de quem gosta de crianças, gostaria até de ser professora... mas não da ideia de ter um filho. E pq alguém sempre tem que repreender quem não pensa como a maioria?

E pra quem diz q quem é a favor de aborto não se importa com a criança, fica sempre o velho argumento: o q é melhor, uma criança q não nasceu ou uma q nasceu e tem q conviver com um ambiente familiar q não a quer, não a ama? Pq não conseguir amar alguém não é nenhuma monstruosidade...

Rafaela Ventura disse...

comentei lá no início e voltei pra ver os comentários, e o circo tá pegando fogo.
É engraçado como só de ler o início do comentário você já sabe que aquele anônimo é homem, né?
O aborto É um direito individual da mulher. Quem não enxerga isso está completamente contaminado pela moral católica que dita as regras no Brasil desde o início dos tempos. Quando eu disse no meu comentário que é simples assim, não estava dizendo que é uma escolha fácil, ou que não é um processo extremamente doloroso. Não é como decidir virar à esquerda ou à direita. Mas que é simples saber de quem é a escolha. Da mulher. e de mais ninguém. Só dela. Ela que vai arcar com as consequencias da maternidade. E com as consequencias do aborto. Sou médica e já vi o desespero de tomar essa decisão nos olhos de inumeras pacientes. E já vi como são tratadas as mulheres que chegam aos hospitais com um aborto em curso, ou pra fazer uma curetagem pós-aborto. Como criminosas. è como se a vida dela fosse desimportante. Nos países onde o aborto é legalizado não são feitos mais abortos. Só morrem menos mulheres

aiaiai disse...

Eu não sou de alimentar troll, mas to morrendo de curiosidade. Diz pra mim, Oliveira:a mulher que não quer engravidar, não deve se meter a fazer sexo. OK, entendi.
Mas, e o homem q ñ quer ter filhos? Ñ faz sexo ou só faz sexo com outro homem? O que você acha melhor?

lola aronovich disse...

“Aborta-se quando o 'ser' é algo que não pensa, não sente, não faz NADA”.
Ô Maria Júlia, agora vc me confundiu: vc tá falando de embrião ou de troll?


Excelente comentário, Laeticia: “Os homens de direita derrubaram o seu deus pra permitir a propriedade privada, mas nunca farão o mesmo pra libertar as mulheres, pq mulher livre é prejuízo, é competição no mercado de trabalho, é redução da mão de obra (pq menos filhos nascerão), é ter que perder o tempo que seria gasto nos negócios e na farra pra 'ajudar' um pouco em casa.”

lola aronovich disse...

Rafaela, eu tive a mesma impressão: só de ler o comecinho do comentário já dá pra saber se é escrito por homem. Aquela imagem que eu coloquei no post é bem eloquente sobre como os homens lidam com o aborto: 77% dos líderes anti-abortistas são homens. 100% deles nunca ficarão grávidos.


(E muitos outros comentários aqui tb estão ótimos! Pena que tenha esses do não quer ter filhos? Não faça sexo).

Oliveira disse...

Maria Julia:

Você acha estupidez porque não é você que está indefesa no ventre e leva uma agulhada covarde e mortal.

Oliveira disse...

Aiaiaiai:

Eu disse que OS DOIS devem ser responsáveis. Isso que dizer não ficar copulando como cachorros irresponsáveis. Só isso.

Entendeu?

Anônimo disse...
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Michelle Silva Toti disse...

Esse assunto é muito complicado para mim. Como alguém disse anteriormente, não me considero feminista justamente por este assunto. É muito complicado para mim. Sempre quis ser mãe quando me formasse e tivesse condições financeiras, não queria passar por todas as dificuldades que a minha mãe. Mas aconteceu, eu não tomei o remédio direito e engravidei, com 23 anos, começando a faculdade. Minha família e a do meu namorado eram extremamente religiosas. Para minha mãe, que deu sua juventude para não termos a vida que ela teve, seria especialmente doloroso. Para mim não havia opção, não passou pela minha cabeça "tirar" o meu filho de mim, matá-lo. Foi difícil contar. Minha mãe ficou muito triste, achando que eu não conseguiria mais estudar e sofreria como ela. Financeiramente foi bem complicado. Mas, nossa. Jamais, em tempo algum pensei que seria melhor não ter acontecido.
Todas as mulheres que eu conheci, que abortaram, não vivem bem com essa decisão, pensam nisso o tempo todo. Por outro lado, a sociedade também discrimina quem entrega seus filhos para adoção.
Consigo ter empatia por mulheres extremamente pobres, que caem em desespero ao saber da gravidez. Mas, sinceramente, não consigo achar o aborto uma opção.
E também acho que ao dizer que a mulher tem direito de escolher não ter o filho, pq atrapalharia seus planos, e ela não quer. Parece que tenho que admitir o contrário também: o homem pode não querer assumir o filho. A camisinha estourou, ele não foi irresponsável, etc...
Te admiro Lola na maioria das sua idéias, mas essa é realmente difícil p/ mim
bjo

lola aronovich disse...

Anônima das 18:18, adorei seu relato sobre o aborto. Posso deletá-lo daqui e publicá-lo como guest post na semana que vem?


Michelle, leio a sua história como uma opinião pessoal, e respeito totalmente. Vc, como tantas outras mulheres, teve uma gravidez indesejada. E pra vc nem passou pela cabeça abortar, apesar de todas as dificuldades em ter o filho. Não vejo vc querendo impor a sua escolha para todas as mulheres, ao contrário do que fazem os homens anti-abortistas que aparecem chamando as mulheres que abortam de pilantras e vagabundas.

Unknown disse...

Maternida é uma opção!
Que a paternidade tambem seja!
Que nenhum homem seja preso por não assumir um filho indesejado!
Que nenhum homem seja privado de ser pai pela mulher que optar pelo aborto!
que o homem e a mulher decidam!
VIVA AOs DIREITOS IGUAIS!
Abaixo aos reaças!

Unknown disse...

Ah tempo: Quem esses reaças de plantão pensam que são para falar sobre aborto?
Esqueceram que aborto é coisa de mulher?
Os homens não tem nada a ver com gravidez e aborto!
Isso é assunto de mulher!
Aos homens cabe se subordinar a decisão delas!
Ser um pai contra a vontade se a mulher quiser o filho e ele não.
Ou não ter direito a paternidade se mulher não quiser o filho e ele quiser!
Que a mulher decida e o homem se submeta!
Esses pro vida viu!O feto é só um parasita!

Unknown disse...

Espero que alguém leia isso antes de ser deletado... ui...

Isabela Campoi disse...

Lola, é tão importante falar sobre isso: que bom ler tantos comentários e depoimentos interessantes aqui.

Michelle, vc fala que não se considera feminista por ser contra o aborto. Eu sou contra o aborto, mas favorável a legalização. Percebe a diferença? Por princípios filosóficos e espirituais, jamais abortaria, mas luto pelo direito das mulheres que optarem pelo aborto, que o façam com segurança e dignidade. Eu não posso aceitar que uma posição individual e pessoal, seja imposta às outras mulheres. E sabemos que a criminalização não impede que muitas mulheres abortem anualmente no Brasil. O grande problema é que outras tantas perdem a vida por complicações causadas por abortos mal feitos. Quase sempre são mulheres pobres, já que é caro abortar em clínicas melhores assistidas.
Pense nisso...

Cintia disse...

Dizer que uma mulher que engravidou sem planejar 'nunca' pensou em abortar é tão absurdo que parece que essa pessoa nunca ficou grávida pra saber da ambivalência que vivemos.

Cintia disse...

Sabe, eu participo de muitos grupos de mães. Muitos.

Já li e ouvi tantas histórias, tantas histórias, que não dá pra contar mais. A quantidade de homens-pais solteiros é desconcertantemente menor do que de mulheres-mães solteiras.

A quantidade de pais que não assumem é estrondosamente grande. Eu nunca NUNCA ouvi falar de uma mulher que abortasse mesmo o pai implorando pra criar o filho SOZINHO. E quando tem esse tipo de caso, sai até em jornal.

É desleal comparar os (minguados) casos de mulheres que não quiseram ter o filho mesmo contra o pleno e irrestrito suporte do pai dos MILHARES de casos de pais que abandonam as mulheres.

Cajueiro disse...

Alguém precisa chamar o Sergio Léo de volta de Davos. Oliveira, o canalha da redação, está à solta...

Michelle Silva Toti disse...

Lola, obrigada. Realmente é só minha opinião pessoal e não quero impor nada a ninguém. Respeito muito as decisões alheias, assim como quero que as minhas sejam respeitadas.
Isabela, obrigada também. Então sou uma feminista........rs.
bjo

Isabela Campoi disse...

Que bom Michelle! Então somos duas!

Maria Júlia disse...

Hahaha, podia dar pra abortar os trolls!


Nossa, eu ri alto com isso aqui:

"Maria Julia:

Você acha estupidez porque não é você que está indefesa no ventre e leva uma agulhada covarde e mortal"

Ó, a agulha covarde e mortal!

Criatura, o ser que vai levar a "agulhada covarde e mortal" não tem nem noção do que é oxigênio. No momento da agulhada malvada ele não tá nem aí pra isso, não tá nem aí pra nada, não é um ser autônomo, não tem vida própria.

Se for assim, não podemos tomar banho, porque ao passar uma esponja pelo corpo tiramos várias células dele...

Aí alguém vai dizer: ahhh, mas e se vc não tivesse nascido? Como se sentiria?

Eu não sentiria NADA, pq eu NÃO TERIA NASCIDO. Olha só!

lola aronovich disse...

Pois é, Michelle e Isabela. Mulheres, só por serem mulheres e entenderem umas as outras (apesar do que prega o senso comum e a mídia, que mulher é só rival, que mulher não tem amigas etc), conseguem ser mais flexíveis no assunto da legalização do aborto — mesmo quando são pessoalmente contra o aborto. É como vc, Michelle (e muitas mulheres): apesar de vc, individualmente, nem pensar em fazer um aborto, vc compreende que a sua opinião é pessoal, e que não seria justo impô-la a outras mulheres. Vc não quer que a sua opinião pessoal seja lei para todo mundo, apenas pra vc. É uma atitude totalmente diferente da dos homens anti-aborto, incapazes de se colocarem no lugar da mulher. Não é à toa que 77% dos líderes anti-aborto sejam homens... Mulher consegue ser pessoalmente contra o aborto mas socialmente a favor da sua legalização. Mas, em geral, homem não consegue fazer essa abstração. “Sou contra e ponto final”, ou “Aborto é assassinato de crianças e não tem discussão”, são as frases democráticas e abertas ao diálogo que tanto ouvimos deles.

lola aronovich disse...

Ártemis, é verdade. Se a gente parar pra pensar em quantos homens conhecemos que pedem que a mulher faça aborto, que somem assim que a gravidez é comprovada, que negam a paternidade (e teste de paternidade é caro, ou por que vcs acham que mulheres pobres apelam a programas de TV em troca desses testes? Porque querem aparecer ou porque precisam forçar o possível pai a fazer o teste?), que não pagam pensão pros filhos (e nunca vão presos!), etc etc, contra os casos de homens que, tadinhos, imploram pra parceira não abortar, porque eles sim garantem a criação dos filhos, bom, é piada. Não é uma comparação viável. Pra ser franca, eu não lembro de já ter ouvido o segundo caso, a não ser na ficção (filmes, livros). Ah sim, tem muitos desses homens frustrados em grupos anti-aborto nos EUA. Suas parceiras engravidaram sem desejar, falaram que iriam abortar, o cara disse que não, jamais, por favor não, eu fico com a criança e crio sozinha, e a mulher, aquela víbora, foi lá e abortou de qualquer jeito. Estranho que, na vida real, um caso desses seja raríssimo, mas em grupos anti-aborto, é praticamente a maioria dos homens! Tem muito homem que faz de tudo pra acreditar que o que os homens mais querem numa gravidez indesejada é ser pais, enquanto as mulheres, aquelas insensíveis que insistem que o corpo é delas, destroem os sonhos paternais. Imagino que assim os homens se sintam menos culpados. Se bem que não sei: homem se sente culpado? Tipo, a maior parte dos homens NÃO paga pensão pros filhos. Esses homens sentem culpa?

Erika disse...

O grande problema é que as pessoas vêem a gravidez como um castigo à mulher por ela ter transado. Mulher não tem o direito de transar, não tem o direito de ter prazer e de se divertir com seu corpo; isso, segundo as cabecinhas majoritárias, é privilégio dos homens, ora! Azar o das mulheres, só resta lamentar e parir caladinhas sempre que não quiserem ou então que não transem, simples assim, deus quis assim, a natureza quis assim, ou seja lá que outro "ser" especial e poderoso tenha desejado assim!

Uma das coisas mais comuns que ouvimos quando uma mulher diz estar grávida e não desejar a gravidez são comentários do tipo: "Abriu as pernas porque quis", "bem feito, na hora de fazer gostou, agora aguenta"! São comentários que deixam claro o REGOZIJO da sociedade em ver uma mulher sofrer ao ter que levar adiante uma gravidez indesejada, ou seja, uma mulher sofrendo porque transou! No final, é apenas isso.

E aqueles "humanistas" que se importam tanto com o feto, que ainda não é quase nada, por que não se compadecem com o sofrimento da mulher? Com a tortura psicológica e física que pode ser uma gravidez?Ela não é um ser humano tbm? Que tipo de qualidades faz com que o feto ocupe uma posição hierárquica superior ao do ser humano que o carrega?

Jose Guilherme disse...

Lola,

Vou te corriger só numa coisa. De fato não é ainda legal abortar se for um feto anencefálico !

Os conservadores querem que a mulher leve até o máximo a gestação para que o fetinho sem cérebro (ou seja um futuro eleitor deles ... se tivesse futuro) possa morrer somente quando Deus assim ordenar. Se a gestação fúnebre durar 9 meses melhor na cabeça deles. A saúde mental e física da mulher... ? Nenhuma consideração. É um útero ambulante para eles.

Calor Humano disse...

Sou a favor do aborto mas sob a condição de que seja o feto a decidir.

Oliveira disse...

Cajueiro:

Se eu sou canalha porque estou defendendo a vida e a responsabilidade, você é o que?

Oliveira disse...

Calor Humano:

Você é puro calor humano.

Vivian S. disse...

Gente, a questão é simples. Ninguém vai sair as ruas com faixas dizendo ABORTE VOCÊ TAMBÉM! Ninguém aqui luta para que as mulheres façam abortos. A luta é outra: é pela oportunidade de decisão.
As pessoas que costumam opor-se ao tema sempre usam argumentos como "fazer sofer", "matar", "maltratar", "assassinato". Bem, eu acredito que muitas dessas pessoas apliquem aos seus filhos castigos físicos, como palmadas e chineladas. Dizem que "o Estado não tem o direito de se meter em como crio meus filhos", mas ao mesmo tempo, "o Estado tem direito de se meter nas consequências das minhas relações sexuais".
Muito contraditório. Não queremos expor o aborto como uma prática ordinária, simplista. Queremos estimular a consciência crítica das mulheres, que são oprimidas a aceitar como verdade incontestável que nasceram para ser mães. Nem vale entrar nos méritos de "se não quer engravidar, não faça sexo".
Certa vez disse a minha mãe que caso ela não tivesse filhos, seria um grande desperdício de vocação materna. Ela realmente tem isso. Vejo isso nela de uma forma que não vejo em outras mulheres.
Semana passada estava na piscina do meu condomínio(de classe média) observando como uma mãe tratava os seus filhos (de classe média). Perguntei pra minha mãe depois disso "é assim que mães devem tratar crianças, com rispidez, grosserias?" Pois não é.
Ninguém é obrigada a ser mãe. Muitas tomamos atitudes contra isso (métodos anticoncepcionais), mas ainda assim pode acontecer. Que a luta pelo direito de decisão não seja vista pelos reaças como uma luta pelo massacre de criancinhas.

Oliveira disse...

Vivian:

Se você for chamada de vagabunda, retardada, ou horrorosa é uma humilhação terrivel,mas se alguem te matar sem direito mínimo a defesa é infinitamnete pior, ou não é? É muito errado ofender ou maltaratar uma criança, como muitas mães fazem, mas...

Você está usando pesos e medidas iguais para coisas diferentes.

Vivian S. disse...

Oliveira:

Eu entendo sua opinião mas, discordando dela, meu papel nesse fórum é mostrar para ti os argumentos que me fazem ser contrárias a ela e torcer para que, se possível, você se junte a mim nesse sentido.
Não creio que eu esteja usando dois pesos e duas medidas para coisas diferentes simplesmente porque sou partidária daquela idéia de que até as 12 primeiras semanas de gestação, o feto ainda não pode ser considerado um ser humano com vida, vez que não possui sistema nervoso e cérebro.
Mas a questão é complicada, eu admito. Só tente refletir em cima disso, como estou tentando refletir em cima das suas opiniões. Ninguém tem a razão, não é mesmo?

Oliveira disse...

Vivian:

Dentro da sua teoria das doze semanas, (teoria porque ninguem, tem certeza) você teria alguma razão, mas quando se sabe o que é o amor por um filho isso é bem diferente.

Na minha juventude, uma vez, por desespero, eu pensei em aborto por causa de uma gravides fora de hora. o aborto não aconteceu. Depois eu acabei tendo filhos, algo mudou dentro de mim e me arrependo, profundamnete, de um dia ter pensado nisso. Seria uma covardia e uma crueldade terrível.

EneidaMelo disse...

Bom, eu sabia que uma hora esse post ia chegar.

Tô adorando o seu blog, me considero de esquerda, cada vez mais feminista, mas aborto realmente é o ponto de discórdia.

E aí vou tomar a liberdade de pedir pra gastar o seu tempo. Porque eu realmente queria entender o ponto de vista de quem defende o aborto. Eu prometo sinceramente tentar entender o seu (e o da maioria por aqui) ponto de vista. Mas eu li o post e continuei não conseguindo concordar. Se você puder contrapor ao meu ponto de vista, te agradeço muito.

"A questão inteirinha do aborto é uma questão sobre o controle do corpo da mulher."

Discordo. A questão é sobre quando começa a vida, e o direito a permanecer vivo.

"Um embrião passa a ser muito mais importante que a mulher que o sustenta e carrega."

Discordo. As vidas de 2 seres humanos se equivalem. Portanto, o embrião é tão importante quanto a mãe, e não mais importante.

Vou incluir os argumentos da Laura, já que entendo que você assina embaixo.

"Na verdade, (...) o que importa é que a mulher não faça determinadas coisas. Se fizer, vai ser punida com a gravidez pela sua 'irresponsabilidade'."

Olha, sou totalmente a favor da liberação sexual. A mulher dá o que é dela pra quem ela quiser, na hora que quiser, pelo motivo que quiser. Mas sim, toda liberdade deve vir acompanhada de responsabilidade. Que responsabilidade? A de se prevenir, utilizando métodos anti-concepcionais.

Quanto ao argumento de que anti-concepcional falha. Até o mundo mineral sabe disso, mas assumimos o risco, porque afinal sexo é bom à beça. Assumir o risco implica em viver com as conseqüências que podem vir ou não.

À parte isso, penso que assumir que a pesquisa concluiu errado e que você (Laura) é que concluiu certo é um argumento bastante falho. A sua conclusão é baseada em quê? Na quantidade de gente que você conhece (universo próprio) que te disse que acredita que fez tudo certo e deu errado? Eu não poderia alegar que, no meu universo próprio, conheço muito mais gente que já esqueceu de tomar às vezes, que já tomou atrasado, etc (quase todas as minhas amigas, inclusive eu), do que as que eu conheço que tomaram certo mas deu errado (apenas uma, numa circunstância bem especial)?

Anticoncepcional falha sim, mas não vejo as evidências que você vê de que seja tanto assim.

E outra. Se pra você, é inadmissível ter filhos, combine métodos. A chance de falhar cai absurdamente.

Célia disse...

Eu sou a favor...e já entrei em debates...nos bons tempos de uma comunidade de Filosofia no orkut...ali tive a noção do qto é complicado assumir ser a favor do aborto..nunca fiz..tenho uma filha e já tive um aborto "espontâneo", mas já pensei em fazer, num desses sustos q os métodos anti provocam (e o mais apavorante não foi em decidir pelo aborto, mas sim encarar a clandestinidade e o perigo)...as aspas no espontâneo, são só p abrir um parenteses...é alto o nº de mulheres q abortam espontaneamente ou acidentalmente ( as clássicas quedas de escadarias tão utilizadas nas novelas p q a personagem " se livre" do bebe, q atrapalharia a trama)..e eu questionava o qto o não desejar um filho pode inconscientemente provocar um aborto..ou a infertilidade...?!?!
É polêmico, mas me irrita profundamente a hipocrisia daqueles q são contra (homens e mulheres)...mas q não pensam 2x qdo o caso envolve suas vidas particulares e muitas vezes forçam mulheres a fazê-los...
São duas vidas (?!?!)...mas não são duas histórias...

Letícia disse...

Obrigada pelo elogio, Lola.

Deixa eu falar uma coisa que vai fazer cair o c* dos trolls, mas enfim: tenho certeza que boa parte dos abortos não seria desejável (ou necessária), não fossem os HOMENS. Sim, vcs, amiguinhos. Primeiro: desculpem, mas só vcs são capazes de estuprar e, com isso, engravidar uma mulher (pronto, daqui a pouco alguém vem fazer mimimi pq não é estuprador, isso é uma injustiça, etc). Segundo, se fosse certo para a mãe que teria apoio do pai depois do nascimento da criança, não apenas financeiro mas psicológico e, principalmente, divisão total das tarefas que envolvem cuidar do bebê, tenho certeza que muitas pensariam mais antes de abortar. Mas fazer o quê? A maioria vai lá, bota seu pintinho e acha que a contribuição acabou. (E depois vêm dizer que a culpa é nossa por ter dado... tá de "brinks", né.)

Sacode a Sapucaia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Liliane disse...

Eu tenho 2 filhos, eu nunca fiz um aborto, nem perdi uma gravidez... Tenho amigas que perderam gravidezes e as vi sofrendo físicamente e pscicologicamente por causa disso. Acho que ninguém, pelo menos não que eu conheça defende o aborto como método anti-concepcional. Mas sim como OPÇÃO de último recurso quando todas as outras falharem...
Acho Eneida que vc não tem que fazer um aborto se não quizer mas o fato de vc achar que é impossível se identificar qual é o momento em que começa a vida só deveria ser condicionante para vc e para quem partilhar desse sentimento ou seja uma opção sua. Acho temerário fazer uma lei e criminalizar a mulher por um entendimento que me parece muito subjetivo...
Falar em sexo seguro e responsável é muito relativo pois as mulheres que morrem aos montes não são as mulheres que tem dinheiro para comprar anticoncepcional e segurança e informação suficiente para usar e exigir uso de camisinha ou pagar um aborto seguro se assim quiserem... Quem toma citotec e se fura com agulhas não são essas mulheres e sim outras desinformadas e pobres e desesperadas o suficiente para chegar a esse ponto. Então acho que a questão do aborto não é só o direito sobre o corpo, nem o momento em que começa a vida. A questão do aborto é sim garantir a uma mulher que já decidiu o que quer, uma chance de sobreviver ao aborto que ela vai fazer de todo jeito. Por que acho todo esse resto é uma questão de cunho pessoal e religioso e nossos conceitos pessoais não podem nem devem influenciar a decisão e direito do outro. E para finalizar se os pais podem responder judicialmente por seus filhos menores, não vejo o sentido de usar uma lei como voz do feto para garantir que a voz da mulher seja calada na hora em que ela mais precisa ser ouvida.

Adwilhans disse...

Achei muito interessante um comentário da Michele Todi, que parafraseio: ao se considerar a continuidade ou interrupção da gestação um direito absoluto da mulher, haveria o direito correlato do homem de também não querer o eventual filho resultante. Eis algo a se pensar, e que reforça o que sempre pensei quanto ao assunto: a mulher deveria ter o direito a decidir, pois é ela quem carrega o bebê, mas o homem deveria ter o direito à ciência da decisão, isto é, o esposo/companheiro deveria ser informado que o aborto ocorreu.
Sei que muitas dirão que isso implicaria numa perda da liberdade absoluta, que o homem poderia cercear a determinação da mulher, etc, etc, mas acho uma sacanagem o cara não ficar sabendo que sua mulher esperava um filho e interrompeu a gestação. Quando a gestação é mantida, ele sempre vai ficar sabendo, mais cedo ou mais tarde.
Notem que não se trata de controle, mas direito a informação que, dependendo das convicções pessoais, pode ser essencial para que uma pessoa decida livremente se quer ou não manter uma relação.
Por exemplo, eu sou a favor da descriminalização do aborto responsável, mas pessoalmente contra o aborto, e eventualmente se soubesse que minha esposa fez um aborto sem me participar que esteve grávida em algum momento, creio que isso poderia desgastar seriamente nossa relação...
Resumindo: descriminalização, decisão da mulher com ciência do marido/companheiro, suporte estatal para o ato.

Letícia disse...

Ia responder à Eneida, mas a Liliane já disse tudo que eu queria dizer. ;)

FTiagoCosta disse...

Um fato a se pensar: Mulheres que abortam vão para o inferno, pq são mulheres!
Religiosos que torturaram, queimaram e mataram pessoas, e que continuam molestando criancinhas (que inclusive podem ser os fetos não abortados já nascido e criado seja lá por quem for, não interessa) são perdoados, vão para o céu, recebem um tapinha nas costas de São Pedro e podem inclusive chegar aos altares para serem venerados pelos fiéis, pois são homens!
À mulher seja garantido o direito ao prazer e à escolha, afinal não são as instituições machistas que garantirão o bem-estar delas, nem de feto e nem de criança alguma.
Vamos parar de olhar pro céu, porque o buraco é bem mais embaixo!
Não há legitimidade alguma em um homem afirmar que é contra a legalização do aborto, homens não engravidam, portanto não abortam (e se os padres pedófilos são perdoados, os padres grávidos que cometessem abortos tbm seriam, não tenho dúvida).
Agora é legitimo que as mulheres digam "sou a favor da legalização do aborto", pois as mudanças no corpo são inteiramente delas, e na vida profissional e social, são elas que são desigualmente prejudicadas em relação aos homens. Quantas mulheres interromperam estudos por causa gravidez em relação ao número de homens? Quantas mulheres desistem de uma carreira profissional por causa gravidez em relação ao número de homens? Quantas mulheres se tornaram ainda mais pobres por causa da gravidez em relação ao número de homens?
Homens: reconhecer o seu lugar de privilégio é o primeiro passo, o segundo é deixar que as mulheres sejam as protagonistas de suas próprias escolhas, inclusive as políticas!

Unknown disse...

Eneida, a Liliane já respondeu muito bem algumas das suas perguntas.

Olha, é lógico que nós apoiamos o uso de anticoncepcional. Isso nem está em discussão. Antes de qualquer coisa, previnir sempre.

Não importa na verdade se no meu ou no seu mundo (que eu acredito que seja o mesmo), os anticoncepcionais falharam ou não. Importa que muita mulher engravida sem querer. Quando ela se vê grávida, ela não quer aquela gravidez. Não é um momento mágico de hospedagem de um novo ser humano. É um momento horrível, como contou uma menina lá em cima...e importa o que acontece com essa mulher.

Eneida, as estimativas do Ministério da Saúde apontam a ocorrência entre 729 mil e 1,25 milhão de abortos ao ano no país. O que se vai fazer com essas mulheres, colocar todas na cadeia?

O aborto ilegal é caro e inseguro. Às vezes a mulher tem que juntar dinheiro primeiro pra poder pagar, se passam semanas e a cada semana a mais de gestação, mais o aborto se torna perigoso pra mulher. Ela compra comprimidos no mercado negro, sem poder ter segurança da composição e efeitos do mesmo.

O aborto seguro é assim, administração de fármacos, curetagem ou aspiração, métodos seguros que duram cerca de dez minutos, com baixo risco para a mulher (0,5% de casos de infecção. É rápido e barato. E isso ocorre nas primeiras 12 semanas de gestação. O embrião pode ser uma vida, mas ele não sente, não pensa. Ele existe apenas no plano físico, é um organismo ainda. Não é uma pessoa.

Unknown disse...

A Liliane disse "Então acho que a questão do aborto não é só o direito sobre o corpo, nem o momento em que começa a vida. A questão do aborto é sim garantir a uma mulher que já decidiu o que quer, uma chance de sobreviver ao aborto que ela vai fazer de todo jeito."

Aborto ilegal mata, tanto a mãe quando o feto. Aborto legal mata o feto. É essa a escolha, não dá pra obrigar gestante a ficar grávida se ela não quer ficar grávida.

Criminalizar o aborto é uma tremenda piada, porque você não pode punir de 729 mil e 1,25 milhão de mulheres. A única coisa que se alcança com essa lei é prejudicar a saúde dessas mulheres, mais nada. O número de mortes em decorrência de abortos não espontâneos ou praticados por razões médicas, ou seja, abortos induzidos, é o seguinte: em 1996, 87 mortes; em 1997, 105 mortes; em 1998, 69 mortes; em 1999, 84 mortes; em 2000, 80 mortes; em 2001, 87 mortes; em 2002, 70 mortes; e em 2003, 84 mortes. Todas essas mortes poderiam ser evitadas se o aborto fosse legal. Estima-se que, entre 18 e 39 anos, de cada 100 mulheres, 15% já fez aborto e entre 35 e 39 anos de cada 5 uma já o fez. É muita gente, Eneida.

O artigo 128 do Código Penal dispõe que não se pune o crime de aborto quando não há outro meio para salvar a vida da mãe e quando a gravidez resulta de estupro. A "não punição" não deve ser interpretada como exceção à natureza criminosa do ato, mas como um caso de escusa absolutória. A escusa não tornaria, portanto, o ato lícito, apenas desautorizaria a punição de um crime, se assim o entendesse a interpretação da autoridade jurídica. Por que não extender essa exceção para abortos até o terceiro mês de gravidez, com acompanhamento médico e apoio psicológico pra mulher?

EneidaMelo disse...

Liliane,

"Acho Eneida que vc não tem que fazer um aborto se não quizer mas o fato de vc achar que é impossível se identificar qual é o momento em que começa a vida"

Eu não acho isso não. Pra mim começa na concepção.

"só deveria ser condicionante para vc e para quem partilhar desse sentimento ou seja uma opção sua. Acho temerário fazer uma lei e criminalizar a mulher por um entendimento que me parece muito subjetivo..."

Eu entendi o que você diz. Pra você não é na concepção que começa a vida ou, pelo menos, o direito à ela. Só que esse não é o único conceito subjetivo que nos cerca e acerca do qual a lei tem que se pronunciar.

A menoridade penal, por exemplo, é outro, que dá muito pano pra manga. Um acha que deve baixar, outro acha devem manter como está, outro acha que deve avaliar caso a caso, etc. Enfim, as opiniões são as mais variadas. Mesmo assim, tem uma legislação pra isso. Uma legislação que afeta a vida de outras pessoas que não necessariamente aquela que está dando a opinião. Não dá pra um menor infrator vir e dizer "ah, se você acha que a menoridade penal deve ser menor usa isso só na sua vida, eu acho que tinha que ser maior".

É claro que não pode ser assim. E por que não? Por que quem comete uma infração comete contra uma outra pessoa, e é o sistema jurídico (em que pesem todas as suas imperfeições) que tem que mediar isso, baseado nas leis que, por sua vez, muitas vezes são baseadas em critérios subjetivos sim.

No caso do aborto, uma outra vida está sendo afetada. E mais uma vez, quando tem duas ou mais vidas em conflito, é o sistema judiciário que vai mediar, gostemos ou não. A diferença é que o feto não tem como ir lá no juiz e defender o seu lado. Assim como crianças, vítimas mortas, etc, outros têm que fazer isso por eles.

Então voltamos ao ponto inicial: quando começa o direito à vida? Se cada um tem uma opinião, eu aceito o que a maioria decidir. Aceito entre aspas, porque assim como você está aqui defendendo o aborto enquanto ele é ilegal, eu continuaria fazendo campanha contra se ele fosse legal.

Bom, agora vou ter que sair, mas depois volto pra debater os demais argumentos.

EneidaMelo disse...

Liliane,

"Falar em sexo seguro e responsável é muito relativo pois as mulheres que morrem aos montes não são as mulheres que tem dinheiro para comprar anticoncepcional e segurança e informação suficiente para usar e exigir uso de camisinha ou pagar um aborto seguro se assim quiserem"

Fato. A diferença é que você defende o aborto em hospital como forma de resolver. E eu defendo a distribuição maciça de métodos anticoncepcionais e orientação a quem quiser.

EneidaMelo disse...

"Por que acho todo esse resto é uma questão de cunho pessoal e religioso e nossos conceitos pessoais não podem nem devem influenciar a decisão e direito do outro."

Quanto à questão de cunho religioso, tô fora, sou atéia.

Quanto a conceitos pessoais não poderem nem deverem influenciar o direito do outro, concordo plenamente. O seu conceito pessoal não pode nem deve influenciar no direito do feto à sua vida (na minha opinião, voltamos pro mesmo lugar).

"E para finalizar se os pais podem responder judicialmente por seus filhos menores, não vejo o sentido de usar uma lei como voz do feto para garantir que a voz da mulher seja calada na hora em que ela mais precisa ser ouvida."

Sinceramente, não entendi o que você quis dizer. Então se a vítima já morreu, a lei sobre o crime está calando a voz do criminoso, é isso?

EneidaMelo disse...

"Importa que muita mulher engravida sem querer. Quando ela se vê grávida, ela não quer aquela gravidez."

Sinceramente, creio que nesse ponto não conseguiremos sair do lugar. Vocês vão dizer que foi o anticoncepcional que falhou, e eu vou dizer que na imeeeensa maioria dos casos foi tomado errado, e que nos outros casos, uma combinação de camisinha + pílula torna quase impossível uma gravidez realmente indesejada. E isso não vai convencer nenhuma de nós, porque não temos como comprovar cientificamente nossa opinião.


"E isso ocorre nas primeiras 12 semanas de gestação. O embrião pode ser uma vida, mas ele não sente, não pensa. Ele existe apenas no plano físico, é um organismo ainda. Não é uma pessoa."

Outra questão de opinião. Eu digo que é um ser humano sim. E voltamos novamente à questão do subjetivo e da relação disso com a legislação.

aiaiai disse...

Eneida,

Beleza, entendi que vc é contra o aborto porque acha que quem aborta está matando uma vida, certo?

Então, o que fazer? Se uma mulher quiser fazer o aborto e tomar um remédio ou fizer uma curetagem e a polícia pegar? Você bota a mulher na cadeia como assassina?

Marli disse...

Oi Lola,
Vou relatar o meu caso, que aconteceu há mais de 30 anos. Na época eu era estudante de segundo ano da faculdade, tinha menos de 21anos, tinha ficado órfã de pai há menos de um ano, meu namoro estava no fim, o método que usava falhou. Ou seja, tudo dizia: não é hora de ter um bebê. No comecinho dos anos 1980, a USP tinha um ambulatório muito bom de atendimento médico e o ginecologista que me atendeu e deu a notícia da gravidez foi o mesmo que me deu o endereço de uma clínica em plena avenida Pacaembu, zona nobre de São Paulo, para quem conhece. O custo do "procedimento" foi altíssimo e eu, que estava vivendo com o que tinha poupado por três anos em empregos muito desvalorizados (ainda estava longe de me formar), paguei. Quem meu acompanhou foi minha irmã, que pessoalmente é contra o aborto, mas que nessas horas mostra de verdade o que é a solidariedade feminina. O namorado era fofo, mas já estava distante emocionalmente nessa hora (e eu acho que é tão ruim quando se faz coisas por obrigação que nem pensei em "obrigá-lo" a nada, nem a fazer companhia, nem mesmo a "assumir", coisa que na época eu não tinha a menor condição de fazer). Foi uma situação ruim de fato, o clima da clínica, as conversas entre as mulheres na sala de espera, o medo de dar alguma coisa errada, embora fosse tudo muito asseado, como deveria mesmo ser. Mas a enfermeira, de quem lembro o rosto direitinho, me levou para a sala de operação tapando meus olhos, para que eu não visse quem eram os médicos - havia anestesista e ginecologista. Dormi, acordei, sai com as receitas e recomendações. Do ponto de vista cirúrgico, tudo certo, como deve ser mesmo.
Mas uma coisa muito engraçada aconteceu comigo depois do aborto. Eu fiquei muito maternal com as pessoas que eu amava. Muito mesmo. Havia uma sombra de tristeza em mim, uma perda que eu só entendi completamente quando tive meu filho, dez anos depois. Então, eu pude concretizar o que tinha ficado para trás.
Se me arrependo do aborto? Não. Se acho que fui irresponsável? Não. Se faria de novo nas mesmas condições (se bem que as condições nunca são as mesmas, não é?, a gente mesma muda)? Não sei.
O que sei é que não seria uma boa mãe naquela hora. Continuaria em empregos mal remunerados (eu sou filha da classe operária, nasci na Vila Metalúrgica de Santo André e tinha na época a grande chance da minha vida: fazia jornalismo na USP, depois de estudar a vida toda em escolas públicas),talvez tivesse de abandonar a faculdade para trabalhar em tempo integral e sustentar um filho, reproduzindo a espiral da pobreza. Quando afinal tive meu filho estava estabilizada, bem empregada, casada. Meu filho foi escolhido e planejado. É um filho muito amado, muito bem com a vida, feminista como a mãe e extremamente crítico quanto ao fato de as pessoas se acharem no direito de decidir pelas outras.
Conheço outros casos de amigas/conhecidas/filhas de amigas que fizeram aborto e, em todos os casos, independentemente das motivações ou dos problemas que levaram as mulheres a interromper a gestação, ninguém fala do assunto depois. É como se dissessem: coloca uma pedra sobre isso. Passou. Mas na verdade, não passou. O aborto fica com você. É dolorido, é triste. É uma perda para algumas, é uma violência para outras. Mas a omissão sobre o tema, a obrigatoriedade do silêncio machuca muito e creio que um dos efeitos colaterais da descriminação será podermos trabalhar o que nos acontece depois, de forma a superar de forma melhor (no meu caso, acho que foi muito menos traumático do que para a maioria).

Priscila disse...

Gente, isso é tão complicado que eu me admito derrotada e confesso que simplesmente não tenho opinião. E talvez nunca terei.

Queimei bastante fosfato com os argumentos de todos vocês, tanto os pró-aborto quanto os oposicionistas. Pensei em milhares de coisas pra escrever aqui, mas não consigo me convencer de nenhuma, nem pró nem contra. Por mais que eu não consiga "engolir" o aborto, admito que pensaria em abortar caso ficasse grávida. Mas por mais que eu pensasse em abortar, no fundo não conseguiria engolir a idéia.

Também não sei quando a vida humana começa. O que faz um ser humano ser humano? Se um embrião não pensa nem sente e é um estorvo pra mãe que o carrega, isso nos dá o direito de eliminá-lo? Se uma pessoa teve morte cerebral, não pensa nem sente, é um estorvo para a família e está ocupando um leito de hospital nesse país que já não tem muitos, isso nos dá o direito de matá-la? As duas coisas são mesmo comparáveis? Se não são, qual seria a diferença? Eu confesso que não sei a resposta.

Enfim... só um desabafo.

Anônimo disse...

Lolinha, tentando contribuir com o tema:

partindo do presuposto que só há vida após o fim da gestação e o início da consciência, esta lei só atrapalha aos países que ainda se aprisionam na moral. Logo, essa lei é incoveniente e não tem mais nenhuma funcionalidade, a não ser pela moral religiosa que ainda impregna a nossa sociedade. Defendo que, se é uma prática comum, deve ser repensada sua vinculação à lei, pois o Direito não é absoluto! É uma discussão muito próxima a das drogas. A proibição alicia o tráfico e gera uma sequência de erros...

Nos país mais ricos do hemisfério norte, é comum a prática do aborto. Você vai lá numa clinica e nada te impede de tirar aquilo como se fosse qualquer pedaço de carne. Agora aqui não! e em outros países do mundo, principalmente os envoltos com a religião, e falhando com a laicidade.

Fato é que famílias carentes só aumentam o bolsão de pobreza, se multiplicando aos montes. Alguns podem dizer que há métodos anti-conceptivos, ora, pois o aborto é só mais um deles.

Veja, não estou fazendo associação com o país ser rico por causa do aborto. Mas, exatamente onde se há grana para ter uma grande família, como na Noruega e Suécia, por exemplo, é que se pode fazer o aborto. Enquanto que em vários países latinos e africanos isso é total ou parcialmente proibido. Qual a lógica nisso? Só mesmo a da moral, nesse caso num sentido negativo.

Portanto, não é sob o égide da razão pura que se trata esse assunto, mas muito mais sobre o da saúde pública. Se milhares de mulheres morrem ou sofrem danos por tentar abortos ilegais td ano, gerando mais e mais gastos públicos, porque não se legalizar de vez isso e fazer do jeito mais precavido? Porque é moralmente errado? Mas o que é moral nesse caso se não um monte de preconceitos ou atitudes proibidas por uma grande maioria, atingida pela religião?

Anônimo disse...

"Encaram com uma "coisa" e não como "alguém", um humano."
Se um monte de células é um "alguém" então masturbação também deveria ser crime.

Ághata disse...

Eneida,
se você realmente acha que a vida começa na concepção, eu não a aconselharia a usar pílula - sinto lhe informar que há uma grande possibilidade de você ter abortado e nem tenha ficado sabendo...

Acho que na lógica pró-vida, qualquer mulher com vida sexual ativa e usando pílulas há anos deve ser algo próximo de uma serial killer.

Anônimo disse...

A mulher tem direito ao próprio corpo.OK.Concordo.Mas por termos o PODER de dar a vida,temos que agir com responsabilidade.Há quem diga que esse poder na verdade é um FARDO, que impede que mulheres se divirtam a vontade, enquanto os homens fazem isso.Mas o que importa é que temos esse poder.Algumas mulheres o usam de maneira leviana,engravidando propositalmente do parceiro estável apenas pra forçar um casamento, amarrar um homem, fazer com que ele se separe de outra mulher, arrumar pensão e 1000 outros motivos. O fato é que o homem, que confiou nessa mulher e combinou de comum acordo que ela deveria tomar a pílula, de repente é traído e tem que assumir essa responsabilidade junto com ela, sob pena de ser preso, caso não pague pensão. Veja bem, ele também não pediu pra ter filho, teria então o direito de obrigar a mulher a abortar, já que o filho é 50% dele e nascerá contra sua vontade. Portanto, não estamos falando apenas do corpo da mulher, do direito de decidir sobre si mesma. A criança, mesmo que seja um "parasita" instalado por 9 meses na barriga da mãe, é 50% "propriedade" do pai, já que leva metade do seu material genético.

Acho até engraçado essas mulheres que dizem que engravidaram tomando pílula. Na maioria dos casos é proposital mesmo. A mulher tem um desejo oculto de engravidar, não compartilhado pelo parceiro, deixa de tomar uns 2 ou 3 dias e jura que não sabe o que aconteceu. Os casos de píluas de farinha e demais remédios nao confiáveis são raros sim e sabemos que o governo brasileiro tem total interesse de que esses medicamentos sejam confiáveis. Se uma mulher acha complicado tomar um remedinho por dia, então não deveria ir pra cama com ninguém.

Acho legítimo o aborto pra aquelas que não tem acesso aos métodos contraceptivos, morando no sertão ou em vilas absolutamente isoladas.
Essas sim não tem escolhas sobre o proprio corpo.

Lucélia Carmo.
www.uniblog.com.br/aperitiva.

Laura Carvalho disse...

Não entendo muito o argumento das pessoas que defendem o aborto, que na maioria das vezes é "Sou a favor da vida." digo que sou a favor do aborto e sou a favor da vida. Parto do princípio de que a questão do aborto ,de legalização ou não, varia muito de acordo com a concepção de vida de cada um, o que você considera como sendo vida? Penso que um ser que sente e que tem consciência que sente, vive; no caso priorizo a vida da mãe, porque ela que irá sentir todas as mudanças ocorrendo no próprio corpo, ela que em muitos casos sentirá o abandono e descaso por parte da família/parceiro/amigos. Muitos podem até dizer que um feto de três meses já possui sistema nervoso e por isso sente, digo que em contrapartida a isso, vem o fato de que ele não tem consciência que sente, diferente de uma criança de rua por exemplo, por que ela sim sofre com a fome, com a dor, com a carência, com o descaso, com o preconceito, e ela sim tem consciência daquilo que sente, ela sabe que sente e os prejuízos que ela tem com isso. Legalizar o aborto não devia ser uma questão que servisse como parâmetro pra julgar uma mulher como boa ou ruim, e sim olharmos ao nosso redor e reconhecermos que vida não é só ter um coração batendo dentro do peito, pois pra mim, uma criança que é privada de tudo, privada do mundo, privada de escolhas, que é invisível perante o estado; essa criança sim pode ser considerada morta, mesmo tendo um coração batendo no peito. Isso porque não entrei em questões sociais onde uma mulher que tem condições financeiras pra ter uma criança, pode muito bem abortar por não ter condições psíquicas de receber uma criança e oferecer a ela toda estrutura emocional necessária que espera-se que uma pessoa tenha no ambiente familiar.

Carla disse...

"Enfim, o que eu mais detesto no argumento antiaborto é isso, de umas mulheres terem direito de escolha assegurado, se foi estupro, se é anecefalia. O resultado do estupro e da anecefalia também tem vida. Também tem mãozinha e coração. Mas o que importa no caso é que a mulher foi uma mulher 'direita'."

Tão tão perfeito! Quem defende o aborto SÓ NO CASO de estupro perde totalmente o argumento "a favor da vida" e mostra claramente que o lance é moralismo mesmo!

EneidaMelo disse...

"Estima-se que, entre 18 e 39 anos, de cada 100 mulheres, 15% já fez aborto e entre 35 e 39 anos de cada 5 uma já o fez. É muita gente, Eneida."

É mesmo. Uma em cada 5 dá 20%. A maioria de falha de anti-concepcional? Não creio.

Rodrigo Saraceno disse...

Laura, é flórida conciliar ser a favor da vida e ser a favor do aborto. Não é um raciocínio simples. A depender do argumento pelo qual se defende a vida, chega-se, em seus desdobramentos, a uma sinuca de bico.

Eu mesmo, tenho extrema dificuldade em conciliar ser contra a pena de morte e ser a favor do direito ao aborto.

Sem contar que a discussão do direito ao aborto tem um ponto interessante. Ao homem se interdita o debate quanto o direito à paternidade.

Tá, o corpo é da mulher. Mas, SE o homem demandar pelo seu direito de ter um descendente, ele tem o que apitar? Se ele falar "ó, eu quero o filho, vou assumir todos os gastos. Se você quiser, pega no fim de semana. Senão, pode sumir". Ele tem o direito a querer defender o pequeno "parasita" (aqui porque é infeliz a linha de raciocínio que coloca o feto como um parasita)?

Pode-se até contrargumentar, mas esse ponto me parece pertinente. O que demonstra que a discussão do aborto pelo único e exclusivo prisma do 'o corpo é meu' ainda mais com o "retirar o parasita' é uma linha de raciocínio pronta e acabada para deslegitimar a bandeira do direito ao aborto.

EneidaMelo disse...

aiaiai,

Aí já estamos entrando na tipificação e qualificação do crime. O quanto de premeditação houve, o quanto de emocional houve, etc.

Mas sim, eu acho que ela tem que ser punida.

Rodrigo Saraceno disse...

Queria fazer uma segunda argumentação: essa questão do direito ao aborto, a questão do estupro (e anencefalia) e a redução disso a uma questão de moralismo.

Não é.

É uma questão de sobrepesar direitos.

A mulher estuprada não teve qualquer participação de vontade no evento. Ela foi a vítima de uma violência direta.

Não se pode exigir de quem sofreu tal violência que carregue o fardo de uma gravidez, de criar o filho daquele que lhe causou violência, e que, pra piorar, ainda vai ter direitos sobre a criança, forçando a mulher a ter que conviver e tratar com civilidade alguém que lhe causa revolta.

Sem contar que o vínculo compulsório entre mãe e filho é, no mínimo, algo extremamente complicado de se formar, nessas condições.

Pode-se argumentar matizando a discussão, levantando se a concepção por pessoas desinformadas também não seria uma violência, ou outro argumento. Mas, definitivamente, não é uma discussão que deva ser interditada sob a pecha de ser mero moralismo.

EneidaMelo disse...

"É uma discussão muito próxima a das drogas."

ai DanDi, não é muito próxima coisa nenhuma.

Se uma pessoa usa drogas ela está fazendo mal a ela mesma apenas. Se em função da droga ela comete crime vai ser punida porque afetou outra pessoa, o direito de outra pessoa. Mas o uso em si só afeta a pessoa que usa.

No aborto, não afeta só a mãe, afeta a criança.

Unknown disse...

O estudo chegou a conclusão que as mulheres que engravidaram mesmo usando anticoncepcional não souberam usar o anticoncepcional direito. Os antiaborto aqui vão além, insinuam que a mulher está mentindo.

Muita mulher engravida porque não se previniu, porque esqueceu de tomar a pílula, etc.? Sim. Ninguém está negando isso. O que existe também são os casos em que a mulher engravida mesmo usando anticoncepcional. Esses casos existem, acreditem ou não.

E como eu já disse lá acima. Não importa se a mulher se previniu ou não. Isso é separar as mulheres nas mulheres "direitas", "merecedoras", do resto. É moralismo.

EneidaMelo disse...

"Se um monte de células é um "alguém" então masturbação também deveria ser crime."

Nada a ver. Espermatozóide (e óvulos) são células só nossas. Se eu quiser cortar um pedaço meu fora, é problema meu.

Mas quando um óvulo e um espermatozóide se fundem, aquela célula inicial não é mais sua, não é da mãe, não é do pai. É uma combinação única.

EneidaMelo disse...

Ágatha,

Bom, não foi isso que todas as minhas ginecologistas disseram. Inclusive não uso DIU exatamente por isso, porque considero abortivo.

EneidaMelo disse...

Quanto a essa questão do feto ser um parasita:

Não me disse nada. É sim um parasita. Quando os mamíferos surgiram foi através desta (e de outras) evolução de deixar de colocar o feto pra fora em um ovo a ser chocado, e passar a "chocá-lo" dentro do corpo da mãe. A mãe natureza replicou um, como dizer, "procedimento" já conhecido por ela: o parasitário. E?

Sinceramente, não consigo ver o que essa discussão biológica tem a ver com a questão.

EneidaMelo disse...

"Isso porque não entrei em questões sociais onde uma mulher que tem condições financeiras pra ter uma criança, pode muito bem abortar por não ter condições psíquicas de receber uma criança e oferecer a ela toda estrutura emocional necessária que espera-se que uma pessoa tenha no ambiente familiar."

Laura, ok. Tem gente que não tem vocação mesmo. Não acho nada de mais.

Dá pra adoção.

Você não tem que criar, não tem gastar o seu tempo, o seu dinheiro, não tem que aturar quando enche o saco (pq tem hora que enche o saco). E ainda não mata ninguém, além de ser perfeitamente legal.

Realmente, nenhuma mulher tem que ser obrigada a querer passar por isso.

Dá.

Dá, porque tem gente que quer.

aiaiai disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkk, a eneida agora me fez rir...não usa diu porque é abortivo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

Na boa, a eneida nunca quis debater a questão, ela sabe bem o que quer: defender o feto e penalizar as mulheres que escolherem abortar. Em nome da vida do embrião, que a ciência já mostrou que não tem vida própria, mas que pessoas como a eneida acham que não é bem assim. Afinal, a igreja diz que vida é na concepção e pronto. Maria ficou grávida sem transar, jesus transformou agua em vinho, são pedro tem as chaves do ceu...e por ai vamos.
É divertido, mas fica triste quando a gente pensa nas muitas vidas destruídas em nome dessas crendices e lendas.

Anônimo disse...

"Mas quando um óvulo e um espermatozóide se fundem, aquela célula inicial não é mais sua, não é da mãe, não é do pai. É uma combinação única."
Remova um embrião de dentro de um útero e veja o que acontece. Pode ser uma "combinação única", mas não é um ser vivo autônomo, não é uma vida ainda e o mais importante: não tem consiência nem sentimentos.

E quem fica falando "é só dar pra adoção" se esquece de como é complicado neste país adotar uma criança, de como os orfanatos estão lotados e da chance dessa criança viver uma vida infeliz e até passar por abusos físicos e psicológicos.

Unknown disse...

Se você está doente, precisando urgentemente de transfusão de sangue para sobreviver, mas seja lá por qual motivo for você não aceita receber sangue de terceiros no seu corpo, ninguém poderá te obrigar a isso, mesmo que você morra sem a transfusão. Porque você tem autonomia sobre o seu corpo.

Se alguém precisa urgentemente de um transplante de órgãos e você é a única pessoa compatível. Sua doação salvaria uma vida e não acabaria com a sua. Mas você não aceita doar o órgão. A outra pessoa pode morrer, mas ninguém pode te obrigar a doar. Porque o corpo é seu e o que acontece com ele, é apenas você que decide.

O embrião precisa passar meses no útero materno para se desenvolver a ponto de ter vida independente. Mas a gestante não quer hospedar esse embrião por meses. Ninguém pode obrigá-la a isso. O corpo é dela entende?

Anônimo disse...

EneidaMelo,

"ai DanDi, não é muito próxima coisa nenhuma".

É claro que estou falando sobre a hipótese da discussão e legalização. Não estou fazendo nenhum julgamento moral sobre o tema do aborto ou do uso das drogas. Meu debate é político, oras. E o seu?

Caroline J. disse...

"E quem fica falando "é só dar pra adoção" se esquece de como é complicado neste país adotar uma criança, de como os orfanatos estão lotados e da chance dessa criança viver uma vida infeliz e até passar por abusos físicos e psicológicos."

Sim, e também esquece que a questão não é apenas "o que fazer com a criança depois", mas o fato de que uma gravidez dura 9 meses e implica em mudanças físicas, psicológicas e emocionais e até lá a tal criança indesejada fica DENTRO DA BARRIGA DA MÃE.
Passar 9 meses gestando um ser pra depois expulsá-lo do corpo e da sua vida. Se isso estiver tudo bem pra mulher, ótimo! Mas ela não deve ser obrigada a isso.

Quem achar que essa é a solução, adote uma criança.

Caroline J. disse...

Eneida disse:

"No aborto, não afeta só a mãe, afeta a criança."


Não afeta criança nenhuma, pq nenhuma criança existe. Um embrião não é uma criança.

Anônimo disse...

"Não afeta criança nenhuma, pq nenhuma criança existe. Um embrião não é uma criança."
Muita gente se esqueçe disso! É como se a partir do momento da transa o esperma e o óvulo se encontram e "puff!" temos uma criança!
Não é bem assim. Aquela "coisinha" só passa perto de ser "criança" lá pelos 3 meses de gravidez, período a partir do qual na minha opinião o aborto não deveria mais ser permitido, pois o ser já possuí cérebro.

Anônimo disse...

Que coisa horrível, desculpem pelo "esqueçe" no último comentário ¬¬

Caroline J. disse...

Quem é antiaborto come carne? Pq os animais que são mortos brutalmente depois de levar uma vida confinada e sofrida estão vivinhos da silva, e melhor ainda, completamente formados, com sistema nervoso, sencientes, sentem dor, medo, tudo isso. Bem diferente das células de um embrião.

Mas, por deus, um embrião é uma VIDA HUMANA. Muito mais importante que qualquer outra vida. Mesmo que não passe de um amontoado de células sem consciência, sem sentidos, devemos protegê-lo acima de tudo. Pq? Sei lá, pq achamos que humanos são especiais, são mais importantes que todas as outras espécies de vida.
Se bem que, dá pra considerar um embrião um "ser humano"?

O que diabos signfica ser "a favor da vida"? Qual sentido de "vida" estão defendendo? Eu sou um ser vivo. Mas eu tenho uma vida além disso. Tenho memórias, prazeres, relacionamentos, emoções, sonhos, dores. Uma vida no sentido não-biológico.

A vida biológica? A vida biológica está presente em todo lugar. Plantas, bactérias, protozoários, animais, tudo isso é vida. Não hesitamos em eliminar um parasita, um verme, que esteja vivendo dentro de nosso corpo. Poxa, mas é uma vida. Ele só pode sobreviver desta forma. Não é cruel? Mas não queremos ele dentro de nossos corpos.

Mas não é humano, então tudo bem.

Parece que a questão da vida biológica é confundida com a vida de que eu falei ali em cima. A vida que a mãe tem. Uma vida formada, com sentimentos, relacionamentos, sonhos, dores, prazeres, memórias. É disso que se trata a Vida Humana.
Mas essa Vida, para os antiaborto, vale menos do que uma vida puramente biológica, células embrionárias sem sentimento, sem memória, sem prazeres e dores. Sem consciência.
A mulher deve ser obrigada a gerar um ser indesejado dentro de seu corpo, ter violada sua mente, suas emoções, seus sentimentos, seu dia-a-dia, seus prazeres, seu trabalho, suas tarefas, seus relacionamentos... por causa de uma "vida" sem vida.
Qual o sentido disso?

E se fosse apenas essa questão de "defender a vida", os antiaborto seriam antiaborto em casos de estupro tbm. A "criança" não teve culpa de ser fruto de uma violência. Defendam a criança! Ela é uma vida. Não tirem a sua vida. Ela tem direito de viver, não é?

Falta muita reflexão do que se trata realmente "vida"...

Vivian S. disse...

Gente, Freud explica, vamos lá: já falei aqui antes sobre a minha mãe e sua "vocação materna".
Ela é médica e uma vez, conversando, me disse que não gostava muito do DIU porque o considerava abortivo. Não nos aprofundamos na questão, mas sei que foi isso que ela me disse.
Ainda assim, em diversas outras conversas, ela já se mostrou a favor do direito da mulher optar pelo aborto. Compartilho da visão dela: eu e ela (e muita gente aqui) não quer que o aborto se torne uma prática recorrente, trivial e um método anti-concepcional.
O que queremos é o direito de, se assim a mulher julgar necessário, interromper uma gravidez que lhe aconteceu sem que desejasse.
Um depoimento que li ali em cima me emocionou bastante. Uma moça falou que fez um aborto e que, dessa forma, dez anos depois, viu que conseguiu "interromper a espiral da pobreza". É isso, gente. Erros acontecem. Se pudermos repará-los em favor não só da mãe, mas também do filho que será poupado de tanto sofrimento, acho melhor.

lola aronovich disse...

Gente, tô com o Dandi: acho que uma questão interessante pra se pensar é por que praticamente todos os países ricos, esses que a gente tenta copiar em tanta coisa, porque a qualidade de vida deles é muito mais alta que a nossa, legalizaram o aborto. E por na maior parte dos países pobres o aborto é proibido, ou permitido apenas em casos muito específicos. Atenção: ninguém tá dizendo que os países são ricos por terem legalizado o aborto! É só que nesses países, como EM TODOS (porque parece que aborto é algo tão universal quanto estupro), as mulheres abortavam. E antes era ilegal, e muitas morriam em função dessa criminalização. Assim que o aborto foi legalizado, as mulheres pararam de morrer por causa de aborto. E o número de abortos não aumentou! Então aquele argumento que, se o aborto for legalizado, mulher vai fazer aborto como quem toma pílula anticoncepcional não convence. Então, gente, pesquisem: por que o aborto foi legalizado nesses países mais ricos? E por que não é legalizado aqui?


A discussão tá muito boa aqui. Comentários de alto nível mesmo, tirando um ou outro. Super obrigada, Marli, por contar a sua história.

lola aronovich disse...

Lucélia (anônima), puxa, desculpa, mas não consigo responder educadamente. Vc falou MUITA besteira. Mulher só engravida de propósito, se for pra ganhar pensão ou por causa de um desejo oculto? Pelamor, reveja seus conceitos. Converse com as mulheres que engravidam sem planejar, e veja quantas de fato se enquadram na sua teoria. Se bem que essa do “desejo oculto” engloba TUDO, né?


Eneida, se vc não usa DIU por considerá-lo abortivo, se vc acha que a vida começa no momento da concepção, então suponho que vc é contra testes em células tronco?

EneidaMelo disse...

"Os antiaborto aqui vão além, insinuam que a mulher está mentindo."

Eu não disse isso. Embora seja claro que existem mulheres que mentem, isso não pode ser aplicado a todas.

O que eu disse é que muitas mulheres realmente acreditam que mesmo sem cumprir à risca a bula, elas estão tomando direito.

E sim é claro que apesar disso, existem casos em que ele falha. Aproximadamente 3% a 4%, se não me engano, no caso da pílula.

Agora, como eu disse antes, se eu colocasse filho fora de questão na minha vida, eu ia me cercar do que fosse possível, reduzindo o risco ao mínimo possível. Minha escolha seria camisinha + pílula. E assumiria o restante do risco. Mesmo assim, eu sou a criatura mais azarada do planeta e veio? Eu tinha e dava.

EneidaMelo disse...

aiaiai,

"Na boa, a eneida nunca quis debater a questão"

E você chegou a essa conclusão porque os seus argumentos não me convenceram, é isso? Ou seja, pra eu querer debater a questão obrigatoriamente eu teria que ter sido convencida?!?

"Em nome da vida do embrião, que a ciência já mostrou que não tem vida própria"

Mostrou é?

"Assista a uma discussão sobre o assunto e você verá que a vida começa quando as pessoas desejam que comece."

"O Supremo Tribunal Federal discutiu o tema durante dois anos sem chegar a uma conclusão, até que pediu ajuda. Convidou cientistas para uma audiência pública e viu que a ciência também está longe de um consenso."

Após citar várias opiniões, o artigo conclui:

"Daí por que boa parte dos cientistas acredita que não cabe à ciência definir quando a vida começa do ponto de vista ético, mas, sim, definir de que vida está se falando. Caberia à sociedade escolher, por exemplo, se é ou não uma atitude condenável eticamente interromper a gestação de um embrião humano sem cérebro."

Do link http://super.abril.com.br/revista/240a/materia_especial_261570.shtml?pagina=1

"mas que pessoas como a eneida acham que não é bem assim. Afinal, a igreja diz que vida é na concepção e pronto."

Você está supondo que eu digo que a vida começa na concepção porque a igreja disse assim, é isso mesmo? Porque eu sou atéia, então nada a ver esse argumento.

EneidaMelo disse...

"Remova um embrião de dentro de um útero e veja o que acontece. Pode ser uma 'combinação única', mas não é um ser vivo autônomo"

É. Deixa um bebê largado no berço pra ver se ele consegue sobreviver sozinho.


"E quem fica falando 'é só dar pra adoção' se esquece de como é complicado neste país adotar uma criança, de como os orfanatos estão lotados e da chance dessa criança viver uma vida infeliz e até passar por abusos físicos e psicológicos."

Eu sinceramente não acho que a gente tenha o direito de decidir com base nisso. "Você tem muita chance de ser infeliz. Então morre logo."

EneidaMelo disse...

"Mas a gestante não quer hospedar esse embrião por meses. Ninguém pode obrigá-la a isso. O corpo é dela entende?"

Entendo que o corpo da gestante é dela e que o corpo do embrião é dele.

EneidaMelo disse...

"Não afeta criança nenhuma, pq nenhuma criança existe. Um embrião não é uma criança."

Mas isso é uma opinião. Você diz que não é, eu digo que é. E a gente não vai a lugar nenhum.

Anônimo disse...

"Mas isso é uma opinião. Você diz que não é, eu digo que é. E a gente não vai a lugar nenhum."
PROVE que é. A ciência e a própria definição de embrião dizem que NÃO É.
Se é simples assim, então eu digo que um espermatozóide/óvulo é uma criança, toda mulher que já menstruou é assassina, todo homem que já se masturbou também. E daí?

Laura Carvalho disse...

Rodrigo, eu não acho de forma algum que é algo complicado conciliar o fato de ser a favor da vida e ser a favor do aborto. É como eu disse, cada um tem sua concepção de onde começa a vida e do real significado da palavra vida; eu realmente não concordo com a idéia de tratar como "um parasita" o ser que está sendo gerado dentro de você. Nós, civilização ocidental, temos o costume de supervalorizarmos a vida sob qualquer hipótese, não importando sob quais condições ela exista. Temos o costume de ser contra a eutanásia, preferindo ver alguém que amamos em estado vegetativo, do que simplesmente anteciparmos o sofrimento dela, temos o costume de não aceitar o aborto e condenarmos aquelas que o realizam, que muitas vezes não tem o mínimo de condição financeira/psicológica para arcar com uma criança; temos também a mania de achar que uma pessoa que tirou a vida de uma pessoa, merece pior condenação do que um deputado que roubou e submeteu milhares a miséria, a privação de tudo ;tudo isso resguardados pelo argumento de que "Mas é uma vida. Não estou pensando de forma egoísta, até porque eu realmente acho que uma mulher que faz um aborto aos seis, sete meses, essa mulher está sendo bastante cruel e mesquinha. Estou tratando aqui do aborto como um todo, dos casos que vemos como sendo a maioria, e se existem aqueles parceiros que desejam ter o filho, cria-lo sozinho e dar a ele toda estrutura necessária, eu entendo perfeitamente e acho que tudo deve ser conversado. E se tratando de pena de morte, eu pergunto a você, como pode esta existir em um país onde uma pessoa que rouba pra comer, é julgado com a mesma severidade ( ou falta de...) com que um estuprador é julgado? Como pode existir pena de morte em um país onde a justiça é desigual e os mais ricos como sempre são privilegiados?

EneidaMelo disse...

"Quem é antiaborto come carne?"

Como sim, mas não humana.


"Mas, por deus, um embrião é uma VIDA HUMANA. Muito mais importante que qualquer outra vida."

Não é mais importante para o universo, para a natureza, no sentido filosófico, etc. Mas eu acho estranho um ser humano não ter mais empatia por um outro ser humano do que por outro tipo de vida. Mas é só uma opinião, claro. Não consigo me imaginar vendo, sei lá, uma criança e um cachorro se afogando e, numa situação onde só desse pra salvar um, escolhendo o cachorro porque afinal são iguais. E olha que naquela cena da mulher que tenta salvar o cachorro da enchente e não consegue, chorei à vera e se fosse eu ia passar o resto da vida pensando no que poderia ter feito pra ele não se soltar, cheguei a pegar o meu no colo pra ver se tinha um jeito.

EneidaMelo disse...

"Qual sentido de "vida" estão defendendo? Eu sou um ser vivo. Mas eu tenho uma vida além disso. Tenho memórias, prazeres, relacionamentos, emoções, sonhos, dores."

Sim, é claro que você tem uma vida. Mas não consigo pôr na mesma balança uma questão de vidaXmorte e outra de infelicidade.

EneidaMelo disse...

"E se fosse apenas essa questão de 'defender a vida', os antiaborto seriam antiaborto em casos de estupro tbm. A 'criança' não teve culpa de ser fruto de uma violência. Defendam a criança! Ela é uma vida. Não tirem a sua vida. Ela tem direito de viver, não é?"

De fato, esse é o ponto mais difícil. Porque eu já fui abusada (não estuprada, o que é muito pior) e consigo imaginar a cabeça de uma mulher estuprada vendo o filho do fdp crescendo dentro dela. Eu teria porque se é metade do fdp, também é metade meu, e acho que o meu vale mais que o dele. Mas não é porque eu penso assim que vou achar que toda mulher vai ter que pensar assim.

Tendo a ver esse caso como homicídio sob forte emoção. É como um pai que vê o filho de, sei lá, 4 anos sendo estuprado e mata o estuprador na hora. Eu sou super contra violência, contra a pena de morte, e nem sei qual seria a minha reação, mas eu consigo entender o que se passa com um pai nessa situação. Não estou dizendo que o pai está certo em fazer justiça com as próprias mãos, mas eu consigo entender. Nenhum juiz condenaria um pai desses. Creio que é por isso que o aborto em caso de estupro é permitido por lei.

EneidaMelo disse...

"Eneida, se vc não usa DIU por considerá-lo abortivo, se vc acha que a vida começa no momento da concepção, então suponho que vc é contra testes em células tronco?"

As embrionárias (CTE) sim, sou contra. Sou a favor do uso das CTA, células tronco adultas.

EneidaMelo disse...

Anônimo disse...

"PROVE que é. A ciência e a própria definição de embrião dizem que NÃO É."

Respondi essa às 13:07.

Do link http://super.abril.com.br/revista/240a/materia_especial_261570.shtml?pagina=1

aiaiai disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, a eneida é uma brasa, mora?! Volta para o século XV, menina!

Liliane disse...

Eneida,
Combinação de metodos anti-concepicionais realmente diminui muito a chance da ocorrencia de uma gravidez... Utilizei isso por um tempo, pilula+camisinha+tabelinha. Mas para isso o parceiro precisa estar implicado, e nem sempre pode-se contar com a implicação do parceiro. Na realidade em que vivemos isso não é muito frequente.
E também sou super a favor de distribuição de anti-concepcionais. Mas a realidade é outra e a cartela quando eu usava há vinte anos atras era R$ 25,00. Há também muitas contra-indicações para uso de hormonios e nem toda mulher pode tromar pílula. Depois de muito tempo tive que interromper pois descobri que podia ter complicações sérias...
Todos os métodos anti-concepcionais são falhos, e exceto a camisa de venus todos são abortivos, para aqueles que, como voce e os religiosos, acreditam que a vida se inicia na concepção. Pelo simples fato que o espermatozóide tem 72h de vida, em média, dependendo da hora em que a relação sexual se deu e a hora da ingestão da pílula, a concepção pode ocorrer e a gravidez, que será interrompida pela ação irritante do endométrio provocada hormonalmente nas pílulas ou pela presença do DIU. Vale salientar também que a eficiencia da camisinha é a menor como método contraceptivo do que todos os outros métodos e que o DIU é desaconcelhado pelo ministério da saúde para uso em mulheres fora de uma relação estável, além dos custos que hoje são bancados pela paciente, e a colocação deste dispositivo não é coberta por alguns planos de saúde.
Aviso que não sou médica e que tudo isso aprendi com os ginecologistas que me atenderam ao longo da minha vida e sob essa ótica fiz a minha escolha pelo DIU , já que tenho vários efeitos colaterais com uso de pilulas e histórico de trombose na minha família.
Tudo isso para dizer que é para mim muito estranho defender a vida do embrião que nem nasceu ainda, do que a de uma pessoa responsável, adulta que se vê numa situação indesejada e é criminalizada se escolher interromper um ciclo que implicará na mudança radical da sua vida contra sua vontade.
E a lei faz com que a vontade da mulher valha menos do que a vida do embrião a partir do momento em que a mulher é marginalizada ao querer o aborto e criminalizada pela sua prática. Eneida pelo que voce expos aqui, imagino que nada disso que escrevi seja argumento suficiente para que vc mude sua opnião.
Acho que o pior do seu posicionamento é que não só voce é contra o aborto mas também contra a descriminalização dele, e contra a mulher ter o direito de decidir.

Anônimo disse...

"http://super.abril.com.br/revista/240a/materia_especial_261570.shtml?pagina=1"
Pedi pra você provar que um emrião é UMA CRIANÇA como você disse, não discordo que seja vida, uma célula da minha pele também é uma vida, mas não é GENTE, não é CIDADÃO, não é uma PESSOA.

EneidaMelo disse...

Laura,

"temos também a mania de achar que uma pessoa que tirou a vida de uma pessoa, merece pior condenação do que um deputado que roubou e submeteu milhares a miséria, a privação de tudo"

Concordo 100%. Lembrei da minha mãe que, depois de ser assaltada, disse que tinha muito mais raiva do colega de trabalho que não fazia nada o dia inteiro (são funcionários públicos) e roubava ela todo mês (o dinheiro dos impostos dela e de todo mundo que vai pro salário dele) do que do rapazola de 17 anos que a jogou no chão e arrastou ela pela calçada.

EneidaMelo disse...

"Todos os métodos anti-concepcionais são falhos, e exceto a camisa de venus todos são abortivos, para aqueles que, como voce e os religiosos, acreditam que a vida se inicia na concepção. Pelo simples fato que o espermatozóide tem 72h de vida, em média, dependendo da hora em que a relação sexual se deu e a hora da ingestão da pílula, a concepção pode ocorrer e a gravidez, que será interrompida pela ação irritante do endométrio provocada hormonalmente nas pílulas"

Tô por fora disso. Vou estudar.

EneidaMelo disse...

"escolher interromper um ciclo que implicará na mudança radical da sua vida contra sua vontade"

A única mudança radical que ela é obrigada a conviver é a da gravidez por nove meses. Não quer o filho, dá pra adoção.

Isabela Campoi disse...

Nossa, quanta opinião deformada, quanta hipocrisia. Quem é favorável a criminalização, ou seja, que a lei fique como está, é "cego", no mínimo. As mulheres que decidem abortar, vão continuar abortando. E as pobres, incapazes de dar uma boa grana por isso, vão continuar morrendo por conta de abortos mal feitos. Ou então parindo filho indesejado, projeto de bandido ou no mínimo gente mal amada, mal educada, alimentando a espiral da pobreza e da injustiça social. Eu reafirmo: sou contra o aborto, mas favorável a descriminalização. Acho tão simples. Deixar as coisas como estão é pura hipocrisia!

Rodrigo Saraceno disse...

Laura, obrigado pelo feedback.

Assim, realmente, dá para justificar se a discussão se encerrasse só nesse aspecto: de que 'vida' é a partir de tal ponto, e que antes não é vida, é possível conciliar ser "pró-vida' e 'pró direito à escolha do aborto".

O problema aí é fixar esse momento, sem amesquinhar o conceito de vida.

Claro, se quisermos manter a discussão só nessa dimensão.

Acho que a saída da discussão tem de passar por três outros aspectos: o direito da mulher de ter controle sobre a sua própria reprodução e vida; o fato de o aborto já ser praticado, ou seja, que a conduta já é generalisada, devendo ser tratada como saúde pública; e o fato de que a generalisação da conduta aborto não inviabiliza a sociedade, o que é o fator relevante, na minha opinião.

Em suma, o problema é colocar a questão prática em primeiro plano (nêgo já aborta, é uma conduta na prática aceita), com temperamentos também de ordem prática, mas sobretudo ética, de não se banalizar a vida, limitando o momento até quando é possível utilizar do abortamento como método de controle de reprodução. Ou seja, descriminalizando o aborto até aquele já clássico limite de 10-12 semanas, como fez Portugal, por exemplo.

Acho que, aí, está se atingindo os pontos mais importantes, permitindo certo acertamento entre as expectativas, permitindo uma conduta, o que homenageia a dignidade humana da mulher, ao mesmo tempo em que se homenageia a dignidade humana do nascituro, que não pode ser reduzido à condição de parasita, mas que não tem a mesma proteção do que já nasceu, pois ainda é expectativa não realizada.

Frederica disse...

Olá Eneida!
Muito legal (e raro!) ver uma atéia se posicionando contra a legalização.
Vou dar minha opinião sobre a sua opinião hehehe. Se não se importa.

1. Incrivelmente, a legalização do aborto não gira em torno em quando começa a vida. Isso é irrelevante nesse assunto. A legalização do aborto é uma questão de saúde pública (por isso que muitos países ditos "evoluídos" já legalizaram.)

2. Não existe isso de "não quer dá pra adoção." A Justiça tenta de toda forma manter os laços da criança com os pais biológicos antes de deixá-la para a adoção. Para perder o "Poder Familiar" (antigo Pátrio Poder) a mãe/pai tem que provar que não PODE sustentar aquela criança, e não que não QUER. (e a não ser que a mãe seja miserável, ela só consegue isso se for doente ou algo assim). Por isso que tem tanta criança que vai e volta pros abrigos, e não fica disponível para a adoção. (ela tenta voltar para casa, mas a mãe continua bêbada e o pai continua violento, e ela volta pro abrigo).

Letícia disse...

Vi que a discussão tá pegando fogo. Só gostaria de acrescentar uma coisa, que talvez agrade gregos e troianos: a decisão sobre o aborto deveria ficar totalmente a cargo das mulheres. O que me enfurece, nesse assunto, é sermos obrigadas a cumprir leis que nos foram impostas por homens... pensem bem, isso não é justo! Para resolver a polêmica, que tal seria que o governo realizasse um plebiscito convocando apenas suas cidadãs para a decisão?

Vi que a questão dos anticoncepcionais, e da desigualdade no acesso aos mesmos por diferentes camadas sociais... pois é. Gente, eu tb concordo que método anticoncepcional é que é método anticoncepcional; aborto é emergência. Isso é óbvio. Mas vejam bem o meu caso, por exemplo. Eu sou uma mulher instruída e de classe média mas, mesmo assim, tenho dois problemas de saúde (ovário policístico e endometriose leve) que me impedem de usar métodos hormonais. Já tentei diversos e tudo que consegui foi uma hemorragia. Na bula de toda pílula, é admitida uma margem de 10% da população feminina que teria o mesmo problema. Desse modo, são 10% que não conseguirão fazer a tal combinação de 2 métodos que a Eneida sugeriu! O que fazer? Vamos ser punidas pq nosso aparelho reprodutivo veio com alguns defeitos? Vamos manter abstinência sexual (olha que eu até já fiz isso, evitando períodos férteis)? Não, né. Infelizmente, eu (e muitas) correm um pequeno risco, em todas as relações sexuais. E eu gostaria de dizer que acharia no mínimo lamentável ter que desistir da minha carreira como pesquisadora por causa de uma criança, ou ter que jogá-la o dia inteiro em creches, a cargo de professoras que eu mal conheceria...

Caroline J. disse...

Eneida, desculpe se vc já respondeu isso antes, mas não li todos os 141 comentários. Já entendi que vc é contra o aborto. Mas não sei se vc é contra o direito de outras mulheres de fazerem o aborto.

E se for, vc ignora que as mulheres CONTINUARÃO fazendo o aborto, quer seja descriminalizado, quer não? Ou seja, ser contra o aborto é uma coisa, ser contra a descriminalização é outra.

Vc é a favor que continue sendo crime e as mulheres q farão o aborto de qualquer jeito enfrentem perigos à sua saúde e vida, ou, mesmo sendo pessoalmente contra o aborto, não deseja que as mulheres que o fazem sofram desta maneira?

Caroline J. disse...

Quanto à comparação que fiz entre matar animais pra comer e proteger a vida "humana" a qualquer custo.

Pode ser uma questão de maior empatia por aqueles de sua mesma espécie.
Mas isso implicaria numa empatia 0 por animais de outras espécies que são mortos de maneira cruel pra servir de alimento.

Se houver uma criança e um cachorro correndo perigo de vida, digamos, prestes a ser atropelado, e eu tivesse que escolher salvar apenas um:
depende. A questão da empatia não é simples, do tipo, "sentimos empatia maior por alguém da mesma espécie". Digamos que o cachorro em questão fosse da minha família, estivesse comigo desde criança, e mto querido pra mim. E a criança fosse uma desconhecida. Sinceramente, estaria mto propensa a salvar o cachorro. Pq é subjetiva a importância que damos a cada coisa ou ser.

Então não, não considero uma vida humana (e ainda acho q um embrião não se inclui aqui) necessariamente mais importante apenas por se tratar de minha própria espécie. Considero, sinceramente, que todos os seres sencientes devem ter os mesmos direitos à vida e ao bem-estar. Não vejo sentido defender com tanto afinco a "vida" de um embrião (que não é senciente) e ignorar a vida senciente e formada de outros seres.

Erika disse...

Adorei o post da Alice. A causa número 1 da gravidez é o sexo! Não quer engravidar? PREVINA-SE!!!
É um absurdo tratar o aborto simplesmente como um direito a seu corpo. A partir do momemnto que outra vida está em jogo não se trata dos seu desejos. Será que essa criança gostaria de vir ao mundo? Se vc nao pode perguntá-la simplesmente nao pode matá-la.
Falo pela minha experiência, minha mãe foi mãe solteira e sei que considerou um aborto, mas ainda bem que ela não fez, pois eu AMO a minha vida! Daria tudo para estar ness mundo. Tive uma infância dura mas "sobrevevi". Consegui estudar em uma universidade de ponta, ter ótimos empregos e hj tenho a possibilidade de fazer meu mestrado no exterior. Faria tudo novamnete! As dificuldadas da vida só serviram para me fortalecer. Eu amo a minha vida! Eu amo ESTAR VIVVA! Obrigada mãe!!!

Maria Clara disse...

DISCURSO DO PRESIDENTE RONALD REAGAN CONTRA O ABORTO LEGAL

“Sei que o que estou para dizer é agora polêmico, mas tenho de dizer. Este país não pode continuar se fazendo de cego e surdo para a eliminação de 4.000 vidas de bebês em gestação a cada dia. É um bebê a cada 21 segundos.
Não podemos fingir que os Estados Unidos estão preservando seu primeiro e mais elevado ideal, a convicção de que cada vida é sagrada, quando temos permitido as mortes de 15 milhões de indefesos inocentes desde a decisão Roe versus Wade.
- 15 milhões de crianças que nunca rirão, nunca cantarão, nunca conhecerão a alegria do amor humano, nunca lutarão para curar os doentes ou alimentar os pobres ou fazer paz entre as nações. O aborto negou a elas o primeiro e mais fundamental dos direitos humanos. Somos todos infinitamente mais pobres com a perda delas.
Esta nação travou uma guerra horrível para que os americanos negros tivessem garantidos seus direitos dados por Deus.
Abraham Lincoln reconheceu que não conseguiríamos sobreviver como uma terra livre quando alguns podiam decidir se outros deveriam ser livres ou escravos.
Hoje outra pergunta tem de ser feita: Como é que conseguiremos sobreviver como nação livre quando alguns decidem que outros não são dignos de viver e deveriam ser destruídos?
Creio que não há desafio mais importante para o caráter dos EUA do que restaurar o direito à vida de todos os seres humanos.
Sem esse direito, nenhum outro direito tem sentido. “Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus”.
Penso que estamos fazendo progresso na defesa da santidade da vida dos bebês. Venho pedindo total compromisso e a grande força de suas orações, para que juntos consigamos convencer nosso compatriotas de que os EUA devem, podem e preservarão o maior presente de Deus.
Somos um governo do, pelo e para o povo. E o povo quer uma emenda constitucional para restaurar os direitos que nos foram tirados.
Vamos incentivar aqueles entre nós que estão tentando fornecer alternativas positivas ao aborto. E com sua ajuda, poderemos vencer, e isso será uma grande vitória para nossas crianças.”

Anônimo disse...

Carol,
Você está fazendo isso errado.

Unknown disse...

Ainda estou esperando várias respostas, principalmente o posicionamento sobre essa sugestão (repetindo):

O artigo 128 do Código Penal dispõe que não se pune o crime de aborto quando não há outro meio para salvar a vida da mãe e quando a gravidez resulta de estupro. A "não punição" não deve ser interpretada como exceção à natureza criminosa do ato, mas como um caso de escusa absolutória. A escusa não tornaria, portanto, o ato lícito, apenas desautorizaria a punição de um crime, se assim o entendesse a interpretação da autoridade jurídica. Por que não extender essa exceção para abortos até o terceiro mês de gravidez, com acompanhamento médico e apoio psicológico pra mulher? Inclusive durante esse acompanhamento a mulher poderia ser melhor instruída sobre como evitar mais uma gravidez...

Unknown disse...

“MATAR O FETO DE UM ANIMAL COMO MICO-LEÃO-DOURADO É CRIME INAFIANÇAVEL. MATAR UM FETO HUMANO É DIRETO?”

Unknown disse...

o aborto aumenta a eugenia Nos paises onde é legalizado, a maioria dos ultra-sons que mostram o feto com síndrome de Down e com outras necessidades especiais o feto é abortado.

Unknown disse...

o aborto provoca a desigualdade no numero de homens e mulheres. (a maioria dos abortos no mundo são de fetos do sexo feminino).

Tatiana disse...

A questão é: quem é a favor da escolha sente empatia pela mulher numa situação em que não quer estar; quem quer obrigar a manutenção da gravidez sente empatia pelo embrião, muitas vezes por ignorar completamente o ciclo de vida definido pela medicina que diferencia embrião de recém nascido;para essas pessoas tudo é bebê, criança, etc. Enquanto isso mulheres estão morrendo. E pelo nível da discussão continuarão morrendo, já que a maioria da compaixão vai para os embriões.

Unknown disse...

o aborto aumenta a desigualdade entre homens e mulheres. (Os homens perdem o direito a paternidade uma vez que é mulher quem decide ou não se ele vai ser pai, o direito a paternidade é perdido passa a ser uma concessão que a mulher da ou não ao homem...
Que igualdade é essa que as feministas dizem buscar???

Unknown disse...

o aborto: Aumenta a eugenia, a maioria dos fetos abortados serão filhos de homens pobres (o feto de um jogador de futebol milionário não vai ser abortado....) Ou as feministas de plantão vão ser hipócritas e negar que isso acontece? Vão ser hipócritas e negar que o poder aquisitivo do homem não vai influenciar no “Direito de decidir”?

Unknown disse...

o aborto. Aumenta a eugenia, a maioria dos fetos abortados serão fetos negros.

Unknown disse...

A mulher tem o direito de decidir! Mas a mulher não engravida sozinha... DIREITOS IGUAIS! Que o homem também possa decidir! ”Nenhuma mulher deve ser presa, perseguida, humilhada ou maltratada por optar por não ser mãe." DIREITOS IGUAIS JÁ! “Nenhum HOMEM deve ser preso por optar não ser pai." IGUALDE SE MULHER PODE OPTAR QUE O HOMEM TAMBEM POSSA!

Unknown disse...
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Unknown disse...

não se sabe determinar ao certo quando começa a vida humana. Então o homicídio deve ser descriminalizado!!!!

Unknown disse...

A atual lei proíbe o aborto, mas mesmo assim os abortos acontecem. SOLUÇÃO descriminalizar o aborto. A atual lei proíbe o ASSALTO, mas mesmo assim os ASSALTOS acontecem SOLUÇÃO: descriminalizar o assalto!

Unknown disse...

Por favor Lola deixe um reacinha comentar...
Não apague...

Unknown disse...

E eu que achava que síndrome de Down se detectava por punção de líquido amniótico, que é feito no segundo trimestre da gravidez...enquanto que os abortos permitidos são apenas no primeiro trimestre.

Como se detecta síndrome de Down por meio de ultrassom no primeiro trimestre, Flavio?

Unknown disse...

Quem já fez aborto:

Tata Amaral, cineasta
Cássia Kiss, atriz
Edna Roland, psicóloga
Cissa Guimarães, atriz
Ruth Escobar, empresária, e a mãe, Marília
Elba Ramalho, cantora
Marli Medeiros, líder comunitária
Marília Gabriela, jornalista
Maria Adelaide Amaral, escritora
Nair Goulart, metalúrgica
Vera Gimenez, atriz
Ivonete da Silva, faxineira
Arlete Salles, atriz
Tereza Rachel, atriz
Vânia Toledo, fotógrafa
Aracy Balabanian, atriz
Angela da Silva, doméstica
Cláudia Alencar, atriz
Cynthia Sarti, antropóloga
Zezé Polessa, atriz

Fonte: Veja de 17.09.97
http://veja.abril.com.br/170997/p_028.html

Problemas financeiros não são o único motivo de uma mulher querer abortar. Mas é o principal motivo da morte de uma mulher que abortou. Só morre ou é criminalizada aquela que não tem dinheiro pra pagar remédio no mercado negro ou médico abortista ilegal.

Anônimo disse...

"o aborto. Aumenta a eugenia, a maioria dos fetos abortados serão fetos negros"


Xi, Lola! Chegou a turma da ficção científica. Rá!

Caroline J. disse...

Puta que pariu, quanta porcaria.


Só queria desabafar.

Caroline J. disse...

Alguém aí em cima - agora não vou checar quem - falou algo como, "minha mãe considerou fazer aborto e não fez, e ainda bem que estou viva, pq eu daria tudo pra nascer, se minha mãe tivesse abortado" e tal.


...alguém mais percebe que isso não faz sentido nenhum?

Também foi falado algo como: "Vc sabe se essa criança gostaria de nascer?"

Mesma coisa.

Gente, como vcs podem falar de "vontades" e "quereres" de um ser que NÃO EXISTE? A pessoa que disse que "daria tudo pra nascer", caramba... como vc "daria tudo" se vc não EXISTIRIA? Que trocação de bolas aí. Vc, existindo agora, e sendo um ser pensante agora, desenvolvido, pode considerar a possibilidade de não ter nascido e isso ser angustiante - mas não tem nada a ver com o não-nascimento essa angústia. Tem a ver com o medo da morte, da não-existência. Só q vc só é capaz de sentir isso pq vc existe. Se vc não existisse, se não tivesse nascido, se tivesse sido abortada, não, não teria nem tempo de lamentar sua não-existência.

Se a criança "gostaria de nascer" e portanto vc não pode tirar esse direito dela? Mais uma vez: que criança? Um embrião NÃO É UMA CRIANÇA. O lado emocional de vcs tá falando alto demais e não estão deixando vcs ouvirem a razão. Vcs pensam num bebê fofinho, chorando e tal, querendo ser amado... mas não existe bebê nenhum. Não existe criança alguma. Não existe ser vivo, não existe ser humano. Existem células embrionárias que SE se desenvolverem, poderão vir a gerar um ser humano, MAS ainda não o são.
E essas células não tem nenhum "querer", nenhum "ah como eu gostaria de nascer".

Sei lá, povo tem uma dificuldade de pensar na ordem certa.

Daniela disse...

Eu sou totalmente a favor do aborto, pois sou da opinião de que o corpo é da mulher e se ela não quer ser mãe é melhor que aborte, simples assim.
E é aquela coisa, quem não é a favor do aborto basta não abortar.

Engraçado que quando a mulher engravida somente ela é julgada e chamada de irresponsável etc, mas sei de N casos em que a mulher não usou camisinha a pedido do namorado/companheiro e por isso engravidou... e aí, como que fica?

Anônimo disse...

O aborto já está legalizado aqui.

Acabei de fazer um. O que sinto? Matei um bebé. Sim, matei um bebé. Tive-lo na minha mão ontem, ainda dentro do saco,envolto no líquido amniótico ainda quente, quando foi expulso do útero por meios medicamentosos ...

Como me sinto? Miserável. Matei um bebé.

É um direito? Não sei se o tenho. No entanto fi-lo. Matei um bebé... Não sei se algum dia me perdoarei.

Cada um sabe de si, das razões que levam a tal decisão.

Ser legal ou não, as pessoas fazem na mesma. Aqui, pelo menos, a saúde e vida da mulher fica salvaguardada. Sempre é um apoio para quem já tem sofrimento que chegue, quer para decidir tal sentença, quer depois de o fazer.

Ver. Ver o bebé, de 7 ou 8 ou 10 semanas, praticamente formado, perninhas, mãozinhas, matá-lo não deveria ser um direito... lamento mas não. No entanto usei esse direito aqui já adquirido. Não deixa de estar errado. não deixa de causar dor, não deixa de ser o que é: MATAR um ser vivo, um SER HUMANO como quem mata uma barata e deita pela sanita abaixo. Só que estamos a falar de seres humanos, não de coisas, aglomerados de células com dias de fecundação. A mulher aborta com 7, 9 ou 10 semanas. Aqui, é o tempo máximo que a lei permite. 11 semanas e já é considerado crime. 1o semanas é legal.

O meu feto estava já com 9 a 10 semanas...

Não me perdoo pelo que acabei de fazer, e não sei como viverei daqui para a frente.

Eu sei que as razões que me levaram a decidir abortar eram (e são) fortes e válidas, mas agora, depois que o vi morto na minha mão, já não sei, já não sei. Não sei que pessoa sou eu para decidir assim sobre outra vida, não sei o que valho eu como ser humano...

como me sinto? arrependida. desde o momento em que o vi, morto (ou vivo, sei lá) dentro do saco amniótico na minha mão.

Se sou contra a legalização? Não, claro que não, já basta todo o sofrimento que se tem relacionado com uma decisão destas, quanto mais ainda sujeitar a mulher a más condições, pois os abortos continuarão sempre a fazer-se, quer clandestinamente, quer com supervisão médica e devidamente "dentro da lei".

Mas para os meus valores (se é que os tenho) é crime sim. É matar um ser humano. E eu, acabei de cometer esse crime, apesar de aqui não ser considerado crime. Por mais voltas que se dê, a realidade é esta: abortar é MATAR um ser humano.

Fiquem bem e um beijo de PORTUGAL

Maria

Frederica disse...

Erika,

Sua mãe não realizou o aborto porque é ilegal ou porque ela decidiu não querer fazer? (se você é brasileira, provavelmente ela não fez porque quis ter você, e não por causa da lei).

Ou seja, não relacione a legalização do aborto à sua experiência pessoal.

EneidaMelo disse...

"Pedi pra você provar que um emrião é UMA CRIANÇA como você disse, não discordo que seja vida, uma célula da minha pele também é uma vida, mas não é GENTE, não é CIDADÃO, não é uma PESSOA."

Não entendi esse seu ponto de provar alguma coisa.

Cidadão é uma construção jurídica.

O embrião é uma pessoa em formação.

Qual é exatamente o seu ponto?

EneidaMelo disse...

Oi Frederica

"Muito legal (e raro!) ver uma atéia se posicionando contra a legalização."

É verdade. E ainda por cima se dizendo feminista. Agora fiquei com uma dúvida. O fato de eu ser contra o aborto me exclui do grupo de feministas, ou seja, essa é uma questão fechada?

"Vou dar minha opinião sobre a sua opinião hehehe. Se não se importa."

Claro que não. Eu vim pra isso.

"1. Incrivelmente, a legalização do aborto não gira em torno em quando começa a vida. Isso é irrelevante nesse assunto."

Hmmmm. Discordo. Creio que é crucial o entendimento de quando o direito à vida começa.

"2. Não existe isso de "não quer dá pra adoção." A Justiça tenta de toda forma manter os laços da criança com os pais biológicos antes de deixá-la para a adoção. Para perder o "Poder Familiar" (antigo Pátrio Poder) a mãe/pai tem que provar que não PODE sustentar aquela criança, e não que não QUER. (e a não ser que a mãe seja miserável, ela só consegue isso se for doente ou algo assim)."

Não é verdade. Não faz muito tempo, foi feita uma reportagem sobre isso. A questão nem era aborto, era as mães que jogam filho na lixeira e tal. A especialista (agora não lembro se era conselheira tutelar, advogada ou assistente social) deixou bem claro: É perfeitamente legal dar seu filho para adoção. A única coisa que eles querem ter certeza é que você não vai mudar de idéia depois, porque a adoção é definitiva.

"Por isso que tem tanta criança que vai e volta pros abrigos, e não fica disponível para a adoção. (ela tenta voltar para casa, mas a mãe continua bêbada e o pai continua violento, e ela volta pro abrigo)."

Acho que esse caso que você está citando é quando a criança já foi criada por aquela família, já foi estabelecido um vínculo. E eu acho que a postura do Conselho Tutelar nesses casos muitas vezes é falha.

EneidaMelo disse...

"tenho dois problemas de saúde (ovário policístico e endometriose leve) que me impedem de usar métodos hormonais. Já tentei diversos e tudo que consegui foi uma hemorragia. Na bula de toda pílula, é admitida uma margem de 10% da população feminina que teria o mesmo problema. Desse modo, são 10% que não conseguirão fazer a tal combinação de 2 métodos que a Eneida sugeriu!"

Em primeiro lugar, eu não sugeri que os 2 métodos incluíssem a pílula ou outro tratamento hormonal. Eu disse que eu, que não tenho endometriose (mas tenho ovário policístico), usaria pílula e camisinha.

Agora você me disse uma coisa que me deixou confusa pra caramba. Você disse que por causa da endometriose e do ovário policístico não pode tomar pílula? Nossa, o meu ovário policístico eu trato exatamente com pílula!?! E quando tive suspeita de endometriose a médica falou que o tratamento também seria com anticoncepcionais! Inclusive achei esse texto sobre tratamento de endometriose:
"O tratamento clínico de formas brandas em mulheres que não pretendem engravidar pode ser feito com anticoncepcionais orais, injetáveis, implantes subdérmicos ou intrauterinos." http://www.gineco.com.br/endometriose/tratamento-endometriose.html

Bom, deve ter vários tipos então. O meu tipo trata com anticoncepcional e o seu trata sem, sei lá.

Afora isso, a infertilidade parece ser um sintoma da endometriose em cerca de 80% dos casos. Mesmo supondo que todos os 20% de casos restantes sejam do seu tipo, isto é, que não podem tomar anticoncepcional, isto reduziria aqueles 10% de que você falou a uns 2%, não?

Aline disse...

Eu sou contra o aborto, mas sou a favor da legalização. Por que? EU jamais faria um aborto, não é a questão da vida, nem sei direito explicar, só acho que pra mim um aborto NUNCA foi opção, mas acredito que TODA mulher deve ter o DIREITO de decidir o que quer para si.
As vezes penso que se o aborto fosse uma opção não veriamos tantos marginais, tantas crianças sendo mortas ao nascer(quando já sentem dor), sendo jogadas no lixo, matratadas, estupradas.
Quanto ao direito do pai, acho que são rarissímos os casos em que a mulher quer abortar que o pai da criança REALMENTE queira a criança só para si.
Como eu disse mais acima, minha irmã, nasceu mesmo com minha mãe usando um DIU, novo, no lugar, combinando outros metodos anti-concepcionais(pilula, tabelinha, camisinha). Minha mãe NÃO QUERIA ficar grávida, mesmo assim continuou com a gravidez. Pelo que conheço de minha mãe ela JAMAIS abortaria, mesmo que fosse permitido, mas e outras mulheres na mesma situação? Ela é muito religiosa e diz que foi Deus que mandou minha irmã, que somente elel poderia ter feito ela ficar grávida com todos os cuidados que tinha. Depois meu pai fez vasectomia.
Falando em vasectomia, conheço uma mulher que ficou grávida do marido(provado por exame de DNA) mesmo ele tendo feito vesectomia.
Mas não é essa a questão, não é se o metodo falhou ou não. O aborto acontece, hoje, agora, nesse momento, mulheres, adolescentes, estão ai fazendo abortos e correndo o risco de morrer por isso. Dar camisinha e pilula de graça, isso já acontece... mas e daí? É o direito do feto que querem assegurar? Então não deveria ser permitido aborto NENHUM, nem em caso de estupro, pois o mesmo direito que tem um feto, fruto de sexo por prazer, tem o coitadinho do feto rejeitado por ser fruto de um estupro. A mãe que dê pra adoção depois. Os fetos sem cerébro? As mulheres deveriam ser obrigadas a tê-los e doar seus orgãos quando esses morressem, pouco depois de seu pseudo-nascimento.
Mulheres que tem dinheiro vão a países onde a pratica é permitida.
EU acredito que o aborto deva ser legalizado e que seja feito um acompanhamento com um assitente social e um psicologo, orientando e ajudando no que a mulher precisar, até (por que não?) dar-lhe a opção de mudar de idéia caso ela queira. É errado "dar" um filho antes de nascer? Por que? Por que tem casais em uma lista de espera que não quer nenhuma criança maior?
Enfim, não trata-se de religião, do direito do feto, do corpo em si, do direito dos pais. A questão é muito maior e trata de impor uma opinião acima da opinião dos outros. Sendo liberado o aborto, eu teria a opção de decidir, se contra não faço, se a favor, faço.
E comparar com assassinato é complicado, por que como já disseram, o feto até determinado tempo não SENTE NADA, NÃO PENSA, NÃO TER CEREBRO. Comparar com um parasita tbm acho complicado, mas é a opinião de cada um.

Aline

Isabela Campoi disse...

Eneida,
ser feminista é defender o direito das mulheres em realizar aborto com dignidade e segurança, ou seja, apoiar a descriminalização do aborto. Pra mim isso é automático, mesmo que no nível pessoal, eu e vc sejamos contra o aborto. Caso contrário, não considero vc uma feminista. Deu pra entender?

EneidaMelo disse...

Carol,

"Mas não sei se vc é contra o direito de outras mulheres de fazerem o aborto."

Sou contra outras mulheres fazerem o aborto.

"E se for, vc ignora que as mulheres CONTINUARÃO fazendo o aborto, quer seja descriminalizado, quer não?"

E algum crime já deixou de ser cometido, só por ser crime?

"Vc é a favor que continue sendo crime e as mulheres q farão o aborto de qualquer jeito enfrentem perigos à sua saúde e vida, ou, mesmo sendo pessoalmente contra o aborto, não deseja que as mulheres que o fazem sofram desta maneira?"

Sim, sou a favor que continue sendo crime. E não sou a favor que as mulheres enfrentem perigos à sua saúde e vida. Sou a favor que elas não façam o aborto.

EneidaMelo disse...

"Mas isso implicaria numa empatia 0 por animais de outras espécies que são mortos de maneira cruel pra servir de alimento"

Discordo. Tem determinados alimentos como foie gras que eu não como exatamente por isso. E tenho procurado por orgânicos, mas nem sempre estão disponíveis. E sou contra usar pele de animais como agasalho e utilização de animais como cobaia. Agora, eu acho que usar um ser humano como cobaia (como Hitler fez) é mais chocante ainda pra mim que sou humana.

EneidaMelo disse...

"Não vejo sentido defender com tanto afinco a "vida" de um embrião (que não é senciente) e ignorar a vida senciente e formada de outros seres."

Carol, o que você chama de vida senciente?

Anônimo disse...

"Então tem um ser dentro dela que não é mais do que um parasita. Porque esse ser não tem vida própria, sabe? Se tirar ele do corpo hospedeiro, ele morre. Logo a vida dele não é dele, é a vida dela."

Desculpa, mas esse trecho é tão normativo quanto os argumentos moralistas de quem é contra o aborto.
Adianta querer lutar pelo direito das mulheres ao aborto diminuindo os direitos do feto? Sim, porque o recurso que utilizaste é (em minha análise) uma metáfora que explica como a situação é sentida por algumas mulheres que tem uma gravidez indesejada (seria literalmente biológico no caso de algumas doenças - p exemplo, síndrome do espelho). O fato de ser subjetiva (e coletiva) não torna inválida a situação para análise do contexto, mas reconhecer isso é entender que qualificar o feto como parasita (...então todos ja nós fomos...) não seja um subterfúgio para a mulher tirar o peso da escolha de si (sim, há exceções e mesmo quando não há, um subterfúgio pode ser a única saída para uma mulher nesses casos não enlouquecer). Já dizer que "a mulher se sente ameaçada pelo desenvolvimento do feto por x motivos" muda o contexto da fala. É um argumento que no meu entender discute a questão mais frontalmente.

Pessoalmente e teoricamente (pq nunca engravidei) sou contra o aborto. Não julgaria alguém por não manter uma gravidez, mas faria de tudo para mantê-la(em MIM) mesmo em casos de risco; além disso explicitaria meus argumentos para quem tivesse dúvida (acho que não é o caso de escrever meus argumentos aqui).

Cuidado para não atirar em arquétipos conservadores e acabar acertando em quem poderia ter um diálogo saudável.

Clarissa D

EneidaMelo disse...

"E eu que achava que síndrome de Down se detectava por punção de líquido amniótico, que é feito no segundo trimestre da gravidez...enquanto que os abortos permitidos são apenas no primeiro trimestre."

Laura, mas você não tinha acabado de sugerir estender para 3 meses?

EneidaMelo disse...

Isabela Campoi,

"Caso contrário, não considero vc uma feminista. Deu pra entender?"

Ok. Uma opinião que eu estou fora do grupo.

Unknown disse...

De onde a Laura tirou a idéia de os abortos só são permitidos no primeiro trimestre?
Tem pais que permite até o sexto mês...

Unknown disse...

DANDI...
Os defensores do aborto dizem que as mulheres que mais sofrem com o aborto clandestino são as Negras e pobres...
Que geram Fetos negros de familias pobres!
turma da ficção científica. Rá!
Fala sério...

Unknown disse...

A mulher tem o direito de decidir! Mas a mulher não engravida sozinha...
Por que ela decide sozinha?
É essa a igualdade que feminismo busca?
Vai apagar denovo Lola?
Essa é igualdade do feminismo?
Só a mulher decide??
Que igualdade é essa que você tanto fala aqui?

lola aronovich disse...

Flávio, se vc começar a floodar minha caixa de comentários, vou apagar mesmo. O único que eu apaguei (até agora) foi um que vc se repetia. Aliás, tudo que vc diz é extremamente repetitivo, mas naquele comentário específico vc praticamente dizia a mesma coisa. Olha, que tal escrever comentários maiores? Tipo: responde pro Dandi, fala as besteiras que vc quiser, aí pula uma linha, e fala mais besteiras pra outra pessoa, ao invés de iniciar um comentário pra cada besteira. Pode ser? O reacinha tá tendo muito espaço aqui, mas não exagere.


E a quem colocou um discurso do Ronald Reagan aqui... Gente, Reagan? Tipo, um dos maiores símbolos conservadores do século 20? É esse o modelo de vcs? Modelo Tea Party mesmo. Direita cristã das fortes.

Aline disse...

Flávio,

Não queremos IGUALDADE, queremos EQUIDADE. Queremos que tenhamos direito de fazer as coias do nosso jeito, decidindo por nós mesmas, respeitando as DIFERENÇAS.
Não quero que homens fiquem grávidos, menstruem, usem salto e sutiã, quero que EU tenha a opção de usar ou não.
Não quero SER OBRIGADA a fazer serviços pesados se não tiver força pra isso, mas quero ter o DIREITO de ganhar o mesmo pelo mesmo tipo de trabalho.
Não quero tirar o direito de um homem ser pai, mas quero ter o DIREITO de decidir que NÃO QUERO SER MÃE.
Com a opção do aborto, inclusive poderia ser pensado em se discutir a obrigatoriedade da pensão em alguns casos, afinal o cara poderia ter o DIREITO de não querer ser PAI e a mulher que escolheria se ela QUER OU NÃO QUER criar um filho sem o pai.
Eu não quero ter que receber pensão, quero conseguir estudar e trabalhar, e ter MINHA INDEPENDENCIA, quero estar casada por que QUERO e não por que DEPENDO do marido.
Quero ter o direito de ir embora sem ser ofendida. Quero ter o DIREITO de sair com quantos homens eu quiser sem ser chamada de PUTA, quero ter o DIREITO de ter prazer e de ser FELIZ.
Quero ter a certeza de que se for ter um filho, o pai da criança irá dividir comigo a responsabilidade, irá me ajudar a acompanhar nas lições, irá me ajudar com o serviço da casa, a lavar a roupa e a educar esse filho e quero ter a certeza que em caso de separação, a separação seja de MIM e não da criança.
Equidade é a igualdade respeitando as diferenças...
Eu deixo sim homens carregarem coisas pesadas para mim, mas se não tiver alguém pra fazer isso, DOU UM JEITO. Não quero ser obrigada a fazer coisas que não sei, como arrumar um encanamento, nem quero que meu marido cozinhe, por que ele NÃO SABE. Claro que gostaria de não cozinhar as vezes, mas ai agente compra um lanche...
Quero ter minha profissão(que inclusive tem mto preconceito com profissionais mulheres - trabalho com tecnologia, linux e hardware) e quero ganhar o mesmo que um homem com a mesma capacitação ganharia...

Aline

Letícia disse...

Eneida, na verdade o que eu vejo é um certo descaso quanto a causas e consequências dos problemas ginecológicos. Depois de tentar muitos métodos anticoncepcionais hormonais - e tb vários médicos - fui informada de que eram provavelmente esses problemas que possuo que estavam me provocando sangramento irregular durante o uso das pílulas. Insisti pra que investigassem mais, fiz diversos exames e, até onde sabem, os problemas que tenho são esses, portanto eles foram tomados como causa do problema. Talvez não seja mesmo uma investigação médica muito satisfatória, mas o fato é que não posso tomar anticoncepcionais, a não ser que queira arrumar uma anemia.

Pois é, eu sei que endometriose é uma causa importante de infertilidade, mas ainda assim... aqui estamos discutindo a possibilidade de uma mulher ficar grávida sem desejar e, apesar de tudo, não posso afirmar que não seja possível que isso ocorra comigo. Nesse caso, da mesma forma como todas as mulheres perfeitamente saudáveis, não acho que mereceria ser punida pelo simples fato de interromper a gravidez...

Unknown disse...

Eneida, é praticamente consenso, no Brasil, que o aborto legal deveria ser permitido até o fim do primeiro trimestre (ou seja, do terceiro mês da gravidez), porque durante esse período se tem certeza da ausência de sentimentos físicos do embriao.

Alguns países permitem sim após essas primeiras doze semanas em caso de malformação do feto (ou seja, após o primeiro trimestre!), mas não é isso que os defensores do aborto no Brasil reinvidicam. Reinvidicamos o aborto seguro com acompanhamento médico nas primeiras doze semanas de gravidez. Reinvidicamos saúde e direito igual para todAs, não apenas para aquelas que podem pagar por isso. Reinvidicamos que nenhuma mulher fique sangrando até morrer de hemorragia num hospital público qualquer porque ela não pode pagar por um aborto seguro e os médicos e enfermeiros acham que "ela deve sofrer mesmo pra ver o que é bom". Nem que a mulher fique sofrendo em casa com medo de ir pro hospital fazer uma curetagem porque vão descobrir que ela está com hemorragia por ter feito um aborto e como isso é crime, ela pode ser presa.

Unknown disse...

Clarissa, podem nos reduzir a um útero ambulante e tudo bem. Podem nos tirar o direito mais elementar de decidir sobre o próprio corpo e tudo bem. Podem nos mandar "fechar as pernas", tudo bem. Um cara lá em cima me comparou ao Josef Mengele, tudo bem.

Mas dizer que um embrião é um parasita, o que do ponto de vista biológico é verdade, aí não pode. Qual é o grande problema de dizer que um embrião é um parasita se, bem, um embrião É um parasita?

Flávio Brito™ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávio Brito™ disse...

Pois é LOLA:
O que digo é receptivo sim...
Assim como o discurso feminista na questão do aborto é repetitivo.
E você diz que é besteira apenas por que vai contra o que pensa...
Se meus comentários concordassem com você não diria que era besteira...
Já respondi o bajulador do Dandi.
Não gosto de comentários longos...
E já notei que você apaga alguns comentários.
Por incrível que pareça entrei no seu blogue pra ler sobre gatos, até sugeri que você escrevesse mais sobre o tema.
Concordo com você em muita coisa sobre machismo sobre direitos civis dos homossexuais mas essa de apoiar quem chama um filho em gestão de parasita não desce...
Mas como não concordo contigo é besteira!

EneidaMelo disse...

Laura,

"é praticamente consenso, no Brasil, que o aborto legal deveria ser permitido até o fim do primeiro trimestre (ou seja, do terceiro mês da gravidez), porque durante esse período se tem certeza da ausência de sentimentos físicos do embriao."

Eu não vejo esse consenso que você vê.

Exemplo:
"10ª SEMANA
O feto apresenta ondas cerebrais, podendo responder a estímulos, e ganha unhas. O fígado começa a liberar a bílis. Para muitos cientistas, neste estágio ele já é capaz de sentir dor."

http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_414153.shtml

"Reinvidicamos que nenhuma mulher fique sangrando até morrer de hemorragia num hospital público qualquer porque ela não pode pagar por um aborto seguro e os médicos e enfermeiros acham que 'ela deve sofrer mesmo pra ver o que é bom'."

Até aí elas têm meu total apoio. Médicos e enfermeiros desse tipo deveriam ter a carteira cassada. Agora, se tem tanto médico e enfermeira assim, é porque não há consenso nenhum mesmo.

"Nem que a mulher fique sofrendo em casa com medo de ir pro hospital fazer uma curetagem porque vão descobrir que ela está com hemorragia por ter feito um aborto e como isso é crime, ela pode ser presa."

Nem todo crime dá prisão. Agora não tô achando o link, mas li ontem uma matéria em que ficou claro que não se aplica pena de prisão nesses casos.

Frederica disse...

Olá Eneida!

O início da vida não deve ser relevante nessa discussão porque se entra em critérios filosóficos/religiosos/científicos/pessoais, e a legalização do aborto trata-se de uma lei Federal que tem como critério saúde pública.

Não cabe ao Estado brasileiro (laico) determinar o início da vida para estabelecer uma lei que afeta diretamente a saúde e o bem-estar da população. Seus critérios devem ser outros (a saúde e o bem-estar da população).

Para nós, indivíduos, nossos critérios podem ser qualquer um (nossa concepção pessoal de início da vida; até 3 meses; sistema nervoso formado; nunca; a qualquer hora; etc); mas para o bem da população geral (lei) não pode ser qualquer um. Novamente, por isso países “mais desenvolvidos” já legalizaram: porque o critério que eles utilizaram é saúde pública, o que faz muito sentido num estado democrático.

Eu quero dizer, que o início da vida pode ser um parâmetro PESSOAL muito importante na hora de você, indivíduo, decidir abortar ou não; mas não deve ser um parâmetro para um Estado laico (não seria democrático – cada um tem a sua visão de vida).

Quanto a você ser feminista, eu não conheço nenhuma “ala” do movimento feminista que seja contra a legalização... Mas com certeza deve haver =)

Quanto ao processo de adoção, você tem algum link para me mostrar? A nova lei de adoção facilita o processo de quem quer adotar, mas não sabia que facilitava o processo de quem quer deixar para adoção... Por isso gostaria de ver um link (esse assunto me interessa). Procurei e não achei.

E as crianças que vão e voltam dos abrigos eu quis dizer que a Justiça não os tira da família biológica a não ser que não tenha mais jeito. (que é isso que a nova lei tentou amenizar).

Abraços!

ser ou não ser disse...

Uma conhecida minha teve que abortar. Ela praticava a irresponsável tabelinha e além disso tinha um namorado nada legal. Sei que não ea por falta de alertas e conscientização ou educação que ela não se protegia. Todos a alertavam,pais,tias,etc. É óbvio demais.
Até que aconteceu e ela deciciu abortar.
Não acho que ela vá voltar a ser tão inconseqüente de novo, porque o aborto parece que foi um trauma na vida dela.
Se for legalizado, isso não diminuirá o sofrimento e talvez o sentimento de culpa das mulheres que precisam abortar. Mas é como dizem, ela não fez o filho sozinho e dificilmente estuprou alguém com o fim de engravidar e muito menos para depois poder abortar.

Nanie disse...

Conheci seu blog hoje e o achei muito bom!

Porém, como seres humanos diferentes que somos, é impossível concordar em tudo não é?

Por que afinal, uma mulher não pode ser feminista e ser contra o aborto? Amo ser mulher e vejo a igualdade de direitos como algo mais do que justo: necessário. Porém enquanto mulher com vida sexual ativa sei do risco que corro de engravidar, é por isso que uso camisinhas e remédios anticoncepcionais. Sim, ambos. Por que não quero engravidar. É ai que entra o "fulana tomava o remédio e engravidou mesmo assim!" Oras eu tenho vida sexualmente ativa a 5 anos e não engravidei, minha mãe por 20 anos, usando apenas camisinha, e não engravidou! Será que temos algo de especial?

Tudo bem vamos dizer que o remédio falhou, a camisinha furou e você ovulou SIMULTANEAMENTE (da-lhe lei de murphy...)e não teve como comprar a pilula do dia seguinte e portanto engravidou. Ai me vem a dúvida, qual a diferença para um bebê que cresce dentro de você para um que você já pariu? Acredito que abortar seja equivalente ao que o pai Nardoni fez a sua filha "Droga ta me incomodando vou dar um jeito nisso!" O direito das pessoas deveria começar onde o do outro termina...

POrém, sempre há um porém... talvez se tivesse como definir como a vida realmente se inicia todos os problemas estejam resolvidos... eu, pessoalmente, acredito que o aborto se feito antes da formação cerebral nada tem de problemático, é o mesmo de jogar óvulos fecundados no lixo, clinicas de fertilização fazem isso o tempo todo não é?

Concluindo esse comentário enorme, legalizar o aborto assim a qualquer hora ao bel prazer das mulheres é burrice! É o mesmo de dizer "Ei moças irresponsaveis, podem dar pra qualquer um sem se preocupar com as consequencias dos seus atos!"

Isso não é feminismo, é egoismo.

marcio ramos disse...

Tem que legalizar o aborto, porque se não legalizar vão continuar abortando do mesmo jeito; quem tem dinheiro vai em clinica particular e aborta, quem não tem corre todos os riscos e aborta também. Pior quando nasce uma criança que não é desejada. Uma tristeza!

EneidaMelo disse...

Frederica, olá!

"Não cabe ao Estado brasileiro (laico) determinar o início da vida para estabelecer uma lei que afeta diretamente a saúde e o bem-estar da população. Seus critérios devem ser outros (a saúde e o bem-estar da população)."

Se ele determina o fim da vida, não vejo porque não determinar o início.

Segue um link sobre o assunto:
http://www.youtube.com/watch?v=SDEzACR_kGo

"Juiz responde no YouTube perguntas sobre nova
lei da adoção
Extraído de: Supremo Tribunal Federal - 29 de Janeiro de 2010

(...)

Ele fala sobre as principais regras para adotar, quais os benefícios que a nova lei estabelece para as gestantes que desejam dar seus filhos para adoção (...)"

Adwilhans disse...

Para quem não leu meu comentário anterior, repito: sou a favor da descriminalização do aborto responsável e do suporte estatal para o ato, mas penso ser correto que a mulher deva dar ciência da decisão ao esposo/companheiro.
Isso posto, voltei para comentar que, em vários comentários redigidos por pessoas também favoráveis à descriminalização, percebi uma certa imprecisão quanto a um ponto específico, e que pode fazer diferença na hora de se posicionar: a condição do feto de sentir dor. Parece ridículo quando posto desta forma, mas dá a impressão que tem gente que acredita que os fetos/embriões tem um botão escrito "liga", que é acionado quando alcança o primeiro trimestre...
Na realidade a coisa é bem mais complexa, e quem tiver interesse em um texto superficial sobre o tema pode dar uma olhada em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor_fetal
Portanto, mesmo quem é a favor da descriminalização (eu, por exemplo), TEM QUE SABER que o feto/embrião pode sentir dor, e isso é algo que não se pode afastar do conhecimento. Argumentar que não, é claro que não doi, é tão vazio quanto comparar o feto/embrião a um parasita (eu já tinha ouvido isso num episódio do House, série que a Lola já prometeu detonar em algum post, hehehe).
Quem é a favor não pode ficar procurando meios de aliviar a barra que um aborto deve ser. Tem que encarar a realidade e, mesmo assim, achar que, naquele momento, é a melhor opção. Liberdade de decisão com responsabilidade e ciência do esposo/companheiro, e suporte estatal.
Ah! E antes que me crucifiquem pela questão da ciência ao esposo/companheiro, vou deixar aqui um relato pessoal: há cerca de um ano, fiz vasectomia. Embora eu já estivesse de comum acordo com minha esposa - já temos uma filha e isso está de bom tamanho para nós - foi curioso notar que, sendo casado, eu não poderia fazer a intervenção sem o consentimento da minha esposa. O termo é esse mesmo - consentimento, como previsto no art. 10, § 5º, da Lei do Planejamento Familiar (Lei 9.263/96). Por analogia, penso que um aborto também deveria ser decidido pelo casal, não apenas pela mulher...

Priscilla disse...

Penso que este frisson quando a discussõa é aborto se dá sobretudo, pelas caramiolas que escutamos dos nosso gurus religiosos que invadem nossas casa com aqueles canais religiosos super conservadores que associam mulher à fragilidade, além de miná-las de responsabilidades outras que não a "tarefa de educar nossos filhos em Cristo". Por favor,a anlisemos q questão com a racionalidade que o tema merece. A mulher tem direito de interromper ou não uma gravidez, segundo critérios individuais, que a qualificam enquanto ser pensante, portanto, ético. O papel do Estado é oferecer as condições necessárias (médicas, psicológicas, sociais) que a decisão decorre, seja ela abortar ou prosseguir com a gravidez.
Deixemos o olhar moralista de lado, vamos disseminar informações, e aqui já divulgo uma informação que não é divulgada para manter aqueles que se permitem na caverna. Vcoê sabiam que a interrupção da gravidez,na maioria dos casos, é um procedimento ambulatorial, ou seja, não há intervenção cirúrgica, não há sofrimento da paciente e se realizado por uma equipe médica não deixa sequelas. Mas, isto não é divulgado porque a hpocrisia causa hemorragia em milhares de mulheres que na falta de recursos para acessar uma clínica de aborto cladestino de luxo, recorre a métodos invasivos e arriscados.
De boa, minha gente, o nosso corpo nos pertence, se eu optei em não ter um filho o papel da sociedade e do cara com quem transei é de aopio e amparo à minha decisãpo. Adoro Lola estes post que ouriçam os reaças.

Unknown disse...

Adwilhams, não existe botão de liga. Existem estudos e mais estudos que comprovam que o sentimento de dor, assim como a atividade neurológica, é algo que se desenvolve. Até as primeiras doze semanas é consenso que é impossível que estas atividades neurológicas estejam tão desenvolvidas a ponto do embrião sentir dor. O que não significa que ele sinta, automaticamente, dor a partir dessas 12 semanas.

Jà tem estudos que afirmam que o feto não sente dor até em torno das 28 semanas
http://www.msnbc.msn.com/id/9053416/ns/health-womens_health/

A comparação com o parasita foi apenas porque parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários para a sua sobrevivência. E porque o embriao é um ser vivo sim, ninguém está negando isso. Mas ele depende de outro ser vivo para a sua sobrevivência e tira desse outro ser os recursos necessários para a sua sobrevivência. E é esse justamente o ponto, o ser hospedeiro, a mãe, não quer abrigar esse outro ser, o embrião, não quer ter que fornecer os recursos que ele necessita. Daí voltamos a discussão inicial, se a mãe tem esse direito de negar o uso do seu útero.

Repetindo, não disse que o embrião sente o que for automaticamente a partir do primeiro trimestre. Toda gestante tem direito a informação, a todos os prós e contras, e baseando-se nessa informação ela tem o direito de decidir se segue adiante com a gestação ou não.

No caso da vasectomia, não seria mais lógico exigir o fim dessa obrigatoriedade de comum acordo com o cônjuge? O que aconteceria se sua esposa não tivesse dado o consentimento?

Frederica disse...

Oi Eneida!

Determinar o fim da vida (morte cerebral, acredito eu?) não influencia (ou influencia muito pouco) na saúde da população. Exemplo: se amanhã decidirem que o fim da vida é quando o coração pára de bater; ou só depois de 1 semana enterrado; etc ; não vai influenciar a saúde pública.

Em contrapartida, a importância dada à discussão sobre quando se começa a vida faz com que a questão da legalização se atrase e mulheres sigam morrendo ou ficando seriamente doentes em hospitais públicos.

Por isso não faz sentido equiparar as 2 coisas: As questões legais envolvendo as 2 coisas são completamente diferentes.
Para o bem-estar da população, "tanto faz" quando se acaba a vida (obviamente dentro de um bom-senso); é mais uma questão legal para burocracia, testamento, atestados, etc.

As consequências das 2 coisas são bem diferentes, por isso (apesar de parecerem "o outro lado da mesma moeda") o fim da vida e o início da vida devem (e são) encarados de maneira diferente pela lei.


Sobre esse link que você me passou, o juiz diz exatamente aquilo o que eu te falei. A mãe manifesta o desejo de entregar o filho para a adoção; então, a Justiça vai avaliar a manifestação dela, verificar se existe alguma outra alternativa sem ser essa (ex: colocar a mãe num programa de auxílio), para que assim a criança permaneça com a sua família biológica.
De acordo com o juiz: "O importante disso não é só direito dos pais estarem com os filhos, mas é direito dos filhos estarem com seus pais biológicos."

Ou seja: não existe isso de "é só entregar para a adoção." Como eu disse anteriormente, a justiça tenta de todas as formas manter o filho com os pais biológicos.

EneidaMelo disse...

Laura,

"Determinar o fim da vida (morte cerebral, acredito eu?) não influencia (ou influencia muito pouco) na saúde da população."

Como não?

Você sabia que, no Japão, os casos que aqui seriam tratados como morte cerebral recebem um tratamento que inclui a hipotermia e cerca de 70% dos casos são recuperados, boa parte com recuperação plena?

Aqui no Brasil, quando você sugere o tratamento com hipotermia, sabe qual é a resposta? Não pode, porque a hipotermia simula a morte cerebral e, portanto, a morte não poderia ser decretada pelo médico...

Então não influencia na saúde de qual população? Na de quem tá internado com "morte cerebral" influi sim.

Adwilhans disse...

Laura, essa história de que há "consenso" de que o feto não está capacitado a sentir dor até 12 semanas ou até 28 semanas está longe de ser consenso. No texto que indiquei, que reconheço ser superficial, há referências no sentido de que, a partir das cinco semanas, o feto PODE sentir dor - embora não tenha consciência dessa dor.
Com doze semanas, o feto LUTA contra qualquer procedimento de aborto. Luta por sua vida. Com 28 semanas (mais de seis meses!), então, nem se fala: o feto já está completamente formado, faltando detalhes pontuais, tem todas as terminações nervosas importantes e já tem consciência de coisas ao seu redor, e há vários casos de partos prematuros nessa faixa de desenvolvimento que resultaram em bebês que, após cuidados intensivos, sobreviveram com saúde.
Veja, não estou aqui me postando contra o direito ao aborto - pelo contrário, sou favorável como já referi acima - mas sim contra o uso de noções inverídicas para "facilitar" a aceitação do que se está fazendo. Um feto de 12 semanas sente dor, embora talvez não tenha consciência do que seja dor. Um de 28 semanas, então... sei lá, penso que não dá pra confiar na matéria que vc referiu, só pode ser um erro, intencional ou não, dos pesquisadores.
Quanto à vasectomia, assim como penso que deferia ser a previsão legal no caso do aborto, os casais devem decidir juntos - ou, no mínimo, como já referi também, o cônjuge deve ter o direito à ciência do que o outro está fazendo. No caso específico da vasectomia, imagine uma esposa que sonha com um filho, não já mas daqui a algum tempo, e descobre que seu esposo fez uma vasectomia enquanto ela esteve ausente (uma viagem de uma semaninha já é suficiente para, quando voltar, não perceber que há algo diferente). Penso que ela tem direito de saber, assim como acho que o esposo tem o direito de saber que sua esposa vai fazer um aborto. Fico na dúvida quanto ao direito de veto dado à mulher no caso da vasectomia, e por isso meu comentário anterior faz referência ao direito à ciência, não ao veto...
Ainda, relembrando novamente o ótimo comentário da Michele Todi, ao tratar a questão do aborto como um direito individual e absoluto da mulher, não do casal, por via indireta se legitima um possível direito do homem de não querer ser pai. Se à mulher cabe, com exclusividade, decidir se a gestação prossegue ou não, não haveria o direito correspondente do homem em não querer ser pai - e, portanto, de eximir-se das responsabilidades decorrentes?
Essas as considerações que faço, para reforçar minha linha de argumentação no sentido de a esterilização voluntária e o aborto serem temas pertinentes à entidade familiar, não apenas a um de seus integrantes. Ainda que apenas um dos cônjuges seja primariamente atingido pela decisão (mulher - aborto; homem - vasectomia), há reflexos nas expectativas do outro, que não podem nem devem ser desprezadas - a meu ver.

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